Monster - Morro

Gaiola

Monster

Eu tinha sido contratado para fazer alguns trabalhos, passei dois dias fora, eu era um dos poucos que ainda se arriscava a criar milícias para assaltos em bancos nas cidades menores.

Era uma loucura mas eu adorava os riscos.

Drogas eram um bom dinheiro, mas era pouco para mim, um viciado em adrenalina.

Voltei para casa com os bolsos cheios de dinheiro e um tiro de raspão no braço.

Já faz duas semanas que Lunna estava aqui, e até o presente momento ela não tocou em seus remédios, ela parecia calma, passava o dia lendo e escrevendo ou cuidando do pequeno jardim que eu construí para ela, acho que até engordou um pouco.

Depois que eu via que ela dormia eu ia a seu quarto me sentava na cadeira e a olhava admirado.

Eu velava pelo sono todas as noites e saia de lá antes dela acordar.

Quando cheguei em casa tomei um banho, fiz um curativo no braço, peguei umas cervejas e desci as escadas para ver meu anjo.

Fiz como fazia todas as noites, entrei tranquei a porta e me sentei na poltrona, abri a cerveja e fiquei em silêncio.

-Onde você estava - A voz de Lunna ecoa no lugar - Mesmo estando aqui trancada eu sabia que você viria todas as noites, mas você me deixou sozinha por dois dias.

-Você sabia que eu vinha te ver?

-Eu sempre soube, você sempre vem, onde você estava.

-Negócios.

-Então me deixa voltar para casa.

-Sua casa agora e aqui.

-Eu não sou um passarinho para viver em uma gaiola.

-Se eu te solto você tenta acabar com a própria vida, então não, vai ficar aqui onde está em segurança e eu fico de olho em você.

Ela se sentou na cama e olhou para mim, eu e aquela menina tínhamos tantas histórias para contar, do nosso amor nunca revelado, nunca consumado, nunca realmente sentido. Daria uma história das boas, dessas que a Netflix compra para fazer filmes.

Mas que o mundo nunca saberia, não por mim.

-Eu não vou reclamar, gosto de ter você por perto, mas não me deixe sozinha.

Eu respirei profundamente

-Me diz, o que houve, porque tentar suicídio?

Ela ri - Pra que contar para você, foram anos contando meus segredos mais secretos e você sem responder uma única palavra, pra que falar se não vou obter respostas.

-Eu te respondi

-Dez anos depois, com uma simples frase:

Muito obrigada

Quem em sã consciência responde a uma mulher que lhe escreveu por Dez anos um muito obrigada?

-Um homem de poucas palavras como eu.

-Poucas palavras mas quase me matou do coração quando eu descobri que nenhum garoto da escola chegava perto de mim porque um homem grande e mau encarado mandava todos ficarem longe.

-Você não sabe o que um garoto de 19 anos quer com uma menina de 17.

-Eu não sei o que eles queriam, você nunca deixou ninguém se aproximar.

-Melhor assim.

-Nem na faculdade você me deixou em paz.

-Tá reclamando tanto porque não foi a polícia.

-E eu ia dizer o que?

Alô polícia, tem um bruta montes que vive me perseguindo, e não deixa nenhum homem chegar perto de mim, mas nunca me tocou, só fica me olhando de longe, ah eu me correspondi com ele por dez anos na minha puberdade, e esse é o jeito torto dele de me proteger do mundo.

-Eu não vou discutir meus métodos com você, mas você só sai daquela porta depois que eu tiver certeza que não vai fazer merda com a sua vida.

-Você nunca vai me entender não é?

-Não Anjo, não vou.

-Então vai embora, prefiro ficar sozinha.

Ela olha pro meu braço.

-O que houve com seu braço?

-Nada, só um tiro de raspão

Ela levanta correndo e vem até mim.

-Deixa eu ver! - Ela segura no meu braço sem pedir permissão e eu me encolhi um pouco - Deixa de ser um bebê chorão, eu só vou fazer um curativo, não vou agarrar você

Ela liga a luz, vai ao banheiro e traz um kit de primeiros socorros e continua falando.

-Voce tem que se cuidar melhor, não pode ficar se machucando assim.

-O outro cara está no IML agora.

-Vai chegar uma hora que um desses caras vão ter uma mira melhor que a sua, você não é indestrutível. -Ela termina de limpar o ferimento

-Lembrei o porque só venho te ver a noite.

-Porque?

-Dormindo você não fala.

Eu me levanto e saio, mas antes de fechar a porta eu digo - Até amanhã anjo.

Saio do quarto com o coração na mão.

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Lunna

Amar um homem como aquele não era fácil, Ele sempre foi a minha sombra, eu não tinha só um guarda costas, eu tinha um protetor que cuidava de mim como um bibelô

No início era fácil, eu não sabia, mas o fato de todos os caras que me chamavam para sair sumirem como mágica me deixava com a pulga atrás da orelha, até que um deles me contou que um homem grande e forte vivia desestimulando a todos que chegavam perto de mim.

Então eu posso dizer que tenho 23 anos, nunca fui beijada ou amada, a não ser que você considere isso o que eu e aquele homem temos como um relacionamento não algo doentio que eu e ele arrastamos por anos.

Sou um ser depressivo, ele o obscuro em pessoa, fazemos uma ótima dupla de pessoas deslocadas no mundo.

Acordei no dia seguinte, uma bandeja enorme de café da manhã estava aos pés da cama.

-Você advinha até o que eu quero comer, antes mesmo de eu imaginar.

Eu me levanto e arranco a camisola, então eu lembrei das câmeras e me vesti imediatamente.

Foi então que eu tive um estalo, porque não mostrar para ele mais do que ele via?

Então tirei a camisola, depois o sutiã e a calcinha.

E agora, como ele vai se virar?