04 - Lobo Vestido de Cordeiro

1134 Words
Olhei em seus olhos, não acreditando no que eu tinha acabado de ouvir. Tudo estava uma confusão. O caso era ainda mais complexo do que parecia ser. Além do mais, não era com um simples acusado que os policiais estavam lidando, mas sim, com um lobo vestido de cordeiro. Fiquei em choque nos primeiros segundos. Não consegui dizer nem A e nem B. E isso não foi por saber que Sra. Cooper usava uma máscara, mas por minhas suspeitas estarem certas e talvez... Eu ser a próxima vítima. Tensa, inesperadamente me virei para a saída do quarto, mas Christian me impede segurando em meu braço. ― Você não faz a mínima ideia do que está acontecendo, Policial. ― Repreendeu-me. Sem saber o que fazer, como agir ou ao menos saber o que dizer, eu apertei os meus olhos e tentei soltar a sua mão de meu braço. ― Antes que vá... ― Retira do bolso um papel, no qual no verso havia vários números. ― Leve isso. ― Entrega-me. ― Talvez te dê as respostas que tanto quer. Quase hesito em pegar o pedaço de papel, mas logo tomo a decisão e me solto de Christian, indo apressadamente para a saída do quarto. Quando me falavam que o caso de Christian Cooper era perigoso, eu acreditava que era porque todos o temiam. Mas, agora, tenho certeza de que não só eu estava errada, durante todo esse tempo, mas todos que se deixaram levar por essas palavras. A verdadeira vítima, esse tempo todo, sempre fora Christian Cooper. Acabo por me chocar contra o corpo de alguém assim que adentro ao corredor. ― Você está aí. Direcionei o meu olhar até a face da pessoa, a reconhecendo logo em seguida. Era Matt. ― Eu estava te procurando há um tempão. ― Disse. ― Onde estava? Se ele soubesse o que eu descobri... Talvez ele enlouquecesse. Saio de seus braços. ― É... ― afasto-me dele, um pouco atordoada, buscando por uma breve explicação. ― Eu disse que visitaria o Sr. Cooper. E você? O que está fazendo aqui? ― Investigando. Eu andei analisando os registros dos policiais que sumiram. E pelo que descobri... ― Retirou um pedaço de papel do bolso. ― Todos sumiram logo após frequentarem a antiga casa do Sr. Cooper em... San Diego. ― Olhou apreensivo para o papel. ― Isso é um pouco estranho, já que... A casa foi vendida logo após o Sr. Cooper se mudar novamente com uma nova esposa para Los Angeles. ― Guarda o papel. ― Isso está um pouco confuso, não? Se a casa já não fazia mais parte da família Cooper... ― Matt estreita os olhos, pensativo. ― Por que os policiais que estavam perto de concluírem o caso foram até lá? E o mais curioso é que... Quase todos fizeram o mesmo trajeto. Como se fosse uma sequência. Uma sequência. Deslizo o meu olhar até minhas mãos, observando superficialmente o papel que Christian havia me entregado. O desamassei e analisei os diversos números. 13.9.3.8.1.5.12-19.21.12.12.9.22.1.14. Será que aqueles números se interligavam com o que Matt havia dito? ― O que tem aí? ― apontou para o papel em minhas mãos. ― O que mais você descobriu? ― permaneci com o meu olhar voltado para o papel, ignorando a sua pergunta. ― Além do que eu falei... ― balançou a cabeça, negando. ― Sra. Cooper é a culpada. ― Respondi sem hesitar. ― O que? ― olhou-me surpreso. ― Como...? ― pressionando ligeiramente o seu lábio inferior, Matt desliza a sua mão ao meu braço. ― Temos que conversar em outro lugar. ― Diz ele, começando a me puxar a caminho da saída do corredor e logo depois saindo do hospital. (...) ― Como descobriu? Matt perguntou assim que entramos no estacionamento do local. ― Como assim: como descobri? ― o olhei confusa. ― Você sabe de alguma coisa? ― franzi o cenho, desconfiada. ― Apenas me diga como você descobriu. Ainda confusa, decido contar para ele o que havia acontecido. ― Por acaso, eu ouvi uma conversa da Sra. Cooper com o Christian. Eu não sei se você ou os outros policiais perceberam, mas Christian possui marcas de ferimentos em seus pulsos. E não são quaisquer marcas. São marcas feitas à força. Pode-se perceber pelas linhas rápidas e suaves, feitas apenas para amedrontar a vítima. E se fossem feitas por Christian, ele as teria feito para tirar a própria vida. ― Fecho os meus olhos, suspirando. ― Ela o ameaça. E quando ele faz algo que a desagrada, como... Contar a verdade aos policiais, apesar de que não acreditem nele... Ela se vinga. Matt suspirou. Ele parecia tenso. ― Nunca duvidei que você fosse esperta, Jade. Por isso que eu temia que você se envolvesse nesse caso. ― Passa as mãos por entre os seus cabelos castanhos. ― Por que você tinha que ser tão curiosa, huh? ― olhou-me incrédulo. O observei, desentendida. A sua reação estava totalmente em desacordo. ― Você sabe o que acontece quando alguém descobre a verdade, não é? ― umedece os lábios, ainda mais tenso. ― Eu fiz de tudo para que ninguém, além de mim, soubesse disso. ― O que? ― digo embasbacada, observando-o incrédula. ― Você sabia disso desde o começo? Por que não contou? Matt! Por que não contou? ― Para eu ser o próximo da lista de policiais mortos? ― franziu o cenho. ― Você não entende. Não é apenas Kimberly que sabe como brincar de gato e rato. Há mais pessoas envolvidas nisso. Por toda a parte. E dessa forma... Fica complicado saber em quem realmente devemos confiar. Por isso, eu não contei. ― O meu pai sabe disso? ― Quando eu falei que era fácil conquistar a amizade de policiais com café e rosquinha... Eu não estava brincando. ― Matt olha vasto pelo estacionamento. ― Ela está conquistando a todos com os seus falsos paparicos. E a única forma de conseguir prendê-la é... Matt é interrompido pela chegada do Policial Reyes. ― O’Connell! Finalmente te encontrei. ― Sorriu. ― Srta. Chapelle. ― Cumprimenta-me. ― O delegado está precisando de você na delegacia. ― Diz para Matt, centralizando o seu olhar nele. ― Eu já estou indo. ― Matt responde e se vira para mim, tornando o tom de sua voz um pouco mais baixo. ― Esse é o motivo de eu temer que você se aprofunde nesse caso. Eu não quero a perder. ― Diz quase em um sussurro. ― Você pode até não sentir mais nada por mim, Jade. Nosso romance pode ter acabado, mas... Eu ainda a amo. E não quero que nada de r**m aconteça com você. ― Espremeu os seus lábios em um pequeno sorriso. ― Dirija com cuidado. ― Conclui e em seguida segue caminho junto ao Policial Reyes. 
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