Somos tão ingênuos a ponto de acreditar que, aqueles que estão por perto são incapazes de nós ferir. Contudo esquecemos que são exatamente eles que possuem um conhecimento ampliado sobre nossos pontos fracos e sensíveis. Talvez nossa incapacidade de machucar as pessoas com a real intenção seja um dia motivos de não conseguirmos enxergar a maldade que muitos possuem.
Enquanto aguardava notícias de Jennie,Jimin se mantinha agitado ao andar de um lado para o outro,o que acabava deixando o namorado e amigo um tanto irritados e apreensivos. No fundo,o rapaz sabia que a amiga estava bem,tinha a certeza que ela sairá daquela sala acompanhada do médico,mas era seu extintos tomando a razão,era seu medo de perdê-la que estava o desorientando.
Em passadas calmas e um pouco lenta por ainda se encontrar fraca pela grande quantidade de medicamento que tivera de ser utilizado, Jennie se aproximava dos amigos enquanto pensava em quem poderia ter lhe enviado aquele animal. Para ela,seria uma grande investigação a ser feita já que não conhecia ninguém tão c***l a ponto de lhe querer morta,e era exatamente isso que facilitaria as próximas tentativas.
Olhando para Jimin, Jennie sorriu e o abraçou apertado enquanto o sentia lhe retribuir calorosamente. E era exatamente por esse motivo que aquela garota se sentia em casa com os rapazes,por aquele motivo que faria de tudo para os ver felizes e com os sonhos realizados. Jennie era dona de um grande coração,alguém que merecia ser cuidada e amada da melhor forma possível e existente; sua forma de pensar nas pessoas,a necessidade de os verem bem e a maneira tão pura que se sacrificaria pelos amigo a tornava alguém admirável.
Quando deixaram aquele hospital e regressaram para o apartamento do casal, Jennie seguiu para seu quarto sem ao menos dizer uma palavras, diferente de como havia sido o percurso até aquele momento. Jimin até pensou em tentar conversar sobre o porquê dela estar daquela forma,porém entendia e compreendia que muitas das vezes deveria lhe dar privacidade para pensar e tentar resolver seus conflitos.
A amizade ali existente era saudável e algo que se deveria ser admirado; ambos eram um pelo outro e não importava o que tinham como conflito e problema,sempre estariam juntos e prontos para apoiar e ajudar,e quando acontecia de se afastarem para pensar em tudo ao seus arredores ou até mesmo em um novo problema, ambos aguardavam para até ouvirem um pedido de ajuda, até terem a confirmação de que poderia se aproximar.
Mas isso não significava que Jimin ficava tranquilo,pois seria mentira se ousasse a afirmar tamanhas palavras; o rapaz sabia ser protetor e extremamente carinhoso,faria de tudo por aqueles que amava e seu extinto não lhe permitia ficar tranquilo em situações como aquela. Prezar pela segurança de seus amados era algo que ele fazia muito bem,nem mesmo que tivesse de se desgastar para isso. Era seu natural,estava em sua essência ser alguém protetor.
E quando a tarde chegou e o relógio marcou cinco e quarenta,o rapaz suspirou deixando o namorado e o amigo naquela sala de estar e seguiu para o quarto com o intuito de descobrir como a melhor amiga estava. No momento em que abriu a porta daquele quarto e a encontrou sentada naquela cama com as costas apoiadas na cabeceira estofada, Jimin suspirou e subiu no acolchoado e colocou ao lado de Jennie.
— Minha mãe sempre dizia que iria me proteger independente do que acontecesse,estaria ao meu lado independente do que fosse...— arrastando suas pernas para juntamente a seu corpo e as abraçando demonstrando fragilidade, Jennie sorriu melancólica — mas por que meu pai não pode ser assim?
— Bebê...— a puxando para um abraço apertado e afetuoso, Jimin suspirou sentindo seu peito se apertar o ouvir o primeiro soluço da amiga — não chora!
— Ele me trata pior que lixo,ele me agride como se estivesse socando um saco de pancadas,Jiminie! — a cada palavra a garota se encolhia como se estivesse sentindo as agressões — ele me mataria para trazer minha mãe de volta,ele me mataria para se sentir bem! E eu queria que acontecesse!
Sentindo seus olhos pesarem em lágrimas, sentindo seu coração acelerar e as mãos tremerem com a possibilidade de ouvir as palavras que se passavam em sua mente, Jimin a apertou desejando tirar aqueles pensamentos da mente da melhor amiga, desejando que aquelas memórias assombrosas fossem deletadas e tudo se transformasse em momentos bons. Jimin a apertou implorando mentalmente para não ouvir o que tanto pensava.
— Eu sinto os primeiros toques de suas mãos em meu pescoço,eu sinto seus dedos marcando minha pele enquanto me encara com aquele olhar n***o e sombrio. A cada vez que olho para meu corpo,eu desejo que ele tivesse conseguido,sinto raiva por ele ter sempre parado no momento em que estava prestes a perder a consciência — e naquele momento, Jennie se encontrava encolhida feito uma criança amedrontada com medo do monstro embaixo de sua cama.
Por muitas vezes quando criança ouvíamos histórias que diziam existir monstros que puxaria nossos pés,que nos levaria caso ousassemos desobedecer nossos pais; eram tantos relatos que os adultos esqueceram de nos avisar que realmente era verdade,a única diferença que eles não eram lobos ou algo mitológico, esqueceram de dizer que eram os próprios seres humanos. E o de Jennie era seu próprio pai.
Ao perceber a grande agitação da amiga, Jimin se levantou daquela cama e saiu daquele quarto a levando juntamente a si,e ao passar por aquela sela de estar , ambos atraíram a atenção de Min-ju,esse que estava lendo algumas notícias pelo celular. Quando olhou para o namorado e percebeu que nada estava bem,o rapaz se levantou e os seguiu até a cozinha.
Durante o restante da tarde e parte da noite,ambos ficaram com a amiga e tentaram lhe distrair com alguns filmes de comédia romântica,fizeram uma sessão cinema e apelaram até mesmo para brincadeiras infantis. E finalmente, quando ela dormiu no colo de Min-ju com Jimin acaricie seus cabelos a medida que o filme passava na televisão,os rapazes suspiraram aliviados e a levaram para o quarto,onde fizeram questão de se deitarem um a cada lado e adormecer protegendo a menor.
Pela última semana do ano Jennie se manteve cabisbaixa, mas quando o 1 de janeiro foi marcado no calendário,a menina abriu seu melhor sorriso e correu até o quarto dia amigo e se jogou entre ambos os abraçando e enchendo os rostos marcados de beijos estalados. E carinhoso como sempre, Jimin a abraçou lhe apertando enquanto retribuía o afeto que sentiu falta. Min-ju,esse que se espreguiçou, os envolveu em seus braços e sorriu entrando na brincadeira.
— Amo muito muito vocês! — com o rosto na curvatura do pescoço de Jimin e o corpo sendo abraçado por dois corpos, Jennie declarou abafado.
— A gente também te ama minha bebê! — Min-ju retribuiu falando pelo namorado que parecia ter acontecido novamente.
Não era novidade para Jennie e Min-ju o quão dorminhoco Jimin poderia ser,porém se tornava surpreendente ambos também seguirem o rapaz,pois após a troca de afeto e o silêncio que se formou naquele quarto iluminado somente pela claridade do corredor pela porta ter ficado aberta,ambos também voltaram a dormir abraçados com o amigo/ namorado.
Jennie muitas vezes comparou sua vida ao lado dos amigos,com a que tinha vivendo com seu pai agressor e alcoólatra, mas sempre que percebia o que fazia,ela voltava atrás e ignorava a imensa diferença; após a morte de sua mãe,sua vida se tornara um verdadeiro inferno,seu corpo sempre marcado,sua mente fragilizada e o desejo absurdo de abandonar tudo tendo como opção o pensamento suicída. Jennie não era feliz, não após perder aquela que sempre lhe protegia.
Entretanto,havia algo de errado naquela relação familiar; seu pai não era o monstro que sempre lhe marcava sem ao menos pensar o quão estava lhe machucando, não era alguém que lhe humilhava de todas as maneiras possível, aquele homem agressor não existia. Mas após a tragédia,foi como se uma máscara fosse arrancada de si,como se o papel de herói fosse corrompido e o vilão surgisse como uma ameaça mortal, então Jennie Se sentiu enganada por longos anos,se sentiu ingênua por pensar que o teria ao seu lado para lhe ajudar.
Ao acordar mais uma vez naquele dia, Min-ju olhou para as duas pessoas que amava e se levantou lentamente para não os tirar do sono tranquilo que estavam tendo. Após ter tomado um banho relaxante e se aprontado para o dia a dia,o rapaz ficou alguns minutos admirando como seu namorado protegia Jennie até mesmo estando dormindo,observou a forma como ele a amava puramente,o observou suspirar ao apertar ainda mais os braços ao redor do corpo pequeno e magro.
Min-ju preparou um café da manhã mais leve, organizou a mesa de jantar e lavou a louça enquanto esperava que aqueles dois surgissem naquele cômodo. E no momento em que estava guardando o último prato,o rapaz sentiu braços curtos lhe abraçarem por trás e um beijo seu deixado em seu pescoço fazendo seu corpo reagir de imediato,e ao se virar para Jimin lhe segurando com uma mão na cintura enquanto deixava a outra no rosto delicado, Min-ju o beijou delicado e gentilmente.
— Eu te amo!
Com a declaração do namorado sendo sussurrada contra seus lábios, Min-ju o pegou lhe colocando sentado no balcão e o puxou de encontro a seu corpo a medida que o beijo ganhava mais intensidade,suas mãos exploravam o corpo delicado e cheio de curvas proporcionais a sua estatura,o apertava no lugar certo arrancando gemidos e arfares de Jimin,esse que se deliciava com os toques ousados do namorado.
Dizem que para um bom relacionamento,tudo deve ser muito bem equilibrado e tudo na medida certa,e bom, Min-ju e Jimin tinham isso. Não era meses de namoro,eram anos; não era paixão que tinha um pelo outro,era amor; não era atração,era um desejo delirante e ardente que sentiam a cada beijo,olhar ou toque. Ambos não eram um casal,eram amigos, confidentes, amantes e a âncora um do outro; eram a magia dos contos de fadas.
Encerrando o beijo com selinhos e um acariciar delicado e gentilmente, Jimin sorriu e o abraçou sentindo os dedos gélidos apertarem sua cintura por baixo da camisa branca de mangas longas, Jimin sorriu ainda mais quando ouviu o " Eu te amo" sendo sussurrado em seu ouvido.
Ao ouvirem um cantarolar de Jennie se aproximando, Min-ju colocou Jimin de volta ao chão e lhe selou brevemente nos lábios cheinhos e avermelhados. Ambos tomaram o café da manhã enquanto faziam planos para aquele novo ano,comentaram sobre a residência que Jennie começaria a fazer e sobre o estágio de Jimin, fizeram planos para fazerem uma viagem juntos antes das aulas da faculdade retornarem, apesar de Jenny não ter de frequentar aquela instituição.
Em momento algum mencionaram a possível gestação, não comentaram os sentimentos que tinham ao imaginar que,o próximo ano poderia se iniciar com um bebê entre eles. Jennie não se importou e muito menos sentiu necessidade de comentar, afinal, quando acharem necessário ambos iram falar com ela. Então, quando terminaram o café da manhã e retiraram a mesa, os três decidiram fazer um programa mais caseiro até que desse o horário para saírem.
O tempo passou rápido por estarem concentrados no seriado escolhido por Jimin e quando perceberam,havia se passado do horário que planejavam sair, então,como um obsessivo por cozinha e culinária, Min-ju se dispôs a fazer o almoço para ambos. A rotina deles seriam aquela; sempre um cuidando do outro e sendo prestativo, estando ali para ajudar e fazer a diferença. Porém, Jennie sentia medo,tinha o sentimento de que atrapalharia a união, tinha a impressão de que seria motivo de brigas e discussões,e por mais que doesse pensar nessa possibilidade,ela não ignorava o fato de poder ser a causa da separação deles. Então,seus pensamentos a fizeram tensionar e optar por sair daquele apartamento o mais rápido possível. Não se perdoaria se destruísse aquela união.