A vida e suas pegadinhas

1127 Words
Érica ( A prostituta encontrada na rua) Se uma coisa aprendi na vida e que nunca, jamais confie em um homem, homens são seres trogloditas que fazem de tudo para enfiar em um buraco, qualquer buraco. Eu tinha 6 anos quando meu pai saiu de casa para casar com outra mulher, ele nunca deixou faltar nada pra mim. O único problema era a minha mãe, (De alguém pode chamar aquilo de mãe) que a cada semana me apresentava um pai novinho folha, um mais bêbado e mais drogado que o outro. Era bonitinho de ver o casal todo apaixonado nos primeiros quinze dias e depois o homem batendo nela depois que o período da lua de mel chegasse ao fim. Eu tinha 15 anos quando ela achou um que ficou, ele era mais novo que ela e bem atento nas curvas, não nas dela, mas nas minhas recém descobertas. Ele me vigiava toda vez que eu tomava banho, ele fingiava toda vez que eu entrava no banheiro sem querer, então eu comecei a trancar as portas. Comecei a colocar roupas compridas, andava pela rua olhando para baixo para ninguém me notar, nem o desgraçado, a igreja evangélica era o único lugar seguro. Mas ele era maior, mais forte, e um belo dia de sol minha mãe saiu para trabalhar e o desgraçado me estuprou e me espancou. Quando minha mãe chegou me expulsou de casa e continuou com o marido, na cabeça dela eu estava me oferecendo. Mas como eu estaria me oferecendo? eu era só uma criança, que não sabia nada da vida, muito menos que homens poderiam ser tão nojentos e cruéis. Fui morar com meu pai, as coisas pioraram um pouco, minha madrasta era a madrasta da branca de neve, ela nunca me deu uma maçã envenenada mas me fazia comer comida estragada ou o resto que ela e os filhos deixavam no prato. Eu fazia todo trabalho de casa, vestia as roupas velha dela, e quando meu pai questionava ela dizia que era para economizar. Ela me fazia ir na feira aos domingos pegar os legumes que não eram próprios para venda, e dizia que era pra fazer comida para os porcos, mas na verdade ela me fazia descascar aqueles legumes e normalmente era o que eu comia, tudo em nome da economia Eu tinha 17 a primeira vez que eu me apaixonei para nunca mais, ele trabalhava na feira, e como eu era uma mulher de sorte como a minha mãe a lua de mel durou só 15 dias depois que me levou para cama, ou melhor para a kombi de legumes do pai dele que ficava no estacionamento o amor acabou. Mais uma vez fui tratada feito lixo, mais uma vez eu virei um ser descartável, mas dessa vez eu carregava uma criança na barriga, e novamente eu fui expulsa de casa. Larissa era uma amiga, que me acolheu por alguns dias mas não demorou muito para ela pedir para eu sair, ela tinha um homem em casa, entende, e homens são seres não confiáveis. -Não é por você amiga, e ele, e você sabe como homem é. Eu tinha quase 18 anos, semi analfabeta, sem profissão, não tinha dinheiro nem um teto sob minha cabeça, e grávida, e o pai do bebê sumiu, eu não tinha outra saída, comecei a fazer programa na central do Brasil, ali eu conheci uma generosidade entre pessoas tidos como da pior espécie para a sociedade. Consegui um teto para morar em uma ocupação de prédio público, e ali tive minha pequena bebê, as outras me ajudaram a cuidar dela. Cindy era minha vizinha de calçada, na verdade ela era minha madrinha me ensinando como trabalhar, aos poucos eu tinha meus clientes fixos e paguei as pessoas que me ajudaram durante a gravidez. Cindy e eu tínhamos um acordo, eu preferia o cliente pobre, por que eles pagavam menos, mas ficavam menos tempo, Cindy adorava os de carrões, mas na noite passada ela não pode ir, e eu não tinha um real então peguei o trabalho com os play boys. Como sempre homens agindo como homens, eles queriam pagar o triplo para eu ficar a noite toda e eu disse que não. Eu só podia me ausentar por duas horas, minha bebê estava sozinha. Então me bateram e me jogaram no meio da rua Quando eu abri os olhos eu tive que estava nos braços de um Deus nórdico, ele era grande, tinha cabelos e barbas loiras e olhos profundamente azuis. Esse homem me trouxe em casa e fechou a porta, em cima da mesinha algumas notas que eu levaria no mínimo 2 semanas para ganhar. Meu corpo estava moído, os idiotas tinham me batido de verdade. Eu levantei cuidei da bebê, tomei um banho e bebi um pouco de dipirona para a dor e me deitei de novo. Eu pedi para um moleque comprar algumas coisas do mercado, até dei uma graninha a ele, fiz a comida e a mamadeira da bebê e fiquei quieta esperando a dor passar, lá pelas cinco da tarde alguém bateu na porta, eu me arrastei para abrir, e dei de cara com o Deus nórdico carregando várias sacolas de supermercado. -Oi passei aqui para saber se você está bem Eu sempre falei muito, mas olhando aquele homem lindo, carregando sacola de compras perguntando se eu estava bem eu só tive um único reflexo. Babar! E ele continuou falando -Oi, eu sou Estevan, você está melhor? -Estou -Não vai me chamar para entrar? -Desculpa, entra. -Você disse ontem que estava sem leite eu trouxe algumas caixas, e frutas, umas carnes cereal.... Antes de ele terminar de falar ele falar eu fui logo dizendo. -Amigo eu agradeço a sua ajuda de ontem e o dinheiro que você deixou aqui eu já até gastei, e não tenho como devolver, a não ser que você aceite X.E.R.E.C.A.R.D se não não tem negócio. -Eeeeeiiiiii, calma ai, eu não vim combrar nada nem ninguém. Eu só fiquei preocupado, meu irmão diz que eu tenho complexo de herói, não posso ver um cachorro abandonado que eu quero adotar. -Você tá me chamando de cachorro? - Não, eu tô dizendo para você que eu estou aqui para te ajudar, mas ser chamado de cachorro pra mim e elogio, tem gente que nunca vai ter o coração que um cachorro tem. Era loucura o que ele dizia mas eu tenho que admitir ele tem bom raciocínio. Ele ficou comigo por alguns minutos, disse que serviu o exército e que eu tinha duas costelas quebradas, ele trouxe um outro analgésico e disse que amanha a gente iria no medico, e disse que paga. O que tem por trás dessa bondade estrema, o cara e o que? Madre Tereza?
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