⚖️Prólogo⚖️

1046 Words
PROLOGO | MAJU Tem dias que tudo parece certo, sabe? Acordei com aquela sensação de que a minha vida finalmente tinha se ajeitado. O sol estava escaldante, típico do Rio de Janeiro, mas meu coração estava tranquilo. Eu, Maria Júlia, mais conhecida como Maju, advogada criminal e mulher do meu grande amor Fantasma, finalmente sentia que a minha vida tinha encontrado um equilíbrio. Ele, o dono do morro da Rocinha, e eu, a sua "mulher maravilha", como ele gosta de me chamar, vivíamos em paz. Os nossos filhos já eram adultos, e apesar dos altos e baixos, as coisas pareciam estar nos eixos. Saí do fórum depois de mais uma audiência e caminhei até o carro, sentindo o peso do dia no corpo, mas com a mente em paz. A vida no morro não era fácil, nunca foi, mas o Fantasma tinha dado um jeito de manter tudo sob controle, e eu, bem... eu aprendi a conviver com as sombras do meu passado. Ou pelo menos achei que tinha aprendido. Aquele dia, enquanto eu voltava para o carro, o calor do asfalto subindo, meu corpo cansado da rotina, aconteceu algo que mexeu comigo de uma forma que eu não estava preparada. Foi um relance. Um momento. Mas foi o suficiente. Lá, na saída do meu escritório, eu vi... ele. O meu coração congelou. Rafael. Meu ex-noivo, o homem que eu matei para salvar o Fantasma. Eu parei no meio da calçada, sentindo o ar faltar por um segundo. Não podia ser. Rafael estava morto. Eu sabia disso, porque fui eu mesma quem colocou um fim nisso. Eu não tinha escolha. Era ele ou o homem que amo, e não tinha como escolher diferente. Mas lá estava ele. De pé. Olhando para mim. E então, em segundos, um carro passou na minha frente, e ele desapareceu. Fiquei ali, parada, com o coração batendo na garganta. Será que eu estava ficando louca? Pisquei algumas vezes, tentando processar o que tinha acabado de ver, mas quando olhei de novo, não tinha ninguém. Me apoiei no carro, tentando recuperar o fôlego. “Não pode ser real”, pensei, sentindo as pernas tremendo. Fechei os olhos por um segundo, tentando acalmar a respiração. “É o cansaço, Maju, só isso”. Eu sabia que aquele dia ia voltar pra me assombrar. O dia em que puxei o gatilho e acabei com a vida do Rafael. Fiz o que tinha que ser feito. Rafael era uma ameaça, ele ia destruir tudo que eu e o Fantasma estávamos construindo. Mas, por mais que eu soubesse que não havia outra escolha, carregar o peso de uma vida sempre deixa marcas. Mesmo quando a gente tenta enterrar isso lá no fundo. Entrei no carro, com as mãos ainda tremendo um pouco. Liguei o motor, mas fiquei ali por uns segundos, olhando o retrovisor, como se esperasse que ele aparecesse de novo. Mas não apareceu. Enquanto dirigia de volta para casa, a minha mente não parava de rodar. “Será que tô ficando paranoica?” Talvez fosse isso. Ou talvez o passado tenha uma forma c***l de nos alcançar, mesmo quando achamos que enterramos tudo. Quando cheguei em casa, o Fantasma já estava lá, me esperando. Como sempre. Ele me recebeu com aquele sorriso tranquilo, que sempre me desarma. O homem que domina um morro inteiro, mas que comigo, é o mais carinhoso do mundo. — E aí, minha mulher maravilha, amor da minha vida, como foi a audiência? — Ele me puxou para perto, me abraçando daquele jeito que só ele sabe, como se quisesse proteger o mundo inteiro dentro daquele abraço. Eu sorri, tentando não deixar transparecer o turbilhão de pensamentos que estava na minha cabeça. — Tudo certo, mais um dia no campo de batalha — respondi, tentando soar leve. Mas ele me conhece melhor do que eu mesma. Ele me olhou nos olhos, segurando o meu rosto com uma das mãos. E me analisou com uma carinha de quem não estava convencido. — Tá estranha. O que aconteceu? — A preocupação no olhar dele era clara. Ele sempre percebe quando algo não tá certo. Por um segundo, pensei em contar. Contar que eu vi Rafael. Ou, pelo menos, achei que vi. Mas como explicar isso sem parecer louca? Rafael estava morto. Eu matei ele. — Nada demais, só cansaço. Foi um dia cheio — menti, desviando o olhar. Ele me conhecia o suficiente pra saber que eu não estava falando a verdade, mas não insistiu. — Você trabalha demais, sabia? — Ele passou a mão pelo meu cabelo, me olhando com aquele carinho que sempre me desarma. — É o preço de ser a mulher maravilha — brinquei, tentando sorrir de verdade. Ele riu e me puxou para mais perto, beijando a minha testa. — A mulher mais incrível que eu já conheci, o amor da minha vida — disse ele, cheio de amor na voz. E eu sabia que era verdade. O Fantasma sempre me amou com uma intensidade que eu nunca tinha visto em ninguém. Mas mesmo naquele momento, nos braços dele, o rosto do Rafael não saía da minha cabeça. ( ... ) Naquela noite, enquanto o Fantasma dormia ao meu lado, eu fiquei rolando na cama, sem conseguir pegar no sono. Rafael. Por que eu vi ele? Foi uma alucinação? Uma memória que veio à tona de repente? Ou... Eu matei ele. Eu sabia que matei. Mas então, por que o vi tão nitidamente? Fechei os olhos com força, tentando afastar esses pensamentos. Mas quanto mais eu tentava, mais o rosto dele aparecia, aquela expressão de surpresa congelada no momento em que tudo acabou. Eu sabia que o passado não ia me deixar em paz. Não completamente. Mas será que isso era só a minha culpa me assombrando ou algo mais? Tentei ignorar. Tentei me convencer de que era só o cansaço. Mas, no fundo, algo me dizia que aquela visão não foi um mero acaso. O passado sempre encontra uma forma de voltar. E agora, eu não sabia se estava preparada para o que ele poderia trazer dessa vez. Fechei os olhos, mas o sono parecia impossível. O fantasma do Rafael ainda estava comigo, mesmo depois de tudo. ⚠️ ATUALIZAÇÃO DIÁRIA A PARTIR DE 01/10!⚠️
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