De saco cheio

1888 Words
Carolina Gonçalves Passei a semana toda trabalhando de 8:00 da manhã as 22 horas da noite, meu corpo está pedindo socorro, meus pés estão inchados e a essa altura minha b***a que era tão redondinha está quadrada de tanto ficar sentada o dia todo nessa cadeira. O Sr João sempre diz que não podemos trabalhar em pé , porém não há corpo que resista essa posição por muito tempo. Fora o cabelo, que ele obriga por o coque com o raio da redinha preta e um laço cafona em cima, não aguento mais esse lugar. — Tomara que a Luciana não coloque mais dias de atestado, ela fica mais tempo doente do que trabalhando — É muito suspeito essa quantidade de atestado mesmo— Ricardo diz — Se não quer trabalhar! Faça algo para ser mandada embora, ninguém merece!— começo a cogitar— Você acha que ela tem algo com Sr João? —Não põe coisas na minha mente Carolina — Ricardo é muito estranho isso, ele nem se importa com as quantidades de falta que ela tem e ainda tem a questão deles ficarem se entre olhando, ela deve ser uns 30 anos mais nova que ele?!— Eu só espero que ela pare de me prejudicar, todo dia uma desculpa diferente. Estava quase na hora de eu sair, e eu já estava fechando meu caixa para ir embora — Carolina, por que você está fechando o caixa agora? Ainda tem clientes no mercado — Sr João, eu vou embora, estou cansada, tem sete caixas aí — Mas você será a última a fechar o caixa hoje, Carolina — Eu sou a única que estou dobrando essa semana e ainda fechei o caixa dois dias em seguido por último— ele me olha com desdém — Você está aqui para trabalhar, esse é seu dever — Não é justo Sr João!— falo irritada — Quem define o que é justo ou não sou eu, agora trate de voltar ao seu trabalho Tornei a sentar na minha cadeira estressada ele não pode fazer essas coisas. — Ai ai, ainda bem que eu vou embora e depois de amanhã é minha folga— Maria joga na minha cara — Como se alguém tivesse te perguntado alguma coisa — Pelo menos eu vou descansar depois de amanhã, você vai esperar virar mais uma semana. — Descansa não Maria— digo com ironia— Vê se acha um velho pra aturar essa sua cara de b***a m*l lavada, só assim você para de me perturbar e me deixa em paz. Eu não sei nem o por quê?! De você está hoje nesse horário já que você pega de manhã— ela me olha com raiva — Se eu pudesse viria todos os dias esse horário para perturbar a sua vida a cada segundo eu faria isso com gosto — É porque você não tem o que fazer, por isso fica aqui perturbando a vida alheia, ao em vez de está fazendo crochet — Sua m*l educada— olho pra cara dela e começo a encará-la — Vai pintar esse cabelo, sua velha fofoqueira, isso está tudo branco. Se tomasse mais conta da sua vida, sua estética estaria em dia — Você não está tão diferente com essas olheiras — Uma maquiagem ajeita isso daqui— aponto para meu rosto— agora você é só, morrendo e nascendo de novo— Eu não tenho mais paciência com essa velha— Próximo— grito e um homem aparece no caixa — Boa noite gatinha!— era só o que me faltava, receber cantada de um homem feio desse — Boa noite senhor!— Falo com tom seco, pois a última coisa que eu quero é que esse homem pense que eu esteja dando confiança para ele Começo a passar as compras pelo leitor de código de barras, só espero que não falte muitas pessoas para sair daqui de dentro. — Me parece cansada— só confirmo com a cabeça, pois depois de estar quatorze horas trabalhando direto não tenho ânimo nem para da uma resposta— Você é muito nova para trabalhar em um local como esse, deveria estar estudando — A vida nos obriga a passar muita coisa moço— digo terminando de bipar toda a compra — deu trezentos e quarenta reais e cinquenta e cinco centavos — Deveria está iniciando uma faculdade— como se eu não soubesse — E o senhor acha mesmo que eu não sei— olho para ele novamente— Será dinheiro ou cartão?— pergunto — Dinheiro— ele puxa algumas notas da carteira e faz questão de mostrar que tem dinheiro— Se você quiser eu posso te ajudar!— a vontade que eu estou de da um fora nesse cara é grande mais o medo de perder o emprego é maior, graças a Deus eu consegui voltar pra minha casa e só por isso não pago aluguel, mais tem gás, luz, água, as compras do mês. No final me resta apenas um dinheirinho para eu fazer um lanche aos finais de semana ou guardar para sair pra algum local. Como o Léo não está aqui eu prefiro ficar em casa, me sinto mais segura. Ele sempre espanta uns engraçadinhos que tentam se aproveitar de mim. Por mais que eu consiga me defender, meu pai foi ótimo em me ensinar, mais o Léo nunca me abandonou nessas horas. Teve vezes que fingimos ser namorados para ele não sair com algumas garotas e eu do mesmo modo, digamos que tenhamos uma amizade com benefícios, sem sexo, o que nos prejudica também em algumas vezes. Mas nós não se gostamos é apenas isso mesmo. — Não preciso de ajuda moço— pego o dinheiro de sua mão — Gosto de mulheres difíceis, voltarei mais vezes fazer compras— Entrego o dinheiro a ele — Boa noite— Homem nojento— Próximo..— Chamo um cliente que esta na fila ao lado O home acena e pisca o olho para mim Passando vinte minutos todos os clientes já havia ido embora, menos m*l, pelo menos hoje não enrolaram tanto Arrumei minhas coisas e já estava de sainda quando o Léo me ligou, atendi o celular no segundo toque — Oi Léo — Oi Ca, está podendo falar?— ele parecia estar em algum bar, já que eu ouvia o som de música no fundo — Claro, estou saindo do serviço agora. Você está em alguma bar?— pergunto — Na verdade estou em uma boate, do lado de fora — E por que está me ligando? Vai se divertir, depois nós se falamos, você está sempre trabalhando tanto que isso é o mínimo que merece — Queria que estivesse aqui, para se divertimos juntos— sua voz está abatida — Você está estranho Léo, o que aconteceu? — Nada, só saudades de ter uma amiga por perto — Léo eu estou longe, mas ainda continuo sendo sua amiga, o que está te acontecendo? Nunca vi você tão pra baixo— escuto seu suspirar do outro lado da linha — Acho que estou apaixonado— fico feliz por ele, Léo merece ser feliz, ele já sofreu bastante — E por que está triste? Deveria estar feliz! — É complicado Ca, digamos que ela foge daquilo que eu e você queremos— Não entendo — Como assim?— ele respira fundo novamente — Ela é linda é engraçada, mas é uma pessoa esnobe, ela é egoísta e isso me irrita tanto que prefiro ficar sozinho— Agora entendi o porquê tem sumido tanto, só não consigo entender porque ele conseguiu gostar de alguém assim— ela está ficando com outro cara só pra me irritar nesse exato momento Ca, acredita? — Léo vá pra casa e descansa um pouco. Queria estar aí com você agora — Seria ótimo, pelo menos assim eu não ia sair no zero a zero hoje— ele dá uma risada — Como se fossemos f********o, nem um beijo você consegui me dar sem soar um sorriso antes — É porque a companhia é boa e a situação sempre é engraçada— isso é verdade, só se metemos em furada— O que eu faço agora Ca ? — Vá pegar umas mulheres e esquece ela — Como se fosse fácil — Então assista filme de comédia, eles sempre te tira de pensamentos ruins — Vou tentar fazer isso— diz desanimado — Só não beba! Seria uma covardia da sua parte beber sem eu estar presente— escuto uma risada baixa — Você consegue melhorar meu humor em segundo mesmo — Amigo é pra essas coisas — Amanhã sai mais um sorteio, está ansiosa ?— ele se refere aos prêmios — Não estou tão animada quanto os outros, mas vou esperar o resultado. Mesmo sabendo que não vou ganhar mais uma vez— digo sem ânimo — Não pense assim Ca — Já pensou eu ganhando um carro Léo? Ou uma viagem?Se for aquelas que eles deixa levar um acompanhante eu te levaria — c*****o já pensou? Nós iamos baguncar tudo — Mas tinha que ser um país que fala inglês, espanhol ou francês. É a únicas língua que eu sei falar— eu e Léo aprendemos no orfanato. Lá não era um lugar tão r**m tinha seus benefícios — Imagine nós dois na França? Eu ainda não fui a França— admiro o Léo não ter ido ainda na França, já que depois que foi morar com o pai vive em viagens para vários países — Tomando chá ou um chocolate quente de cachecol— digo imaginando — Nós íamos tomar pinga, cachaça braba, vinho do bom eu não ia sair daqui da Califórnia pra tomar chá ou chocolate quente na França Carolina— começo a rir — Você não é nada romântico — Não estamos indo para um encontro, seria uma viajem pra se divertir — Então deveríamos ir para Las Vegas, estou sonhando muito alto? — ele começa a rir do outro lado da linha — Está, mas não seria uma ideia ruim Fiquei tanto tempo no telefone com o Léo que se passou horas e eu nem havia percebido, ainda bem que cheguei em casa sem sofrer um assalto. Esperei ele chegar e decidi desligar — Léo eu preciso descansar para trabalhar amanhã, graças a Deus eu pego no meu horário normal amanhã — Eu também preciso ir dormir, estou precisando de um banho urgente — Então beijinho amigo — Obrigado por me fazer ficar bem mais uma vez Ca, você é uma amiga sensacional — Você que é sensacional demais pra sofrer por uma pessoa como essa — Se eu conseguir te ligo amanhã, os dias estão corrido por conta de uns negócios que está pra acontecer— ao menos deu uma justificativa melhor que as outras — Tudo bem, beijos — Se cuida — Você também Desligo o telefone e procuro algo para comer, não tinha nada pronto. Então fiz um miojo de carne e fritei um ovo para comer , depois de ter feito isso tomei um banho gelado, pois o dia hoje está bem quente, tirando todo suor do corpo Deitei na cama , totalmente nua e não vi mais nada a não ser os sonhos aleatórios que vinham enquanto eu dormia.
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