Irritação

1374 Words
**Fenrir** A minha noite tinha sido infernal, Koda tinha passado a noite inteira arranhando a minha mente. Imagine como se garras deslizassem por um quadro n***o, era essa a sensação que eu tinha sempre que ele aparecia. A inquietação dele não era normal, e eu ainda não entendia o porquê de tudo aquilo. No dia anterior, a viagem tinha sido cansativa, e acabei por optar descansar num pequeno hotel à beira da estrada. Agora vejo que aquilo foi um erro, não consegui dormir nada e acordei mais irritado do que de costume, o que não era um bom sinal. Todas as vezes que eu pensava na alcateia do alfa James, Koda voltava a me incomodar, e, no estado em que eu estava, temia que ele assumisse o controle do meu corpo a qualquer momento. Estava cansado demais para continuar a reprimi-lo, e ele acabaria por sair se eu não conseguisse contê-lo. _ Precisamos ir, alfa — diz Ethan batendo na porta do meu quarto. Quando abro a porta, vejo os olhos dele se arregalarem. — O que houve com você? _ Koda — respondo enquanto vou até a minha mala pegar algumas roupas. — Vou tomar um banho, não demoro. Ethan não responde. Ele podia ver pela minha cara que algo não estava bem, então apenas me espera no quarto. Após alguns minutos, retorno de banho tomado e pronto para continuar a nossa viagem. Já estava longe demais para desistir, e acredito que Koda não me permitiria de qualquer forma. Alfas tendem a ter mais força que os outros membros da alcateia, o que significava que o seu lobo também tinha maior controle sobre o seu corpo. Naquele momento, Koda estava testando os meus limites. Ele sabia que eu o estava segurando e, por isso, estava forçando para me cansar. Seria a forma mais rápida de ele assumir o controle sobre mim. _ Já arrumei sua mala — diz Ethan. _ Então vamos — digo, saindo. Encontro todos os meus guerreiros já a postos nos seus veículos, apenas me esperando para continuar a viagem. Quando entro no carro, sinto Koda se agitar novamente, e aquilo não era um bom sinal. “Precisa dar um tempo, Koda!”, digo massageando os meus olhos. “Não posso, alguém está me chamando”. Aquilo me deixa surpreso e preocupado ao mesmo tempo, não era comum aquele tipo de ligação entre os lobos. _ Não vai demorar muito, alfa, acredito que mais três horas e estaremos finalmente na alcateia do alfa James — diz Ethan ao meu lado. As palavras de Ethan foram o estopim para Koda. Começo a suar ao tentar contê-lo na minha mente, mas estava falhando miseravelmente. Não podia me transformar num carro em movimento, iria acabar provocando um acidente com todos dentro. Vejo quando os pelos de Koda começam a surgir nos meus braços, e quando um gemido angustiado escapa dos meus lábios, vejo Ethan ofegar ao meu lado. _ Fenrir! — diz ele em desespero. _ Pare o carro — digo a Sam, que estava dirigindo. — Pare o carro agora! Apenas ouço os pneus cantando quando ele freia bruscamente e para no acostamento. Saio do carro como um louco. A minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, de tanta dor, quando Koda forçava a sua passagem. Vejo os meus guerreiros me cercarem, prontos para intervir a qualquer momento. _ Afastem-se! — grito com eles. Se Koda saísse, eu não poderia detê-lo, assim como não teria como impedir que os ferisse se eles tentassem me conter. — Traga Ethan. _ Se fizer isso, você vai ficar vulnerável, Fenrir, é perigoso. _ Ele era contra a injeção de acônito que eu tinha trazido comigo, mas eu não via outro jeito de conter Koda naquele momento. Um grito escapa dos meus lábios quando caio de joelhos no chão, com a dor na minha cabeça se intensificando ainda mais. _ Pare, Koda! — grito com ele na minha mente. “Me liberte, Fenrir, alguém está me chamando!” — responde ele, rosnando na minha mente. _ Quem? Quem está te chamando? “Eu não sei, mas sinto dor a cada hora que passa. Preciso chegar até essa pessoa” — diz ele, ainda rosnando. _ Diga-me, de que direção vem o chamado? — pergunto, tentando entender aquela loucura. “Da alcateia do alfa James” — diz ele, rosnando ao mencionar o nome do homem. Eu podia sentir todo o desprezo dele ao ter que falar o seu nome. _ Estamos indo para lá, precisa se acalmar. Se fizer isso, assim que todos se distraírem, eu te liberto para explorar o local e achar quem está te chamando. _ Posso ver os olhos de todos se arregalarem com as minhas palavras. Eles sabiam que aquilo não era uma boa ideia, mas era o melhor que eu poderia fazer no momento. “Está falando sério?” — pergunta ele. Então, permito que ele sinta todas as minhas emoções. Nunca mentiria para meu lobo, ele era parte de mim e sentia tudo o que eu sentia. _ Sim, estou, mas você vai ter que me prometer que se comportará até que seja seguro sair — digo a ele. Ouço ele resmungar na minha mente, mas ele também podia ver que eu estava decidido a apagá-lo se continuasse a me ferir, então Koda não tinha escolha. “Tudo bem” — responde ele antes de se encolher na minha mente, me dando alívio. Respiro de forma audível ao ver que a dor tinha sumido. Quando abro os olhos, encontro os rostos preocupados dos meus guerreiros. _ O que foi isso? — pergunta Ethan, vindo até mim. _ Koda me disse que há alguém o chamando. Ele não sabe explicar, por isso queria sair para procurar — explico rapidamente. _ Ele não sabe quem é? _ Não, apenas me disse que vem da alcateia do alfa James. _ Aquilo faz a testa de Ethan se enrugar, ele não estava gostando daquilo. _ Talvez fosse melhor retornar. Se vem de James, não pode ser algo bom — diz ele, balançando a cabeça. _ Não posso. Prometi a ele que poderia procurar. Se falhar com a minha palavra, ele vai se soltar e será pior. _ Eu não confio em James — diz ele, sacudindo a cabeça. _ Eu também não, mas lidar com Koda será pior. _ Então vamos acelerar. Consigo chegar lá em uma hora e meia, assim resolvemos tudo — diz Sam. _ Faça isso. Quanto mais rápido resolver essa situação, mais rápido volto para casa — digo, já entrando no carro e fechando a porta. O resto do caminho foi em paz. Koda deu uma recuada, o que me permitiu descansar um pouco. Acordo apenas quando chegamos à alcateia. Koda se agita no meu peito assim que passamos pelos portões de entrada. Seguimos a estrada até parar em frente a uma casa imponente. Do lado de fora, para o meu desgosto, alfa James e uma garota me esperavam. _ Bem-vindo, alfa Fenrir, é um prazer revê-lo — diz o homem, estendendo a mão, mas eu não a pego, a menos que fosse para arrancá-la do seu braço. _ Alfa James — digo, apenas acenando. _ Deixe-me apresentar a minha filha, esta é Paola — diz ele de forma animada. Olho para a garota à minha frente com desgosto. Ao que parecia, estava começando a entender o motivo da insistência de James em me ver. _ É um grande prazer, alfa Fenrir — diz ela, sorrindo e vindo me dar um abraço, mas graças à deusa, Ethan foi rápido ao entrar na minha frente. _ Não toque no alfa, senhorita, ele não gosta desse tipo de contato com pessoas que não conhece — diz Ethan de forma firme. Ele olhava com prazer enquanto os olhos antes gentis da garota se tornavam hostis. _ Perdoe-nos, alfa, acredito que ela só estava querendo ser simpática. Mas entrem, o senhor deve estar cansado da viagem. Permita-me mostrar suas acomodações. Não respondo, apenas o sigo para dentro em silêncio, mas já alertava os meus guerreiros mentalmente para que não se afastassem de mim. Tinha um mau pressentimento em relação a tudo aquilo, eles estavam tramando algo, eu podia sentir.
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