✔ 13. Começando a falar

875 Words
✔ 13. Começando a falar: Quando tomou a decisão de procurar Benjamin, Giancarlo estava totalmente consciente das consequências do seu ato. Medo das consequências, não sentia. Muitos o chamavam de covarde, sim, ele era, não negava. Sempre se sentiu como um. Quando começou a perceber que sentia atração por homens, duelou contra si mesmo. Uma batalha perdida. Não desejava ser assim. Sofreu. O seu primeiro sofrimento se aceitar como era. Algo que nunca aconteceu na prática. Negou o quanto pode. Com o tempo passou a usar uma máscara, na aparência e gestos um homem bonito, elegante, gentil. Muitas mulheres o desejavam, o queriam como namorado, marido. O viam como um príncipe. Bom, ele desejava o mesmo que essas mulheres. Alguns homens que são homossexual, dizem reconhecer outro sem muita dificuldade, mesmo que este ainda não tenha se assumido. Ou talvez nem saibam que são. Foi assim que Giancarlo teve o seu primeiro contato com um homem, antes se forçava a ter namoradas. Um dos seguranças da sua família o mostrou o seu "eu". O eu que o confundia. Mesmo sabendo quem era, optou por se esconder. Covardia? Pode se dizer que sim. Enfrentar a família, os amigos, os conhecidos, lidar com as fofocas, com a exclusão, com o preconceito. Muitos obstáculos para um homem que lutava para esconder quem era. Culpa de quem? Talvez de uma sociedade que impôs um padrão. Uma sociedade em que muitas pessoas não são exemplo para nada, mas se julgam Deuses. Algumas pode-se se dizer que possuem uma procuração de Deus, para falar por Ele. Tudo seria tão mais fácil se cada pessoa se preocupasse em cuidar da própria vida, deixando a do outro em paz. Se não me afeta, não me diz respeito, não me envolvo. Posso não concordar, mas respeito, as consequências serão do outra pessoa, não minha. Tudo seria teoricamente mais fácil se fosse assim. Como não é, muitos vivem uma vida dupla, a que todos conhecem e a oculta. Quantas mulheres não estão com um companheiro do lado, um homem que esconde possuir o mesmo gosto que ela? Difícil saber, mas com certeza são muitas! Benjamin preparou tudo, mesmo com receio de ser uma tentativa de ludibriar a polícia. _ Tudo pronto. A imaginação de Samuel fervilhava tentando imaginar o que Giancarlo poderia ter para falar. Se Benjamin não fosse tão ranzinza, teria o ajudado a preparar os esquipamentos. A câmera ajustada em um pequeno tripé de mesa foi ligada. _ Posso começar? _ Sim. Só preciso que antes de começar a falar o que deseja, fale que veio aqui por livre espontânea vontade. Assim fez. Explicou estar ali porque quis, que ninguém estava o obrigando e coagindo. Começou. _ Há alguns dias discuti com Fabrizio, Fúlvio e Germano. Não revelou sobre estar em uma reunião da Fratelli, uma organização especializada em lavagem de dinheiro. _ Neste dia ficou acertado o meu divórcio com Fiorella. Ela não estava no país, Fabrizio a deixou em Galati. Um dos amigos dele o apresentou ao rei do país... Nós não nos casamos no religioso, apesar de ter sido um casamento com uma grande festa. Uma festa que foi realizada para impressionar os eleitores, um príncipe se casando com uma princesa, como nos filmes. Patético! Mas o povo gosta da encenação. Eram muitos detalhes desnecessários para Benjamin, que logo perguntou o que desejava saber: _ As imagens que estão circulando de Fiorella com marcas de agressões, são verdadeiras? Mesmo sabendo que sim, fez a pergunta. _ Sim. As imagens são verdadeiras. Confirmou. Sua voz não mostrava arrependimento. _ Por que a agrediu? Benjamin fez a segunda pergunta. Ele assumiu as agressões, agora poderia explicar suas motivações. _ Para responder é preciso fazer uma volta no tempo. _ Como assim? _ Minhas atitudes são reflexo do meu passado, dos meus sentimentos. Respirou fundo, passou as mão no rosto, sentindo a barba que começava a crescer. Não era fácil falar sobre ele. Revelar o que tanto tentou esconder. _ Quando entrei na adolescência, comecei a perceber que sentia coisas estranhas. Não entendia porque sentia aquilo. Sempre me repreendi, lutei comigo mesmo. Uma luta inútil. Perdia todos os dias, até que um dia um dos seguranças da casa dos meus pais que era, viu o que eu lutava para esconder. O que negava com todas as minhas forças. Sem medo de perder o emprego, aproveitou uma oportunidade em que estava sozinho e me chamou para conversar. Me fez entender muitas coisas. Falou sobre o meu sofrimento. Disse que se via em mim. Ele nunca se assumiu, mas aceitou que ele era daquele jeito, não podia mudar. Aceitou-se. Vivia bem daquela forma, mesmo que ninguém soubesse o que escondia em seu íntimo. Benjamin sabia a que se referia, Fiorella o contou quando esteve na delegacia. Samuel, mesmo com todos os rodeios e floreios conseguiu entender. Duvidou estar certo em sua conclusão. Não fazia sentido. Ou Faria? Para saber se estava certo em sua interpretação, perguntou: _ O que o segurança aceitou? ... Este capítulo também será publicado em, "Uma pequena Flor no Jardim de Fabrizio", será o capítulo oitenta e três da história. O capítulo é repetido para as histórias poderem ser lidas de forma independente, sem prejuízo da leitura. ... ...
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