CAPÍTULO 3

1256 Words
POR SANTIAGO SAN JUANITA- MÉXICO   Estou revisando alguns documentos de meu pai quando vejo Samuel se aproximar da porta, o olho e ele diz: —S.R., Rodriguez já chegou, peço para que entre? —Não Samuel, eu vou até lá, obrigado—digo. Então o verme havia chegado, ao menos era pontual, deveria estar louco para me tomar a fazenda e destruir toda uma vida, agora ele iria conhecer Santiago Herrera. Fecho o notebook que está sobre a mesa e caminho até a entrada, avisto uma mulher de costas, um corpo muito bonito por sinal, então digo confuso: —Rodriguez? Ela vira retirando seus óculos, e eu vejo diante dos meus olhos uma das mulheres mais lindas que vi na vida, seus cabelos eram de um tom marrom, mas tinham nuances douradas, e caiam sobre seus ombros, seus olhos mais pareciam dois quartzo castanhos, sua boca pintada de vermelho,um convite à luxúria. Quase me perco em pensamentos, então ela diz: —Santiago Herrera. Muito prazer Annabel Rodriguez! Então o tal Rodriguez era na verdade a tal Rodriguez, o que essa menina poderia querer em uma mesa de jogos? Eu preciso entender essa bagunça toda então digo: —Bem vinda Srta. Rodriguez, podemos conversar no escritório? —Ah sim claro, será um prazer—ela diz. —Me acompanhe, por favor—digo andando á sua frente. Ela então sobe as escadas e caminhamos na varanda até a porta principal, lhe dou passagem e observo mais atentamente a pequena mulher a minha frente, sinto um perfume conhecido, mas não consigo me lembrar de onde reconheço este cheiro. Indico a porta do escritório e peço para que ela se sente, dou a volta na mesa e sento-me de frente a ela iniciando nossa conversa. —Pois bem Srta. Rodriguez, como deve saber eu estava fora do país há um tempo, recebi a notícia da morte do meu pai e pouco tempo depois soube que ele havia perdido esta fazenda em uma mesa de jogos, olhando para você não consigo imaginá-la fazendo o mesmo, se puder me explicar ficarei grato. —E de fato não faço, não tenho sorte nos jogos—ela diz. —Então deve ter sorte no amor—digo. O que eu estava dizendo? Desde quando isso importava. —Acredite também não, mas respondendo sua pergunta não fui eu quem ganhou a fazenda no jogo, foi meu pai, mas ele não tem tempo ou interesse para lidar com isso tudo, então me passou a dívida—ela diz. —O que mais seu pai poderia ter para cuidar? Para não querer isso tudo? Qualquer um iria querer—questiono. —A cidade de San Juanita, ele é o prefeito—ela diz com desdém. —Uau, tenho em minha frente a filha do prefeito da cidade, talvez seja menos vergonhoso então perder a propriedade da família para você—digo. —Acho que não é hora para o sarcasmo Herrera, vim até aqui apenas para acertar todos os trâmites para a documentação e a transfêrencia de posse, sejamos praticos então—ela diz. —Me dê um prazo Srta. Rodriguez, eu posso pagar a dívida—digo, quase implorando. —Não creio que possa pagar Senhor  Herrera, seu pai perdeu muitos clientes, a fazenda está arruinada com os fornecedores, há também os emprestimos nos bancos da cidade e de cidades vizinhas—ela diz. —Olhe a seu redor Srta. ainda somos um grande produtor de café, talvez o maior da região me dê um prazo, eu sei que posso pagar—peço. Ela olhava os campos pela vidraça do meu escritório, a imensidão de café, então lhe fiz uma proposta. —Srta. me de sessenta dias, eu pagarei a dívida—digo. —Já dei esse prazo ao seu pai, e ele não pagou, por que eu acreditaria que você, que nem entende nada de uma fzenda irá cumprir o acordo—ela responde. —Eu não sou meu pai, eu pagarei, pode acreditar em mim—afirmo. —Senhor Herrera tem sessenta dias a partir de hoje e nenhum dia a mais, ou paga a sua dívida ou essa linda fazenda será minha—ela diz. Ela assume uma postura rígida, diria até que ela estava magoada comigo, mas não entendo o porquê eu nunca a tinha visto antes, eu certamente lembraria desses lábios e desses olhos. —Aceito, mas existe um, porém—digo. —Você não está em posição para exigir nada Senhor Herrera—ela diz. A pequena mulher à minha frente era brava, e pelo visto tinha um gênio de cão. —Eu sei, mas mesmo assim vou lhe propor que fique comigo nesse período, digo fique na fazenda e veja de perto o quanto ela ainda pode ser produtiva e assim verá que de fato eu posso pagar a minha divida—digo. Ela me olha, então sorri, estende a mão para mim e diz: —Aceito sua proposta, Sr. Herrera, mas terá que me prometer que não se apaixonará por mim. Mas quanta audácia dessa mulher, tudo bem que ela era bonitinha, mas aí a achar que eu me apaixonaria por ela é demais. —Com certeza isso não acontecerá Srta. Rodriguez, quando quiser pode se mudar temos vários quartos nessa fazenda pode escolher qualquer um que não seja na ala oeste é proibida—digo. —O que há na ala oeste?—ela questiona. —Meu quarto, então não vá lá a menos que você queira se apaixonar—digo sorrindo de lado. —Não se preocupe, Sr. Herrera, voltarei essa noite para ficar—ela diz. —Você é bem vinda—digo. Então a vejo sair do meu escritório, essa mulher me lembra alguém mas não consigo recordar quem, há algo familiar nela, há algo que eu quero descobrir. Vejo da varanda o carro dela passar pela entrada da fazenda rumo à cidade, era hora de trabalhar e recuperar tudo isso. Caminho até a estufa de rosas, esse lugar foi a única coisa que pedi para o meu pai não destruir, o perfume das rosas me levavam diretamente para aquela noite dez anos atrás.   LEMBRANÇAS ON POR SANTIAGO Chovia muito naquela noite, e eu havia bebido mais do que meu próprio corpo aguentava, eu m*l conseguia ficar em pé. Não sei como cheguei ao cais, mas lá estava deitado, a chuva batia em meu rosto, eu m*l conseguia abrir meus olhos, eu chorava como uma criança indefesa, chorava a morte de minha mãe. Foi quando senti delicadas mãos em meu rosto e o perfume de rosas invadiu meus sentidos, uma voz doce me dizia que eu não estava sozinho que logo meu pai chegaria, eu não consegui ver seu rosto, mas pude sentir seu perfume de rosas. Então uma escuridão me invadiu, acordei no hospital, perguntei a todos sobre a menina que estava comigo, mas ninguém a viu me disseram que eu estava sozinho no cais. A única coisa que me faz ter certeza de que não estava louco é o terço que ela colocou em minhas mãos, ele está comigo até hoje e sempre o carrego no pescoço. Eu ainda tinha esperanças de achar o meu anjo salvador. LEMBRANÇAS OFF Fiquei por um longo período na estufa, me perdi em pensamentos e lembranças, confesso estou com medo do que tenho a enfrentar, eu não escolhi isso para mim, eu não queria estar aqui, mas se Annabel Rodriguez achava que seria fácil tirar este lugar de mim ela estava muito enganada.
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