?PROLÓGO?
CHICAGO-ESTADOS UNIDOS
16 ANOS ANTES
LIZ
—Filha, eu tenho certeza de que será muito feliz com Roberth, apesar de você ainda ser nova, o casamento lhe fará bem, e além do mais, Roberth Lewis vem de uma das melhores famílias de Chicago—minha mãe dizia me olhando.
Chamo-me Elizabeth Pretel, mas os amigos e a minha família me chamam de Liz, tenho vinte anos, e conheci meu namorado através de nossas famílias, ele era mais velho que eu quatro anos, logo sua inteligência e beleza me atraíram, engatamos um namoro, e agora acabo de descobrir que estou grávida. Nossas famílias estão certas de que devemos nos casar, para abafar as fofocas, eu no entanto não tenho tanta certeza assim.
Eu gosto de Roberth, mas sinceramente não sei se quero passar a minha vida ao lado dele.
Mesmo com todas as dúvidas que pairavam sobre a minha cabeça, acabei cedendo, afinal eu estava grávida, e tinha que pensar no futuro da criança que eu esperava.
Menos de dois meses depois eu estava casada com ele e já tinha uma casa e uma família.
Os primeiros anos de nosso casamento, foram difíceis, mas também foram bons, Roberth era dono de uma grande empresa de transportes em Chicago, e eu havia conseguido concluir minha faculdade de direito, e já era uma advogada conhecida na cidade.
Com o passar dos anos, nosso casamento foi esfriando, a rotina dominando, e o que antes era uma grande paixão, deu espaço a rotina e as brigas.
Passamos a brigar por vários motivos, desde os mais bobos, até às noites em que ele chegava embriagado e com cheiro de outro perfume, em algumas vezes eu fingia que não via, tudo em nome da família e a reputação, afinal tínhamos que manter as aparências.
Roberth passou a ser menos cuidadoso em suas traições, em diversas vezes, chegava com marcas de batom em sua camisa, ou fios de cabelos loiros ou pretos em seu paletó.
Eu tinha cabelos ruivos, compridos, nem se ele quisesse mentir, o que ele não fazia tanta questão, poderia dizer que eram meus.
E mesmo após dezesseis anos de casamento eu continuava ali, mantendo aquele castelo de areia, prestes a desmoronar.
Eu mantinha tudo por Theodore, nosso filho, um adolescente rebelde, mas que eu amava demais para abrir mão de tudo.
Teddy não era um garoto difícil de lidar, mas se mantinha recluso em seu mundo virtual de vídeo games e celular.
Estava lendo um artigo no jornal, quando a porta do quarto foi aberta.
—Ainda acordada Elizabeth?—Roberth inquire entrando no quarto e tirando o paletó.
—Sim, estou lendo—digo.
—Vou tomar um banho, o dia foi cansativo hoje—ele diz.
—Posso imaginar—digo forçando um sorriso.
Assim que ouço o barulho do chuveiro ser ligado, me levanto devagar e me aproximo de sua roupa, levo o paletó ao nariz e mais uma vez aquele perfume estava lá, o celular dele sobre o móvel acende a luz e eu o pego, na tela um número não salvo nos contatos exibia uma mensagem, abro o aplicativo e vejo.
"Mais uma noite maravilhosa ao seu lado meu amor, aguardo ansiosa o dia em que você não terá mais que voltar para ela, com amor Anne"
Aquela mensagem destrói o restante de esperança que eu tinha desse fracassado casamento dar certo, coloco o aparelho sobre o móvel novamente e caminho até o closet, pego uma roupa quente, minha bolsa e as chaves do meu carro.
Saio de casa e começo a dirigir pela cidade, meu celular toca e vejo o nome de Roberth na tela, mas não atendo e desligo o aparelho colocando-o no porta luvas.
Dirijo pelas ruas quase desertas da cidade, alguns jovens estão na fila de uma boate, outros entrando em bares escondidos. Vejo o letreiro luminoso de um bar e estaciono em frente. Desço e tranco meu carro, assim que entro no local, a atmosfera escura causa certa estranheza, há várias pessoas bebendo nas mesas, mas eu me aproximo do balcão, o barman me olha e sorri, era um rapaz bonito, jovem, moreno, deveria ter no mínimo uns dez anos a menos que eu.
—Boa noite moça bonita, o que vai querer?—ele inquire sorrindo.
—Boa noite moço bonito, quero um gin—digo sorrindo também.
Ele pega a taça e as garrafas, não posso deixar de notar os músculos em seus braços, a camisa social com as mangas dobradas embaixo do colete preto, estava definindo seus músculos.
Ele me entrega a taça e pisca pra mim, eu sorrio, há quantos anos eu não tinha atenção de um homem dessa forma.
—Nunca te vi aqui, frequenta outros bares?—ele inquire.
—Não frequento bares—digo sorrindo.
—Deveria—ele diz e sorri.
Fico observando ele servir outros clientes, ele tinha jeito para aquilo, fazia malabares com as garrafas e coqueteleiras.
Eu já estava na terceira taça de gin quando ele me olhou e disse.
—É casada?—ele apontou para a aliança dourada em meu dedo.
—Hoje não—digo erguendo a taça.
—Se fosse minha esposa, não estaria em um bar a essa hora, certamente estaria gemendo em minha cama—ele diz próximo ao meu ouvido, e aquela voz, o calor de seu corpo tão próximo me fez arrepiar o corpo todo.
—Se fosse o meu marido, certamente eu não estaria aqui—digo sorrindo.
—Vou sair em meia hora, pode esperar?—ele inquire.
—Por que?—inquiro.
— Porque mesmo não sendo o seu marido, quero te ouvir gemer na minha cama—ele diz.
Eu estava ali, não tinha mais nada a perder, fui traída por diversas vezes, eu tinha o direito de ao menos uma vez aproveitar a vida, e um garoto de vinte e poucos anos, estava me propondo uma noite de orgasmos, por que não?
—Sim, eu espero—digo.