A ordem foi dada: levantar o acampamento. Os ciganos começaram a desmontar suas estruturas com uma eficiência quase ensaiada. Não era a primeira vez que precisavam se mover rapidamente, e todos sabiam exatamente o que fazer. Alguns carregavam seus pertences nos trailers, enquanto outros ajustavam suas motos, preparando-as para pegar a estrada. Havia um clima de urgência no ar, mas também de organização.
Baltazar estava com Baldrick sentado em seus ombros, enquanto ajudava a fixar as lonas em um dos trailers maiores. Paula, ao lado de Hadassa, organizava os mantimentos na cozinha improvisada, certificando-se de que nada seria deixado para trás.
— Paula, está quase pronto aqui — disse Hadassa, enquanto empilhava caixas.
— Certo. Vou levar isso para o trailer principal — respondeu Paula, com uma caixa nas mãos. Seus movimentos eram rápidos, mas os olhos sempre buscavam Baltazar e Baldrick no meio da movimentação.
As crianças mais velhas ajudavam carregando pequenos objetos, enquanto as mais novas eram mantidas sob vigilância, longe dos veículos e da confusão. Zachary, como sempre, comandava tudo com gestos firmes e poucas palavras. O Baro estava ao lado de Jesé, ambos verificando os motores dos trailers maiores e conferindo os equipamentos de segurança.
— Baltazar, está tudo pronto com o seu trailer? — perguntou Zachary.
— Sim. Só preciso verificar a moto antes de sairmos — respondeu Baltazar, descendo Baldrick de seus ombros e entregando-o para Paula.
— Vamos fazer isso rápido. Quero todos na estrada antes do pôr do sol — ordenou Zachary.
Enquanto os homens davam os últimos ajustes, as mulheres começaram a embarcar nos trailers, cuidando das crianças e certificando-se de que nada ficaria para trás. Paula sentou-se no trailer ao lado de Hadassa, segurando Baldrick no colo. O menino estava calmo, mas seus olhinhos atentos pareciam perceber a tensão ao redor.
Quando tudo estava pronto, Zachary subiu em sua moto, seguido por outros motoqueiros. Baltazar ajustou a jaqueta de couro, lançou um último olhar para Paula e Baldrick e montou em sua moto, posicionando-se na frente do comboio que incluía trailers e motocicletas. Quando as crianças dormissem, Paula iria para a garupa de Baltazar e Hadassa para a garupa de Zachary.
— Vamos — disse Zachary, a voz firme ecoando entre eles.
O grupo começou a se mover, com as motos liderando o caminho e os trailers logo atrás. O comboio de ciganos cortava a estrada com determinação, deixando para trás o acampamento, iam para um novo acampamento, não só porque gostavam da estrada, mas em busca de uma proteçã.o maior para as Paula e as outras mulheres.
Mas, para eles, o verdadeiro lar era onde estivessem juntos e protegidos.
Baltazar olhou pelo retrovisor e viu o rosto de Paula na janela do trailer. Ele acenou para ela, e um sorriso surgiu em seu rosto. O sangue corria com mais força em suas veias, a adrenalina pulsava enquanto pilotava sua moto. Finalmente, estava na estrada novamente, sentindo o vento contra o corpo e o motor rugindo sob ele. Havia uma liberdade em pilotar que nenhuma outra coisa poderia proporcionar. E agora, ele sabia que, quando Baldrick dormisse, poderia colocar Paula em sua garupa e sentir ainda mais a presença dela.
O comboio seguia firme, com Zachary liderando, mas um apito soou à frente, cortando o ar. Baltazar diminuiu a velocidade, seus sentidos imediatamente em alerta. Outro apito veio de trás, seguido por mais alguns. Alguém os seguia.
Zachary ergueu o braço, sinalizando para que o grupo reduzisse a velocidade. Baltazar, junto com Zachary, Jesse e Amaro, deu a volta rapidamente para verificar a situação. Não demoraram a avistar um motoqueiro estranho ao grupo. Ele estava a uma distância segura, mas sua postura era suspeita, era um espião. Levantaram os capacetes.
— Alguem conhece esse? — murmurou Baltazar, ajustando o capacete.
— Não é um dos nossos — respondeu Zachary.. __ E nem conhecido.__ apontou Amaro, o pai do baro, Amaro conhecia todos os motoqueiros que apareciam.
Sem mais palavras, os cinco homens começaram a acelerar, perseguindo o motoqueiro. Percebendo que havia sido descoberto, o homem acelerou sua moto, tentando escapar. Mas nenhum outro veículo seria páreo para as motos dos ciganos, preparadas para a velocidade e para situações como essa.
O motoqueiro em fuga se desesperou cortando o tráfico com manobras arriscadas. Baltazar e Zachary o seguiam de perto, mantendo-se focados. A perseguição atingiu um ponto crítico quando, em uma curva apertada, o homem perdeu o controle. Em um momento de desespero, ele tentou passar por um espaço estreito, mas acabou entrando debaixo de um caminhão em movimento.
O som do impacto foi brutal. Baltazar e os outros pararam suas motos abruptamente, observando o desastre à frente. O motoqueiro estava caído..
Zachary desceu da moto, aproximando-se cautelosamente do corpo enquanto olhava ao redor, verificando se havia mais alguém envolvido.
— Ele sabia que estava encurralado — disse Jesse, parando ao lado de Baltazar.
— Foi isso ou ser pego por nós — respondeu Baltazar, ainda com os olhos fixos na cena.
Zachary colocou uma luva e se abaixou, tentando encontrar algo que pudesse identificar o homem. Ele abriu o bolso da jaqueta do motoqueiro e encontrou um celular. Levantou-o, mostrando aos outros. O Caminhoneiro não tinha descido de caminhão.. chamava a polícia o transito do outro lado continuava.
— Vamos levar isso. Talvez tenha algo útil.
Baltazar assentiu. Sabia que aquele incidente era apenas o começo. Alguém estava atrás deles, e era questão de tempo até que descobrissem quem era.
Partiram antes que a polícia chegasse e tivessem que prestar depoimentos..