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2266 Words
Ayana Na manhã seguinte acordo cedo, fico observando Daniel deitado ao meu lado ainda dormindo pesado.Ele parece aqueles garotos populares de filme adolescente de tão bonito, não queria ter imposto para ele a minha ida mas foi preciso.Sei bem que a conversa de ontem seria muito mais longa se ele entendesse que ainda poderia me fazer mudar de ideia, mas por outro lado sei que esse tempo longe não vai ser tão r**m afinal não estou saindo do país e serão apenas uns dias. Daniel:-Vai continuar me encarando?-pergunta com voz de sono antes de abri os olhos me fazendo rir. Ayana:-A culpa é toda sua quem mandou parecer um deus grego ate quando dorme?-pergunto acariciando seu rosto e fitando seus grandes olhos. Daniel:-E mesmo assim você ainda vai me deixar.-diz fingindo desdém. Ayana:-Vão ser algumas semanas vamos sobreviver você vai ver. Daniel:-Sobreviver não é o bastante.-reponde se aproximando de mim e me beija.-Quero que não consiga ficar em mim.-fala baixo com a voz um pouco rouca me fazendo arrepiar. Ayana:-Isso parece perigoso.-digo me sentando na cama e depois me sento sobre ele e o beijo. Daniel:-O perigo seria se eu não quisesse, mas eu quero e muito.-ele coloca as mão na minha cintura e aperta me dando um calafrio bom, começamos a nos beijar de novo e o beijo intensifica ate que alguém bate forte na porta nos assustando. Célia:-Ayana se arruma logo você não pode perder o voo!-ela grita e depois ouço seus passos se afastando pelo corredor. Ayana:-Parece que não temos tempo para uma despedida.-falo rindo e saio da cama. Daniel:-Certeza?-pergunta me encarando se fazendo de triste. Ayana:-Pensa pelo lado bom, quando for me visitar vai ser melhor ainda só por causa da espera.-digo rindo e vou ate o banheiro. Depois de um banho rápido me arrumo para a viagem e Daniel me ajuda a descer com a minha mala, tomamos café da manhã com a minha mãe e depois chega a hora de ir. Daniel:-Queria poder te levar no aeroporto.-diz enquanto coloca a mala no meu carro. Ayana:-Também queria que fosse.-respondo e observo ele fechar o porta malas.-Assim que eu chegar te mando mensagem, o voo vai ser bem rápido. Daniel:-Tudo bem, se cuida se precisar muito que eu vá te ver é só falar que dou um jeito.-ele se aproxima de mim e me beija devagar. Célia:-Vocês vão sobreviver pombinhos.-ela debocha andando ate nós e interrompemos o beijo. Daniel:-Eu tenho minhas dúvidas.-reponde rindo.-Preciso ir agora ou vou me atrasar.-avisa pegando a chave do carro no bolso e me da um beijo na testa.-Tchau para vocês e cuidado. Ayana:-Tchau.-respondo enquanto minha mãe acena para ele, fico o encarando enquanto seu carro sai pelo portão. Célia:-Vamos rápido, se perder o voo o próximo vai demorar muito.-avisa apressada e senta atrás do volante. O caminho ate o aeroporto parece incrivelmente rápido, o frio na barriga de animação se torna de preocupação por deixar a minha mãe mesmo ela ficando com a irmã me sinto um pouco culpada por estar indo.Abro o porta malas e fico parada um tempo olhando para nada especifico. Célia:-O que foi?-pergunta pegando a minha mala. Ayana:-Não sei se esta certo te deixar.-respondo apreensiva e ela ri. Célia:-Já disse que vou ficar bem, para de se preocupar comigo.-fala trancando o carro e me olha nos olhos.-Tenta aproveitar esse tempo lá e seja um pouco egoísta pense só em você, para de ficar com dó de mim e do Daniel por ficarmos sem você as vezes é preciso um pouco de egoísmo. Ayana:-É que parece que estou fugindo. Célia:-Idaí se esta fugindo? tudo vai estar aqui ainda quando voltar eu garanto.-ela beija minha testa rapidamente e me entrega a mala. Ayana:-Só me promete que se precisar de mim vai me pedir pra voltar, não importa o dia ou a hora. Célia:-Eu prometo, agora vamos logo.-responde apressada e coloca a mão direita nas minhas costas me fazendo andar para dentro do aeroporto. Fico o máximo de tempo que posso bem perto da minha mãe e quando ouço o aviso do embarque sinto um nó na garganta, ela me abraça forte por algum tempo e quando desfazemos o abraço ela apenas sorri e acaricia meu rosto. Célia:-Da um abraço em cada um da família da Laura por mim e avisa que logo vou visitar a fazenda. Ayana:-Okay eu aviso. Eu me despedi tanto dela desde ontem que no momento real da despedida não tinha muito o que ser dito, então eu segui para o avião.O voo foi bem rápido e parece que num piscar de olhos eu já estava em terra novamente.Somente depois de caminhar ate o meio do aeroporto lembro que não tenho o telefone da Laura, ligo para minha mãe e enquanto ela não atende continuo caminhando para o lado de fora.Depois de alguns toques ela finalmente me atende. Célia:-Por Deus Ayana, como vai aproveitar esses dias ai se não consegue ficar quatro horas sem me ligar?-pergunta com deboche na voz. Ayana:-Vou me esforçar para ligar só uma vez por dia.-respondo rindo e paro na calçada observando o movimento dos carros.-É que não tenho o número da Laura para avisar que cheguei, desci do avião já tem alguns minutos. Célia:-Ela disse que já esta te esperando vai ser fácil de reconhecer a velha camionete.-responde como se fosse óbvio e me espanto. Ayana:-Eles ainda usam a camionete?Depois de tantos anos? Célia:-Usam sim e ela disse que funciona muito bem, da uma volta por ai e procura eles.-sua resposta deixa bem claro que ela quer encerrar a conversa, aposto que minha tia já chegou na nossa casa. Ayana:-Tudo bem mãe vou procurar, depois a gente se fala.-aviso e desligo a ligação, não preciso procurar muito pois assim que guardo o celular no bolso da calça vejo a camionete azul claro dos Savoia. Achei uma memória totalmente visitavél, eu amava andar nessa camionete quando era pequena.Posso sentir o cheiro dela somente de olhar, não sei explicar o cheiro ele não é de flores ou algo do tipo mas de forma simples posso dizer que é um cheiro muito bom e familiar.Quando a camionete para ao meu lado vejo o olhar fofo do Afonso, posso dizer que não mudou muito somente o cabelo branco denuncia que os anos passaram.Lembro de como seu cabelo era preto igual carvão e como ficava interessante a mistura com sua pele parda. Afonso:-Caramba Ayana.-diz eufórico.-Você não mudou nada. Ayana:-E o senhor só mudou o cabelo.-respondo rindo.-Cabeleleiro natural não é? Laura:-O melhor de todos.-escuto sua voz se aproximando e então a vejo.-O tempo.-ela sorri e me abraça muito forte, confesso que senti falta desse carinho todo.Laura também não mudou muito, ela ainda mantém os cabelos com poucas ondas cor de mel na altura do ombro e esta com poucas marcas do tempo no rosto talvez deve ser a pele morena que esconde muito bem os anos.Me arrisco a dizer que o tempo parou para ela. Ayana:-Senti saudade.-digo ao desfazer o abraço e ela me olha incrédula. Lura:-Se tivesse sentido mesmo teria nos visitado.-avisa e tenta pegar minha mala mas a seguro. Ayana:-Deixa eu faço isso.-me apresso e coloco a mala na carroceria, não estou indo para a fazenda dar ainda mais trabalho para eles. Laura:-Vamos então porque o caminho é longo.-ela da a volta no carro e a sigo entrando depois dela, a camionete é daquelas de apenas um banco e agora estou tendo um deja vu de quando esse banco parecia enorme. No caminho Laura me conta sobre algumas coisas que mudaram na fazenda e relembramos algumas coisas que fazíamos quando eu era criança, depois de um tempo o assunto acaba e ficamos em um silêncio confortável ate que Laura volta a falar. Laura:-Vou te dizer algo agora e prometo não tocar mais no assunto.-avisa e me olha de forma doce.-Sinto muito pelo seu pai, ele era uma pessoa incrível e queríamos ter ido no velório mas muita coisa precisava ser resolvida por aqui e por isso nós não conseguimos. Afonso:-Isso é verdade, fiquei muito chateado quando recebi a noticia seus pais sempre foram muito mais do que dois empregadores.-posso escutar ele suspirar fundo e pesado.-Sempre vi vocês três como uma extensão da nossa família. Ayana:-E pode ter certeza que nós também, e nem preciso dizer que meu pai gostava muito de vocês o motivo dele não vir mais a fazenda era o trabalho que deixava ele sem tempo. Afonso:-Nós entendemos ele sempre foi um homem de visão, e que bom que ele pelo menos morreu realizado com tudo que o fruto do trabalho dele conquistou. Me preparo para responder mas me calo quando vejo a entrada da fazenda, ela mudou e muito o que antes era madeira com aparência de velha e sem cor agora são novas e brancas.A porteira parece um pouco menor agora o que é estranho, desço do carro e vou ate a porteira tenho um pouco de dificuldade mas consigo abrir.Enquanto observo a camionete passar por ela respiro fundo, o cheiro de pé de café continua o mesmo. Esse lugar era o orgulho do meu pai por diversos motivos e um deles é a fazenda ter sido umas dessas fazendas de café que movimentaram a economia a muitos anos, hoje em dia ainda tem alguns pés mas não suficiente para produção ele na verdade nunca teve a intenção de fazer dinheiro com esse lugar ele só queria a tranquilidade daqui. Volto para o carro e seguimos pelo terreno, tudo esta bem diferente posso ver que aumentaram o tamanho dos estábulos e que agora tem algumas estruturas novas deve ser de outros bichos.A casa principal e com a mesma aparência de casarão antigo não mudou absolutamente nada, meu pai a reforçou mas sem perder a essência sempre amei o contraste das paredes brancas com os detalhes em madeira azul claro. Laura:-O casarão continua o mesmo por dentro e por fora.-avisa enquanto Afonso para a camionete. Ayana:-Estou vendo, esta tudo como antes.-desço do carro e pego minha mala na carroceria, começo a subir os poucos degraus de escada da entrada com certa dificuldade ate que sinto alguém pegar a mala de mim por traz.-Laura não precisa eu consigo.-aviso e me viro vendo um rapaz pardo e alto com os cabelos bem pretos molhados de suor.Fico estática não posso acreditar que Hugo mudou tanto, nossa que besteira falando assim parece que o tempo só passa para mim.-Oi Hugo.-digo um pouco sem graça e ele sorri. Hugo:-Pensei que nem lembrava mais de nós.-diz passando por mim e o sigo para dentro da casa, enquanto ele anda observo como se desenvolveu nem parece ser o mesmo graveto que conheci ele não esta super forte mas posso ver o volume do musculo na manga da camisa preta que ele usa. Ayana:-Jamais poderia esquecer de vocês.-respondo e ele se vira para mim com as sobrancelhas arqueadas. Hugo:-Sua família não vem a anos, seus pais pelo menos ligavam para saber de nós. Ayana:-É eu sei deveria ter pelo menos mantido o contato.-ele da de ombros e abre a porta que estava a frente dele, Hugo estende a mão indicando que eu entre primeiro e assim faço. É o quarto que meus pais usavam, continua do mesmo jeito com poucos móveis de sucupira e uma grande cama de casal.Mas o que sempre amei era a vista, me aproximo da janela e vejo a fazenda em todo seu esplendor.Daqui posso observar tudo, e o que mais me chama a atenção é a lagoa que costumávamos nadar. Hugo:-Aposto que esta observando o píer.-diz convencido e balanço a cabeça concordando, ele não ficou muito longo mas é lindo de uma madeira de cor clara. Ayana:-Ficou lindo, faz muito tempo que coloram? Hugo:-Alguns anos.-conta parando ao meu lado.-Sinto muito por ele viu.-diz rápido se referindo ao meu pai, pelo jeito que ele esta falando comigo parece ter levado muito a m*l os anos que sumi daqui. Ayana:-Obrigada e me desculpa, sabe por sumir.-fico por alguns segundos pensando no que dizer.-Eu era nova quando fui embora, e ainda pensava em vocês muitas vezes mas sabe quando você se sente sem graça de querer mandar mensagem depois de muito tempo? Sei lá eu só não sabia como me aproximar.-nenhuma dessas palavras foram mentira, se aproximar depois de muito tempo é estranho e ficamos num loop infinito de pensar vou esperar mais uma semana para tomar coragem e ai se passam infinitas semanas. Hugo:-Tudo bem e me desculpa por ter falado daquele jeito, acho que esperava você mais nojentinha e patricinha. Ayana:-Eu patricinha?Jamais, meus pais mantiveram meus pezinhos bem no chão todos esses anos.-ele sorri e coloca minha mala dentro do quarto, e que sorriso. Acho que deveria ter falado que um dos motivos do meu sumiço foi porque Hugo também era a minha paixonite de criança mesmo sendo novinha eu gostava dele acho que por ser mais velho, o jeito que ele cuidava de mim e da irmã era muito fofo porém a forma que ele não me dava bola não era nada fofa. Hugo:-Ia te chamar para dar um volta e ver tudo que mudou mas já esta ficando tarde e preciso resolver umas coisas, mas se quiser amanhã te mostro e você pode ver o píer de perto. Ayana:-Eu quero.-repondo rápido e um pouco alto fazendo ele rir.-Sobre o jantar.-cruzo os braços mudando de assunto um pouco envergonhada.-Eu posso ir jantar na sua casa? Jantar aqui sozinha me parece meio deprimente. Hugo:-Tudo bem, aceitamos seu auto convite.-seu sorriso parece que foi tatuado no rosto, o jeito que ele me olha da uma sensação de escola quando conversamos com o popular inacessível.-Ate mais tarde Ayana.-se despede e sai me deixando sozinha.
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