CLAIRE LEBLANC
Assim que eu terminei de me arrumar — e quase cheguei atrasada até o restaurante — eu senti o meu coração batendo como se fosse explodir, além de eu ter olhado umas quinze vezes no espelho do carro, se o meu cabelo e a minha maquiagens estavam boas o suficiente para eu entrar naquele lugar.
— Você nunca vai entrar se continuar fazendo isso, Claire… — falei ao dar uma última arrumada no meu cabelo (que apenas tinha deixado ele do mesmo jeito que antes, já que estava impecável, mesmo que eu não acreditasse), apenas para finalmente sair de dentro do meu carro, e entrar.
“Está tão… vazio…” acabei notando ao andar mais um pouco, porque não tinham garçons andando de um lugar para o outro, e as mesas que geralmente estavam lotadas? Estavam completamente desocupadas.
— Senhorita LeBlanc? — O recepcionista me disse, assim que eu fiquei diante dele.
— Sim, isso. — Quase não consegui falar por conta da ansiedade que quase fechava a minha garganta.
— Que bom que a senhorita chegou, o senhor que estava a esperando já parecia impaciente. — Ele disse com um leve riso, — vamos, por aqui.
Ele foi me guiando, e quanto mais eu olhava aquele restaurante completamente vazio, mais eu me perguntava o quanto ele tinha pensado em mim para fazer tudo aquilo, ainda mais… quando eu finalmente notei as pétalas de rosa no chão, vários buquês pelas mesas.
Tinha como… ele ser mais perfeito? Ele sequer era real?
— Aqui está, senhorita. — Ele estendeu a mão para que eu me sentasse, enquanto eu via Alexis com um buquê em frente de seu próprio rosto, — tenham um bom apetite, o garçom já virá atendê-los.
— Surpresa! — O buquê foi tirado da frente, o que fez o sorriso que havia brotado em meu rosto, sumir com a mesma facilidade da qual havia surgido, — o que achou?
— George? — Falei com certo espanto, enquanto eu sentia a realidade vir até mim como um balde de água fria. Não. Melhor… como a p***a de um soco na minha cara, acompanhado de um soco inglês para me fazer parar de ser trouxa!
— Gostou? Eu reservei o restaurante inteiro para nós dois, também pedi para prepararem o buquês pelas pelas. — Ele falou com nítido orgulho, como se fosse uma criança esperando um elogio. Os seus olhos brilhando, um sorriso largo sendo estampado em seu rosto.
Eu apenas me levantei.
“Como ele pode fazer isso comigo? Ainda mais… fingindo que era Alexis? Eu… eu me sinto a p***a de uma palhaça! Não, a m***a do circo inteiro!” Acabei pensando enquanto me afastava de George, que apenas se levantou e me segurou pelo braço.
— Claire, eu sei que não fui um dos melhores homens pra você, principalmente no nosso último encontro, mas… eu quero melhorar, e eu acho que eu consegui! Você não vê?
Eu apenas fiquei o encarando incrédula, porque eu não sabia o que fazer naquele momento, eu não sabia se chorava, se gritava, se simplesmente tinha um ataque histérico, ou…
Realmente, não sabia.
Que ódio!
— George… — Respirei bem fundo, para evitar qualquer ação exagerada, — ou melhor, senhor Collins, eu e você, não temos mais esse tipo de relação para estarmos em um ambiente como esse, então… por favor, me solte.
— Mas eu prometo que vou me esforçar mais, eu prometo, e…
— Então, deveria ter feito isso enquanto estávamos juntos, — Soltei aquelas palavras com rancor sendo claro em cada sílaba, porque depois de tanta reflexão, e depois da minha expectativa ter sido simplesmente quebrada, eu não queria mais ouvir sequer uma palavra do que George tinha a dizer, — você teve a sua chance, senhor Collins, então peço que me solte mais uma vez, até porque eu tenho um namorado.
O rosto de George naquele momento parecia ser um de completa confusão, como se ele não conseguisse juntar as peças em sua cabeça, como se não conseguisse entender que mesmo com tudo aquilo, ele não tinha conseguido o meu perdão.
— Boa noite, senhor Collins. — Soltei o meu braço assim que notei que seu aperto havia afrouxado, e mais uma vez, comecei a ir em direção a porta, para enfim entrar no meu carro.
Eu queria ver Alexis.
Porra, eu queria tanto ver ele, que eu apenas pisei com tudo no pedal, apenas querendo ir para a minha cara, tirar de qualquer reunião ou seja lá o que ele estivesse fazendo naquele momento, porque… eu queria ele agora, eu… c*****o!
Eu nem mesmo conseguia decifrar o que estava sentindo, o que estava… pensando!
Eu só sabia que a decepção de não ter visto Alexis no restaurante, fez o meu coração se despedaçar em um nível em que a dor era quase física! Porque c*****o… eu tinha ficado o dia todo ansiosa com isso, eu me preparei toda para encontrar com ele, imaginei as conversas que podiamos ter, eu… eu realmente fiquei feliz, só de pensar que ele tinha me chamado para sair, para comemorar o que tínhamos feito naquela coletiva de imprensa!
— Por que você sempre tem que estragar tudo? — Bati com tudo no volante enquanto amaldiçoava a alma de George no sinal fechado, enquanto eu sentia as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas, — p***a! A MINHA MAQUIAGEM!
Apertei o volante com tudo o que eu tinha, até ouvir os carros atrás de mim buzinando por conta do sinal já ter aberto, o que me fez acordar para vida, e focar mais na estrada (até porque, eu não queria um acidente naquela altura da vida).
E assim que eu cheguei? Fiquei procurando Alexis em todas as partes, abri a porta do escritório do meu pai (que por azar estava vazia), procurei na cozinha, no jardim, mas… nada.
Pelo menos… até eu finalmente decidir ir até o seu quarto.
— Claire, o que foi-... — eu nem mesmo deixei ele terminar a própria sentença quando eu abri a porta de seu quarto de forma brusca, porque eu apenas o joguei na parede e o beijei.
Eu precisava disso, eu merecia isso depois de toda essa m***a! Depois de ter me sentido uma palhaça, um patinho que foi tão simplesmente enganado.
— Claire, claire… calma… — ele falou sem fôlego me distanciando, — o que aconteceu? Por que você parece ter chorado, e… o que foi isso?
Em seus olhos dourados, estava a nítida confusão, o que me fez acordar do meu surto de loucura, para me fazer ver o que eu estava fazendo.
Merda…
Por que parecia tanto que eu tinha estragado tudo?