CAPÍTULO 6
GOSTO DE A PROVOCAR
Narrado por Noah
“Deixe para trás o que não te leva para a frente”
Preparo-me para ir ao jantar que os meus pais vão dar.
Por um lado quero ir, quero vê-la, já há algum tempo que não a vejo e isso me deixa estressado.
Entro na propriedade e pelos carros que aqui estão, percebo que já aqui estão todos.
Ótimo, gosto de ser o último a chegar e o primeiro a sair.
A minha imagem de marca, portanto.
Abro a porta principal e logo ali no hall vejo a minha mãe a passar.
— Que saudade filho, ainda bem que já chegaste, — a minha mãe diz ao vir abraçar-me — só faltavas mesmo tu para eu começar a servir o jantar. Estamos todos cheios de saudades tuas.
Sim, sei. A morrer de saudade.
—Também tinha saudades tuas, mãe. — Digo a sorrir.
— Quanto tempo ficas desta vez?
— Só até ao casamento, depois tenho que viajar, tenho trabalho fora.
— Ai , Noah, tu andas sempre a viajar, m*l te vemos.
Não respondo, não me apetece.
Entramos na sala de jantar e estão todos a ocupar os seus lugares habituais.
Cumprimento todo o mundo.
O jantar é agradável, eu gosto da minha família, mas nunca gosto de ficar muito tempo. Gosto do meu espaço, de estar sozinho.
Claro que o tema da merda da conversa, tinha que me desagradar, o casamento do meu irmão Dylan com a bonita da Chloe.
Não resisto a olhar para ela, para o rosto angelical da Chloe, ela está a falar qualquer coisa, mas eu sinceramente nem sei o que ela está a dizer. Vejo os seus lábios mexer, ela ri e deixa à mostra os seus dentes perfeitos e branquinhos.
Começo a sentir-me e******o só de imaginar o que ela faria com aquela boca em mim.
Caralho, eu fazia muito nela, fazia tudo, a fodia sem dó nem piedade, até não aguentar mais.
Ela vira o seu olhar para o meu, como se ela soubesse que estou a olhar para ela, tipo uma conexão, mas o seu sorriso sai de imediato dos seus lábios.
Mas afinal, qual é a p***a do problema dela.
Mas como eu sou um filho da p**a decido a provocar.
Eu gosto de a provocar.
Ela desvia o seu olhar do meu na mesma hora.
Ela é uma manienta da p***a, mas é linda demais.
Desgraça de merda.
Já não aguento a conversa de flores, igreja, damas de honor e a p***a do casamento, decido me ir embora
— Bem, — digo pousando a minha chávena de café vazia — gosto muito da vossa companhia, mas tenho que ir para casa, tenho trabalho para acabar ainda hoje.
— Mas já, filho? Não ficas tempo nenhum. — Diz o meu pai Leandro.
— Pois é, pai, tenho que entregar umas traduções em alemão amanhã logo de manhã. É um cliente muito importante, não posso falhar.
Acabo por me despedir e saio rapidamente.
Já estava a sentir-me a sufocar.
A imagem da Chloe invade o meu pensamento.
Sei que é errado pensar desta maneira da noiva do meu Irmão, mas não consigo evitar, desde sempre que tenho um fascínio fora do normal por ela, mas ela sempre se fez de difícil.
Anos atrás, as coisas funcionaram entre nós.
Naquela altura que nos beijávamos ela também andava a beijar o meu irmão, claro que sabia, sempre fui muito observador e atento a tudo.
Mas quando a minha mão subiu até tocar na sua calcinha, foi o derradeiro fim, ela mudou drasticamente desde essa altura.
Sempre armada em púdica de merda.
Se afastou de tal maneira que hoje em dia fala só o indispensável comigo.
Não sei porquê, mas também não estou nem aí para isso.
Sou interrompido dos meus pensamentos com o toque do meu telemóvel.
— Fala parça. — Digo ao atender.
— ...
— Ótimo, está tudo a correr como planeado, isso é muito bom.
— ....
— Calma, ele não vai ser um problema, estamos sempre cinco passos à sua frente.
— ...
— Transferiste todo o dinheiro que estava combinado?
— ...
— Claro que não confio, não confio em mim, muito menos nos outros, né?
Me despeço e desligo a chamada.
Verifico a minha conta bancária.
Sorrio, está tudo certo, uma conta bem ronchunchuda, mesmo como eu gosto.
Tudo corre bem e isso é maravilhoso.
ME INCOMODA
Narrado por Chloe
“Por vezes temos que ser frios, para não abusarem da gente”
Mal o Noah entra na sala de jantar, o meu coração acelera, e um calor absurdo sobe pelas minhas bochechas.
Noah é das visões mais lindas que se pode ver mas eu sinto que não sou eu quando ele está presente e isso além de me incomodar, me irrita.
Ele sempre mexeu comigo, muito mesmo, foi com ele que o meu primeiro beijo nos lábios foi dado, numa noite de passagem de ano e foi também com ele que dei o primeiro beijo de língua, que me deixou viciada e ansiosa por mais daqueles beijos, mais dele.
Mas desde que ele colocou a sua mão na minha b***a e queria explorar mais do que devia eu o afastei e a partir daí as coisas só foram arrefecendo cada vez mais entre nós os dois.
Confesso que na altura o afastei por medo, medo do que o meu corpo tanto queria, medo do desconhecido, medo do que ele poderia querer fazer comigo e eu até gostar.
O certo é que agora ele me deixa bastante incomodada e eu não sei explicar exatamente o porquê.
Talvez seja porque ele olha para mim como se me quisesse comer, me sinto nua, cada vez que ele coloca os seus olhos cor de mel em cima de mim.
Ele é provocador, ele me provoca de propósito e isso me irrita, mas no fundo também me excita e isso me irrita ainda mais.
E mais uma vez é o que ele faz à mesa, com todos presentes, mas só eu noto isso, ele é perspicaz demais e isso acaba até por me assustar, porque pode estar uma multidão, mas ele consegue fazer as coisas de maneira que só eu perceba.
Não sei como ele faz esse truque, mas faz, mesmo por baixo das barbas de todo o mundo.
Ele sorri disfarçadamente e malicioso e eu acabo por desviar o meu olhar dele.
Caramba, ele me deixa nervosa demais.
Depois do café, ele acaba por ir embora o que me agrada bastante, porque parece que consigo respirar normalmente novamente, mas no fundo sinto um vazio no peito.
Devo ser louca.
Claro que nunca disse a ninguém todos estes meus pensamentos em relação ao Noah, mas o certo é que ele me incomoda, parece estar sempre a planear alguma coisa para mim, parece um felino a preparar-se para me atacar.
Mas talvez eu gostasse que ele me atacasse e que…
— Está tudo bem, amor? — Ouço a voz do Dylan a perguntar.
Viro o meu rosto para ele e Sorrio.
— Sim, amor, está tudo bem.
— Pareces distraída.
— Não, — digo olhando para a frente — estou só a pensar no nosso grande dia.
Minto, mas é por uma boa causa.
Dylan está a levar-me para a minha casa no seu carro.
— Eu também estou ansioso para que chegue logo o dia do nosso casamento. — Ele sorri ao dizer isto.
— Passas a noite comigo? — pergunto a sorrir com malícia para ele.
Preciso de sexo, para esquecer todos os pensamentos que povoam a minha mente.
— Nada me faria mais feliz, meu amor.
Dylan sempre foi um bom homem, atencioso, amoroso e com um enorme coração.
Dedica a sua vida a tentar ajudar os outros, o que ele faz no trabalho é de louvar
Por vezes ele conta-me histórias sobre o tráfico de pessoas, ele tenta não me contar as partes piores, mas só o que ele me conta deixa-me arrepiada e petrificada de medo.
Tenho imensa pena daquelas pessoas que passam por aquele imenso terror.
Homens, mulheres, crianças, não deixam ninguém de fora. A maior parte das pessoas que são traficadas, nunca mais ninguém sabe delas.
É horrível, desumano e c***l.
Quem faz isso, não é com toda a certeza humano, não devem ter família, não devem ser nada, apenas uns cascas vazias.
A avó do Dylan do Noah e da Aurora, a Ally foi vendida em leilão pelo seu pai, que afinal veio a se descobrir que não era pai dela, mas é pai do Gustavo, o pai do Dylan e do Noah, avô deles, portanto. Ainda bem que o Dylan não saiu em nada ao louco varrido do seu avô paterno.
Ally caiu nas mãos certas, o Josh que é um amor de homem, pai do Leandro, e depois acabou por casar com o Brian, que é o pai da Abigail, que por sua vez é a mãe da Aurora, do Dylan e do Noah.
Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo e um medo estranho me invade.