Anjo da Morte.

1300 Words
— Acalme-se, quero um momento a sós com você. — Apontou para a cama. — Então abra a porta! — exigi, me recusando a sentar. Pelo contrário, me mantive o mais longe possível da cama. Ele riu pelo nariz e revirou os olhos, sentando-se na cama indiferente ao meu desespero. — Me disseram lá embaixo que já está de casamento marcado. Os boatos são verdadeiros? Semicerrei os olhos, atenta. — Receio que sim. — Uma pena. — Ele suspirou, encostando as costas no apoio da cama. — Pretende levar isso para frente? — A não ser que tenha uma ideia melhor para me salvar, temo não ter saída. — Disse com deboche, mesmo que ansiasse para que ele tivesse algum plano de resgate mirabolante. Como se ele se importasse... — Por que a pergunta? Você já sabia que eu estava noiva. Vai me dizer que agora se importa com o meu status de relacionamento? — Não me importo. — Disse simplista. Pelo menos era sincero... Um pouco sincero demais. — Mas me importo com o seu bem-estar. — Completou pensativo. — Bem, mais ou menos, eu acho. Suspirei. — Mais ou menos? Leonard levantou-se calmamente e parou na minha frente, parecendo me analisar com aquele olhar sombrio e curioso. — Me desculpe por isso. — Ele disse após um breve silêncio. — Pelo quê? Ele sabia o que tinha acontecido? Soltei uma risada incrédula ao tirar as minhas próprias conclusões e dei alguns passos para trás, buscando discretamente por algum objeto que pudesse usar para me defender, talvez uma garrafa de vidro ou um abajur. Qualquer coisa que pudesse feri-lo. — Não vai conseguir me machucar com nada que está nesse quarto, recomendo que mude de ideia. — Avisou. — Por que está aqui? — Aumentei o tom de voz, revelando meu pavor. Corri depressa pelo quarto e agarrei a boca da garrafa de champanhe, ameaçando acertar o duque se tentasse alguma coisa. — Não me entenda errado, não é você quem eu quero. — Disse ele, deixando-me ainda mais confusa. Não sou? Leonard me alcançou tão depressa que m*l parecia humano; Ele me segurou pelo pescoço e me lançou um olhar diferente, como se enxergasse através de mim. Fiquei imersa nos seus olhos, senti-me sob um encanto. Ele então tirou a garrafa da minha mão sem o menor esforço. — Sinto muito por Seth. De onde eu venho, chamam isso de dano colateral. — Isso? — Repeti raivosa. — Você ao menos sabe o que ele fez comigo? Ele assentiu. — Como? — Alguns odores impregnam no ambiente. O cheiro da violação é marcante, um aroma infernal. — Pronunciou, deixando-me completamente confusa. Aquilo devia significar alguma coisa? Leonard provavelmente foi capaz de ler a interrogação na minha face, então continuou. — É como um perfume feminino muito doce e forte, jorrado sobre um cadáver em decomposição. — Ele explicou. O pior de tudo, é que eu reconhecia aquele cheiro. E já o senti antes. Um novo arrepio percorreu o meu corpo, mas dessa vez, não era de excitação, mas medo. Entrei em estado de alerta outra vez, os meus instintos me diziam para correr. — Você vai me machucar também? O sorrisinho presunçoso de repente sumiu do seu rosto, dando lugar a uma expressão raivosa, parecia ofendido. — Não me insulte. Nunca feri nenhuma criatura viva. Vocês são bons em fazer isso sozinhos uns aos outros. — Reclamou. O encarei confusa. De que merda ele estava falando? — Você quer a minha ajuda ou não? — Ofereceu. Apertei os olhos, pensando a respeito, enquanto as minhas mãos e pernas tremiam. Suspirei e olhei ao redor, temendo que Seth voltasse e nos encontrasse trancados no quarto juntos. Ele nos mataria. Ele ME mataria! — Não se preocupe com Dimitru, ele não voltará. Venha. — disse seguro, estendendo a sua mão para mim. Senti uma pedra no estômago, mas não tive outra escolha. Atendi ao chamado, tentando caminhar sobre as minhas pernas por mais incerta que estivesse sobre a natureza dessa "ajuda". O duque segurou a minha mão e me colocou para caminhar na sua frente enquanto me guiava para o banheiro. Eu não entendi o que ele pretendia, temi que também abusasse de mim, e quase travei na porta, mas ele me conduzia com tanta autoridade que eu m*l parecia ter controle do meu corpo, sentia como se tivesse transferido essa função para ele ao deixá-lo me tocar. A minha garganta seca ardia. E travou, quando os lábios do duque tocaram a ponta da minha orelha. Ele recitou uma palavra desconhecida dentro do meu ouvido e aquilo soou como um feitiço, me acalmando instantaneamente. As batidas do meu coração desaceleraram, as pernas já não tremiam mais, mas a dor ainda estava lá. Latente. — O que está fazendo? — sussurrei com a voz fraca, deixando que ele me guiasse para dentro do banheiro. Não que eu tivesse alguma escolha sobre isso. Ele não me respondeu. Caminhou até a banheira e observou a água ensanguentada dentro dela. — Tire o roupão. — pediu. — Eu já tomei banho. — Retruquei. — As coisas ficarão mais fáceis se você apenas me obedecer. — Não! — segurei o laço que prendia o roupão na minha cintura, apertando-o com mais força para que Leonard não conseguisse soltar tão facilmente. Ele até poderia ter sucesso no que tentasse, assim como Seth, mas eu nunca me entregaria sem lutar. O loiro suspirou impaciente e retirou o paletó, colocando a peça de grife sobre a bancada. Dobrou a manga da camisa até metade dos braços e em seguida, abaixou-se, afundando a mão na água. — Considere-se uma garota muito sortuda, Anghel. Não costumo conceder favores que não me beneficiam. — Proferiu. As suas palavras poderiam me chocar, se eu já não estivesse em choque. — A minha sombra escurece a sua mente, o seu coração e o seu espírito. O veneno de mil serpentes, paralisam o seu corpo. Eu tiro essa dor de mim, multiplico e devolvo para você. — Ele sussurrou com a mão submersa, fazendo a água borbulhar como se fervesse. Arregalei os olhos. Ele não devia ter se queimado? — Tire o roupão. — Scorpius olhou para mim. Estava pronta para mandá-lo se f***r e correr, mas seus olhos ganharam uma coloração diferente, sumindo com o acinzentado anterior. Quem eu queria enganar? Eu não tinha a menor chance. Talvez isso tudo não passasse de um pesadelo horrível. Se eu o obedecesse, talvez acordasse mais rápido. Abri o laço do roupão e desatei a chorar. Droga! Não era isso que eu tinha em mente. — Muito bem, venha. — Ordenou. Joguei o roupão no chão, ganhando a atenção dos olhos vermelhos monstruosos do duque. Ele observou todo o meu corpo, mas não pareceu dar atenção as minhas curvas, ou à minha i********e. O seu olhar estava frio e inexpressivo. Gostaria de saber o que estava pensando, se é que estivesse pensando. Ele fez um gesto com os dedos para que eu me aproximasse, e assim fiz. Depois me guiou para dentro da banheira, deitando-me até ficar quase submersa. — Me conte o que está sentindo. — Pediu. — Dor. — Resmunguei, olhando de soslaio para o homem abaixado do lado de fora da banheira. — O que está fazendo? Não acho que outro banho irá... — Você confia em mim? — Ele me interrompeu. — Não. — Admiti. Leonard sorriu. — Justo. Eu não sabia que existiam tantos sentimentos ruins. Nem que fosse possível senti-los todos de uma vez. Leonard empurrou a minha cabeça dentro da banheira e não deixou que eu voltasse para a superfície. Eu tentei me debater e empurrá-lo, mas a minha força não era nada comparada a dele. Então eu desisti. Sentindo o meu corpo desfalecer dentro da água vermelha.
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