Capítulo 8

1448 Words
Enquanto Emília subia as escadas, Eva tentava disfarçar o medo pelo encontro com o pai Jorge. — O que estava acontecendo aqui, Eva? — Jorge perguntou. — Nada, apenas um pequeno m*l-entendido. Emília está se adaptando à nossa família! — Espero que esteja tratando a minha nora com respeito. — Jorge conhece bem a filha que tem, sabe o quanto ela é ambiciosa e poderia estar a humilhar Emília. — Claro, pai. Eu só queria garantir que ela entenda as responsabilidades que vem com esse nome. Nossa família não é para qualquer uma! — disse ela, virando-se de costas. Jorge suspirou, sem perceber a grande mentira que estava acontecendo na sua casa e diante de seus olhos. Na suíte de Luíz, Emília entrou, encontrando-o deitado sem camisa e perdido em pensamentos. — Luíz, precisamos conversar. — perguntou ela, com a porta entreaberta. — O que houve? Emília hesitou antes de falar sobre o ocorrido com Eva, pensou melhor e não entrou em maiores detalhes. — Sua mãe... ela me abordou agora a pouco, acho que ela não aprova o que fizemos! — O que ela disse? Algo sobre a empresa? — perguntou ele, se sentando na cama. — Você parece se importar apenas com os negócios, mas esqueci que é apenas isso que sou aqui! — Emília, entenda que eu tenho uma família complicada em todos os sentidos. Minha mãe sabe sobre nós, aceitou tudo e ainda está nos ajudando. — Me dê um prazo para que tudo isso acabe e eu possa retornar para minha vida! — Voltará para a empresa? — perguntou ele. — Claro que sim, preciso do salário para ajudar os meus pais. — Entendo, mas posso te dar um valor mensal para que não precise ir. — Te incomoda a minha presença por lá? — Emília se entristeceu. — Eu já disse que não, mas como é minha esposa mamãe não concordará... — Achei que havia negociado tudo com um homem! Dono da própria vida! As palavras de Emília enfureceram Luíz Miguel, ele chegou perto e a olhou nos olhos. — Eu sou dono das minhas escolhas! — E eu de mim! — Emília saiu do quarto deixando-o questionar o poder que Eva tinha sobre suas decisões e se realmente estava pensando por si mesmo. Enquanto isso, Henrique estava no jardim, observando as estrelas e pensando na vida. Eva se aproximou: — Henrique, preciso que compreenda. Luíz está casado com essa moça agora, e precisamos manter as aparências! — Minha presença aqui é estritamente profissional tia, mas pode me explicar melhor o que quer dizer com manter as aparências? Eva olhou para ele com desconfiança, mas não disse mais nada naquele momento. Quanto menos pessoas soubessem o segredo daquele casamento, melhor seria... A fala de sua tia, deixou um grande mistério que instigou Henrique ainda mais. Ele resolveu passar em frente ao quarto do casal, ficou por um tempo até ver Emília sair de lá chateada com a conversa anterior e entrar em outro quarto. — Eles dormem em quartos separados! — exclamou ele sorrindo. Mas ao mesmo tempo, pensou que poderiam ter brigado naquela ocasião e quem sabe ele poderia ter sido o motivo. Precisaria observar melhor a dinâmica dos dois, estava interessado em Emília e quem sabe poderia ficar com a presidência da empresa e com a esposa do primo que sempre competiu com ele por tudo. Na manhã seguinte, a tensão continuava. Emília e Luíz tentavam agir normalmente, mas a presença de Henrique na casa continuava a criar desconforto e medo do futuro. Jorge convocou mais uma reunião familiar para esclarecer a situação e discutir o futuro da empresa. — Henrique veio aqui para discutir a possibilidade de assumir um papel mais ativo na Golden. Ele tem experiência e conhecimento que podem beneficiar a empresa! Então acho que seria importante que ele se tornasse o vice-presidente interino da empresa. — As palavras de Jorge irritaram Luíz Miguel, Emília segurou a mão dele naquele momento para impedi-lo de se pronunciar. — Claro vovô, será uma honra para mim! — E pretende também morar aqui? — Luíz Miguel perguntou sem receio. — Filho? Não seja deselegante. — disse Eva. — Não meu caro primo, peço apenas uns dias para me instalar em algum hotel! — Ficará aqui onde a sua família está! E meu genro, está melhor da gripe? — respondeu Jorge, deixando os ânimos ainda mais exaltados e olhando para Eva. — Rogério está melhor, logo sairá da cama finalmente! — respondeu ela, descontente por naqueles dias o marido estar tão dependente dela. Emília preferiu sair um pouco da casa, a atmosfera estava tensa demais e ela tinha consciência de que estava ali ocupando um lugar que não era dela de verdade. O jardineiro da casa era um senhor bem idoso e de sorriso gentil, ela decidiu sair e conversar um pouco com ele. — O senhor trabalha há muito tempo para essa família? — perguntou ela, se aproximando. — Sim filha! Vi Jorge erguer aquela empresa quase com as próprias mãos! Meu nome é Héctor. — Ele gentilmente retirou uma flor vermelha e entregou a ela, Emília sorriu. — E o pai dele? Por quê o senhor Rogério não pode assumir a Golden? — Jorge não gosta muito do genro, ele tem uma saúde frágil desde sempre. Mas uma jovem tão linda como você, perdoe-me a pergunta! — ele hesitou. — Por quê decidiu se casar com Luíz Miguel? — Eu me apaixonei por ele! — Ele nunca foi de relacionamentos duradouros... — O senhor acha que ele não gosta de mim? — perguntou Emília. — É difícil entender você jovens! — Vou reformular a pergunta, acha que alguém como ele poderia aprender a amar um dia? — Claro que sim, agora fico mais tranquilo sabendo que você o ama. O considero como um neto. — Antes deles terminarem o assunto, Henrique se aproximou. O olhar de desprezo dele para o jardineiro, fez com que o idoso saísse deixando-os a sós. Emília não percebeu a situação, estava presa ao perfume da flor que ganhara. — Você e Luíz não quiseram viajar em lua de mel? — A empresa de precisa de nós! — respondeu ela. — Sinceramente, eu não renunciaria a uma viagem com você... pelos negócios. Meu primo parece temer mais perder a presidência do que perder a esposa. — Ele não me perderá! Quanto a viagem, poderemos fazê-la depois. Emília saiu, deixando-o sozinho. Luíz Miguel estava pensando em como seria estar na empresa agora que o seu primo o estaria monitorando, sabia que qualquer deslize poderia significar uma troca de CEO e isso era tudo o que não poderia acontecer com ele. Agora além de lidar com Miguel sondando Emília, precisava vigiar suas atitudes no trabalho e Henrique. Antes do almoço, Emília decidiu dar uma volta pelos quartos e olhar os lindos quadros que enfeitavam a mansão. Ela bateu suavemente à porta do quarto do sogro, Rogério, para verificar se ele precisava de algo, já que Eva não parecia muito preocupada com o próprio marido e Luíz Miguel estava trancado em seu escritório na casa. — Entre, Emília. Emília adentrou o quarto e o encontrou deitado, lendo um livro. Ele sorriu gentilmente. — Como tem passado, minha querida? — Estou bem, senhor Rogério. Só queria garantir que está tudo bem por aqui e se precisa de alguma coisa! Posso trazer um chá. — disse ela indicando a saída. — Você além de linda é muito gentil, meu filho soube bem escolher uma companheira de vida... Já eu... — afirmou ele, com receio. Nesse momento, Eva, a esposa de Rogério, observava discretamente a cena de longe e começou e ficou com raiva da forma como a jovem sorria para o marido dela. "Essa moça está se aproximando demais do meu marido. Primeiro Henrique, agora Rogério. Tenho que tomar uma atitude..." pensou ela. Eva se aproximou do quarto e, com uma expressão falsamente amigável como sempre, dirigiu-se a Emília. — Emília, querida, que bom que está aqui. O médico está a caminho para verificar a saúde do meu marido, e a presença de "visitantes" pode atrapalhar. Seria melhor que saísse. — Ela não está atrapalhando. — disse Rogério. — Não discuta meu bem! — respondeu Eva. Emília, surpresa, assentiu e deixou educadamente o quarto. — Não precisa ser tão rude, Eva. Emília apenas veio verificar como estou. — (sussurrando) As intenções dela são boas, Rogério. É você que precisa de cuidados! — Rogério, sem entender totalmente o ciúme da esposa, foi forçado a concordar, e Eva se certificou de que Emília não interferisse nos cuidados médicos de Rogério e apenas mandou que o médico subisse para verificar a saúde dele.
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