CLAIRE LEBLANC
Senti uma veia saltar na minha testa naquele momento.
Por que ele estava aqui? Qual parte de tudo o que eu havia dito antes, ele não tinha entendido?
— Claire, precisamos…
— Não. — Falei ao sair da loja, cheia de sacolas enquanto acelerava os meus passos para longe de George.
— Claire, a gente precisa conversar… — ele falou com aquela voz que se assemelhava de uma criança, que por mais que soubesse que estava errada, ainda assim queria ser ouvida, — e você sabe disso.
Apenas o ignorei, andando de forma funda por aquele shopping, procurando a direção do estacionamento.
Qual era o problema dele afinal? O que ele achava que ainda tínhamos para conversar? E por que ele tinha tanta convicção de que eu precisava falar com ele? O término por acaso havia o deixado tão abalado, que o seu raciocínio foi afetado?
— Claire! — Ele me segurou pelo braço, quando praticamente gritou, — você precisa me escutar?
— E você precisa de um pouco de noção. — Soltei o meu braço da sua mão, os meus olhos o fuzilando, — qual é o seu problema? Por acaso acha que ainda tem algum direito de encostar em mim? — Meu tom saiu ríspido, cortante.
— Nós ainda somos noivos, Claire! — Ele falou com tanta certeza, que eu me perguntava em que tipo de mundinho aquele maníaco vivia.
Eu não queria continuar ali, eu apenas continuei a andar, e andar, até não sentir mais nenhum olhar em minha direção, não sentir mais que George – outra vez – estava me fazendo passar vergonha.
Quando finalmente cheguei no estacionamento, na esperança de que ele podia ter desistido, eu apenas o vi na frente do meu carro, quase como se fosse uma assombração.
Puta que pariu.
Eu não aguentava mais isso.
— Eu não vou te deixar entrar, até você falar comigo. — Ele falou enquanto olhava bem no fundo dos meus olhos, o seu corpo barrando a entrada do meu carro.
Eu queria apenas gritar, eu realmente queria.
O meu maior desejo naquele momento, era o de simplesmente jogar todas aquelas sacolas na cara de George, enquanto gritava histericamente para ele ir se fuder, ou até mesmo, ir para a p***a do quinto dos infernos ond era o lugar dele, junto de claro, um tridente sendo enfiado bem no meio do seu cu.
— George, por favor… saia. — Praticamente ordenei, as minhas mãos se apertando em volta das alças das sacolas, — eu quero ir pra casa.
— Você quer fugir de mim.
— Nossa, como adivinhou? Quando se vira um traidor, por acaso também se ganha poderes de divinação? — Soltei com um tom repleto de sarcasmo, mágoa, — fala sério! Além de ter me feito de palhaça por esse tempo todo, ainda quer infernizar a p***a da minha vida? Me dá um tempo! Ontem e hoje já foram dias estressantes demais pra mim.
— Claro, porque Claire LeBlanc sempre tem uma vida tão estressante! — Ele sorriu, claramente querendo zombar de mim, — me diga, o que na sua agenda lotada, te deixou assim dessa vez, huh?
Respirei fundo.
Eu não podia me descontrolar.
Eu era uma figura pública, câmeras podiam estar em todo lugar, eu… precisava respirar…
— Você tem me deixado estressada dessa forma, e olha que nem na minha “agenda lotada” você está. — Rosnei, já sentindo o ódio subir a minha cabeça, — agora sai da frente do meu carro, antes que eu perca a paciência.
— E o que a perfeita Claire LeBlanc, planeja fazer caso eu não saia? Poderia me dizer? — Ele inclinou a sua própria cabeça para o lado, me fazendo questionar se ele ainda tinha um pingo de sanidade.
Eu queria matá-lo.
Eu queria espancá-lo.
Eu queria…
Não.
Eu precisava respirar.
O meu dia já havia sido estressante o suficiente, eu não precisava de uma semana inteira disso, eu não precisava me envolver em um escândalo – coisa que era bem fácil de acontecer, por conta desse maldito estacionamento ser aberto.
— Preocupada demais? — Ele riu ao dizer, — vai por acaso chamar o seu príncipe para te salvar?
Eu simplesmente puxei aquele m***a pelos cabelos e o joguei para longe do meu carro.
— Quando uma mulher diz para você sair da frente do carro dela, — eu levantei o seu rosto pelos cabelos, dos quais eu ainda estava segurando, para o encarar, — você sai da frente da p***a do carro dela!
Joguei todas as sacolas que eu tinha no banco de trás depois de largar George ali, apenas para entrar dentro do meu carro enquanto bufava.
Eu já havia dado um t**a na cara dele no meio de um restaurante, acho que apenas um puxão de cabelo… não iria me render algo tão grande assim, e mesmo se me rendesse… naquele momento eu não me importava.
Eu queria a minha casa.
Eu queria o meu quarto.
Eu queria a minha cama.
Eu queria… céus.
Quando me diziam que dinheiro não comprava tudo o que você queria, eu achava que isso era uma piada, porém… agora eu via que paz, não era uma das coisas que ele poderia comprar, muito menos, a minha paz.
Dirigi para casa de imediato, desmarcando todos os compromissos que eu tinha naquele fim de semana, para enfim… entrar pela porta da mansão LeBlanc.
— Filha, você chegou cedo-... — minha mãe veio em minha direção junto de um sorriso, que se desfez assim que viu a minha expressão, — oh querida… o que aconteceu? Nem parece que foi fazer compras…
Taquei todas as sacolas no sofá, apenas para me jogar no mesmo, derrotada pela vida.
— Eu tô cansada. — Foi tudo o que eu consegui dizer, — tantas pessoas pra eu me relacionar no mundo, mas não… eu tinha que ter escolhido um que é um maníaco que não me deixa em paz…
— George foi atrás de você de novo? — Minha mãe perguntou, parecendo que queria arrancar a cabeça de um, ou melhor, a cabeça do meu ex-noivo.
— George fez o que? — Ouvi meu pai dizer, assim que veio ao nosso encontro, junto de Alexis, — por que ele fez isso?
— Obsessão, eu suponho. — Alexis respondeu, junto de um suspiro cansado, — desse jeito, eu vou ter medo de te deixar sair sozinha dessa forma.
— Eu consegui lidar com ele, está tudo bem… — claramente menti, um ar exausto tomando conta de mim.
— Claramente não está, — Alexis se ajoelhou em minha frente, segurando as minhas mãos entre as suas, — Collins está indo longe demais, e como o seu namorado de mentira, eu quero tentar ajudar.
Aquilo fez o meu coração errar uma batida.
Ele tinha acabado de dizer o que?