02

3708 Words
02| Não irei roubar ele de você Estou de frente com a professora Maria, tentando resolver a minha situação com a ajuda dos ensaios. Nem prestando atenção em mim ela está, mas sigo forte em sua frente querendo mudar muito isso. — Gina, eu sinto muito, mas você é a minha única opção e salvação até. – Ela responde atrás de sua mesa. — Mas, eu não vou aguentar. – Um pouco dramática talvez, mas preciso me livrar disso. — Sinto muito, mas você não vai morrer. – Ela ironiza. Reviro os olhos. Talvez eu possa m***r ele. – Agora se você me pode dar licença. – Ela fala apontando para a porta de sua sala, é nesse momento que eu não queria gostar tanto de teatro. Levanto da cadeira extremamente brava, pisando duro. Abro a porta e dou de cara com o próprio d***o. — A gente tem que parar de se encontrar esse jeito. – Reviro os olhos e eu viro para sair dali. – Ei – Ele me segura antes que eu vá. – Eu pensei que nossa aula ia começar ontem. E ia, mas depois da cena de ele quase me beijando, nem pensar que ele ia para minha casa. Dei uma desculpa bem ridícula que acreditou. — Aconteceu um imprevisto. – Eu solto de sua mão. – Eu falei para você nunca mais encostar em mim. – Falo entredentes. — Ouvi essa história ontem. Vamos ver sobre isso depois. – Ele sorri e sai da minha frente. Meu dia maravilhoso estava, quer dizer claro que depois de ontem, dia maravilhoso não é algo que eu defina meu dia. Mas estava bom. Até ele vir falar comigo. Vou pisando duro até a aula de biologia. Tudo por causa de uma maldita peça. Entro no laboratório e sento no mesmo lugar. Espero pelo professor, enquanto recito todas as coisas possíveis para mim acalmar. Estou concentrado em não ficar com raiva por causa de um playboy . — Ei, você chegou cedo. – A voz do Marco é suave, acho que isso se deve ao fato de que ele é cantor. Ergo meu olhar e encontro um moreno me olhando. Seus olhos me escuros encaram e seus cabelos negros lisos se mantém intactos com um pouco de gel. — Era isso, ou me na privada. – Marco ri e revela uma covinha na bochecha direita. O que eu faz rir pela primeira vez na semana. — Samuel? – Ele pergunta quando para de rir. Marco senta do meu lado. — Infelizmente. – Respondo afundando na cadeira. — Às vezes é preciso dizer não. — Eu sei, é só que eu preciso de pontos para a faculdade. – Respondo desanimada. — Faculdade, o grande obstáculo para a vida adulta. — Fácil é para você, que vai ser cantor. – Me viro para olhá-lo. — É mais difícil do que você pensa. – Ele sorri fraco. — Ei, você é bom. – Cutuco sua costela com o meu cotovelo. – Algum dia, você vai ser famoso e poderei dizer que era meu parceiro de laboratório. — Serei só isso para você? – Ele pergunta sério. Fico confuso com a sua pergunta, antes que eu possa dizer alguma coisa o professor entra na sala. Escuto ele bufar do meu lado decepcionado. Marco olha para ele, faço o mesmo. Sua pergunta está martelando na minha cabeça, quero saber o que ele diz dizer com isso. Arthur fala que ele tem uma queda por mim, mas sigo negando até a morte. Posso ter sido sua primeira amiga aqui, o levei para conhecer meus amigos e meus pais, que por acaso o adoro. Mas acho que nunca vi Marco como alguém além de ser meu amigo, se ele sente algo deveria me falar. Na aula de biologia dissecamos um sapo, o silêncio emparelhou entre nós durante toda a experiência. Um silêncio estranho que me incomodou, falamos apenas o necessário e nada mais do que isso. Como uma conversa simples, acabou com a gente nem se falando direito. O sinal toca e Marco é rápido em arrumar suas coisas e sair da sala. Sem entender nada do que aconteceu saio da sala. O procuro na multidão de alunos que andam pelo corredor sem se preocupar com a próxima aula. Marco está parado de frente com seu armário, com o rosto dentro do armário estreito. — Marco – O chamo, o moreno tira seu rosto me olhando. – O que aconteceu? – Encosto no armário vizinho do dele. Marco respira fundo fechando os olhos. — Eu gosto de você. – Ele admite, eu deixando estática. Marco abre os olhos e analisa meu rosto. – Quando você falou comigo pela primeira vez ano passado, foi diferente de todos que eu olhavam estranho, você foi legal Gina. – Ele sorri fraco sem mostrar os dentes. — Você gosta de mim? – Pergunto absorvendo suas palavras. — Gosto. Sempre pensei que você gostasse do Samuel, já que não para de falar nele. – Seu olhar cai para suas mãos. — Eu não suporto ele. Pode acreditar quando eu falo isso. – Sorrio. — Então se eu te chamasse para sair, você aceitaria? – Ele me olha esperançoso. Tenho um fraco em dizer sim para todas as pessoas que me olham desse jeito. Meu defeito escondido. — Tá. – Isso nem foi uma resposta de verdade, mas acho que ele entendeu, o sorriso em seu rosto não n**a. — Você vai sair comigo? – O garoto na minha frente está sorrindo como uma criança que acabou de ganhar um doce. — Tá. – Ele sorri mais ainda. — Vou entender com um 'sim'. – Marco fecha o armário. – Sábado, as 19hrs? — Tá. – Meu cérebro parou no momento em que ele me chamou para sair. Marco beija minha bochecha e sai. Fico um bom tempo parada que nem uma estátua. Acabei de aceitar sair com alguém. Me viro e encontro Samuel olhando para mim, encostado em seu armário, conversando com Matt Wright, de um jeito muito estranho. Suas sobrancelhas estão franzidas e ele está prestando mais atenção em mim do que na conversa que apenas Matt parece manter. Reviro os olhos e vou para a minha próxima aula. Meu celular vibra no bolso da minha calça jeans, antes que eu entre na sala. Arthur: Chamei ela para sair. Eu: Ela aceitou? Arthur: Sim, vamos sair no sábado. Eu: Marco me chamou para sair, e eu aceitei. Arthur: Finalmente ele criou coragem. Eu: Vocês combinaram? Arthur: Com certeza. Arthur: Você está bem? Meu amigo me conhece muito bem. Crescemos juntos, vivemos coisas incríveis juntos. Não gostamos de falar sobre isso, mas, Arthur foi o meu primeiro beijo. Éramos crianças, – se considerar 12 anos criança – eu queria beijar alguém, Arthur estava lá em sua casa sem fazer nada. Não foi um beijo de língua, digno de um Oscar. Foi o bastante para nos deixar envergonhados e nunca mais falar sobre isso. Arthur e eu somos melhores amigos e sempre seremos. Ele dorme na minha casa quando seus pais brigam, eu durmo na sua quando quero chorar na TPM. Somos praticamente irmãos. E isso nunca vai mudar. Antes que eu possa responder ele, Arthur me envia outra mensagem. Arthur: Você nunca saiu com ninguém antes, sei pode ser esquisito para você, mas sei que Marco gosta de você. Eu: Será que podemos sair todos juntos, no sábado. Arthur: Claro que podemos docinho, vou falar com ele. Eu: Obrigada. Te amo. Arthur: Tudo por você. Te amo. Arthur perdeu algumas namoradas por minha causa. Elas não gostavam da nossa aproximação. Sempre ele estava em um encontro, bastava eu enviar uma mensagem dizendo que não estava bem e ele sem pensar duas vezes ia para minha casa. Ele fala que não tenho culpa se elas não gostam de mim, sempre acham que temos um amor reprimido ou algo assim, o que não é o caso. Arthur é quase um irmão para mim e eu amo ele. Simples assim. Qual a dificuldade de entender que relacionamento entre homem e mulher não precisa ser romântico. Espero que Letícia entenda, porque acho que Arthur não aguentaria se ela o magoasse. Conheço muito bem ele para saber que, Arthur Fitz não aguentaria. Ele gosta dela demais. Guardo o meu celular antes de entrar na sala. A professora Elise está falando incansavelmente sobre o livro A Letra Escarlate. A melhor aula para mim, com certeza é essa. Amo literatura, amo qualquer coisa que envolva livros. É um amor fora do normal para mim. Mas é difícil focar em algo que você gosta tanto, quando Donna está me encarando do outro lado da sala. Olho para ela de canto do olho. Donna está batendo suas longas unhas pintadas de vermelho na mesa, com as pernas cruzadas e posso ter certeza de que ela está brava. Mas por que brava comigo? Eu não sou nada para ela, sou invisível para ela. Estudamos juntas desde do Middle School, e ela nunca falou comigo. Bom eu pensei que estava dando certo meu objetivo de ficar invisível nessa escola. O sinal toca informando o final da aula e o começo do almoço. Mas antes que eu possa sair, Donna segura meu braço. Olho para suas unhas perfeitas e lembro de quando ela bebe e perde a cabeça, fazendo um escândalo, em todas as festas que ela vai. Donna pode parecer perfeita por trás dessa maquiagem perfeita, roupas perfeitas, sorriso perfeito e até os dentes perfeitos. Mas por trás de tudo isso, existe uma menina com problema com bebidas. — Espero que essa aula, seja apenas uma aula. – Não preciso ser nenhuma adivinha para saber que ela está falando da minha ajuda para a peça. — Pode ter certeza, – Me solto de suas garras. – De que não irei roubar ele de você. Donna me olha com os olhos arregalados. Tenho certeza de ela não esperava que respondesse assim. — Agora se você me der licença. – Me viro para sair da sala. — É melhor você ficar longe dele! – Ela grita. — Você não vai ter esse problema! – Grito de volta. Ando pelo corredor rápido demais, meu coração está acelerado demais. Entro no refeitório, a procura do meu amigo. Arthur está conversando com Letícia, os dois parecem estar se divertindo, tomo uma decisão que requer muito de mim. Dou a volta e resolvo ficar na biblioteca. Eles precisam disso e estou disposta a não atrapalhar os dois. A biblioteca costuma ficar cheia, mas por incrível que pareça ela está vazia. A não ser pela senhorinha que cuida da biblioteca. Hoje posso escolher qualquer lugar. Escolho ficar escondida de tudo. Preciso desse tempo para mim. Pego meu sanduiche de dentro da bolsa, junto com meu livro. Mordo meu sanduiche e abro meu livro. Antes que possa engolir, ele aparece com um sorriso capaz de molhar minha calcinha. O que não é o caso. — Sabia que você estaria aqui. – Samuel fala. Não ergo meu olhar para que eu não veja o sorrisinho de cafajeste em seu rosto. — O que você quer? — Queria saber se a gente pode ensaiar aqui, já que você furou comigo ontem. – Ergo meus olhos, Samuel está em pé, com as mãos dentro da jaqueta do time, seus cabelos estão mais bagunçados do que o normal. Não que eu repare nisso. — Aqui? – Pergunto olhando ao redor. Estamos sozinhos. Aquela senhorinha saiu. Estamos completamente sozinhos. — Sim, a ser que você prefira ir para o teatro. — Não, aqui está bom. – Não quero ser vista andando com ele. Samuel senta na minha frente, ele tira o livro de dentro da sua mochila. Coloco o meu livro fechado sobre a mesa e começo a prestar atenção em Samuel recitando cada palavra do livro. Ele tem alguma dificuldade de recitar algumas palavras e decorar outras, ajudo o máximo que posso. Estamos na parte em que Romeu dá o seu último beijo em Julieta. — Temos que fazer a parte do beijo. – Ele termina de falar sua fala na peça, posso sentir seus olhos me analisando, ele não vai me atingir. Ergo meu olhar do livro para ele. — Sabe que eu não sou a Julieta, né? – Pergunto o obvio. — É para eu ensaiar o beijo. — Eu não vou te beijar Samuel. – Reviro os olhos. — Está com medo? — De novo isso? — Acho que você nunca beijou ninguém, por isso o medo. — Não que isso te interessa, mas eu já beijei alguém. Então isso não é medo. — Então a Hastings já beijou alguém? – Samuel esboça um sorrisinho no canto da boca. — Cala a boca. – Volto a olhar para o livro. – Dá para a gente ensaiar? — Claro, claro. – Ele responde, mas antes que eu conteste algo. Samuel arranca o livro da minha mãe e coloca em cima da mesa, o movimento é tão rápido que não tenho tempo de pegar de volta. Samuel se inclina e fica a poucos centímetros do meu rosto. Sua respiração está batendo no meu nariz, seu hálito tem cheiro de cigarro com menta, nossos olhos estão fixos um no outro, essa aproximação está me deixando tonta. Baixo meu olhar para seus lábios, que esboçam um sorrisinho patético, ele está vendo o efeito que tem em mim. Minha respiração está ofegante, e tenho certeza de que meu rosto está corado, porque me sinto quente diante de seus olhos. — Eu falei que você nunca mais ia me tocar. – Falo voltando a olhar em seus olhos. — Tecnicamente eu não te toquei – Ele sussurra. – Ainda. – Ele frisa a palavra me fazendo estremecer. — E nem vai. – Falo no mesmo tom. — Você que pensa. – Samuel foca seu olhar em minha boca, e por um momento eu penso que ele vai me beijar. Seus lábios estão entreabertos, sua boca é vermelha e carnuda, a vontade de tocá-lo está me sufocando. Samuel sorri e se aproxima mais encostando nossos narizes. Fecho os olhos por impulso. Sinto Samuel se afastar. Depois de uns segundos escuto o sinal. Estava inebriada que não escutei o sinal, abro os olhos e vejo Samuel me olhando. — A gente continua depois. – Ele gagueja, seu sorriso de conquista me faz revirar os olhos. Suas palavras ecoam em minha mente. Ele estava falando dos ensaios, né? Claro que sim Gina. Saio da biblioteca logo depois dele. Samuel segue para um corredor e vou para o oposto. Meu amigo é única pessoa que viu nós dois saindo do mesmo lugar, ele me para antes de eu continuar andando. — O que vocês estavam fazendo lá? – Ele pergunta apontando com o queixo a biblioteca. — Ensaiando. – Respondo rápido. Talvez até demais. Meu amigo analisa meu rosto. — Você está vermelha. – Ele aponta para o meu rosto. – O que aconteceu? — Nada Arthur. – Dou de ombros e começo a ir para minha aula. — Gina – Arthur pega em meu cotovelo me fazendo parar. Me viro para ele. – Cuidado, só cuidado. – Ele fala com um tom de preocupação e alerta. — Pode deixar Arthur, nada vai acontecer. – Prometo com um sorriso sem mostrar os dentes. Arthur procura algo em meu rosto que não exatamente o que. Meu amigo sorri e me deixa seguir para minha aula. Chego na sala de aula e afundo na minha cadeira. O professor de espanhol não tem a minha atenção hoje. Minha mente vagueia sobre a cena do nosso quase beijo. Essa é a segunda vez que ele tenta me beijar, mas dessa vez eu não bati nele. Eu ia deixar ele me beijar, essa é a verdade. Seu rosto perto do meu, sua boca perto da minha. Eu ia definitivamente deixar ele me beijar. Samuel está mexendo com a minha cabeça, e eu não estou gostando disso. Com o término das aulas, Arthur me espera todo dia no estacionamento, mas dessa vez é diferente. Ele não está sozinho. Letícia está com ele encostada no carro, eles sorriem um para o outro. Letícia mantém uma de suas mãos no braço do meu amigo, definitivamente eles estão flertando. — Eles combinam. – Me assusto por um instante, com o aparecimento de sua voz. Olho para o lado e Marco está olhando para os dois. — Combinam. – Volto a olhar para os dois. — Quer que eu te leve embora? – Marco pergunta. — Se não for muito incomodo. Não quero atrapalhar os dois. — Não é incomodo nenhum. – Ele afirma. — Obrigada, eu só vou avisar ele. — Vou com você. Pode parecer estranho, mas me sinto esquisita do lado de Marco depois da cena na biblioteca. Sei que não trai e nem nada. Mas ainda assim me sinto esquisita. Letícia me vê antes de eu chegar mais perto. Arthur se vira e sorri. — Arthur, Marco irá me levar embora, então leve Letícia para casa. — Tudo bem. – Arthur responde. Ele beija o topo da minha cabeça e me dá um abraço forte. – Te amo docinho. — Te amo. – Me afasto. Olho para Letícia e vejo algo em seus olhos, não é ciúme. É admiração. Isso quer dizer que ela vai não vai magoar meu amigo, disso eu tenho certeza. Me despeço de Letícia com um abraço. Sigo Marco até seu carro. — Espera aí, você dirige isso? – Aponto para o carro antes de sequer entrar. — Sim, por quê? – Marco esboça um sorriso de orgulho de seu carro. – É Ford Maverick de... — De 78. Sim eu sei. — Espera você sabe sobre carros? – Marco pergunta surpreso. — O que foi? Meu avô me ensinou tudo sobre carros. – Dou de ombros. Marco sorri e balança a cabeça incrédulo. — Achei que seria incapaz de gostar mais de você. – Ele beija a minha bochecha de uma forma espontânea, fico vermelha na hora. – Eu deixei você com vergonha? — Talvez. – Respondo encabulada. Marco dá risada. Uma risada rouca e ao mesmo tempo suave. Um som gostoso de ouvir. Ele abre a porta do passageiro para mim, entro no carro. O carro tem o seu cheiro, de eucalipto. Coloco minha bolsa no meu colo e puxo o cinto, observo Marco dar a volta pela frente do carro rápido. Olho para o banco de trás e acho sua case que contém seu violão, presumo, de resto o que tem é; jaquetas jeans, livros de inglês e um amplificador em cima do banco escondido debaixo de roupas. — Só não repara na bagunça. – Ele fala ao me avistar olhando para suas coisas. — Meu pai também é músico, sou acostumada a ver esse tipo de coisa. – Me viro para olhá-lo. — Seu pai toca? — Na verdade ele é empresário de uma banda, mas sabe tocar. — Que legal. – Marco liga o carro. E liga o ar condicionado no quente. O trajeto até minha casa nunca foi tão divertido como hoje. Marco me fez rir durante todo o caminho, cantando e rindo de mim quando eu tentava cantar. A genética não passa dons. Marco faz umas piadas sem graças, em que sou obrigada a rir do seu esforço de ser engraçado. Não terei esforço nenhum em gostar dele. Marco Santiago é definição de músico gatinho e legal. Estou dentro do seu carro, rindo da sua trágica história de quando começou a cantar. — É assim que eu aprendi a tocar um violão. — Com seu pai batendo o violão na sua cabeça? – Pergunto irônica. — Ei, foi bom ele ter batido. – Ele me repreende brincalhão. — Foi. — Algum dia você irá me ver tocar? — Talvez, se você me chamar. – Coloco uma mecha atrás da minha orelha. — Eu quero muito te beijar. – Ele fala de repente me deixando assustada. — Você quer? — Mas acho que deveria esperar até o nosso encontro. — Acha? – Sou capaz de ouvir meu coração bater rápido. — Acho. – Ele sorri. Marco leva sua mão até minha bochecha. Ele acaricia a minha pele com seu polegar devagar. Inclino minha cabeça contra a sua mão. — Vai ser difícil aguentar até sábado. – Ele sorri passando seu dedo indicador no contorno dos meus lábios. Seus olhos captam cada respiração minha, que oscila enquanto ele mantém seu dedo nos meus lábios. Meu celular vibra no bolso da minha calça, me trazendo à realidade. Me afasto com um sobressalto e pego o objeto. Samuel: Não esqueça que temos ensaio hoje. E de repente Samuel que antes estava fora da minha cabeça, volta com tudo. — Eu tenho que ir. – Aviso nervosa. — Tudo bem. Te vejo amanhã? – Ele pergunta transparecendo ansioso. — Claro. – Respondo sorrindo. – Até amanhã. Me inclino e beijo sua bochecha, ele me olha assustado com o meu gesto e eu também. Abro a porta do carro e saio. O vento do outono bate em seu rosto, me fazendo respirar finalmente. Ando em passos rápidos até minha casa, fecho a porta escutando o ronco do motor ficando mais baixo até sumir completamente. — Por que você está ofegante? – Minha irmã pergunta saindo da cozinha com dois cookies e um copo de leite. — Nada. – Respondo andando até ela. – Onde está mamãe e papai? – Pergunto olhando pela casa. — Foram fazer compras, já eles voltam. – Bella volta para sala, onde ela está assistindo seu reality de modelos. Subo as escadas em passos largos. Deito na minha cama e fico matando tempo. Escuto meus pais chegarem conversando. Desça para ajudar a guardar as compras. Como alguns cookies enquanto converso com meus pais na sala. Olho para o meu relógio a cada minuto. E quando menos percebo a campainha toca avisando que ele chegou. Me levanto sentindo os olhares da minha família nas minhas costas. Abro a porta com as mãos frias e tremulas, revelando um garoto de cabelos molhados e rosto corado por causa do frio. Ele sorri quando me vê. Um sorriso meu sai de forma espontânea. m***a. Ele está mexendo comigo.  
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD