Capitulo 1

1416 Words
Melissa O meu dia não começa muito bem. Sou acordada por um bendito despertador. Que saco, levantar cedo não é o meu forte, penso. Eu sei que você não deve estar entendendo nada, mas, com o tempo, vai entender. Tenho dezessete anos, estou no último ano do ensino médio e, graças a Deus, estou prestes a me formar. Moro com a minha mãe, Elisa. O meu pai morreu quando eu era pequena, vítima de um acidente. Minha mãe não é de ficar falando sobre a vida dela e até respeito isso. Mas ela sempre me diz que eles eram apaixonados, até que numa noite ele acabou sofrendo um acidente, deixando a minha mãe viúva, e eu, órfã. Depois que meu pai morreu, minha mãe não foi mais a mesma, nunca mais saiu para namorar ou até mesmo sair com as amigas, principalmente a mãe da Gabi. Sabe, gosto de pensar que meu príncipe encantado está me esperando lá fora, um dia nós vamos nos encontrar, nos apaixonar, casaremos e viveremos felizes para sempre. Os pensamentos que estou tendo de encontrar o príncipe encantado...  falando em casamento... estou doida mesmo. Olho ao redor do meu quarto e vejo que ele é do jeito que sempre quis, claro que não é todo cor-de-rosa como a maiorias das meninas gostam. Não, o meu as paredes são pintadas da cor do céu, com nuvens. Minha cama, onde agora estou deitada, é de casal, sempre fui muito espaçosa. Nesse momento, me encontro com preguiça de levantar, mas tomo coragem e levanto vagarosamente. Poxa, eu queria tanto ficar na minha cama, parece que ela está me chamando: “Vem, Mel, deita aqui. Estou muito boa, te esperando, olha esses lençóis, que delícia...”. Oh, cama maldosa, penso. E com um último olhar para ela, vou direto para o banheiro e tomo um banho bem longo e quente, para ver se acordo. Sou a preguiça em pessoa. Ao terminar, volto de novo ao meu quarto para ver o que vou vestir, é claro que tem que ser o uniforme. Vou confessar, é ridículo ter que colocar essa camiseta preta com o emblema da escola. O bom é que a calça a gente pode escolher. Sempre uso jeans. Ao me vestir, olho no espelho e vejo que estou com um corpão. Não que eu seja uma Miss Universo, mas acho que dá para o gasto. Eu tenho um corpo normal para qualquer adolescente, e sempre passo por aquele efeito sanfona, engordo e emagreço direto. Mas não sou aquele tipo de garota que se preocupa em ficar magra, como modelo, não. Eu como de tudo. Sou pequena, ruiva e o rosto com algumas sardas. Como toda ruiva deve ser, venho acompanhada com olhos verdes expressivos e grandes. Penteio meus longos cabelos e os prendo deixando alguns cachos soltos, o que me faz ficar com uma aparência ao mesmo tempo de menina e mulher fatal. Faço uma maquiagem bem leve, estou indo para a escola e não para uma festa. Se bem que, logo, logo vai ser a nossa formatura, quero dizer... bem que eu queria, ainda estamos no início das aulas. A música So What da Pink soa alto pelo meu quarto e sei que é meu celular tocando. Ao pegar o aparelho, vejo que é minha amiga Gabriela. Sabe aquela pessoa que você pode contar com ela para tudo? Pois então, é ela. — Fala, Gabi. — Atendo, bem direta. — Oi, Mel. Estou aqui fora te esperando — Gabi avisa. Vou até a janela do meu quarto e a vejo parada, olhando para a janela. Quando me vê, acena com a mão e retribuo da mesma forma — Por que não entra aqui em casa, Gabi? — Não, Mel. Se eu entrar, a gente se envolve no papo e esquece da vida. Quero ir logo pra escola pra ver se meu dia acaba logo — fala entredentes. Bom, você viu que não sou a única que reclama da escola. Afasto-me da janela e pego a minha mochila de caveiras. — Já estou indo, amiga — aviso. — Ok te espero, mas não demora — concordo e desligo o celular. Vou ao encontro de minha mãe que faz cara de reprovação ao ver meu cabelo. Para ela, meu cabelo tem que ficar solto e não preso do jeito que está. —Mãe, estou atrasada — falo rápido, antes que ela venha com a história de que eu tenho que me arrumar melhor. — Estou vendo, Mel. Pelo menos tome um suco — pede. Vou até a cozinha e pego o suco que ela fez com carinho, tomo rápido, ao mesmo tempo que a escuto dizer: — Mel, você deveria acordar mais cedo. Nunca vi uma menina dormir tanto como você — reclama e sou obrigada a concordar. — Mãe, eu preciso dormir, estou em fase de crescimento ainda e você sabe como os hormônios dessa fase nos deixam sonolenta — justifico e vejo a cara de perplexidade de minha mãe. — A Gabi não vai entrar? — Não. Eu convidei, mas ela disse que vamos nos atrasar mais ainda — respondo. Vejo minha mãe pegar uma garrafinha e encher de suco. — Leva pra ela — diz e me entrega a garrafinha. — Vê se vocês comem alguma coisa direito lá, hein! — Obrigada, mãe, pode deixar. Dou um beijo rápido em seu rosto e aviso que vou estar em casa para o almoço. Essa é umas das coisas que eu mais gosto fazer. Amo ficar com ela e, claro, com a minha amiga Gabi. Despeço-me, novamente, e saio de casa. Encontro uma Gabi andando pra lá e pra cá. Com certeza já está nervosa por eu ter demorado. Antes mesmo de eu abrir a boca, ela me vê e dispara a falar: — Caramba, Mel, que demora foi essa? Estava se produzindo para o seu príncipe encantado? — questiona em um tom mordaz. — Que bicho mordeu você, Gabi? — pergunto, já estranhando ela falar desse jeito. Se bem que ela fica desse jeito quando está de TPM. — Estou de TPM, você acredita? — comenta e eu apenas concordo. Entrego a garrafinha para ela, que me olha sem entender nada. — Minha mãe mandou essa garrafinha com suco de laranja pra você. — Agradeça a ela depois, Mel. Desculpa, mas eu fico terrível quando estou de TPM — diz, um tanto envergonhada. Sei como é, só que no meu caso, vou parar até no hospital com muitas dores. Minha mãe me levou ao ginecologista quando completei quinze anos e ela recomendou tomar anticoncepcional para ajudar a aliviar as dores. Graças a Deus elas melhoraram e sei que não posso ficar sem tomar. — Eu que o diga. Vamos indo, porque a hora passa rápido e, se não nos apressarmos, não vamos conseguir entrar na escola hoje — concluo e apertamos o passo em diração ao ponto de ônibus. Até dava para irmos a pé, mas íamos nos atrasar. Fomos avisadas que teremos um novo professor que começa hoje e não quero chegar atrasada logo no primeiro dia. — Gabi, como você acha que deve ser esse professor? — pergunto, curiosa. — No mínimo, ele deve ser baixinho, gordinho e m*l-encarado — fala, rindo. Esse professor irá ficar no lugar da nossa professora que resolveu andar de moto com o marido e caíram, ela acabou lesionando o joelho e vai ficar sem andar durante um bom tempo. — Deve ser mesmo, eu adoraria que ele fosse menos chato que a nossa professora Adriana — comento. — Tomara — concorda Gabi. Logo vejo a escola e dou sinal para descermos. Seguimos o restante do caminho rindo, realmente eu sou uma palhaça, dou risada de tudo, até de filme de terror. Logo no portão, cumprimento alguns amigos de outras salas. A Gabi entra na minha frente e acabo ficando para trás. No corredor, vejo um homem que, na minha opinião, pode ser chamado de homem com H maiúsculo. Alto, moreno e parece ser lindo de morrer, o terno dá um charme a mais. Mas ele entrou dentro da sala de aula? Acho estranho isso. Mais alguns passos e entro na mesma sala. Quando ele se vira, me olha com aqueles olhos negros cheios de desejo e me faz querer correr para os seus braços, e eu ficaria aninhada neles para sempre. Balanço a cabeça, afastando os pensamentos. p**a que pariu, que homem é esse? Ele é o novo professor? Acho que me apaixonei.
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