No dia seguinte, Lorenzo levantou logo cedo e saiu, foi a uma das casas dele, onde costumava se reunir com seus capangas, lá ela encontrou Moret, e com ele se reuniu no escritório, estava ansioso por notícias de Mia, m*l a conhecia, mas a situação dela havia o tocado.
— e como está a moça? — ele perguntou assim que a porta se fechou, Lorenzo ergueu a sobrancelha o olhou com seriedade.
— parece muito interessado.
— a situação dela me tocou.
— me diga Moret, você está solteiro? — Moret franziu o cenho, não estava entendendo a finalidade daquilo.
— sim, senhor, mas qual o motivo da perguntou?
— seu interesse Moret, nunca vi você tão interessado em algo, não que você seja displicente, ao contrário, é muito eficiente, mas vejo que se interessou em demasia por Mia, antes que possa se interessar ainda mais, fique sabendo que me casarei com Mia.
— senhor, não é o que está pensando...— Moret fez uma pausa, então assimilou o que havia ouvido. — o que senhor disse?
— que vou me casar com Mia.
— não estou entendendo, por que?
— estive conversando com ela ontem, ela me contou coisas horríveis que passou enquanto presa naquela casa, era desumano o que faziam com ela, Alexandre a odeia, tudo que quero é que ele assista a filha que ele tanto maltratava e desprezava ganhando o lugar que muitas desejam, se tornando uma pessoa influente, tratada feito uma princesa. — Moret sorriu de satisfação, em seguida disse.
— vai morrer envenenado com o próprio ódio, assistindo a pessoa que ele tanto maltratou enfim estar em paz...mas senhor, este casamento seria só uma fachada, não é?
— obviamente, por que a pergunta? — ele questionou enquanto largava a caneta que tinha em suas mãos sobre a mesa.
— senhor, ela foi mantida vinte e um anos presa, ela não sabe nada do mundo...
— mais uma vez sua preocupação, não sou nenhum psicopata, tudo que quero é me vingar do desgraçado do Alexandre, mas também ajuda-la, coitada, já sofreu demais, mas voltando ao seu interesse, se interesse apenas o necessário, a tornarei minha esposa, e apesar de ser um casamento de fachada, não quero ninguém a rodeando enquanto eu estiver casada com ela, até porque assim como você, penso que ela não esta pronta para um relacionamento, ela não conhece o mundo, só a maldade.
— não se preocupe senhor, meu interesse nela não é esse, apenas me tocou o fato de um pai fazer tal coisa com uma filha, só conseguia pensar na minha menininha.
— você amoleceu depois que se tornou pai.
— talvez um pouco, mas continuo eficiente como sempre fui.
— eu sei e é confiando na sua eficiência que preciso que investigue algo.
— o que? — Moret questionou em um tom interessado.
— estive conversando com Mia, ela me contou que o avô a visitava, ela não soube explicar a quanto tempo, devido não ter contato com nada externo, ela não tem noção de tempo, mas quero que investigue sobre, ao que parece, ele não a maltratava.
— bem, pai de Alexandre não era, o pai morreu quando ele ainda era bem jovem, acredito que era o pai da mãe dela, vou investigar isso.
— ótimo.
Após a conversa com Moret, Lorenzo saiu para resolver uns assuntos mais, coisa que lhe tomou todo o dia, chegou em casa ao início de noite, ele deixou o carro na garagem, silenciosamente caminhou até a entrada da casa, logo passou pela port e viu algo que chamou sua atenção, a empregada que ele havia designado para cuidar de Mia, a arrastava pela escada, a pobre garota mais tropeça do que andava.
— nem um animal é desse jeito, não consegue comer sem derramar, não consegue andar direito nem com ajuda. — esbravejou a mulher um tanto irritada, era claro que não estava satisfeita com a função designada a ela, Lorenzo obviamente se irritou, havia prometido que ali estaria bem cuidada e em pouco mais de vinte e quatro horas já estavam a maltratando, debaixo de seu teto, ele não estava disposto a permitir aquilo e quebrar sua promessa, não gostava de voltar atrás em suas palavras.
— não consegue manter um emprego. — ele disse em um tom alto e sério chamando atenção da empregada e também de Mia.
— senhor...não vi que tinha chegado.
— e que bom que cheguei, assim pude ver isso, saia daqui.
— senhor...
— saia. — disse ele alterando ainda mais a voz, Mia se assustou, mas seguiu imóvel, logo escutou os passos da empregada se afastando e os dele se aproximando. — está bem?
— sim...não precisa gritar com ela, está tudo bem.
— está?
— não está? — ela questionou um tanto confusa, mas logo completou. — sempre me trataram assim.
— isso não quer dizer é normal, e não, não está tudo bem Mia, aqui você não será maltratada.
— e se fizerem isso, o que faço?
— conte a mim, que tratarei de resolver. — disse ele enquanto se aproximava um pouco mais e analisava seu braço, a pele branca havia tomado um tom vermelho no lugar que a empregada segurava, Lorenzo segurou a mão dela e analisou melhor o braço, vendo que no pulso havia um hematoma. — ela havia apertado seu braço antes?
— sim, mais cedo, ficou um pouco dolorido. — Lorenzo pegou o outro braço, nele não havia nenhum hematoma, mas estando tão perto, ele analisou também a velha roupa que ela usava que estava suja de comida e com um cheiro consideravelmente r**m.
— você precisa de um banho, não está cheirando bem. — Mia ficou um tanto envergonhada e baixou a cabeça, mas então contou.
— eu precisaria de ajuda.
— ela não te ajudou com o banho, está o dia todo sem banho?
— na verdade estou sem banho desde que me trouxe pra cá.
— pra que dei ordens a essa desgraçada? — ele disse alterando a voz, Mia arregalou os olhos e se encolheu, ele notou a tensão, então se retratou. — não quis lhe assustar com meu estresse, não suporto que minhas ordens não sejam atendidas. — ela apenas assentiu. — vou lhe ajudar com o banho. — Lorenzo a pegou no colo, então a levou até seu quarto, ao passar pela porta a colocou no chão, em seguida guiou até o banheiro. — tire a roupa, vou lhe colocar embaixo do chuveiro. — Mia abriu o zíper da longa saia a fazendo cair no chão, em seguida puxou a cumprida e larga camiseta de forma desajeitada e a retirou, por fim, restava apenas a velha calcinha de elásticos esgarçados que ela logo baixou e tirou, revelando o que havia embaixo da desgastada roupa, Lorenzo não pode deixar de olhar aquele belo corpo, cheio de curvas, estava até desacreditado.
— pronto.
— Mia...jamais tire a roupa na frente de um homem. — disse ele tentando controlar seu olhar sobre ela.
— mas foi você que mandou que eu tirasse.
— sim , mas...não tire a roupa na frente de um homem que não seja eu, mesmo que ele peça.
— tudo bem. — Lorenzo temia que algum crápula em algum momento abusasse da inocência dela.
— você tem muito o que aprender.
Lorenzo guiou Mia até o chuveiro, ela encolhida e com os braços cruzados, esperava a água cair sobe seu corpo, quando sentiu a primeiras gotas cair, ela liberou os braços e suspirou.
— está quentinha, isso é tão gostoso.
— não costumava tomar banho quente? — ele questionou.
— não, eu nunca havia tomado um banho assim.
— nem mesmo em épocas frias? — ele questionou enquanto pegava um shampoo na prateleira.
— não, era r**m, as vezes meus ossos doíam. — ela disse baixinho, Lorenzo suspirou e se aproximou dela, Mia deslizava as mão pelo corpo, primeiramente pelos braços, depois pela barriga e subindo para o s***s, ele olhava com atenção cada gesto e se julgou por vê-la como uma tentação, mas confiava em sua índole, e não iria toca-la de jeito nenhum, então apenas seguiu a ajudando com o banho.
— me dê sua mão. — ela estendeu a mão, ele segurou, então colocou shampoo. — é shampoo, esfregue bem o cabelo.
— tá bom. — ela levou a mão até a cabeça, espalhou bem o shampoo e quando fez bastante espuma, ela riu a apertando em suas mãos e Lorenzo sorriu vendo aquele ato tão inocente.
— que cheiro gostoso.
— obrigado.
— estava falando do shampoo. — disse ela ainda se divertindo com a espuma.
— justamente, é o meu shampoo, automaticamente é o meu cheiro. — ela riu, em seguida disse.
— você é engraçado.
— agora enxague o cabelo. — Lorenzo estava prestes a direciona-la novamente ao chuveiro, mas então a viu estender a mão a sua frente até encontrar a água que caia do chuveiro, em seguida ela deu um passo naquela direção, com a agua caindo sobre sua cabeça, logo a espuma desceu pelo ralo.
— conseguiu encontrar o chuveiro sozinha.
— isso é bom, não é?
— sim, você pode aprender muitas coisas.
— se tudo fosse fácil como isso. — disse ela em um tom triste, enquanto se lembrava das muitas dificuldades que passava sozinha naquele quarto.
— acabaram com toda autonomia que você poderia ter nos dias de hoje.