Capítulo 8

1487 Words
Guilherme Werkema Partimos no início da tarde no meu jatinho particular. Não suporto a confusão dos aeroportos, por isso investi no meu próprio avião para garantir que minhas viagens sejam sempre tranquilas. Tenho um cotidiano confortável. Resido em um apartamento de luxo com visão para o mar, em Vieira Souto, e já estava instalado no avião, acompanhado da Letícia, minha assistente. Ela aparentava estar irritada, porém isso não me incomodava. O que verdadeiramente me chamava a atenção era chegar logo em nosso destino: os Estados Unidos. Um local encantador, com sua imponência e panoramas deslumbrantes. Chegamos ao país e fomos direto para o hotel. No dia seguinte, à tarde, teríamos a tão aguardada reunião, seguida de um coquetel. Cada um foi para seu quarto: eu precisava descansar, e Letícia, provavelmente, revisar algum detalhe da apresentação. O dia da reunião finalmente chegou. Como sempre, Letícia, pontual e eficiente, já estava a postos com seu laptop, pronta para registrar cada detalhe e exibir alguns dos meus projetos. O salão estava lotado, e eu já sabia que seria um longo dia de negociações e apresentações. A quantidade de pessoas presentes me fazia prever que, ao final do dia, eu estaria sem voz. No entanto, no âmago, não me preocupava. Tudo isso seria compensado. Estava lá por um único motivo: milhões de dólares. Não realizo esse tipo de ação por pura solidariedade. Aliás, boas intenções não são suficientes, e eu guardo minha generosidade para situações pontuais, como as contribuições que ofereço ao orfanato onde fui criado. Sim, ainda não tinha mencionado, mas fui adotado aos nove anos por pais maravilhosos, que me deram tudo o que tenho hoje. Graças a Deus por colocar aquelas duas pessoas incríveis na minha vida, no momento certo. Por outro lado, não consigo deixar de desprezar minha mãe biológica, a mulher que me abandonou quando eu ainda era um bebê. Veja bem, é difícil confiar em mulheres, nem mesmo a minha mãe prestou. Ela me deixou naquele orfanato, onde fui criado. Quando voltei para visitar o lugar, anos depois, estava caindo aos pedaços. Era meu direito voltar lá, afinal, foi onde passei boa parte da minha infância. Quis torná-lo mais confortável, porque na minha época tudo era velho, com cheiro de mofo e sem nenhuma estrutura adequada. Apesar disso, eu não fui maltratado. A verdade é que formamos uma espécie de família lá dentro. Às vezes faltava o que comer, porque as doações eram escassas, e o orfanato sobrevivia apenas disso. Mas as "tias", as irmãs que cuidavam de nós, eram como mães. Cada uma delas nos tratava com carinho, como se fôssemos seus próprios filhos. Foi ali que decidi que queria ser engenheiro. Acho que minha vontade de construir um lugar melhor para as crianças veio desse período. Assim que ganhei dinheiro, a primeira coisa que fiz foi reformar aquele orfanato. Queria que as crianças tivessem o conforto que eu nunca tive. Volto lá sempre que posso, porque, de certa forma, foi aquele lugar que me manteve humano. As irmãs me ensinaram valores que carrego até hoje. Ver aquelas crianças sem lar ainda me parte o coração. Nunca consegui entender como um pai ou uma mãe pode abandonar seu filho. A irmã Carminha, por exemplo, cuidou de mim como se fosse minha verdadeira mãe. Ela foi minha mãe de coração até o fim da vida. Já estava bem velhinha quando meus pais adotivos apareceram. Na verdade, eles vieram ao orfanato com a intenção de adotar uma menininha. Mas minha mãe me viu, sentado sozinho, brincando com meus bloquinhos de montar, e acho que teve pena de mim. Foi naquele momento que ela decidiu me levar para casa. Eu tinha poucos amigos no orfanato, e a saudade deles ficou comigo por muito tempo. Tinha nove anos quando meus pais adotivos me receberam de braços abertos e me registraram como manda a lei. — Agora você faz parte da nossa família. Você é nosso filho! — disseram. Eu não conseguia entender como eles podiam ser tão generosos. Minha mãe não podia ter filhos, e me adotar foi o maior presente que poderiam ter me dado. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Aos quinze anos, minha mãe engravidou. Lembro que foi o dia mais feliz da vida dela, mas, para ser honesto, senti um pouco de ciúmes. Pensei que, com o filho biológico chegando, eles não me amariam mais. Mas eu estava errado. Eles sempre me lembraram que, embora eu não tivesse saído do ventre dela, eu era o filho que escolheram, e que me amavam mais do que qualquer coisa no mundo. Minha mãe teve outro filho, meu irmão Gabriel, que agora tem dezoito anos. Ele se tornou meu melhor amigo, e o amo como se fosse de sangue. Quando decidimos contar a ele sobre minha adoção, ele tinha apenas dez anos, mas reagiu com a maturidade de um adulto. Não se importou nem um pouco. "Você sempre será meu irmão", ele disse, como se a biologia não importasse. E realmente, para nós, nunca importou. Minha mãe chorou de emoção. Ela sempre me tratou como se eu fosse dela, como se tivesse nascido do seu ventre. Eu achava que tudo mudaria com a chegada de Gabriel, mas me enganei. Nada mudou. Continuamos sendo a mesma família unida de sempre. Engraçado pensar nisso agora, no meio de uma sala cheia de gente, durante essa reunião de negócios. Mas foi bom ter essa pausa mental, pelo menos por um momento. Pensar na minha família era a única coisa que me trazia paz verdadeira. Eles eram os únicos em quem eu podia confiar plenamente, os únicos que eu sabia que nunca me trairiam. Eu amava minha família acima de tudo. E, claro, meus moleques do orfanato – sempre teria um lugar especial para eles no meu coração. A reunião correu bem. Disse tudo o que precisava e, assim que terminou, subi para o quarto. Me joguei na cama, tentando relaxar um pouco antes do coquetel com a Letícia. Não sei por que a mantenho por perto. Ela não é de falar muito, o que talvez seja o motivo de estar há tanto tempo comigo. Acho que o silêncio dela me agrada, visto que também não sou de muitas palavras. Curioso lembrar que, quando houve aquele escândalo sobre minhas aventuras noturnas, quem veio me avisar foi a amiga gostosa dela, Rebeca. Sim, acho que é esse o nome dela. Uma mulher n***a, linda. Espero que o marido dela não me ouça. Totalmente diferente de Letícia, que sempre parece tão discreta e reservada. Nem sei como essas duas podem ser amigas. E, pensando bem, por que diabos estou me pegando pensando na minha secretária? "Vai se f***r, pensamento!", me repreendo. Levantei-me de uma vez e fui tomar um banho. Me arrumei com rapidez, pois já estava na hora de descer para o evento. Alguns minutos depois, eu estava pronto. Quando desci e fiquei esperando, Letícia estava atrasada. Eu detesto esperar. Mas, então, a porta do elevador se abriu, e eu quase perdi o fôlego. Lá estava ela, absolutamente deslumbrante. Como nunca notei o quão linda minha secretária é? A resposta era óbvia: no trabalho, ela fazia questão de esconder aquelas curvas perfeitas e sua beleza natural. Mas agora, com aquele vestido verde que combinava com seus olhos brilhantes e seus cabelos ruivos caindo soltos sobre os ombros... Ela estava maravilhosa. Linda pra c*****o! — Você está atrasada! — foi tudo o que consegui dizer, incapaz de admitir o quanto ela estava irresistível. Fomos para o evento, e o perfume dela me embriagava a cada passo. Que perfume era aquele? Uma fragrância doce e intensa, que mexia com minha cabeça. Ao chegarmos, o salão já estava cheio. Fui logo conversar com outros empresários, tentando manter o foco. Precisava me distrair antes que cometesse a loucura de agarrar minha secretária ali mesmo. Ela estava sexy demais para a minha sanidade. Enquanto conversava com outros empresários, meus olhos continuavam grudados nela. Letícia pegou uma taça de champanhe e, por um instante, parecia uma dessas mulheres ricas e poderosas, que sabem exatamente como se portar em qualquer ambiente. Era estranho vê-la tão à vontade no meio daquela multidão de gente influente, como se pertencesse a esse mundo desde sempre. Eu, por outro lado, estava com a cabeça cheia. Peguei um drink bem forte, tentando me distrair, mas era inútil. A única coisa na minha mente era Letícia. E não apenas ela – era Letícia nua, em cima de mim. Isso não estava indo para um bom caminho. Bebi mais do que deveria, o suficiente para me sentir meio fora de mim. E agora, estava ferrado. Porque tudo o que conseguia pensar era em levar minha secretária para a cama e fodê-la do jeito que eu queria. Na minha cabeça, já a via nua, com aquele corpo incrível debaixo do meu, gritando meu nome enquanto eu a penetrava com força. Minha secretária, gostosa demais!
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD