Capítulo 4

829 Words
A verdade é que seu sexto sentido dificilmente errava, muito observador ele sempre soube ler as pessoas, principalmente os mentirosos. Mais o que realmente o mudou, foi não ler quem mais amava, sua ex esposa que o deixou criar por dois anos, uma bebê, que era filha de outro. Completamente apaixonado, ele não via o que acontecia, foi traído pelo melhor amigo, só desconfiou quando ia ser pai, mais foi manipulado para confiar e viver a imensa felicidade que um filho lhe traria. Era o sonho da sua vida ser pai de menina, desde o primeiro instante que soube, a amou incondicionalmente, até aceitou perdoar a traição e continuar casado, sendo o pai da bebê, mais sua ex, queria o divórcio e o afastar, alegou não saber da verdade e ameaçou tirar a vida de ambas, caso ele fosse a justiça exigindo algo. Após comprovar que não era o pai, o único processo que entrou, foi para tirar o nome da certidão de nascimento dela, e depois disso se tornou uma pessoa extremamente triste, amargurada, difícil e sem empatia, que não acreditava no amor ou na idéia de ter uma família. Com traumas relacionados ao seu pai, que o abandonou afetivamente muito pequeno, decidiu nunca mais ter filhos, até operou para isso. Amira ficou arrasada, mais não deixou de sair, agora com tempo livre, estava indo todos os dias, aos lugares que se sentia bem. No meio da semana Andrus decidiu passar perto da casa dela, estava espiando do final da rua tomando um café, quando a viu saindo cedo, foi seguindo só para xeretar. Ela estava de calça jeans, tênis e uma blusa fina de manga comprida, foi até uma pracinha e sentou, completamente fora da casinha, intrigado, ele começou trabalhar no notebook, dentro do carro, já era quase a hora do almoço, achou que ia enfim ver os gêmeos, já que ela estava a frente de uma escola, quando as crianças começaram a sair, ela continuou sentada olhando fixamente, sorridente acenou para várias. Quando todas saíram, em uma hora outras chegaram, as do horário da tarde, ele começou imaginar coisas, até que ela podia querer sequestrar alguma, e que com certeza perdeu a guarda dos filhos por ser louca. O comportamento dela, era o mesmo, as próprias professoras acenaram também, Amira foi para casa no horário de almoço, ele ficou na rua espionando terminando o que estava fazendo, no notebook, na esperança de ver alguém indo lá. Ela saiu com várias sacolas, foi para um hospital e demorou horas, ele até desistiu de esperar, foi embora, tentando falar com o amigo da polícia logo. Na empresa ninguém tinha coragem de falar com ele, mais ninguém achou certo o que aconteceu, também não sabiam que ela gastou tanto no cartão do trabalho. Outro dia ele foi de novo, até sorriu eufórico a vendo sair, estava com um vestido longo e uma jaqueta jeans, foi a uma loja grande de festas, lá dentro encheu um carrinho e foi embora de Uber, desceu rindo com o motorista, deu pra ver que provavelmente ia ter festa por lá. Ele já estava até olhando o perfil dela, tentando descobrir aniversário de quem seria, no sábado ele foi a academia e depois passou lá, estava gostando da sensação de ter algo para fazer, diferente, e sendo muito solitário, vivia se ocupando com todos tipos de coisas. Quando a viu saindo com balões de festa e sacolas grandes, teve certeza que ia desvendar o mistério, enquanto a seguia cautelosamente, recebeu uma ligação e não conseguiu atender, a perdeu de vista e encostou atender, era seu amigo ligando de novo, tão perplexo quanto ele, disse que nunca pensaria naquilo, começou contar tudo e mandou fotos, Andrus foi embora desacreditado, não conseguiu fazer mais nada o dia inteiro, só pensando no que soube. No final do dia, foi as compras e decidiu ir a casa dela, viu uma postagem de uma mesa de aniversário, com bolo, docinhos, muitas bexigas, decoração metade do Hulk e metade da Barbie, passou quase quarenta minutos observando a casa, já sabia quais carros eram de cada vizinho, percebeu que aparentemente, não tinham convidados chegando. Estacionou na frente e desceu com embrulhos nas mãos, ao tocar a campainha, ficou atento a janela, a viu espiando, ela ia ignorar, mais ele chamou - Estou te vendo, sei que está aí. Não vou embora sem falar com você! Ela abriu a porta, estava com o cabelo escovado, com as pontas viradas para fora, um vestido clássico cinturado verde, com cinto rosa e sapato pink, tudo combinando com a temática da festa, se aproximou hostil - O que quer comigo? - Não é um bom momento, para aparecer assim. - Estamos ocupados, é aniversário dos meus filhos. Ele ficou desconcertado - Sim, eu sei, trouxe presentes! Amira, só queria dizer que... Ela interrompeu irritada - Vai embora ou eu chamo a polícia, isso é assédio, já me forçou tirar a roupa no trabalho, tenho testemunhas.
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