Capítulo 1

1211 Words
Letícia Fontenelle Eu me chamo Letícia Fontenelle, sou filha única e faço faculdade de administração. Não tenho muitos amigos e sou muito fechada. Sou ruiva, cabelos longos, olhos verdes, 1,65 de altura, sou magra, cintura fina e pernas bem torneadas, resultado de muito exercício. Gosto de fazer meus exercícios e me manter pelo menos em forma. Já que não tenho um namorado para admirar o corpo que tenho, eu mesma me admiro e me acho bonita. Mas nunca namorei na minha vida, mesmo com meus vinte anos. Já isso foi uma opção minha, sempre preferi me dedicar aos estudos do que ficar namorado. Agora até que podia, se minha vida não tivesse mudado... Minha vida mudou desde que uns policiais vieram na minha porta dizer que as pessoas mais importantes na minha vida sofreram um acidente e não sobreviveram. O meu mundo acabou desde aquele maldito dia. Fiquei muito triste e chorei muito, era uma dor insuportável saber que meus pais tinham me deixado para sempre. Fiquei isolada do mundo por um bom tempo e a pobre da Naná não sabia o que fazer, pois, eu só ficava trancada no meu quarto, chorando e com vontade de morrer junto com os meus pais. Por que eu não estava junto? Assim morreríamos todos! Tudo bem, eu sei que estou pensando bobagem e tenho que agradecer por estar viva, mas, neste momento de angústia e dor eu só consigo pensar assim. O funeral teve tanta gente, amigos da minha mãe e do meu pai, e eu já estava cansada de ouvir: "Meus pêsames, sinto muito..." Estava com vontade de gritar. E quando vi a cremação dos meus paizinhos, foi a pior dor do mundo… Por que dói tanto? Perguntei isso para Naná inúmeras vezes. Coitada, ela não sabia como me consolar. Acho que nessa hora ninguém sabe! Até a minha tia que mora em Londres veio com a minha prima, Paty. Eu nem sabia que elas viriam, pois, não saberia se daria tempo, mas sua única irmã faleceu. Acho que ela queria se despedir de qualquer jeito, mesmo morando longe. As duas se falavam quase todos os dias, pois só tinham uma à outra, afinal meus avós morreram muito cedo. Sabe como de repente tudo muda e parece que tem um buraco em nosso coração e que não vai cicatrizar jamais? Era essa a sensação. Minha tia teve de voltar para Londres, ela me chamou para ir com ela, mas disse que não, que a minha vida era aqui, no Rio de Janeiro. Os dias foram se passando e a dor no meu coração foi melhorando. Os negócios do meu pai, mandei o advogado da família vender, pois, não queria tomar conta dos imóveis que ele tinha e que eram muitos. Moro no Leblon, em uma bela cobertura enorme, que agora havia ficado muito grande para mim e a Naná. Naná era a minha babá desde meus seis anos. Ela me dá todo apoio e carinho, para não ficar com a minha mente vazia. Foi por isso que resolvi trabalhar em uma empresa de Arquitetura. Sou formada em administração, mas nunca exerci a minha profissão. Mesmo que eu tente fingir que está tudo bem, vou tentando sobreviver a cada dia com a falta que os meus pais me fazem, mas a vida continua… Ao chegar na empresa conheci o homem mais lindo que já vi na minha vida. Loiro, olhos azuis, corpo atlético, mesmo com aquele terno sob medida, ele é lindo de morrer. Meu coração bateu, descompassado só de olhar aquele homem… Me apaixonei assim que o vi. Será que existe amor à primeira vista? Se não existir, agora existe, pois, fiquei hipnotizada por esse loiro lindo. Fiz diversos cursos na área de administração e línguas, pois pensava um dia em trabalhar no negócio da família. Meu pai sempre me falava que eu seria a dona da rede de imobiliária dele, mas não sou uma pessoa de negócio. Pelo menos não agora... Quem sabe um dia. Lembro dos meus lindos pais falando do trabalho, como tinha sido o dia deles e o quanto eram atenciosos ao perguntarem todos os dias como tinha sido o meu dia. Meus pais que me perdoem, mas, não podia tomar conta de todos aqueles negócios deles, não tinha cabeça. Só tinha vinte anos de idade e nem amigos eu tinha. Como iria tomar conta de uma rede de imobiliárias? Não dava. Ainda faço alguns cursos, mas estou terminando, graças a Deus, mesmo amando estudar. Preciso me aprimorar mais no que quero fazer, por isso faço muitas coisas. Assim serei uma grande administradora, pois amo matemática. Depois que meus pais morreram e decidi vender tudo, afinal não queria nada daquelas coisas que me faziam lembrar deles. Sempre estava correndo no escritório, brincando com meu pai, pois às vezes quando saia da aula, gostava de ir ver os dois… Os dois trabalhavam no mesmo lugar. A minha mãe era muito linda todos dizem que eu pareço muito com ela, já que ela era ruiva e tinha olhos verdes. Meus pais eram tudo na minha vida e os amava muito. Eu era sempre mimada por eles. Por ser filha única, os dois faziam todas as minhas vontades. Por isso preferi vender tudo. Hoje, sou uma mulher muito rica com uma grande fortuna. Para não ficar em casa, fui trabalhar como secretária, pois a vaga de administração já tinha sido preenchida, mas havia uma de secretária e fiquei com essa por enquanto. Pelo menos não ficava dentro de casa pensando nos meus pais. Preciso ocupar a minha mente, então iria me tornar secretária do pedaço de mau caminho do meu chefe, o senhor Guilherme Werckma. Eu ia começar no trabalho na segunda-feira. Eu não quis ir com meu carro para empresa, afinal ninguém lá sabe que sou rica e nem precisam saber. Como vou explicar, sem nem precisaria estar ali? Quem eu sou, não importa, vou mesmo para não ficar pensando em tanta coisa. E se foi o cargo de secretária que me apareceu, eu seria uma secretária com prazer. Não é porque nunca trabalhei na minha vida que não daria conta de ser secretária daquele gostoso. Vou pro trabalho táxi, ou metrô, menos com esse carro caríssimo, meu lindo Range Rover vermelho. Já que ninguém sabe que tenho grana, não precisa ver meu carro. Se bem que posso comprar um carro mais simples e vir com ele... Pensando bem, é isso mesmo que vou fazer, comprar um carro novo para mim, pois nunca andei de ônibus na minha vida. Se bem que devemos aprender a andar em tudo que é tipo de transporte. Quem sabe eu tenha uma nova experiência. Se bem que já vi a Naná reclamando tanto e repetir que andar de ônibus é um saco, ainda mais quando esse ônibus se encontra lotado. Pronto, resolvido... Vou comprar um novo carro simples, assim fica mais fácil. Está decidido, amanhã irei comprar um carro novo e simples para mim. Depois de sair do trabalho compro o carro, pois não quero que ninguém descubra que sou muito rica. Eu não preciso de trabalho nenhum na minha vida, mas preciso disso para que possa seguir e esquecer os meus pais, que em nenhum momento saem do meu coração e pensamentos.
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