Cap 3

2016 Words
Um dia depois daquele sonho na cahoeira, chegaram cinco carros na fazenda, como a casa era imensa, tipo um casarão daqueles bem antigos, a Lívia quis aproveitar todo o espaço, não necessariamente só com a gente lógico, aquela ali sempre pensa em todo mundo, as vezes até se anulando para poder agradar os outros Por isso, antes de ela ter me dito que queria a família toda reunida na nossa lua de mel, porque no caso, isso é coisa de casal né mermão, mesmo minhas crias sendo meu coração fora do peito, eu aceitei sem titubear que a tia Laura e a dona Catharina ficassem com eles durante a nossa estadia fora, mas ganhei coisa de dois dias, melhor que nada né mermão, eu aproveiti com gosto Por isso, chamei todo mundo para vir pra esse lugar que parecia ter ganhado uma ateção especial na mente de Deus, e olha que o Rio é a cidade maravilhosa né, coisa mais que filé Com o Bill e a Larissa, era quase uma obrigação, além dele ser da família, ainda tirei ele do meio da lua de mel dele por causa da invasão no morro. O Sapão com a Natalha, que entraram para a família também, mais minha sogra e a tia Laura para ajudar com as crianças, afinal, mermo com eles lá, ainda era nossa lua de mel né? E assim, naquela hora do final de tarde, os carros vieram chegando carregando nossa tropa toda. Detalhe, gerente só tinha ficado lá no morro pra tomar conta do movimento porque fiz questão da presença do Sapão no nosso meio, p***a, o cara tinha saído de um dos meus melhores amigos, junto com o Bill, para meu cunhado né, eu não podia deixar o n**o de fora Mas na confiança não tinha igual, depois do Bill, era ele e ninguém mais, só deixei aquele menor lá como gerente porque foi o Sapão mermo que me deu os paranauê e ele sabia das coisas Assim que as crianças desceram do carro, foram correndo abraçar a Livia, eu não sabia se ficava com ciúmes ou orgulhoso. Depois, logo Miguel desceu do colo dela e veio segurar minha mão, me mostrando o pavão que tava no telhado enorme com as penas abertas, todo inflado com a pavão fêmea, parecia uma dança e ele lá, todo encantado. A Lívia nunca gostou desse negócio de só deixar as criancas assistindo tv e brincando sozinhas, ela realmente ficava com eles e ensinava para eles todo o tipo de coisa, inclusive sobre bichos. Então eles ficaram mermo encantados com todos os pássaros que a Livia tinha mostrado no celular e na tv ali ao vivo, era tucano, arara, papagaio, pavão, seriema, maritaca, cada casal passava correndo pelos ares e gritando seus barulhos chamando atençao de quem estivesse perto. Fora que, imagina a graça, a mina mostrava tudo fazendo relação com um tal de Dora, a aventureira e eu não fazia a mínima ideia do que ela tava falando. Até dizer os nomes em inglês eles tavam conseguindo e aí sim eu fiquei bem abobalhado, a minha morena tava se dedicando no total, como uma mãe mermo, pra umas crianças que nem eram dela de verdade, no caso, veio inclusas no pacote Mas também, agora não dava mais pra voltar atrás, a gente ia ficar como carrapatos pro resto da vida, eu, minhas crias, e o meu time de futebol que, com certeza, ia vir da barriga da Lívia O Bill e o Sapão já tavam organizando o churrasco, a Larissa tinha dito pro Bill que tinha visto no globo rural que o churrasco de panceta e queijo coalho era maravilhoso e ela queria que ele fizesse lá, em Minas gereis, na primeira viagem deles. Já a Natalha tava mais que animada pra se fazer de master chef. A mina tinha visto uma a Ana Maria Braga, aquela do Mais Você fazendo comida mineira e tava lá já fazendo lista pra poder preparar tutu, frango com quiabo, mesmo ela não gostando de quiabo, só que como a Ana Maria Braga jurou na tela da televisão que todo mundo que comesse a receita, ia cair de amores, então ela fez, fazendo careta, mas fez. Fora um monte de comida pra um batalhão né mermão, a minha cozinhou leitão a pururuca, vaca atolada, feijão tropeiro mais o carai a quatro que nem sei o nome, já tava me imaginando me acabando na academia pra perder as gordurinhas que essa maldita tava fazendo ali sem dó e nem piedade. A mina ganhou o Sapão pelo estômago rapá, certeza O pão de queijo, esse não podia faltar né, a gente tava em Minas Gerais p***a, a minha sogra, dona Catharina ia até fazer, mas no mercado achamos um frango recehado, parecia até uma p******a esturricada, um negócio estranho pra p***a, mas que parecia super gostoso O clima era bom, os rapazes que cuidavam dos bichos eram super legais, fumavam paeiro, tocavam viola. Teve um que foi pegar uma coberta no carro para tia Laura e topou com as nossas armas no porta malas. Pensa muléque, o cara levou o susto da vida, na verdade, da morte, porque quase bateu as cachuleta, voltou mais branco que fantasma, pedindo desculpas do jeito dele mineiro de falar e achando que tinha sido um recado pra ele. Até a dona Catharina conseguir acalmar o rapaz e explicar que tudo aquilo era só para nossa proteção e ele voltar a si, demorou um pouco. Lógico que a gente não perdeu essa, a gente não presta, gargalhamos na cara do homem mermo Ah, eu me esqueci de falar, na frente da casa, tem um lago aonde os patos e os gansos ficavam, uns eram pretos e outros, verde escuro, tem dele na Lagora Rodrigo de Freitas, mas lógico que isso veio da boca da minha morena né, porque eu mermo, não fazia ideia. As crianças tavam se divertindo demais e eu coração só faltava pular pra fora do peito vendo toda aquela alegria. Antes de eu ter as minhas crias, eu escutava das pessoas que a felicidade dos filhos, também era a felicidade dos pais, mas achava isso impossível, como que um pode sentir o sentimento do outro, mas descobri que pode acontecer sim. A cada gargalhada gostosa que meus bacuris davam, meu coração chegava a pulsar mais forte Agora, imagina um barranco, daqueles pequenos, tipo umas dunas sabe, então, tinha uma parte dessas no terreno da casa do lago. Os meninos colocaram o Miguel dentro de uma sacola do mercado para descer escorregando, não demorou muito, tavam todos nós escorregando, a Lívia deitada na grama com a Debby, usando um papelão para descer mais sussa, e toda agarrada nela, lógico, a menina ainda é muito pequenininha para entrar nessa brincadeira. Eu consegui esquecer do morro por uns instantes, ali, a minha família era mais importante e eu queria que eles sentissem isso. Os dias foram passando, e o demônio veio atiçar de novo, no caso, a Nataha. A mina empanturrou a gente de tudo e qualquer jeito e depois, veio dizendo que não dava pra ficar dentro de casa só comendo e comendo, que isso fazia m*l e ela que trabalhava na área da saúde, sabia muito bem. Mas é um carai mermo, educa a gente direitinho no bem bom e depois tira sem dó e nem piedade, eu lá tenho culpa que a lombriga dela é tão eficiente assim que digere até reboco da parede na merma velocidade que come Porra, a gente teve até que fazer trilha pra ver o pôr do sol, tudo por conta da mandada bipolar come não come Mas eu tive que admitir, eu fui na onda daquele sorriso maroto e do dengo que a lívia fazia questão de me dar em cada pratada que me oferecia, com o toque especial do fogão à lenha Nessa trilha a vaca correu atrás da gente, fomos picados por todas as muriçocas do univero e eu, com certeza, perdi uns cinco quilos, uns três na correria de fugir da chifrada e mais uns dois com a doação de sangue grátis A corrida durou até o topo do monte para assistir o amanhecer e a gente chegou lá mais rápido do que imaginava, mas não porque a gente tava com pressa, mas por conta da p***a da vaca louca que perdeu seu tempo fazendo a bagaça da trilha com a gente Aquela ali era parente da Natalha e sabe por quê? Depois que acabamos de ver o sol nascer, fomos lá tentar tirar o leite da vaca maldita e ela estava lá, no curral, mansinha de novo, vai entender essa vaca. A gente tava vivendo muitas histórias ali, e o sorriso da Lívia e das minhas crianças valia qualquer risco. Mas estava chegando a hora de irmos pra casa, eu já tava ficando com saudade do morro, mas com dor no coração de deixar todo aquele lugar. O menor que deixamos no comando do morro já tava perdido com o baile que ia acontecer no proximo final de semana, pra comemorar a nossa volta e a p**a laçada do dono do morro, por isso, a gente precisava voltar pro comando, fora que dono de morro longe do território é motivo de investida de cuzão né, e eu não queria que a Lívia experimentasse essa experiência no real Foi o maior esquema pra gente poder pegar a estrada sem os olhos dos samango em cima de nós. O Peçanha. que acabou virando nosso amigo, ficou na atividade também e me informava que a barratava limpa, meu nome estava limpo na policia e eu garanti uns esquemas de limpeza pra todo mundo que tava ali com a gente, no caso, os meninos né Mesmo assim, a gente escolheu não correr o risco de sermos pegos juntos, então, as crianças foram primeiro com tia Laura e a Catharina, ela mesmo dirigiu o SUV blindado com a tia Laura sentada no banco do carona e as crianças atrás na cadeira. Quem iria parar duas avós com seus netos não é mesmo? Depois Bill e Larissa desceram pela Serra da Mantiqueira com o sedan dele blindado. E depois, foi a vez do Sapão e da Natalha, eles foram por São Lourenço com o carro deles que eu tinha mandado blindar - não podia correr o risco da Lívia perder o irmão agora que ela descobriu que tem um Foi um pra cada lado, e todo mundo que ficou ali com a gente, os empregados, ficou bem consufo do motivo da separação toda. Já bastava a coisa dos canos que o cara lá viu, agora era a diferença de carro, dava mermo pra ver na cara deles a confusão, chegava a ser engraçado No meu carro só tava eu e a Lívia, eu queria curtir o máximo de tempo possível ali, com a minha morena, sozinho, enm que fosse no caminho da viagem. Eu sabia que assim que chegasse no morro a responsabilidade ia me chamar e eu ia ter que ficar contando o meu tempo, algumas vezes, com a minha n**a, por isso fui sem pressa Aquela sensação de sair do nosso paraiso particular e dias tão bons é r**m, mas chegar em casa em segurança e encontrar “seu reino” em paz, não tem coisa melhor. E no instante que chegamos em casa, a Lívia já entrou no modo "mãe atividade", arrumando as coisas no lugar, colocando as crianças para tomar banho e dormir e depois, olhar a mochila do Miguel para ver se tava tudo certo pro dia seguinte Aquela mulher não existe... e sabe o que é melhor de tudo? A mulher que não existe era todinha minha "É... voltamos para a nossa realidade, voltamos para casa!" Foi isso que eu pensei na hora que abracei minha mulher e senti o cansaço da estrada e de toda aquela correria de casa alcançar ela com gosto, então a peguei no colo, ali mesmo, no corredor entre os quartos, e a levei para um banho de banheira, só para relembrar como era nós dois na nossa cama
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