Prólogo

1329 Words
*.* . S E M  R E V I S Ã O . *.*     A vista que se tinha da cobertura daquele edifício era magnífica,as luzes iluminavam o horizonte até os olhos humanos poderiam seguir é visualizar,o barulho e buzinas de carros circulando pelas ruas e pista naquela noite seria capaz de interferir no sono de qualquer pessoa que, obviamente desde que tenha deixado alguma porta da sacada aberta,pois as paredes a prova de ruidos e a distância de vinte e quatro andares seria o bastante para não se ouvir muita coisa. Porém,naquela noite do dia treze de outubro, Jackson Portinari se encontrava inquieto enquanto segurava uma dose de whisky em suas mãos, seu corpo sentado no estofado daquele enorme e caríssimo sofá de sua luxuosa sala de estar parecia transparecer todos seus pensamentos emotivos e que eram capazes de interromper seu momento de descanso após um dia corrido no qual esteve preso dentro de uma sala de reunião cercado de acionistas de sua empresa voltada para o investimento de imóveis em declínio.   Sua mente estava recriando a mesma imagem de três anos atrás,a mesma data que ficara marcada em sua mente e em sua pele através de uma cicatriz em seu abdômen,um pouco acima do umbigo; era um corte que por pouco não lhe tirara a vida. Por mais que os anos se passem e a data se repita, Jackson sentia as mesmas emoções de quando recebeu a notícia naquele hospital após recobrar a consciência,parecia que ainda se encontrava preso em um passado doloroso. Ele se lembrava de ter perdido as duas pessoas que mais amava em toda sua vida,alguém que lutou para ter ao seu lado e não poupou esforços para terem algum curto tempo de pura felicidade.   O homem de vinte e oito anos era um renomado empresário e CEO de uma das grandes empresas de investimentos situada no centro Manhattan, admirado por seu sucesso jovial e dominância no ramo empresarial, almejado por muitas filhas de seus sócios e outras mulheres que o admiram com volúpia. Jackson Portinari foi eleito um dos homens mais desejados e viril daquele ano,uma imagem máscula que exalava poder e luxuosidade. Mas nada disso o tornava menos amargo, não o faria ser alguém marcado pelas lamúrias da vida e pelos golpes brutais que lhe acertaram, não existia coisa alguma capaz de despertar o jovem alegre que era antes daquele triste e fatídico dia.   Despertando de seus pensamentos trustes e melancólicos,o homem encarou as paredes acizentadas de seu apartamento localizado a menos de vinte minutos de sua empresa,seus olhos eram apagados e nebulosos, não existia vida em um mero olhar e muito menos a existência de sentimentos. A morte parecia um termo a se aplicar naquele ser sobrevivente. Seus dedos apertavam tanto o copo que era capaz de se ver o nó de seus dedos ganharem um cor amarelada devido a pressão exercida,a força faziam com que seus músculos se contraissem tornando-se visíveis por baixa daquela camisa social em tom branco que abraçava todo seu corpo. Jackson não era alguém suportável desde que perdera a vontade de viver.   Então, cansado de pensar e imaginando se passar das duas da manhã,ele apoio o copo sobre o descanso sobre a mesinha de centro e se levantou afroxando sua gravata tomando direção as escadas para,após menos de trinta segundos,adentrar sua suite luxuosa assim como todo o apartamento. Ainda existia pertences de sua ex esposa em seu quarto,a penteadeira continha os inúmeros produtos de beleza,no closet que dividiam estavam todas as pessoas de roupa da mulher,no banheiro e sob a pia espaçosa, também existia outros produtos femininos. O empresário sequer pensou na possibilidade de se desapegar da imagem que julgava ser perfeita e agradável para sua mente.   Jackson tinha medo. Medo de um dia acordar e perceber que já não podia se lembrar da fisionomia e personalidade daquela quem mais amou,tinha medo de se esquecer como era sua vida antes de perdê-la de uma forma tão c***l. O homem que mais se assemelhava a um garotinho inocente com medo do escuro, não conseguia abdicar de nada por temer um dia,se perguntar quem foi Lia Lancaster e em que momento deixou de se lembrar.   O ritual de sempre foi reproduzido como um mantra capaz de tranquilizar sua mente; Jackson se despiu de todas as suas roupas e se desfez de todos os acessórios em seu corpo,caminhou para seu banheiro,onde tomou um relaxante banho em uma temperatura amena e fez sua higiene bucal,se vestiu em uma calça de seu pijama e se deitou ao lado direito da cama. Em suas mãos,entre seus dedos,um colar com a fotografia de Lia era segurado com tamanho cuidado e zelo,um objeto que sempre era segurado pelo homem até seus olhos se fechassem e a inconsciência lhe atingisse sorridente.   Entretanto, enquanto Jackson se lamentava por saudade de sua esposa e pela perda que parecia lhe tocar cada vez mais forte, naquela mesma cidade porém em um bairro mais simples,existia uma garota sentada na varanda de sua casa observando as estrelas que lhe acalmava o coração e fazia com que esquecesse sua dor física e mental; seus braços brancos como a neve continham marcas escuras e arroxeadas,suas costas estavam feridas por cada golpe que recebera de um cinto de couro sendo segurado pelo homem não repugnante que tinha em sua vida, seu pescoço também exibiam as marcas de mãos masculinas e brutas,seus lábios exibia um pequeno corte devido a recente bofetada recebida a horas atrás. Sua vida não era fácil,seus olhos choravam todas as noites assim que regressava da universidade onde cursava seu penúltimo ano,seu coração se quebrava sempre às onze e quarenta da noite e se regenerava ao amanhecer.   Jennie era uma universitária de vinte e dois anos que trabalhava em uma floricultura no centro de Manhattan,uma garota com uma personalidade dócil e meiga, incapaz de ferir um animalzinho sequer, mas em compensação,era maltrata todos os dias,feridas todas as noites e humilhada com as piores ofensas que se poderia ser pronunciadas pela boca de qualquer pessoa. Filha de um alcoólatra desempregado e agressor, Jennie fazia de tudo para suportar a vida que tinha,fazia o impossível para resistir por mais dois meses. A menina sabia seu limite,estava exausta por ser tratada como um objeto sem sentimentos,estava cansada de fazer o bem e receber somente o m*l,mas ela sabia,estava em sua natureza ser amável até mesmo com quem lhe faz somente sofrer. Ela tinha esperanças,almejava o dia em que tudo mudaria e passaria a ser apenas lembranças de um pesadelo que lhe tirava o sono em cinco de sete dias de sua semana.   A garota era filha única,vivia somente com o pai alcoólatra desde que perdera sua mãe para a leucemia a dois anos atrás,uma época que causou dor e tranquilidade,pois não aguentava ver sua mãe gemer de dor todas as noites; desde o início,ambas tinham em mente que quando tudo tivesse um fim,seria algo bom já que a dor era algo que afetava as duas, acreditavam que tinham vivido o que realmente lhes pertenciam. Então,mesmo com a lamúria da perda, Jennie sorriu de frente ao túmulo de sua mãe e deixou uma rosa cair sobre o caixão. Mas tudo piorou quando seu pai passou a chegar completamente bêbado,o homem se tornou agressivo e c***l,gritava para todos que quisessem ouvir,gritava para que soubesse; entre a morte da filha e esposa, desejava que Jennie tivesse sofrido e sido morta pela maldita leucemia que lhe tirou sua esposa. O homen era c***l.   Os problemas podem ser grandes, difíceis e cruéis. Mas nunca saberemos quais são os piores, pois pode existir maiores e mais dolorosos. Cada um tem sua forma de ver e enfrenta-los,cada um assume suas responsabilidades,porém esquecem que podem haver pessoas em situações piores. Jackson e Jennie sofrem por dores semelhantes,mas possuem visões distintas de como prosseguir e viver com ambas. Talvez as rosas brancas possam causar mudanças no humor do homem. Talvez a rosa vermelha nunca possa ser entregue, pois não deverá florescer entre ambos.     
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