Capitulo 4

3164 Words
Eduardo Desde o primeiro momento que vi aquela ruivinha com cara de anjinho, meu mundo acabou. Aquela menina mexeu comigo demais e vê-la daquele jeito, como se nada a abalasse, me fez ver que o que eu tinha vivido até hoje não se compara ao sentimento que estou começando a sentir por ela. Sei que é errado, já devia ter pensado nisso direto, como eu gostaria de não ter esse sentimento. Mas a minha vontade era de ir até a mesa dela, a puxar para mim e fazer com que ela sentisse a mesma coisa que eu estava sentindo. Porém, acabei sendo grosso com Melissa, sendo que ela não estava prestando atenção em mim. Mas ver que estava com aquele lápis nos lábios, passando para lá e para cá, mordendo, me deixou louco. Vai, Eduardo, confessa que queria puxar ela para beijar aquela boca que estava te tentando desde o momento que ela chegou. Contudo, eu tive que me controlar e acabei sendo e******o com ela. Mas o que mais me surpreendeu foi a força daquele olhar, que me enfeitiçou, o brilho de raiva ao ver que eu tinha chamado sua atenção fez com que eu ficasse com uma p**a ereção enquanto eu estava tentando disfarçar. Quando eu ia fazer mais um comentário, o sinal bateu e a vi pegar suas coisas e ir direto para o intervalo. Os demais alunos foram saindo e comecei a arrumar minhas coisas. Um pensamento não deixando a minha mente: será que sou pedófilo? Um pervertido por estar gostando de uma menina que tem idade para ser minha filha? Só que eu nunca desejei nenhuma outra mulher como estou desejando aquele anjo ruivo. Saio da sala conversando com alguns alunos e claro que algumas meninas ficam me encarando como se fossem me comer. Mas eu não demonstro nenhuma reação, tudo por causa de Melissa. Minha Mel. Os alunos seguem para o pátio e vou em direção à sala dos professores. Muitos professores já estão aqui e percebo os olhares de algumas professoras assim que entro. Olhares não, elas só faltam pular no meu pescoço. Veja bem, eu sei que não sou feio, mas, poxa, as mulheres têm que se concentrar em se policiar e não se atirar no primeiro homem que passa por elas. Vou até um armário, que verifico já estar com meu nome, e guardo as minhas coisas. Aproveito para sair e respirar um pouco. Sinto-me sufocado pelos olhares. Claro que tem outros professores no recinto, mas alguns estão ocupados com as próprias coisas e outros dando em cima das professoras. Elas devem estar achando que eu sou gay. Mas não quero ser prejudicado mais do que vou ser porque meus pensamentos estão numa certa ruiva que me deixa doido de t***o. Vou caminhando pelo corredor e observo que as salas de aulas e a própria escola é muito bem decorada. A escola, em si, é decorada com trabalhos dos alunos, tem todo tipo de trabalho: em livros, artesanato, etc. Sinto meu celular tocar e quando olho no visor está marcando o nome da minha mãe. Ao atender, sempre penso em como ela deve estar sorrindo.  — Oi, mãe. — Oi, meu filho. Atrapalho? — Claro que não, mãe. Nesse momento estamos na hora do intervalo. — Já conheceu alguma moça, meu filho? Começou! — Mãe, eu já conheci. — Solto, sem perceber. — Me conta, meu filho, gostou de alguma? — Minha mãe é muito curiosa e me xingo em pensamento por ter falado algo. Não posso dizer para ela que eu estou encantado por uma aluna. E as paredes têm ouvido, como diz o velho ditado. — Mãe, eu não posso comentar isso agora. — Mas por que, Edu? — Mãe, eu não posso — respondo, frustrado. Eu gostaria de poder contar a ela. — Tudo bem, então. Me diz uma coisa: ela é linda? — questiona, empolgada. — Linda é pouco, mãe. Ela é um anjo — comento sem pestanejar e sem perceber de como falei em tom apaixonado. — Não acredito — minha mãe grita e tiro o celular do ouvido. — O que foi, mãe? — Coloco o celular novamente no ouvido e pergunto, preocupado. — Você está apaixonado — afirma, me deixando surpreso. Será que eu estou mesmo apaixonado? Ela mexe comigo, mas apaixonado é forte demais. — Mãe, claro que não. Eu só estou mexido por ela — respondo sem saber direito o que estou dizendo. — Edu, meu filho, você pensa que está engando quem, hein? — Mãe, a senhora está querendo que eu me case logo. É isso. É somente coisa da sua cabeça. — Filho, claro que sim. Outra coisa, eu tenho certeza que ela vai te fazer muito feliz. — Como assim, mãe? Eu sei que a senhora gosta dessas coisas sobrenaturais —comento, tirando uma com a cara dela. — Meu filho, eu gosto sim de ler tarô. Você sabe que eu gosto de jogar de vez em quando — responde. Eu é que sei. Ela vive tirando para todo mundo as cartas e, por incrível que pareça, e olha que eu mesmo não acredito nessas coisas, dá sempre certo. — Mãe, depois a gente se fala — digo ao ver meu anjo passar com a amiga dela. Como é mesmo nome? Acho que é Gabi. Não dou tempo nem de a minha mãe responder e desligo a chamada. Aproveito e observo como ela é linda dando risada do que a amiga dela está falando. Várias vezes pego os moleques olhando para ela e isso me deixa doido de ciúme. Eu sei que não tenho esse direito, mas fazer o que se essa menina mexe comigo. Vou indo em direção à mesa delas e sei que não deveria ir até lá, mas eu tenho esse direito... quero dizer, mais ou menos eu tenho. Chego até ela e reparo que a sua amiga, quando me vê, me olha espantanda e isso significa uma coisa: estavam falando de mim e não me sinto nem um pouco surpreso com isso. Eu realmente gostaria de saber o que se passa pela cabeça dessa menina. — Gabi, o que houve, você está bem? — Ouço meu anjo ficar preocupada com a amiga.  — Oi, professor — Gabriela fala olhando para mim, e vejo meu anjo retesar, como se eu a afetasse. Espero que sim. m*l sabe ela que também me afeta. — Olá, meninas, como estão? — pergunto, logo me sentando do lado da Gabriela. Porque se eu ficar perto da Mel, acho que não vou conseguir me controlar. Tenho que tomar mais cuidado, não quero que ela fique falada na escola. — Bem, professor — responde olhando para a minha Mel, sendo que ela m*l olha para mim e isso está me deixando doido. Desde o momento que eu conheci essa menina, a minha vida já virou de pernas para o ar. A minha vontade é de olhar para ela para sempre. — E a senhorita Melissa, como está? — questiono, olhando para ela e acabo dando um sorriso. Percebo que seu olhar ficou preso em minha boca. — Ah, eu estou. Estava distraída — responde, desviando o olhar. Será que pensava em mim? — No que a senhorita estava pensando? — pergunto, olhando para aquela boca e fico imaginando como seria beijar aqueles lábios, chupar a boca dela. Só de ter esses tipos de pensamentos eu fico duro na hora. — Nada não, professor, coisa de escola — diz, m*l olhando em meus olhos. Mas, por um instante, seu olhar encontra o meu e vejo que a sua alma é inocente, e nessa hora eu me sinto m*l por estar gostando dela.  —  O que o senhor está achando da escola? — Aqui é uma boa escola. Mas me fala, esse é seu último ano aqui? — questiono, ainda enfeitiçado pelo olhar dela. — Sim, esse é meu último ano — responde como se quisesse fugir daqui e eu não a culpo por isso. — Pretende fazer algum cursinho ou vai direto pra faculdade? — pergunto, na tentativa de querer saber mais dela. A minha vontade é de perguntar se ela tem namorado, mas isso eu não posso. Por mais que eu queira, não devo. — Ainda não sei, professor — meu anjo responde, ainda olhando para mim. Observo que alguns alunos devem estar curiosos para saber por que um professor está na mesa com os alunos. É aí que surgem comentários maldosos. — E você, senhorita Gabriela? — pergunto e vejo que ela titubeia para responder. Isso é típico de adolescente que ainda não sabe o que quer ser. — Eu também não sei, professor — responde. Ficamos todos em silêncio. O que eu mais gostaria era poder ficar aqui com ela e puxar mais assunto, mas já vi algumas professoras me olhando com curiosidade e decido ir embora e também visitar outras mesas dos outros alunos. Meio a contragosto, mas será necessário para que ninguém desconfie de nada. — Bom, vou deixar vocês, meninas, e vou ali falar com as professoras — aviso. Reparo que meu anjo olha nos meus olhos e sua expressão muda, demonstrando que ela não gostou nada. A Melissa está sentindo algo por mim ou será que é impressão minha? Levanto e viro as costas. — Mel, que cara é essa? — Gabriela questiona, mas já estou me afastando e não tenho como ouvir sua resposta. Vou para perto de uma professora que ainda não tinha conhecido. Começamos a conversar e ela até que é bem simpática. Sinto como se estivesse sendo observado. Olho em volta e vejo que meu anjo é quem está me olhando. Ela ainda está incomodada. Continuo conversando com a professora Letícia, faço perguntas sobre a escola e ela vai me passando tudo. Fico feliz ao constatar que a escola é realmente muito boa. Vejo meu anjo indo embora com a amiga, e a minha vontade é de correr atrás dela, pegá-la pelos braços e mostrar não estou interessado em ninguém, a não ser ela. Despeço-me da professora e sigo direto para as mesas de outros alunos, tentando me enturmar. No início, eles acham estranho, mas, no final, estamos todos rindo e batendo um papo legal. Logo o sinal bate e todos voltamos para a sala. Pelo restante da manhão não vi mais meu anjo. O que foi uma pena. O sinal da saída soa, os alunos se despedem rapidamente, ansiosos para saírem da escola. Arrumo todas as minhas coisas e vou para o estacionamento, pego meu carro e sigo para casa, sempre pensando em Melissa que não sai da minha cabeça. Seu perfume parece que está em mim, como se estivesse impregnado em meu corpo. Vou direto para meu quarto, tiro a minha roupa e coloco algo mais confortável. Fico pensando em tudo que aconteceu. Meu celular toca, olho no visor e vejo que é meu amigo Lucas. — Ora, ora, quem é vivo sempre aparece — digo assim que atendo a ligação. — Ora, como vai, professor gostoso? —  zomba e reviro os olhos. — Eu estou bem! Me conta, está com saudades de mim? — provoco, dando risada.  — Com certeza, você é um i****a — diz, me fazendo rir mais ainda. — Eu sei que você me ama — brinco. — Aonde você ouviu esses absurdos, hein? — Eu sei que sim. Agora me fala, algum problema? — pergunto. — Na verdade, não. Eu gostaria mesmo é de sair com um amigo — diz em um tom pedinte, sofrido, me fazendo rir à beça dele. — Vamos ao shopping, o que acha? Quem sabe assim eu tiro de vez aquele anjo pecador da cabeça. — Claro que sim, aí você aproveita e me conta como foi o seu primeiro dia de aula. — Beleza. O que acha de nos encontrarmos para almoçar por lá mesmo, assim não preciso esquentar nenhuma comida pra mim. — Vamos sim. Até já — responde e desligo a chamada. Vou direto para o meu computador e faço login no f*******:, verifico que tenho algumas mensagens de ex-alunos e de professores que ainda mantenho a amizade. Na parte de busca, coloco o nome da escola e aparecem uma página e um grupo. Entro na página e leio o que falam sobre a escola, é quando me chama atenção a foto de uma moça. Clico e sou direcionado para o perfil dela. Melissa está linda na foto. Passeio pelas postagens que estão em modo público e vejo que ela curte muitos livros e jogos. Envio uma solicitação de amizade. Meu celular toca mais uma vez e verifico que é dona Aline, minha mãe coruja. — Oi, mãe. A que devo a honra da ligação? — Não vem com essa, Edu. Me conta logo quem é essa menina? — questiona, sem rodeios. — Que menina? — Faço-me de desentendido. — Não vem não, senhor Eduardo, que te conheço e sei muito bem que você já conheceu seu amor — diz, sem paciência. Ela não vai sossegar enquanto não souber de tudo. Conheço bem a minha mãe. Suspiro fundo e decido me abrir com ela. — Mãe, realmente a conheci e não posso me envolver com ela. — Como assim, Eduardo? Essa menina não gostou de você? — Acho que sim, mãe. Só que... só que... ela é minha aluna — confesso e tudo fica no mais completo silêncio. Chego a pensar que a minha mãe desligou. — Nossa — por fim, diz. — Pois é, mãe, ela é minha aluna — digo mais uma vez, querendo saber da opinião dela. — Edu, quantos anos tem essa menina? — questiona, depois de ficar mais um tempo em silêncio. — Quase dezoito anos — respondo. Caramba, esse silêncio todo me deixa nervoso. O que será que minha mãe está pensando de mim? — Filho, você está gostando dessa menina? — Não sei, mãe. Só sei que eu nunca senti nada por nenhuma outra mulher do jeito que estou sentindo por ela.  — E ela, meu filho, o que sente por você? — Acho que a mesma coisa, só que eu não posso nem sonhar em me envolver com ela. Mais silêncio. — Filho, dentro da escola, não. Mas fora de lá, sim. — Vamos ver, mãe, eu vou com calma. E se isso for só coisa da minha cabeça? — Que coisa da sua cabeça, meu filho? Ter se apaixonado por uma menina? — questiona, aumentando um pouco o tom de voz, indignada. — Mãe, a senhora sempre vai ser a eterna casamenteira — comento, dando risada. — Claro, meu filho, eu quero netos — afirma. Conversamos por mais alguns minutos e desligo, prometendo que a manterei informada sobre tudo. Meu celular toca e dessa vez é uma mensagem do Lucas me avisando que já está a caminho do shopping.  Desligo tudo, verifico a ração da Bolinha, fecho a minha casa e vou para o shopping. Ao chegar, ligo para Lucas e pergunto aonde ele se encontra. — Caramba, Edu, você demorou — reclama ao me ver e vem até em mim, me cumprimentando. — Nossa, calma, eu não demorei muito não. — Onde você estava? — Numa ligação com a minha mãe. — E como ela está? — pergunta. Os dois se dão muito bem. — Graça a Deus, muito bem — respondo, enquanto vamos caminhando em direção à praça de alimentação. Escolho comida chinesa. Lucas, ao contrário de mim, sai em busca de um lanche gorduroso. Eu realmente não sei como ele mantém uma boa saúde. Procuramos uma mesa e ficamos conversando sobre tudo, contei sobre a escola e, é claro, sem contar sobre meu anjo. Terminamos de almoçar e Lucas sugere pegarmos uma sessão de cinema. Estou distraído olhando os cartazes quando uma moça esbarra em mim. — Perdão, moço — ela se desculpa sem me olhar. Essa voz faz com que os pelos do meu corpo se arrepiem. Olho e vejo a cabeleira ruiva. — Não foi nada, Melissa — respondo. Assim que ouve a minha voz, levanta a cabeça e fica em choque ao ver que sou eu. Espero que ela não esteja acompanhada de nenhum garoto. — Oi, professor. — Depois de sair do transe, ela me cumprimenta com a voz rouca, o que faz meu p*u acordar na mesma hora. — Professor não, Melissa. — Repreendo e percebo que ela não entendeu. E resolvo esclarecer por que não quero que ela me chame de professor. — Aqui não é a escola e você não é a minha aluna, somos duas pessoas normais, você não acha? — Como então você quer que eu te chame? — pergunta, curiosa. E a minha vontade é de falar para ela me chamar de amor, de vida. Sei que é meio brega, mas com ela eu quero ser brega. — Pode me chamar de Edu! E posso te chamar de Mel? — Claro que sim — concorda, ainda sem jeito. Quando vou comentar que tinha mandado um convite para ela no f*******:, ouço alguém chamando e vejo que é a Gabriela. — Oi, professor. — Cumprimenta, surpresa e meio sem graça talvez por encontrar o professor dela em um shopping. — Olá, Gabriela, pode me chamar de Edu, aqui não é a escola — peço e ficamos em um silêncio incômodo. Penso em quebrar o clima estranho, mas Lucas me chama e, mesmo sem querer, acabo tendo que me despedir. — Meninas, tenho que ir. Até amanhã. Na escola as salas de aulas são ambientadas, e só dou aula duas vezes por semana para a turma dela. Minha próxima aula com a Melissa será amanhã, assim poderei ficar mais perto do meu anjo. — Edu, você se perdeu? — Lucas questiona. — Claro que não, estava te esperando. O que viu em cartaz? — Desconverso e fico ali observando que meu anjo e sua amiga estão indo para uma sessão de cinema. — Edu, meu amigo, limpa a baba — provoca, tirando uma com a minha cara. — Como assim? — pergunto, confuso. — Você estava secando a menina que, por sinal, você estava muito bem à vontade com ela — comenta. Então ele viu com quem eu estava conversando? — Estava falando com a Melissa e a amiga dela — explico, meio a contragosto. — Então, quem são elas? — Minhas alunas — Limito-me a dizer e dou o assunto por encerrado. Não quero ficar falando sobre a Melissa e ainda não é o momento certo. Ainda. Desistimos do cinema e vamos à loja de CD e DVD, escolho alguns títulos e decidimos que não há mais o que fazer a não ser cada um ir para a sua casa.  Nos despedimos com a promessa de marcarmos uma saída à noite. Entro no carro e dou partida, minha vontade é voltar para dentro desse lugar e procurar minha Mel, mas é melhor ir embora para não cair em tentação. Sendo assim, dirijo tranquilamente pelas ruas enquanto penso em minha garota.
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