✔ 31. O pedido

1420 Words
✔ 31. O pedido: ✔ 31.1. Conversando: Aurélia, nunca falou sobre como se sente com a repreensão da mãe, em alguns momentos tentou mostrar a mãe que não gostava das roupas que era obrigada a usar, falava sobre o seu desejo de ser independente, de poder trabalhar, ter o seu próprio dinheiro, poder comprar coisas para si, sem precisar pedir ao pai ou a um futuro marido. Ela vivia presa, presa nas grades que a mãe criou ao seu arredor. Criada para obedecer, ser o que esperavam que ela fosse, sempre aceitando o que era imposto e ordenado que fizesse. Sua maior resistência foi quando desejou estudar e com relação ao casamento com Saulo. _ E você, Aurélia? O que você tem de diferente dos seus irmãos? Uma pergunta de fácil resposta ao mesmo tempo que era uma pergunta de difícil resposta. _ Como eles, desejo sair de casa, que minha mãe pare de controlar a minha vida, mas diferente deles, sou fraca, não consigo impor as minhas vontades. _ Por que não consegue se impor? Quais são as suas vontades? Era muito difícil para ela, nunca ninguém a escutou, a não ser o padre. Ter alguém perguntando o porquê aceitava as imposições que lhe eram feitas calada, o porquê de nunca impor a suas vontades era uma novidade. Nenhuma outra pessoa se importou com ela como Benjamin, mesmo que fosse por ser delegado e sentir a obrigação de a proteger. _ Não precisa responder se não quiser, não quero que se sinta pressionada. _ A minha família é religiosa e conservadora, aprendi cedo que um filho não deve responder pai e mãe, que eles sempre sabem o que é melhor para os filhos, que tudo o que fazem é para o nosso bem. Essas coisas. Benjamin assentiu. _ A minha mãe sofreu muito quando ficou grávida de mim, foi uma gravidez de risco, poderia ter morrido. Sempre que tentei ou tento falar ela diz que sou ingrata, que quase morreu por minha causa, que uma mãe sofre por um filho... _ Mas não morreu. Ele foi um pouco bruto na resposta, tinha conhecimento, mas a revolta por começar a entender o que acontecia o fez falar sem pensar. _ Sim. É complicado, ela correu risco e sempre fica a repetir sobre, acabo por me sentir culpada... Ele a interrompeu, não achava justo ela sentir-se culpada, Luíza era uma péssima mãe, se antes já não gostava da mulher, agora gostava menos ainda. _ Aurélia, a sua mãe não foi a primeira mulher a ter uma gravidez de risco, também não será a última, não vejo razão, muito menos sentido essa atitude em fazer com que você se sinta culpada. Muitas mulheres morrem no parto, é triste, muito triste, porém muitas pedem para escolher a vida da criança se for preciso escolher entre um e outro. Existem mães que que dão a vida pelos filhos. Sua mãe está fora desse padrão. Vejo como se ela usasse do risco que correu para manipular você, sinceramente lamento que consiga. _ Não é fácil se rebelar quando se cresce repriminda, fui moldada para ser assim. Desejava ser normal, ter uma vida normal... Suspirou lamentando. _ Você pode se rebelar, é maior de idade, sabe o que quer, sua mãe não poderá a impedir. Aurélia apertava uma mão na outra. _ Não sei como fazer. Suspirou. Benjamin continuava atento a ela, sentindo uma forte vontade de a abraçar. _ Nunca tive amigas para conversar, desabafar, para me incentivar, para fazer coisas normais de adolescentes. Na escola sempre fui motivos de deboche, piadas. _ Por que era motivo de piada? Ele imaginava, mas queria a ouvir. _ Por minhas roupas de velha. Ela olhou para o vestido que estava usando, segurou o tecido. _ Odeio essas roupas, minha mãe é quem as faz. Nunca pude vestir uma calça, nunca pude escolher o que vestir. Seus olhos brilhavam pelas lágrimas que ameaçam cair. _ Se não gosta das suas roupas é fácil, compre as que deseja. _ Não posso, não tenho dinheiro. Abaixou a cabeça. Aurélia contou a ele que não permitiam que ela trabalhasse, que nunca teve liberdade, sempre foi o que desejavam o que ela fosse. Contou também sobre o casamento que a mãe estava arranjando para ela. _ Não deseja se casar? _ Não é isso, não desejo casar com um homem por quem não sinto nada. _ Mas você aceitou namorar com o homem escolhido por sua mãe? _ Não. Acredito que Saulo também não deseja se casar comigo, melhor dizendo, imagino que nenhum homem irá querer se casar comigo. _ Por que pensa que nenhum homem irá querer se casar com você? Ele tinha incorporado o delegado, estava fazendo um verdadeiro interrogatório a Aurélia. _ Qual homem irá reparar em uma mulher como eu? Sou sem graça, as roupas que uso são horríveis... Benjamin, sentiu uma sensação estranha ao ouvi-la se desvalorizando, a achava linda mesmo usando aquelas roupas horrendas. Um homem que não conseguisse enxergar a beleza de Aurélia, no mínimo fazia esforço para gostar de mulher ou era cego. _ Aurélia, qualquer homem é capaz de ver a sua beleza, somente os cegos não podem ver o quanto é linda. Ela sentiu sua bochechas esquentarem, com certeza estava vermelha. _ Sua mãe tenta esconder sua beleza a fazendo usar estes vestidos horríveis... Fez uma careta e não mediu o impacto das suas próximas palavras. _ Garanto a você que não consegue, muitos homens com certeza a imagem sem esses vestidos horríveis. Aurélia imediatamente arregalou os olhos, sua boca fez um O, o que Benjamin falou a fez pensar que ele era um dos homens a quem ele se referia. Benjamin ao perceber o que falou ficou sem graça, sua sinceridade o colocava em situações delicadas e constrangedoras. O melhor que podia fazer era encerrar aquela conversa, para não causar mais embaraço, não tentou se explicar ou fez um pedido de desculpas, disse apenas que iria tomar um banho antes do jantar. Saiu da sala deixando uma Aurélia corada e atordoada com o que acabará de ouvir. Benjamin se sentiu um e******o, precisava aprender a controlar sua boca, algo difícil, aprendeu com a avó a ser sincero. ✔ 31.2. O pedido: Após o jantar ele foi analisar o caso do tráfico de mulheres, estavam finalizando um plano para chegar ao responsável por as aprisionar. Aurélia, ainda estava constrangida com o que Benjamin falou, enquanto ele lia no laptop, ela lia um romance. Em determinado momento Benjamin a olhou percebendo que leitura deveria estar muito interessante, ficou curioso para saber o que ela estava lendo. Aurélia estava concentrada, não piscava, sua respiração um pouco acelerada, olhos colados na página do livro. A curiosidade fez com que Benjamin, levantasse de forma sorrateira, caminhando sem fazer barulho, parando propositadamente atrás da poltrona em que ela estava. A concentração de Aurélia era tanta, que não percebeu que seu protetor estava lendo junto com ela aquela página. _ Interessante! Ao ouvir a voz de Benjamin atrás dela, Aurélia se assustou. _ O que... Levou uma das mãos ao coração, que batia descompassado com o susto que levou. _ O que é interessante? Perguntou. _ "O contato dos seus lábios nos meus..." Ele leu um trecho do capítulo que ela estava lendo. _ É interessante, sim. Concordou com ele, porém não estava preparada para lidar com lado sincero e devasso de Benjamin. _ Mas interessante que ler é fazer. Os dois tentavam negar que sentiam atração, fingiam nada acontecer. Ela ficou sem saber o que responder a ele. _ Não acha? _ Não sei, mas imagino que sim. _ Como assim imagina? Nunca beijou na boca? Ela estava morrendo de vergonha. _ Nunca. Respondeu tímida, envergonhada, deixando Benjamin surpreso. _ Tenho curiosidade, mas nunca tive oportunidade de beijar. Enquanto, ela falava Benjamin processava a informação. "Se nunca beijou, significa que também é virgem". _ Oportunidade podem ser criadas, Aurélia. A curiosidade a fez perguntar. _ Beijar é bom? _ Muito. Se a pessoa souber, se o beijo encaixar. Ela ficou triste, suspirando. _ Eu não sei beijar. Sussurrou, envergonhada. _ Ninguém nasce sabendo, mas seguimos instintos, é natural. Em um rompante de coragem ela pediu. _ Me ensina. _ Ensinar? Ficou um pouco confuso, pensou estar entendendo errado. _ Sim, quero que me ensine a beijar. De forma inocente ela fez o pedido. ____ /// ___ /// ___ /// ___ /// ____ A conversa entre eles mexeria com as emoções, sentimentos e desejos de Benjamin e Aurélia.
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