Enquanto isso na lanchonete da estrada, Aysha está parada frente a Carly acompanhada de David que intercala seu olhar de Ander para a mulher que tinha um sorriso forçado para a sua namorada.
Suspirou frustrado porque, não sabia ao certo o que se passava na sua cabeça, mas podia apostar, que estava sendo incômodo eles estarem ali para que Aysha pudesse virar aquela página.
Nervosa e um pouco receosa em ser rejeitada, já que não lida muito bem com esse sentimento e tem trabalhado também com a terapeuta nesse quesito, seu olhar alarmado mostrava toda a sua inquietação para que pelo menos Carly pudesse ouvi-la.
- Será que podemos conversar?
Pesadamente, deu um suspiro. Tudo o que menos queria era revê-la o que dirá, conversarem.
Não queria ser m*l educada, mas não havia outra, se não se recusar àquela conversa.
- Desculpa Aysha, mas não temos nada para conversar e você sabe bem disso. – Respondeu com indiferença.
Os olhos marejaram e Aysha não podia obrigar Carly a falar com ela. Mas, tentaria apelando pelo bom senso dela.
Quando David, deu um passo a frente para tentar intervir, Aysha o parou colocando o seu braço o impedindo.
Olhou por cima do ombro e o encarou. Meneou a cabeça e pelo seu olhar, demonstrava que aquela era uma batalha que precisava resolver sozinha. A contragosto, recuou.
Virando-se novamente para Carly, disparou.
- Eu queria muito que conversasse comigo Carly. Em nome dos velhos tempos da nossa amizade.
Carly franziu o cenho e depois suavizou sua face. Riu de desgosto por ter descido tão baixo ao citar uma amizade que da parte da que tanto a olhava na esperança de ouvi-la, nunca existiu. Enquanto por ela mesma, se dedicou aquela mulher a sua frente sendo amiga, uma irmã e teve a retribuição que jamais imaginaria receber, punhais cravados em suas costas.
Ander a olhou complacente e apoiando a amada no que decidisse, mas por ele, jamais a veria sofrer de novo. E se preciso fosse, a afastaria sem pestanejar. Aysha era como um veneno que quando impregnava em alguém, era capaz de destruir sem pensar nas consequências.
Apertando seus dedos entre os olhos, Carly suspirou e para surpresa de todos, concordou.
- Ander e você que a acompanha, poderiam nos deixar à sós alguns minutos. Creio que não vai demorar mais que 10 minutos. – Seu olhar era indecifrável assim como sua frieza despertava o medo em todos por todo o corpo.
Os dois homens assentiram indo para uma mesa um pouco distante delas. Respirando fundo, Aysha seguiu até a cadeira frente a ela em que Ander estava e se sentou.
Suas mãos cruzadas sobre a mesa, tinha os dedos brincando uns com os outros e o silêncio permeava entre elas.
Até que Carly, resolveu romper aquela quietude que só tinha os corações batendo desenfreados pelo que iria seguir.
- Seus 10 minutos estão correndo. O que tanto queria me falar. Mas primeiro, me esclareça uma dúvida, estava me seguindo?
Os olhos se ergueram assustados. O encontro entre as duas naquela lanchonete foi uma mera casualidade do destino. Mordeu o lábio nervosamente e negou.
- Não. Eu na verdade, não estava te seguindo. Soube que o pai do Josh... Joshua havia falecido e vim com David para prestar condolências.
Carly ri ironicamente. Lógico que Aysha viria até ali para falar com o seu amante. Mas agora, nada mais importava. Olhando-a com indiferença, disparou.
- E então?
Suspirando profundamente, pressionou os seus lábios por alguns segundos e então, começou a falar.
- Queria que soubesse que me arrependo muito por tudo o que fiz. Sei que me odeia e com razão, mas na boate... (pausa e Carly a encara com cara de poucos amigos e enojada por se lembrar da cena que viu. Aysha abaixa a cabeça envergonhada. A ergue novamente e continua). – Eu queria que soubesse que só fiz para que descobrissse o que eu e Joshua tínhamos.
Em deboche, Carly lhe faz uma pergunta.
- O que me diz disso, fez o que queria para que eu descobrisse e não ficou com seu amante?
- Me desculpa mesmo Carly por tudo. Desde que vocês eram namorados na faculdade.
Passando a mão pelo rosto exasperadamente, Carly a fuzilou. Seu olhar tinha mágoa e mais ainda decepção.
- Sabe Aysha, eu tenho mesmo que te agradecer. Você mesmo que tivesse sido impulsiva e vingativa com o que houve entre você e Joshua, por mais que tenha sido um pouco tarde, mas o suficiente para eu não perder minha juventude num casamento que somente na minha cabeça era como um conto de fadas, você me fez tirar a venda que tinha em meus olhos.
Não aguentando, Aysha começou a chorar. Carly continuou sem a menor piedade. Suas lágrimas não a comovia.
- Você não errou sozinha. Não seja a salvadora da pátria em dizer que fez tudo isso para se vingar porque foi isso que fez, vingar não por ser rejeitada, mas por algo na sua cabeça que fazia questão em me atingir. E você me devia respeito por sermos amigas e ele mais ainda porque sempre abominou algo que fez de forma desprezível e consciente de que era errado. Se para te tranquilizar você precise ouvir isso, está tudo bem, mas não te perdoo. Viva a sua vida e me deixe em paz.
Sem a menor paciência de continuar ali, se levantou. Retirou algumas notas do bolso e caminhou até a saída.
Enquanto se afastava, Aysha a olhava com lágrimas nos olhos e o remorso batendo freneticamente no seu coração. Sabia, que ali, havia perdido a única amiga que teve na vida.
Já fora do estabelecimento, Ander que estava encostado no seu carro a esperando, assim que ouviu a porta se abrir e viu ser ela, correu para ver se estava bem.
Vendo um semblante sereno no seu rosto, se tranquilizou.
- Está tudo bem?
- Sim. Podemos ir para casa?
- Claro que sim meu amor.
Seguiu na frente para abrir a porta do carro para ela e Carly parada no caminho, estava atordoada. Fora chamada pela primeira vez de amor por Ander. Seus olhos se iluminaram e o mesmo, sentindo que havia a deixado para trás, olha preocupado e volta no mesmo rastro que seguiu.
- Está tudo bem mesmo Carly? – Seus olhos semicerrados a analisam.
Sorrindo, ela o indaga.
- O que foi que você disse?
Percebendo a alegria no seu rosto e o que queria muito falar para ela todo esse tempo, sorriu maroto parecendo pensar.
- Hum, deixa eu ver... foi, amor?
Sorrindo mais amplamente se jogou em seus braços que a envolveu amorosamente sem se importar se Aysha ou o rapaz que a acompanhava via aquela cena. Estava muito feliz.
- Obrigada por existir na minha vida! – Selou os lábios aos dele em um beijo calmo, cheio de promessas de felicidade.
Surpreso, correspondeu com o mesmo ímpeto em que lhe fora dado. Ander estava imensamente feliz por sua amada estar se soltando aos poucos.
Dentro da lanchonete, David que viu Carly passar por ele na entrada, foi até a mesa que Aysha estava e sentiu seu coração se apertar ao ver como ela estava.
- Vem, vamos sair daqui. - Estendeu-lhe a mão.
Olhando para a sua mão, segurou firmemente sentindo que ali estava uma âncora em que a ajudaria a sair do seu próprio abismo.
Seguiram em silêncio para fora e se surpreenderam com o que acabavam de ver.
- Parece que ela está feliz e sendo amada. – Sussurrou ao seu ouvido vendo a amiga da sua namorada com outra pessoa.
Mesmo triste, ficou feliz sem inveja pela primeira vez, pela amiga que parecia estar recomeçando.
Os dois seguiram para o carro, aonde Aysha pediu ao namorado que fossem para casa na cidade vizinha.
Enquanto isso em Springfield, uma visita inesperada chegava na residência da sua mãe...
Continua...
Pelo visto, a Aysha achou que um simples pedido de perdão faria com que ela e Carly voltassem a ser o que eram! E quem será a visita inesperada?