Enquanto pensava em como fazer para Joshua e Carly se separarem, Ander conversava com a amiga até terminarem o café e retomarem ao trabalho.
Joshua que estava atarefado naquele dia em virtude de um grande projeto que a construtora conseguiu, mandou uma mensagem para a esposa, avisando que chegaria tarde e com isso, mesmo que Carly estivesse feliz e ansiosa, ficou triste pois, queria conversar com o marido sobre as suas suspeitas.
Respirou profundamente e foi fazer a sua ronda pelos leitos dos pequenos pacientes internados.
Foi ao berçário e lá pôde contemplar alguns recém-nascidos esperando para serem levados aos quartos e serem amados e alimentados.
Sorriu e involuntariamente levou a mão ao ventre e uma das enfermeiras percebeu. Sorrindo, se aproximou de Carly perguntando.
- Olá Doutora! A senhora está grávida?
Carly sorriu com a pergunta e retirou a mão da sua barriga percebendo que havia feito um ato involuntário dando a percepção por uma desconfiança que queria tirar da sua mente após alguns dias.
- Não estou querida. Quer dizer...
A enfermeira vibrou. Abraçou Carly que ficou surpresa com o gesto e retribuiu.
- Nossa doutora, fico muito feliz! Se for um alarme falso, não desista! Mas creio que esteja sim grávida.
Carly sorriu e agradeceu.
- Muito obrigada! Mas desistir, não é uma opção. – Pisca para a enfermeira que sorri consentindo com a cabeça.
Despediu-se da enfermeira passando pelo extenso corredor voltando para a sua sala para retomar os atendimentos. Mas, algo lhe chamou a atenção.
A mesma paciente que chegou com quadro de pré-eclâmpsia e que acabou tendo a eclampsia na mesa de cirurgia, viu o marido cuidando da esposa e ao vê-lo sair do quarto se aproximou.
- Como está se sentindo?
Girando a cabeça para ver quem estava perguntando, sorriu ao reconhecer a pediatra que estava na hora da cesárea da sua filha e que a atendeu prontamente.
- Olá Doutora, a senhora por aqui! Não esperava a sua visita no meu quarto, se soubesse, me arrumaria melhor. – Disse a paciente ajeitando os cabelos que estavam desalinhados e bagunçados.
Carly se aproximou pegando na mão da moça que estava constrangida por não estar do jeito que esperava.
- Não se preocupe querida. Mas me diga, como está se sentindo?
- Estou bem. A minha menina a senhora já viu?
Sorrindo, Carly assentiu.
- Já. Ela é linda, uma princesinha! Daqui a pouco a trazem para você amamentar.
De repente o sorriso da paciente se desfez e Carly percebeu que havia algo errado e a olhou confusa.
- Eu, infelizmente acho que não a amamentarei.
Olhando-a em interrogativa, Carly a indaga.
- Mas porque diz isso, acaso...
A paciente a interrompe.
- Não. Algumas enfermeiras me disseram que não teria leite para amamenta-la, porque ela continua faminta e isso tem atrapalhado o sono dos outros bebês e o trabalho delas. – Abaixando a cabeça, a paciente fica triste pelo que lhe disseram.
Carly ficou atônita. Como alguém tão c***l poderia fazer isso com uma mãe que além de quase morrer ela e a filha no parto, ainda vinha falar algo tão terrível assim.
Tentando passar tranquilidade a paciente, ela afirma que não é nada disso.
- Minha querida, eu vi a sua filha e está tudo dentro do conforme. Não há essa que não possa amamentar, somente se caso não houve o estímulo necessário ou que realmente os medicamentos inibem a produção de leite, mas não é o seu caso.
Soltando a mão da paciente, Carly se aproxima dos pés da cama e pega a prancheta com os dados da paciente e relatório.
Pelos medicamentos, viu-se que não havia nada que impedisse de que aquela mãe alimentasse a sua filha, a menina possivelmente não estava conseguindo deglutir direito ou outra coisa, mas checaria sobre a pequena para tranquilizar a mãe.
- Aqui não há nada que impeça você de amamentar, mas checarei porque a sua filha continua assim já que pode ser algo que ela pode não estar conseguindo sugar. Mas não se preocupe, é super normal acontecer.
A mulher respira aliviada e sorri. Assim que colocou a prancheta no lugar, o marido da paciente adentrou no quarto e foi apresentado a Carly que ficou feliz e aliviado pelo que havia dito a sua esposa.
Minutos depois de uma agradável conversa, Carly resolveu ficar com a chegada de uma das enfermeiras que trouxe a sua pequena paciente para ser alimentada e se aproximou para ver como estava o processo de amamentação.
A menina sugava avidamente e até se espantava com tanto leite que saia do peito da sua mãe. Todos no quarto riram da pequena fominha e com isso, Carly percebeu que a sua paciente na verdade era uma pequena gulosa. Então, se despediu dos jovens pais e foi ao balcão da ala do berçário pegando o prontuário da paciente.
Anotou que levassem a pequena mais vezes para amamentar e assim, não haveria mais ninguém reclamando de que a pequena estava atrapalhando o sono dos outros bebês ou até mesmo o trabalho das enfermeiras.
Satisfeita, retorna para a sua sala e continua os atendimentos do dia.
Na construtora, o dia de Joshua está cada vez mais cansativo. Tinha uma reunião para fazer ao fim do dia e ainda resolver as questões do que o arquiteto havia feito do projeto de uma cadeia de galerias de lojas comerciais pela cidade.
Estava tão entretido no seu trabalho que nem viu quando a secretária deixou um pacote para ele sobre a mesa de centro perto do sofá na sua sala.
Assim que ergueu os seus olhos cansados, foi de encontro ao embrulho grande de uma caixa azul escuro com um laço dourado na tampa.
Pensando ser um presente da sua esposa, já que o primeiro mês de casados do qual não comemoraram e apenas se parabenizaram prometendo que não iriam dar presentes ao outro, sorriu achando que a esposa havia quebrado a promessa.
“Essa minha esposa...” – Pensou rindo e balançando a caixa para tentar saber o que era antes de abrir.
Não conseguindo identificar pelo som, colocou de volta na mesinha e desfez o laço abrindo a tampa.
Mas o que havia ali dentro, não era nada comparado ao que esperava. Sabia bem quem havia mandado e não era a sua esposa, mas sim outra pessoa que estava muito quieta desde a última vez até agora.
Haviam fotos de diversos tamanhos dele com Aysha em momentos íntimos, viagens da faculdade que Carly não pôde ir e a última no dia do casamento num certo quarto.
Joshua engoliu em seco e passou as mãos pelos cabelos, assustado. Estava na verdade tão impactado, que não ouviu quando um amigo do trabalho que ultimamente estavam conversando sobre muitas coisas inclusive o seu casamento com Carly se aproximou.
Olhando também para o conteúdo da caixa, ficou bastante surpreso.
- Merda! O que é tudo isso Joshua? – O indaga.
Rapidamente, Joshua pega o envelope que há na caixa e a fecha encarando o amigo que está perplexo com o que viu. Até uma calcinha renda preta fio dental havia dentro dela.
- Não é nada Christian. – Disse nervoso se afastando do amigo indo até a sua mesa sentando na sua cadeira giratória.
- Como não é nada Josh?! Quem é essa mulher?
- Uma pessoa que me arrependo muito de ter me envolvido no passado meu amigo. – Passando as mãos no rosto nervoso, ele fala.
Christian o olha decepcionado com o amigo já que uma das fotos que conseguiu ver era do dia do casamento de Joshua. Ele meneia a cabeça sentando-se frente ao amigo que está olhando para o envelope pensando se abre ou não.
- Pelo visto parece que não tão passado assim né Josh! – Exclama desdenhoso.
Franzindo o cenho, Joshua o olha sem entender e o indaga.
- Como assim não tão passado assim?
Com dois dedos no seu anelar direito, Christian faz um gesto e murmura.
- Como não tão passado assim?! Óbvio que há mais do que não me contou amigo, estou aqui para isso! – Exclamou passando confiança ao amigo que percebeu estar tão perdido nessa história toda.
Ali Joshua entendeu que ele também tinha visto a foto comprometedora no dia do casamento, mas como aquela, foi tirada num momento como aquele em que só tinham os dois naquela cabine?
Esgotado com aquela situação, jogou as costas no encosto da cadeira e girou-a fitando o teto pensativo.
- Eu já dei um basta, mas nem sei o que fazer para exterminar tudo isso.
- Simples. Conta a sua esposa e pede perdão! – Dando de ombros.
Joshua para de girar a cadeira e olha de lado para o amigo que o encara.
- Não é tão simples assim. Tenho medo de perde-la e se caso contar pode ser que Carly não aguente. Você não entende. – n**a.
Christian não via outro jeito de acabar com isso se não contar a verdade, mas curioso, resolveu questionar o amigo sobre a resposta em dizer da esposa “não aguentar.”
- Porque você acha que ela não aguentaria. Por acaso a mulher é parente dela?
- Não.
Estranhando, o interrogou.
- E então?
Joshua suspira e dispara sem emoção.
- Ela é como se fosse uma irmã para ela. A sua melhor amiga digamos assim.
Christian o olha em reprovação. Independente de quem era a mulher, não mudaria em nada que Joshua havia traído a esposa o que complicava mais ser alguém que convivia com eles.
Continua...