DISCUSSÃO
1191 Words
FIORELLA
Quando eu saí do prédio do DJ, eu peguei um táxi e segui para a casa da Chiara.
Eu estava me sentindo angustiada.
Eu não tinha expectativas em relação a ele, eu sabia do seu histórico. Não achei que ele fosse se apaixonar por mim ou que fossemos viver uma história de amor, mas pensar que dormimos juntos e que eu não lembrava de absolutamente nada, me fez achar que ele não tinha caráter algum.
Eu entrei no prédio da Chiara, sabendo que eu teria que responder várias perguntas. As garotas iriam querer saber o que aconteceu para que eu não voltasse para casa na noite anterior, e o pior, é que eu nem sabia o que responder.
— Fiorella, onde você estava? — a Martina me abraçou após abrir a porta do apê da Chiara, já começando o seu interrogatório. — Você está bem?
— Sim — eu forcei um sorriso.
— Nós precisamos voltar para Roma — ela falou sentando ao meu lado no sofá.
— Cadê a Chiara?
— Está no quarto — ela respondeu entortando a boca.
— Aconteceu alguma coisa?
Antes dela responder, a Chiara apareceu na sala.
Ela estava com uma expressão fechada em seu rosto.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei.
— Para quem desdenhou o DJ Leone, mandando que eu ficasse com a minha fatia, até que você quis comprar, não é? — ela me encarava, e dava para sentir a raiva em seu olhar.
— Chiara, você está chateada porque eu fiquei com o DJ? — perguntei incrédula.
— É sempre assim, Fiorella — ela veio andando na minha direção com o dedo na minha cara. — Você é egoísta. Tudo é sempre sobre você.
— Do que você está falando? — perguntei sem entender onde ela queria chegar.
— Estou falando do DJ, do Rafaelle... Até a Martina. Nós nos aproximamos primeiro, mas hoje ela é mais sua amiga do que minha. Inclusive, estava aqui te defendendo com unhas e dentes agora à pouco.
— Do que ela estava me defendendo exatamente? — perguntei.
— FOI A CHIARA QUE FALOU PARA O GRUPO DE GAROTAS QUE O CARA DE CAPUZ E ÓCULOS ESCURO ERA O DJ LEONE — a Martina esbravejou. — POR ISSO AQUELA GAROTA TIROU O CAPUZ DELE, POR ISSO AQUELE TUMULTO E POR ISSO QUE VOCÊ SE PERDEU DE NÓS DUAS.
— EU NÃO QUERIA QUE ELA SE PERDESSE DE NÓS DUAS, EU SÓ QUERIA ATRAPALHAR ELA E O DJ LEONE — ela gritava ainda mais alto que a Martina.
Eu quis dizer que graças a essa gracinha dela, eu acabei acordando na cama dele, sem fazer ideia de como eu fui parar lá, mas eu me senti envergonhada.
— Vamos? — eu olhei para a Martina que assentiu.
— VIU, FIORELLA? — a Chiara gritou. — EU QUE DEVERIA ESTÁ COM RAIVA DE VOCÊ, MAS É CLARO QUE VOCÊ TINHA QUE VIRAR O JOGO A SEU FAVOR. VOCÊ FICOU COM O CARA QUE EU ESTAVA A FIM, NÃO O CONTRÁRIO.
— Chiara, não viaja, o cara deixou muito claro que estava a fim da Fiorella desde o início — a Martina falou em minha defesa. — A Fiorella também não tinha culpa se você era apaixonada pelo Rafaelle e ele era por ela.
— Chiara, você sabe que eu nunca tive nada com o Rafaelle, eu respeitava o que você sentia por ele — tentei argumentar.
— Mas estava sempre tentando jogar o seu charme para chamar a atenção dele — ela rebateu.— Estou mentindo, Fiorella?
— Já chega! — falei indo até o quarto e comecei a juntar todas as minhas coisas.
— ISSO, FOGE MESMO — ela esbravejou da sala. — VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO PORQUE SABE QUE EU ESTOU CERTA.
O Rafaelle era nosso amigo, e nós quatro sempre andávamos juntos.
Nossas mães sempre deixavam que nós fossemos para as festas com o Rafa. Como ele tinha cara de bom moço, todas as mães confiavam nele.
A Chiara se declarou para o Rafa, mas ele falou que era apaixonado por mim, apesar de eu ter falado para ele mais de uma vez que o que eu sentia por ele era apenas amizade.
[...]
Foi bem estranho ir embora de Milão depois de uma discussão com a Chiara.
Eu e a Martina fomos em silêncio boa parte do percurso, até que ela resolveu quebrar o silêncio.
— Você sabe que não tem que se sentir culpada por nada que a Chiara te acusou, não é?
— Em relação ao Rafaelle eu realmente acho que ela foi bem injusta — falei com as mãos fixas no volante. — Eu jamais ficaria com ele, sabendo dos sentimentos dela, e jamais joguei charme ou dei falsas esperanças à ele.
— Ela nunca teve nada com o DJ, o mais próximo que ela chegou dele foi ontem no festival, ele estava visivelmente afim de você desde o primeiro momento — ela argumentou. — Qual o direito ela tem de estar te cobrando qualquer coisa?
— Eu realmente não levei a sério quando ela falou "ele é meu". Nós já brincamos sobre isso em situações similares em relação a outros caras.
— Não esquenta com a Chiara — a Martina falou seria, mas logo abriu um sorriso. — Mas me responde: Você estava com o DJ gostosão até essa manhã?
— Amiga aconteceu algo muito estranho.
— O que?
— A última coisa que eu me lembro de ontem quando aquele tumulto aconteceu, foi de procurar por você, pela Chiara e por ele durante um bom tempo — eu entortei a boca. — Mas hoje de manhã, eu acordei em uma cama de casal e escutei um barulho de chuveiro, quando eu espiei da porta do banheiro, era o DJ cafajeste que estava lá.
— Você perdeu a sua virgindade com ele essa noite? — a Martina perguntou eufórica.
— Eu acho que sim — falei com pesar. — Eu estava vestida com uma camisa dele e sem nada por baixo. O lençol e o travesseiro do lado da cama estavam amassados, sinal de que ele dormiu ao meu lado.
— Você não se lembra de nada — a testa dela estava enrugada.
— Nada... A última coisa que eu me lembro foi de um cara esbarrando em mim e tentando puxar assunto. Ele perguntou se eu estava bem, o meu nome e de onde eu era. Eu desconversei, falei que estava com pressa e saí de perto dele. Depois disso, eu não me lembro de mais nada.
— Você acha que o DJ Leone pode ter te drogado?
— Não — respondi com sinceridade. — Eu me lembraria dele se aproximando para poder me drogar. Mas acho que ele pode ter me encontrado drogada ou inconsciente, não sei... E por isso me levou para a casa dele.
— Ou ele pode só ter cuidado de você — ela falou me fazendo ficar pensativa.
— Não... Eu acho que não... — falei depois de refletir. — Por que ele tiraria a minha roupa, se o intuito era apenas cuidar de mim?
Mini maratona concluída com sucesso.
CapítuIo 3/3
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