1° Capítulo

3151 Words
Depois da decepção que tiveram, cada uma seguiu para sua sala. Bruna se sentiu pior ainda ao entrar e dar de cara com suas inimigas. As duas sorriram maldosas ao ver a garota. A ruiva seguiu para o fim da sala e sentou no fundo. Queria distância daquelas metidas. Mas claro que elas foram implicar com ela... — Cadê sua defensora? Não vai mais te ajudar? Bruna não respondeu e as duas riram debochadas. — Estou achando que ela te abandonou a própria sorte. O que será de você sem ela, hein? A ruiva não respondeu. As duas sempre implicavam com ela desde crianças e era Vitória que a defendia, colocando as duas para correr. — Acho que esse ano sim vai ser interessante... Bruna revirou os olhos e as duas saíram de perto rindo. Ia ser um ano infernal, isso sim. No fim das aulas fez questão de ser a última a sair da sala. Isso para que as duas não pegassem no seu pé. Esperou um pouco e saiu. No corredor não encontrou ninguém. Se sentindo confiante, seguiu seu caminho. Ao virar para esquerda, sentiu algo em seu pé e se desequilibrou, caindo no chão com tudo. Risadas foram ouvidas e Bruna olhou para cima. As duas riam dela deitada. — Olha por onde anda, queridinha. Elas saíram de perto rindo e Bruna sentou no chão e começou a recolher suas coisas que se espalharam. — Isso não foi nada legal... A menina olhou para o lado e um garoto moreno e fortinho oferecia a mão a ela. — Já acostumei com isso. — Segurou a mão dele. — Pois não deveria. — Puxou ela para cima. — Obrigada. — Sou o Breno e você? — Bruna. — Disse que está acostumada... Sempre fizeram isso com você? — Sim, elas me perseguem desde criança. — Por quê? — Não faço ideia! — Deve ser inveja. — Inveja? De que? — De você ué. — Por que teriam inveja de mim? — perguntou surpresa. — Talvez da sua beleza... A menina caiu na gargalhada e Breno franziu a testa. — O que eu disse de engraçado? — Essa foi ótima! — Não estou entendendo... — Elas me odeiam e nunca teriam inveja de mim. Vivem dizendo que tenho cara de trakinas. — Trakinas? — É. O biscoito, sabe? — Você não tem cara de trakinas. — Não é o que elas acham... Bom, eu tenho que ir. Meu pai deve me buscar. — Então a gente se vê. — Tá bom. Bruna continuou caminhando e no pátio encontrou Vitória. — E aí como foi? Quem está na sua turma? — Adivinha? — Mayara e Carolina? — Sim. — Não acredito... — Sou sortuda demais da conta. — Você tem é que revidar! — Eu não vou fazer isso. Elas são duas. — Mas correm de mim que sou uma só. — Mas eu não sou como você. Vitória revirou os olhos. — Você devia era entrar em algum tipo de luta... — Isso não me deixaria mais forte. — Nem tudo é força, Bruna. — Meu pai chegou. Vai querer carona? — falou ao ver Nick parar o carro em frente ao portão. — Não. Minha mãe está vindo me buscar. — Ok. Até amanhã então. — Até. A ruiva seguiu para o carro e sentou no banco da frente. Nick saiu com o carro dali. — E aí, como foi o primeiro dia? — Normal. — E o que mais? Bruna suspirou. — Vitória não está na mesma turma que eu. — Mesmo? Que chato. Se você quiser pode conversar com a diretora e pedir para mudar. — Será que ela deixa? — Não custa tentar, não é? Se quiser eu falo com ela. — Acho que eu posso tentar. — Tudo bem. Os dois chegaram em casa e encontraram Laura e Ana conversando na cozinha. — Oi tia. — Beijou o rosto de Laura. — Oi. Está tudo bem? — Tudo ótimo! — mentiu. Laura e Ana trocaram olhares. — Cadê a Júlia? — Está no banheiro. — Hum... — Como foi a escola? — Ana perguntou. — Boa. Só não fiquei na mesma turma que a Vitória. — E isso foi r**m pra você? — Ah... Era melhor ficarmos na mesma sala. — Falei pra ela pedir a diretora para mudar — disse Nick. — Pode ser. Mas talvez seja bom vocês ficarem em salas diferentes. — Por quê? — Vocês vivem grudadas! Pelo menos assim vão ficar distante um pouco. Laura e Nick riram. — Mas qual o problema? Somos amigas ué. — Eu sei, só quis dizer que assim vocês vão conhecer outras pessoas. — Vou pensar se peço ou não a diretora. Júlia apareceu na cozinha e a Bruna sorriu quando a viu. Ela era filha de Laura e Lucas e tinha treze anos de idade. Tinha os cabelos castanhos e olhos claros. Nick agarrou a menina e beijou sua bochecha. — Pai! Deixa ela! — Está com ciúmes? — Agarrou o pulso de Bruna e puxou ela para junto dos dois abraçando as duas. Laura e Ana riram da expressão de sofrimento das meninas. — Chega, pai... — falou com as bochechas comprimidas. Nick apertava as meninas contra seu peito. O moreno soltou as duas. Bruna ajeitou o cabelo e olhou o rosto do pai. Ele sorriu largamente e ela riu. Bruna segurou a mão de Júlia e levou ela para o quarto. — Como foi seu primeiro dia? — Normal. Fiquei na mesma turma de sempre. — Sorte a sua. — Por quê? — As únicas pessoas que conheço na minha turma são Mayara e Carolina. — A Vitória ficou em outra sala? — Sim. — Puxa... Achei que nunca separariam vocês. — Pelo visto só no ensino médio... — resmungou. — Eu ainda acho que você devia contar aos seus pais o que elas fazem... — De jeito nenhum! Aí que vão pegar no meu pé! Se conto, meu pai vai na escola falar com a diretora e aí sim vou ser motivo de chacota pelo resto da vida. — Então o que pretende fazer em relação a isso? — Não tenho a mínima ideia! **** No dia seguinte quase fingiu que estava passando m*l para não ter que ir para escola, mas achou melhor deixar essa ideia para um dia mais perigoso... Ao chegar na escola, encontrou Vitória no portão e as duas ficaram conversando antes de entrar. — Te vejo no intervalo — disse a loira e seguiu para sua turma. Bruna lentamente seguiu para a dela. Estava até com vontade de mudar de escola, mas isso talvez não seja bom também, pois ia ter que contar aos pais o motivo de mudar e não ia saber o que dizer. Assim que entrou na sala, procurou pelas duas, mas elas ainda não estavam lá. Respirou aliviada e sentou no fundo da sala. — Olá. Bruna olhou para o lado e o Breno estava em pé ao seu lado. — Oi. Você é da minha turma? — Sim. Mas acho que você não notou por causa daquelas duas, não é? — Não foi bem por causa delas... Eu apenas não reparei. — Sei... Posso sentar aqui? — Apontou para a mesa em frente a dela. — Por que não? O garoto colocou sua mochila em cima da mesa e sentou na cadeira. Enquanto o professor não chegava, os dois ficaram conversando. Agora que relaxou um pouco, a garota reparou melhor o Breno. Tinha cabelos negros e olhos verdes. Era um garoto bonito, mas ela estava em uma situação bem constrangedora no momento em que se conheceram, então só pôde reparar agora. A menina parou de falar ao ver Mayara e Carolina entrarem na sala. As duas sorriram ironicamente ao vê-la. Breno olhou também ao ver Bruna olhando sem piscar. — Por que você não conta pra alguém? — O que? — Sobre elas. — De jeito nenhum! — Por quê? — Vão pegar mais ainda no meu pé. — Ou não. Talvez levem uma dura e parem de vez. — Acredita mesmo nisso? — perguntou com uma sobrancelha levantada. Breno sorriu. — Não sei, só tentando pra saber. — Pois então não vamos saber. O professor chegou e eles pararam de falar. A aula correu normalmente e na hora do intervalo saíram juntos da sala de aula. Ao ver Bruna acompanhada de Breno, Mayara e Carolina não seguiram a menina. Vitória esperava no fim do corredor e sorriu ao ver Bruna se aproximar. — E aí, algum problema? — Hoje não. — Hum... A loira franziu a testa olhando Breno. — Ah! Esse é o Breno. — Oi. — Essa é a Vitória. — Prazer. — Estendeu a mão na direção da garota e ela apertou a mão dele. — E aquelas cobras? — Não sei. — Você sabe que elas implicam com a Bruna? — Breno perguntou. — Sim. Coloco elas pra correr sempre que posso. — E não acha que ela deveria contar pra alguém? — Sim, mas ela não quer. Breno balançou a cabeça em negação. — Se você puder não falar nada também, vai ser ótimo — disse a ruiva. — Ótimo? Então você gosta que elas fiquem no seu pé? — Não gosto, mas acredito que será bem pior se falar. Vitória e Breno trocaram olhares quando ela disse isso. Eles também não sabiam o que poderia acontecer, se seria pior ou não ela falar sobre o assunto, mas do jeito que estava, não podia continuar. Uns dias se passaram e Bruna convenceu os dois a não falarem nada com ninguém sobre as implicâncias. Mas eles só aceitaram com uma condição: na sala o Breno ficaria ao lado dela e no intervalo ela ficaria com a Vitória, pois perto deles, as meninas não mexiam com Bruna. Ela topou a ideia. Era melhor do que ter que contar ao pai e virar um baita problema. A menina resolveu não pedir a diretora para mudar de turma. Talvez ela perguntasse o motivo e ela gaguejaria e a diretora poderia desconfiar de algo. Bruna e Vitória estavam na sorveteria conversando. Era fim de semana e elas não queriam ficar o dia todo em casa. — E eles vão viajar de novo? — Sim — respondeu entediada. — Vou ter que ficar na casa do meu tio de novo. — Você acha isso r**m? — Não em ficar na casa deles, mas sim de não poder ir na viagem e show — disse carrancuda. — Você podia ficar lá em casa uns dias... — É só pedir a sua mãe. — Vou ver com ela. — Oi maninhas... As duas olharam para o lado. Bernardo estava perto da mesa e sorriu olhando as duas. O garoto estava agora com vinte anos. Assim como Matt, chamava bastante atenção das garotas. — O que faz aqui? — Bruna perguntou. — Vim tomar um sorvete, ué — falou puxando uma cadeira. — Decidiu finalmente seu curso? — Vitória questionou. — Acho que sim. — Ouvi isso da última vez — resmungou Bruna. — Você também vai chegar na época da decisão e quero ver se vai escolher bem rápido — disse meio irritado. — E qual você escolheu? — perguntou Vitória. — Ciências contábeis. As duas fizeram careta ao mesmo tempo. — Nerd! — Vitória implicou. Bernardo revirou os olhos. — O pai vai viajar de novo? — Sim. — Quando será que vão parar com essa vida? Já estão ficando velhinhos, não é? Vitória o olhou irritada. Ele sempre falava a mesma coisa e era só para irritar mesmo. Sabia que ela ficava brava com o assunto. — Eles não estão velhinhos! Principalmente a minha mãe! Se você não lembra, ela é um ano mais nova do que o meu pai. — Quanta diferença... — debochou. — Vocês me cansam — disse Bruna. — Ele que começou! Bruna revirou os olhos. Os dois continuaram se alfinetando e a ruiva desviou o olhar deles. Sempre era a mesma implicância.... Pareciam duas crianças. Ela passou os olhos pela sorveteria e assim percebeu uma pessoa olhando para ela. Assim que percebeu que ela também olhava, a pessoa sorriu. Era um garoto. E um belo garoto... Tinha olhos azuis e cabelo loiro escuro. Sorriu de volta. Não sabia quem ele era, mas o achou lindo! — O que está olhando? Bruna virou o rosto para o lado e deu de cara com o irmão, que se aproximou dela para poder ver o que ela via. — Não estou olhando nada! — disse nervosa. — Quem é esse garoto? — Não sei. — E por que está sorrindo pra ele? — Porque tenho educação! — Educação? Me engana, Bruna. — Ah cala a boca, Bernardo! Já não basta meu pai em cima de mim? Agora vai ficar também? — falou irritada. Vitória deu uma risadinha e Bernardo olhou na direção do garoto de novo. Por algum motivo não foi com a cara dele. **** No dia seguinte a Bruna se encontrou com a Vitória no portão da escola e as duas esperaram o Breno chegar. Foi o combinado. Assim que o garoto chegou, eles seguiram para sua sala de aula. Ao ver Bruna entrando na sala com Breno, as duas garotas fecharam a cara. Estavam há muito tempo sem implicar com ela. Bruna se sentiu bem ao ver a decepção das duas. O primeiro tempo passou rápido e logo o professor saiu para outro entrar. A professora chegou e junto com ela um garoto. Bruna arregalou os olhos quando viu que o garoto, era o mesmo da sorveteria. Ele sorriu ao ver ela. A professora pediu para ele sentar depois de dizer que era aluno novo, que veio de outra cidade. O garoto foi até o final da sala e sentou na carteira atrás de Bruna. A menina estava paralisada olhando para frente. Logo virou a cabeça para trás quando ele a cutucou levemente. — Você por acaso teria uma caneta pra me emprestar? — Claro. — Pegou no estojo e entregou a ele. — Obrigado. — De nada. Ninguém conversou durante a aula, pois a professora era uma das mais bravas da escola, então não tinha um que se atrevesse. Quando tocou o sinal para o intervalo, foi de grande alívio que deixaram a sala. Mesmo sendo os primeiros dias de aula, a professora não perdoou e passou um monte de dever de casa. Bruna e Breno estavam saindo quando o garoto chamou por ela. — Desculpa, mas será que você pode me ajudar? — Como? — Pode me mostrar a escola? Eu não conheço nada aqui. Bruna e Breno trocaram olhares. — Desculpa, cara. Não quero problemas, só preciso de ajuda mesmo... — Por que teria problemas? — Breno perguntou confuso. — Porque cheguei assim falando com sua namorada... — Ele não é meu namorado. É meu amigo — respondeu Bruna. — Ah... Entendi. — Bom, vou resolver umas coisas com o time de futebol. Qualquer coisa sabe onde me encontrar — disse Breno. — Ok. O garoto se afastou e os dois ficaram sozinhos. — Qual seu nome mesmo? — Diego e o seu? — Bruna. Depois das apresentações, Bruna mostrou toda a escola ao garoto. Era seu primeiro ano no ensino médio, mas ela conhecia o local, pois só mudava o prédio do ensino fundamental e ela sempre visitava o do ensino médio. Principalmente no último ano do fundamental. — Obrigado, Bruna. Aqui é muito bom. Minha outra escola não chegava nem perto. — É bom sim, tirando um professor ou outro... — Aquele garoto não é seu namorado mesmo? — Não. É meu amigo. — Hum... Achei que fossem namorados, pois estavam juntos na sala e saíram juntos. — Sempre ando com ele e minha amiga Vitória. Ela não ficou na minha turma esse ano. Aí conheci o Breno. — Entendi. — Você quer ficar com a gente? Não somos os mais populares ou mais interessantes da escola, mas acho que valemos alguma coisa... Diego deu uma risadinha. — Eu topo. Depois desse dia os quatro andavam sempre juntos. Os meninos ficavam com Bruna na sala de aula e no intervalo encontravam Vitória. Também saiam nos fins de semana. — E quem é esse Diego? — Um garoto que entrou na escola agora. — Hum... e o outro? — Breno. Também entrou na escola agora. — Sei... Nick estava fazendo um questionário a Bruna, pois ela estava andando tempo demais com esses meninos e ele não estava gostando nada disso. — Deixa de ser chato, Nick! Ela não pode ter amigos agora? — Ana perguntou irritada. — Eu nunca disse isso. — Mas fica perguntando toda hora o que ela fez! — E não é pra saber? — Sim, mas só onde ela anda e com quem. Não precisa ficar perguntando se beijou um dos garotos! Bruna cobriu o rosto com a mão. Seu pai sabia ser intrometido e ficava pior quando Ana começava a discutir com ele sobre o assunto. — Mas é claro que eu tenho que perguntar! — falou indignado. — Bruna não tem idade para namoros. Ana revirou os olhos. — É claro que tem. Já fez quinze anos se você não lembra. — Justamente! Bernardo entrou em casa e percebeu o clima tenso entre os dois. Ele olhou Bruna, que encarava o prato de comida em silêncio. — Tá tudo bem? — Não! — os dois falaram ao mesmo tempo. Bernardo levantou as mãos e sentou ao lado da irmã. — E ninguém disse que ela está namorando. — Nem vai estar! — falou alto. — Ah... Entendi... Os dois olharam Bernardo e ele desviou o olhar. O olhar de Nick pegava fogo e ele não queria que sobrasse para ele. — São só amigos, Nick! — Por quanto tempo? — Acha que vou namorar os dois? Nick e Ana ficaram em silêncio quando Bruna perguntou. — Porque se um dia eu for namorar, pretendo que seja um só. — Acho muito bom! — disse Nick. — Mas por enquanto é nenhum! — Não se preocupa, pai. Não estou interessada em ninguém. Eles são meus amigos. — Mas isso pode mudar a qualquer momento. Esses garotos de hoje em dia são muito atiradinhos. — As meninas também — disse Bernardo. — Está sendo assediado também? — Quem disse que eu estou? — Bruna perguntou antes que Bernardo pudesse responder. — Você não está ainda. Bruna revirou os olhos e Ana balançou a cabeça em negação. Todo dia era a mesma ladainha... — Eu não sou a única garota na escola, sabia? — perguntou irritada. — E daí? Eles andam com você não com as outras. — Vitória também anda com a gente! — falou alto. — Não use esse tom comigo. — Podemos ao menos uma vez na vida comer em paz? — Ana perguntou cansada. 
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