capítulo 2

1276 Words
MIA — Espero mesmo que você fique. Não posso fazer tudo ao mesmo tempo e admito que não tenho paciência para lidar com o chefe. Sorria. Ele não vai olhar no seu rosto, mas é sempre bom ser simpática. Subimos mais uma escada, que dava em um espaço enorme, com chão de mármore branco, portas de vidro, uma logo gigante da empresa e uma sala de vidro que era muito bonita. Mais adiante estava a mesa, a qual pensei que seria a minha. Olhando para Sadie e, depois, para o escritório, engoli em seco. Eu ficaria bem em frente a ele. O chefe estaria me vendo o tempo todo, e só isso me deixava toda suada. — Falta dez minutos para as nove — falei ao olhar no pequeno relógio no meu braço. — Acredite, ele parece aqueles bonecos de relógio: é pontual sempre. Assim que o ponteiro estiver no nove, ele passará pela porta olhando para qualquer coisa que não seja você. Então, dê um tempo para que ele coloque as coisas em ordem, depois bata na porta e entre. — Parecia que as regras nunca acabavam. — Você chega antes dele e só sai quando ele não precisar mais dos seus serviços. Se Jackson a mandar fazer algo fora da empresa, você faz sem questionar. Faça tudo isso e terá um bom dia de trabalho. — Certo, obrigada. Minhas mãos suavam e meu coração estava quase saindo pela boca. Não pensei que seria tão difícil, e ele nem havia chegado. — Esses são os compromissos dele hoje. Você vai ganhar um aparelho telefônico, pelo qual vai organizar os horários e tudo mais. Ele odeia não saber das coisas, ainda mais sobre um compromisso importante, por isso a agenda dele é sincronizada pelo celular. Se você se esquecer de colocar algo lá e chegar aqui em cima da hora, dizendo sobre o compromisso, ele vai te matar. — Ele é um homem do m*l? Ela finalmente olhou nos meus olhos e abriu um largo sorriso. — Aaron Jackson é um dos homens mais arrogantes, rudes e esquentados que você vai conhecer. — Jogou uma das mechas loiras para trás. — Ah! Quase me esqueci de dizer: nunca, jamais, deixe-se ser seduzida por ele. O que tem de rude, ele tem de sensual. Claro, o homem não precisa fazer muito para que as mulheres caiam sobre o seu colo. O chefe tem um charme que te seduz e o olhar de predador. Entretanto, não quer nada com suas funcionárias; não gosta de misturar as coisas. — Isso nunca vai acontecer — falei, nervosa, tentando disfarçar a minha vergonha. — Eu sou uma pessoa focada. Nunca deixaria que essas coisas acontecessem. — Ainda bem. Meu coração quase saiu pela boca quando vi um grandalhão com cara de mau andando em nossa direção. Sadie se virou, colocando as mãos para trás, e abriu um sorriso. Fiz o mesmo, porém acho que falhei na execução quando o vi com mais clareza. Aaron Jackson não aparecia muito na mídia. O pouco que eu tinha encontrado dele foram matérias falando sobre seu império e de como ele havia chegado tão longe tendo 40 anos. Não vi muitas fotos dele, e, talvez, por isso, eu estivesse tão impressionada com sua aparência. Os cabelos lisos e pretos, muito bem alinhados, a pele cor de oliva, os olhos misteriosos e de um tom mais claro que os meus, que eram verdes, a barba bem-feita e os traços fortes e tão perfeitos, que me deixaram de boca aberta. Quando eu imaginava um empresário rico no nível do senhor Jackson, pensava nele sendo como os outros, não um deus grego com ombros largos e pinta de safado. Eu podia reconhecer um mulherengo de longe, e esse era um daqueles que tem uma fila enorme de mulheres atrás dele. Sadie tinha razão: ele nem percebeu nossa presença. Entrou na sala e pôs a pasta sobre a mesa como se estivesse sozinho. — Pensei que ele fosse... — Eu disse. Tenha cuidado. Aaron não é um homem comum, não tem pinta de velho e, apesar da arrogância dele, você pode confundir as coisas — Sadie sussurrou. — Seria antiprofissional fazer isso. — O que não impede de acontecer. Não consegui parar de olhá-lo. Tentei tirar isso da cabeça e me concentrar no meu trabalho, pois eu era a secretária e meu serviço ali era outro, não admirar a beleza do chefe. — Bem... Já vou indo. Você pode dar conta disso. Arregalei os olhos depois que Sadie falou que me deixaria ali. Eu quis implorar para que ela não me deixasse sozinha, entretanto seria inútil. Aquele trabalho era meu, não dela. — Certo — concordei, assustada. — Boa sorte. Eu lhe assisti indo embora e me perguntei se realmente daria conta de tudo depois do que ela falou. Estava com medo de dizer qualquer coisa para aquele homem. Então me lembrei de que não era mais uma menina tímida e que não poderia ter medo. Ele era o meu patrão e, em algum momento, eu teria que o enfrentar. Peguei o bloco com as informações do dia e as decorei. Sabia que não daria para ficar lendo-o, já que homens como Aaron odiavam pessoas que não sabiam o que estavam fazendo. E como era o meu primeiro dia, eu não iria estragar tudo. Respirei fundo e andei até a sala. Dei pequenas batidas na porta, e sem levantar o olhar para mim, ele respondeu. — Entre — sua voz foi firme e rouca; estremeceu o meu corpo e me acendeu um alerta. Como sempre, tive que me esforçar ao máximo para chegar até ali. Nunca tive a chance de ser uma adolescente comum. Namorados eram para as meninas que tinham uma família normal. Eu tive que me enfiar no quarto, estudar e arranjar um emprego de meio período para comprar o que eu queria e ajudar em casa, então nunca tive isso em minha vida. Também não sou puritana. Mesmo que nunca tivesse tido um homem com interesses românticos em mim, sentia atração, como todo mundo. Só que dessa vez era diferente. Ele não era um colega de classe ou um carinha da faculdade, Aaron Jackson era meu chefe, um cara mais velho. Eu não podia estremecer só com sua voz. — Eu... — Novata. — Ele soltou os papéis, encostou-se na cadeira e me encarou friamente. Senti minha barriga embrulhar. — Antes de mais nada, devemos deixar algumas coisas claras aqui. — Sadie já me informou sobre... — Acredito que sim — novamente, interrompeu-me. Meu nervosismo aumentava a cada minuto. O senhor Jackson me encarou sem dizer uma palavra. Seu olhar era tão intimidador, que calava a minha voz. — Você está aqui para me servir. Você fala quando eu perguntar, faz o que eu mandar, não se atrasa, chega antes de mim e sai depois que eu sair. Se eu tiver que viajar, irá comigo. Caso seja necessário, esteja sempre disponível. Não me importo se tem um problema pessoal para resolver; faça isso quando eu não precisar de você. — Ótimo. Mais regras. — Nem percebi que estava falando, e não pensando, só quando o olhar dele ficou mais furioso. — O que disse? — Semicerrou os olhos. — Nada de importante. — Ri de nervoso. — Mas alguma coisa? O homem de írises claras me olhou dos pés à cabeça, fazendo eu me arrepiar por inteiro. O sorriso no canto da sua boca me confundiu. — Vamos ver quanto tempo vai durar aqui — finalmente disse alguma coisa. — Deixe minha agenda e saia da minha frente antes que eu a demita antes do meio-dia.
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