A FESTA DOCE - 06

1294 Words
No momento em que as palavras se desvaneceram no ar, um silêncio carregado de mistério se abateu sobre o salão, envolvendo os presentes numa atmosfera sombria e inquietante. As meninas, como sombras dançantes em meio à penumbra, deslizaram pelo espaço com uma graça sinistra, suas figuras esguias evocando imagens de seres sobrenaturais em um ritual ancestral. O globo central da sala, agora desprovido de sua presença, parecia uma esfera vazia de significado, uma reminiscência de tempos esquecidos. Enquanto isso, os rapazes, com expressões que oscilavam entre a determinação e o nervosismo latente, desvelaram com cuidado duas caixas de papelão, revelando um tesouro macabro de pequenos recipientes de leite condensado. Cada embalagem, mesmo sob a fraca luz que permeava o ambiente, emanava uma aura de escuridão, uma marca indelével da avareza e da ganância que permeavam os corações dos organizadores. Sandrine, com seus olhos astutos que pareciam penetrar na alma dos presentes, logo discerniu a terrível discrepância entre a qualidade do produto e seu preço exorbitante. Embora os rótulos sugerissem um simples leite condensado, as caixinhas eram vendidas a um valor absurdo de dez réis cada, uma afronta aos princípios básicos de equidade e justiça. Seus lábios, curvados em desaprovação silenciosa, recusaram-se a participar da transação, como se repelissem a própria corrupção que se insinuava naquela cena macabra. No entanto, mesmo diante de sua recusa taciturna, Sandrine permaneceu como uma espectadora sombria, observando a farsa que se desenrolava diante dela com a mesma impassibilidade de uma testemunha de um trágico drama teatral, cujo desfecho estava fadado à ruína e desolação. Foi então que os compradores, em um silêncio solene, ergueram-se com suas caixinhas de tesouro em mãos, cada passo ecoando pelos corredores escuros e sombrios da mansão ancestral. Seus passos ressoavam como os ecos de um lamento perdido nos confins do tempo, enquanto se dirigiam em uníssono para a área designada como "VIP", um santuário oculto nos recantos mais obscuros da casa. Ali, sob a luz mortiça das velas tremeluzentes, envoltos em um véu de exclusividade, os compradores trocaram olhares furtivos e sorrisos conspiratórios, como membros de uma sociedade secreta partilhando um segredo macabro. Cada gesto era carregado de uma tensão palpável, como se estivessem prestes a desvendar mistérios além da compreensão humana. Enquanto isso, os que optaram por não comprar permaneceram na sala principal, mergulhados em uma atmosfera densa e opressiva. As batidas da música ecoavam como o bater de asas de corvos famintos, embriagando os sentidos e envolvendo-os em uma teia de tentações sinistras. O aroma do vinho pairava no ar como um convite para o êxtase, mas também como uma ameaça iminente de decadência e desespero. Na penumbra da noite, a mansão sussurrava segredos antigos, seus corredores repletos de sombras que dançavam ao ritmo de uma melodia desconhecida. Era como se os próprios espíritos dos ancestrais observassem silenciosamente, aguardando o desenrolar dos eventos com uma mistura de curiosidade mórbida e malícia sobrenatural. E, no coração da escuridão, a promessa de êxtase iminente pairava como uma ilusão fugaz, destinada a desaparecer sob o peso dos segredos sombrios que a mansão guardava. Sandrine perguntou a Madana se ela podia ir à área VIP dar uma olhada e ela disse: - Na área VIP, só entra quem comprou a caixinha de leite condensado. Se quiser ir lá, ver o que rola, compre a sua e vá. Mas vá sem medo de gostar do que vai encontrar. Com um suspiro de descontentamento que ecoou na vastidão vazia de sua alma, Sandrine lançou um olhar desiludido ao redor da festa, suas pupilas dilatadas refletindo a penumbra que envolvia os cantos sombrios da luxuosa mansão à beira-mar. A névoa da exclusão pairava como um véu sombrio sobre ela, obscurecendo sua visão, enquanto se via impedida de adentrar a área VIP, onde o brilho daquela noite hedonista se manifestava em toda sua magnitude proibida. Sentindo-se como um espectro solitário em meio à multidão pulsante, Sandrine buscou um pálido conforto na forma de uma simples caixa de leite condensado, como se fosse o último vestígio de doçura em um mundo mergulhado na amargura da rejeição. Com a pequena caixa apertada entre seus dedos trêmulos, ela se aventurou pelos corredores sombrios e labirínticos da mansão, rumo à área proibida onde os pecadores se entregavam aos seus desejos mais íntimos e obscuros. No limiar da exclusividade, uma sombra feminina surgiu dos recantos sombrios da festa, seus olhos brilhando com uma curiosidade que beirava o maligno, como se fossem as pupilas dilatadas de um gato selvagem espreitando sua presa. O pedido pela caixa de leite condensado ecoou como um sussurro sepulcral em seus ouvidos, e Sandrine, tomada por uma estranha resignação, entregou o objeto de sua escassa consolação. Com a tesoura reluzente em mãos, a figura sinistra fez um corte preciso e ritualístico na caixa, como se estivesse abrindo uma passagem para o submundo da luxúria proibida. E quando a porta se escancarou diante dela, revelando os horrores ocultos que jaziam além, um frio arrepio de pavor serpenteou pela espinha de Sandrine, congelando sua alma em um abismo de horror e fascínio. A área VIP, um santuário profano envolto na penumbra do pecado, pulsava com uma energia lasciva que parecia transcender a própria realidade. O ar estava impregnado com o aroma adocicado da decadência, uma mistura de suor, álcool e perfume que se entrelaçava como tentáculos viscosos ao redor dos sentidos de Sandrine, arrastando-a para o centro de um torvelinho de depravação. Corpos entrelaçados dançavam em uma sinfonia de luxúria e desespero, seus movimentos contorcidos ecoando como o gemido agonizante de almas condenadas. A cena diante dela era como um quadro pintado pelo próprio Demônio, uma orgia de prazeres proibidos e indulgências carnais que desafiava todas as leis da moralidade e da razão. Sandrine, uma mera mortal perdida nas sombras da luxúria, sentiu-se paralisada pelo horror e pelo êxtase, seu coração batendo descompassado no compasso macabro daquela dança maldita. Ela era agora uma testemunha involuntária de um espetáculo de perversão que a assombraria para sempre, uma maldição que a seguiria até o fim de seus dias, como uma sombra eterna pairando sobre sua alma condenada. Todos os que compraram a caixinha de leite condensado estavam derramando sobre o “casal doce”, chupando-os e lambendo-os freneticamente, como se estivessem dominados pela luxúria. O casal estava completamente nu, e não se incomodavam com as variadas línguas e bocas passeando por seus corpos, pois ambos estavam bastante excitados com aquilo. Os que não conseguiram seu lugar ao sol em nenhum daqueles dois corpos, buscavam alguém que estivesse ao alcance e começavam a derramar leite condensado uns nos outros e se c****r. E os mais atrevidos estavam transando, penetrando uns nos outros, totalmente untados com o “leite doce”. Envolta em um turbilhão de sensações, Sandrine entregou sua caixinha de leite condensado a um estranho que se deleitava em prazeres obscuros, enquanto outro indivíduo se entregava a atos de lascívia desenfreada, e uma terceira figura se contorcia em êxtase. Uma atmosfera de depravação pairava no ar, alimentando os cantos mais sombrios de sua mente atormentada. Retornando ao abrigo da casa, Sandrine procurou freneticamente por Larry, mas o eco vazio de seus passos ecoava pelos corredores desolados. O vazio pairava como uma manta gélida sobre seu ser, enquanto a ansiedade e a curiosidade se entrelaçavam em uma dança macabra dentro de sua alma aflita. Emergindo para o exterior, atravessou o jardim cuidadosamente aparado, seus passos ressoando como os batimentos descontrolados de um coração enlouquecido. Ao alcançar o portão, seus dedos trêmulos se agarravam às barras de ferro como se estivessem buscando refúgio em meio à tempestade de emoções que a assolava. Foi então que seus olhos se fixaram em uma figura misteriosa se afastando sorrateiramente, um enigma vivo que habitava seus mais profundos temores.
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