Boca fechada não entra mosquito

1026 Words
... Livia narrando ... Eu entrei no carro com meu pai e cruzei os braços séria . - quem era aquela menina ? - Ele perguntou dando partida no carro . - minha melhor amiga desde os dezesseis anos , mas como você não sabe nada da minha vida , não conhecia ela . - não sei porque você não me deixa saber ... e ali não é um lugar apropriado para você ficar ... - eu que sei aonde eu fico ... e o que você quer de mim hoje ? decidiu me dar o celular ? - não , eu decidi uma coisa melhor ... - o que ? - você pode trabalhar na empresa se quiser , juntar os salários por alguns meses e aí você compra o seu celular . - O que ? trabalhar ? - perguntei incrédula . - sim Livia , é assim que as pessoas normais conseguem as coisas , trabalhando . - meu próprio pai vai me fazer passar por essa tortura ? é isso mesmo ? - trabalhar não é uma tortura , pelo contrário , é uma forma que eu encontrei de você dar valor às coisas ... você parece nunca ter saído dos dezesseis anos Livia , diferente da sua amiga que estava trabalhando . - ela trabalha porque ela precisa , porque ela vive numa miséria ... eu não tenho que trabalhar , você abandonou a minha mãe e o mínimo que deve fazer é prover o que ela não consegue prover sozinha . - eu dou tudo que você PRECISA Livia ... mas os seus luxos você vai trabalhar para conquistar . - então não tem conversa , eu não vou trabalhar para você . - Eu disse descendo do carro assim que eu percebi que ele parou no estacionamento da empresa . - Você que decide , se quer continuar tendo os seus luxos , vai trabalhar ... eu vou suspender o limite do cartão de crédito . - que ? não pode fazer isso . - posso sim ... e a oferta ainda está de pé , se quiser pode vir conversar comigo . - Ele disse me dando as costas e saindo , eu bufei morrendo de raiva , eu não acredito que ele teve coragem de fazer isso comigo , tudo por causa de um celular i****a . Aaaah ... ... Beatriz narrando ... Chegou dois caras todo sujos de cimento e tinta na lanchonete , rolei os olhos e fui atender . - Bom dia , posso ajudar ? - ah pode sim , uma ajuda daquelas ainda . - Um deles disse rindo e me analisando dos pés a cabeça , eu respirei fundo . - qual o pedido ? - Perguntei sem paciência . - o que tem para o almoço hoje ? - prato feito , arroz , feijão , bife , batata frita e salada . - ta quanto essa brincadeira ? - vinte e três reais . - vê dois então ... e você vem no combo ? - Ele disse sorrindo , eu ignorei . - já trago os pratos . - Eles riram e eu saí ... era essas piadinhas grotescas que eu aguentava todos os dias ... toda hora na verdade . Quando os pratos ficaram prontos , eu levei até a mesa e quando eu me virei para sair senti uma mão na minha b***a , nesse momento eu surtei , me virei com brutalidade e segurei com força o pulso do cara torcendo ele . - se relar em mim de novo eu quebro o seu braço , seu i*****l . - Eu disse com raiva . - aiai ta maluca ? to só elogiando . - não quero nada que venha de você , vai tomar um banho que você ganha mais . - Eu disse soltando o pulso dele com força sobre a mesa , saí e fui para a cozinha , respirei fundo , eu fiquei com muito nojo do que tinha acontecido e com muita raiva também ... senti o meu celular vibrar e vi que era uma mensagem da Livia , ela disse que precisava falar comigo e que tava desesperada ... fiquei preocupada e disse para ela vir até a lanchonete que a gente conversava ... Quando eu voltei para o salão os caras não estavam mais lá e os pratos de comida estavam inteiros , Carla parou do meu lado . - vou descontar do seu salário o almoço dos dois . - que ? por que ? - porque eu vi o que você fez . - ele deu um t**a na minha b***a , queria que eu fizesse o que ? - aqui você obedece , boca fechada não entra mosca . Vou descontar do seu salário os dois almoços . - Ela disse saindo e meus olhos encheram de lágrima , mas não era de tristeza e sim de raiva , muita raiva ... Fui limpar a mesa e levei os pratos para cozinha ... Eu tinha que ter muito azar mesmo para passar por tudo que eu passo na d***a daquela lanchonete , eu precisava arranjar outro emprego logo , mas estava dificil , entreguei meu curriculo em varios lugares , mas nenhum deles me ligou de volta ... Sentei na banqueta do balcão e fiquei esperando chegar mais clientes , nesse momento a lanchonete tava vazia , quando vi Livia chegando . - Amiga . - Ela disse vindo na minha direção e me abraçando , eu suspirei . - o que aconteceu Li ? - aquele homem que se diz meu pai cancelou o meu cartão de vez e quer que eu simplesmente trabalhe para sustentar os meus luxos ... além de ter abandonado a minha mãe , agora me abandonou de vez também . - Eu respirei fundo , os problemas da Livia eram fúteis , ela não sabia o que era sofrer de verdade , mas eu sempre tentava ouvir ela com a maior paciência do mundo , acontece que hoje eu não tava nada bem para ouvir as reclamações dela .
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