✔ 40. Enfeitiçado

1663 Words
✔40. Enfeitiçado: ✔ 40.1. Surpreso ao vê-la: Antes de ir ao quarto de Benjamin, Julieta esteve com Pedro, para saber sobre o passeio deles pela fazenda e pedir a ele um vestido de Teresa. Pedro não conseguiu doar todas as peças, escolheu algumas para guardar de recordação da esposa. _ Preciso de um vestido de Teresa, Pedro, não posso permitir que aquela menina saía dessa casa com uma das roupas que trouxe. São uma agressão aos olhos. Os vestidos que estavam guardados há dezessete anos, eram infinitamente melhores que os que Aurélia usava. Teresa sempre gostou de usar vestidos longo e com tecidos leves esvoaçantes. Ele escolheu um que a esposa não chegou a usar, um vestido longo, azul claro, com decote discreto. Aurélia bem que tentou recusar, não conseguindo, Julieta a convenceu. Quando se olhou no espelho, gostou do que viu, estava diferente. Era a primeira vez em que sentia gosto em ver sua imagem refletida em um espelho. Se sentiu bonita pela primeira vez na vida. _ Não irá prender os cabelos. Decretou Julieta. _ Por quê? Estão enormes, é difícil sair com eles soltos. A senhora era esperta, capaz de usar as adversidades a seu favor. _ Nada que uma boa tesoura não resolva, mas a questão é outra. Você precisa parecer diferente, as roupas ajudam, mas se mudar o cabelo será melhor. Todos estão acostumados a verem com vestidos… Não sei como classificá-los. Você entende. Assentiu que sim. _ Você está acostumada a usar trança. _ É prático. _ Sim, mas quem a deseja matar, está acostumado a ver sempre assim… Julieta convenceu Aurélia a deixar os cabelos soltos, como se fosse um disfarce. Também a convenceu a aparar os fios. Pedro foi o primeiro a ver, ficou feliz ao vê-la, o vestido ficou perfeito, parecia ter sido feito para ela. A presenteou com o vestido, se Teresa estivesse com eles faria o mesmo. Aurélia merecia, mesmo com a situação que envolvia sua chegada a fazenda, ela era a responsável por trazer o seu filho. Benjamin, que esperava próximo à camionete, engoliu em seco quando Aurélia surgiu em seu campo de visão. Não estava preparado para ver a linda mulher que surgir na varanda. Assim como o pai, ficou surpreso. Aurélia estava linda, deslumbrante! Vestida como uma fada, caminhando a passos lentos em sua direção, o enfeitiçando. Os longos cabelos soltos ao vento, o fazendo lembrar da história da Rapunzel. Diferente da Rapunzel que viveu presa em uma torre, Aurélia vivia presa em sua própria casa, presa na loucura da sua mãe. Poderia facilmente se perder no meio dos longos fios, até mesmo se deixar ser amarrado por eles. O vento que levava os seus cabelos, era o mesmo que levava o seu cheiro até ele, o deixando inebriado. _ Estou pronta, Benjamin. Informou a ele estar pronta, com a voz melodiosa como o canto de uma sereia, o encantando. O olhar sereno o hipnotizando. Fada, Rapunzel, Sereia, ele balançou a cabeça de um lado para o outro para afastar os pensamentos confusos. Aurélia era real, muito real, apesar de no momento ele achar que ela estava mais para uma feiticeira o enfeitiçando com seus encantos. Desejou fazer um elogio, não soube como. Se a desejava antes, passou a desejar ainda mais. A ver vestida de uma que realçava a sua beleza, foi como um combustível alimentando o fogo do seu desejo. Ela era exatamente como imaginava, linda, perfeita. O cabelo solto emoldurava o seu rosto, o vestido mostrava que o corpo antes escondido por vestidos de tecidos grosseiros possuía belas curvas. Estava perdido. Completamente enfeitiçado. Como quebrar o encanto? Como resistir a tentação? O famoso delegado Benjamin Baumann, estava vivendo dias difíceis, sendo torturado sem o uso de uma única arma que o pudesse ferir. Preso, torturado, chicoteado pelo desejo que o corroía. Ele já não era o mesmo desde o dia que conheceu Aurélia Castro. Tudo tendia piorar após as compras, quando a verdadeira Aurélia, que estava escondida, pudesse se mostrar. _ Podemos ir. Julieta, que acompanhava Aurélia, parou ao lado do neto. _ Benjamin, você está bem grandinho para ficar babando. Caçoou o neto. _ Vó, não começa. _ Você é um chato Benjamin, mas não se preocupe, sua amada vovó aqui, irá ajudar você, mesmo sendo um neto ingrato. Sussurrou para Aurélia não a ouvir. _ Vó, a senhora… Também falou baixo, mas foi interrompido. _ Sem essa de vó, já disse, irei ajudá-lo, você querendo ou não. Ele revirou os olhos, ganhando um beliscão no braço. _ Não revira os olhos para a sua avó, seu m*l-educado, não foi essa a educação que dei a você. Brava com o neto, deu a volta na camionete e sentou-se no banco de trás, atrás de Aurélia, já acomodada no banco da frente. Benjamin respirou fundo antes de entrar e tomar o seu lugar na direção. Sua tarde seria longa. ... /// ... /// ... /// ... ✔ 40.2. Uma tarde de compras: O constrangimento fez com que Aurélia fizesse todo o percurso quieta, enquanto Julieta estava alegre, sorridente. No estacionamento do shopping, por perceber o incômodo de Aurélia, notando que ela sentia vergonha por estar naquela situação, Benjamin, resolveu que era melhor tentar a tranquilizar. _ Aurélia, sei que você não está confortável, que sente vergonha. _ Estou dando trabalho. Julieta ficou quieta como se não estivesse na camionete com eles, o neto precisava conduzir aquela situação, somente se fosse preciso interferiria. _ Não Aurélia, não está dando trabalho. Desde que comecei a trabalhar como delegado não sei o que é tirar uns dias de descanso, há anos não vinha a Vale dos Lírios. Sei que está desconfortável, mas quero que saiba que fico feliz em poder proporcionar a você uma mudança de visual que sei que deseja. Para mim será um prazer pagar suas compras. As lojas aqui são mais simples que na capital, mas tenho certeza que encontrará roupas que a agrade. Também, não quero que se preocupe com os gastos, posso pagar sem problema algum. No mais ficarei ofendido se não aceitar ou não comprar o que deseja. Julieta ficou satisfeita com a atitude do neto, não o criou para ser um esbanjador que não valorizava o dinheiro, mas sim um homem com capacidade de usar o seu dinheiro para ajudar o próximo quando necessário. Principalmente quando se tratava da futura mãe de seus bisnetos. A simpática senhora sentia-se frustrada, por nenhum de seus netos terem dado um bisneto ou uma bisneta a ela. Talvez Benjamin poderia lhe proporcionar esta alegria. A primeira parada do trio foi em um salão, para cortar as pontas do cabelo de Aurélia. _ Vai cortar o cabelo? Benjamin não estava gostando nada disso. _ Acha que não devo cortar? Queria cortar as pontas, estão secas. _ Seu cabelo é bonito, não acho que precisa cortar muito. Ele deu sua opinião. Não desejava que Aurélia cortasse o cabelo, muitas foram às vezes em que imaginou Aurélia em seus braços com o cabelo grudado no seu corpo. _ Seu namorado não deseja que você corte o cabelo. Aurélia se assustou, Benjamin também. As pessoas estavam pensando que os dois eram namorados. _ Seu cabelo está enorme, mesmo cortando as pontas ainda continuará comprido. Assim foi feito, mesmo com o corte o cabelo de Aurélia ficou na altura de sua b***a. Após deixarem o salão, Julieta arrastou Aurélia para diversas lojas e Benjamin viu suas mãos encherem de sacolas, loja após loja. Em uma das lojas, enquanto Aurélia vestia um vestido, ele fez um pedido a sua avó. _ Vó, não quero parecer inconveniente, muito menos que Aurélia entenda errado. Sabia que a avó entenderia errado, mas não tinha outro jeito. _ Na fazenda tem piscina, a queda d'água, Aurélia precisa de roupa de banho, um maiô ou um biquíni. Julieta sorriu de forma maliciosa para o neto. _ Safado, é neto daquele traste mesmo. Ela não escondia o desagrado pelo avô de Benjamin, seu ex marido, tudo que não a agradava ela associava a ele. _ Não se preocupe, Aurélia terá roupas apropriadas para aproveitar a piscina. A próxima loja seria de roupas íntimas. _ Também me encarregarei de comprar algumas lingeries e camisolas para ela usar quando visitar o seu quarto. Benjamin, não esperava que sua avó fizesse tal comentário. _ Alguma preferência de cor? Perguntou, deixando Benjamin atordoado, não conseguindo responder. A possibilidade de Aurélia em seu quarto o deixava sem ar, só em pensar começou a ficar e******o. Seriam longos aqueles trinta dias. Ficou sentado em um banco próximo à loja, aguardando a avó o chamar para fazer o pagamento. Algo martelava em seus pensamentos, após sua avó sugerir que Luíza era uma messalina, ele passou a suspeitar que a mulher poderia ser o Anjo da Morte. “Conheço um homem safado só de olhar para ele. Prefiro a minha filha morta a ser corrompida por um delegado safado como você.” Lembrou da fala da mulher no dia em que foi até a delegacia. Precisava investigar Luíza, descobrir os seus segredos. Sua suposição não fazia sentido ou talvez faria? Se assim fosse, qual seria a sua motivação? Era de conhecimento de todos que existiam pais e mães com capacidade de matar os próprios filhos, alguns casos tiveram grande repercussão na mídia. Luíza era louca, talvez fosse capaz para Aurélia não ter outra vida a não ser a escolhida por ela. Também poderia ser para assustar a filha a fazendo desistir do curso. Uma hipótese, mas matar seis inocentes, era demais, não podia ser assim. A lista com os seis nomes das vítimas e o nome de Aurélia, poderia ter sido para a fazer desistir do curso. Fazia sentido ou apenas uma coincidência. Precisava conversar com a avó saber a sua opinião. Também precisava conversar com Samuel. ... /// ... /// ... ///... /// ... Benjamin não conseguirá resistir, sucumbirá ao desejo de beijar Aurélia. Aurélia estava desabrochando, criando sua identidade, florescendo.
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