Capítulo 58: POV. Carly

1279 Words
Sabe quando você está com o coração descompassado e as batidas são tão fortes ao ponto de se ouvir o zumbido pelos ouvidos parecendo que ele está ali dividido em dois e você pensa estar alucinando por tantas batidas frenéticas? Era assim que eu estava com aquele beijo e que beijo! Nem nos meus melhores sonhos podia imaginar tal feito de sentir tudo o que senti com um simples beijo. Devo estar louca ou talvez seja a carência da gravidez, mas tive uma coragem que jamais tive antes. Beijar um homem que o tinha como amigo, só mesmo uma louca como eu. Mas a quem eu queria enganar, Ander sempre fora meu crush no passado e parece que nunca foi apagado do meu coração como pensei. Não ligo se me julgarem, mas eu quem fui a traída e se parar para analisar todo o contexto, estava num relacionamento estranho, diria até que opressor em alguns momentos. Meu coração ainda bate pelo traste do meu marido, mas depois desse beijo e com os sentimentos que tinha por esse homem ao qual pensei que só existia a amizade... Nem sei como vai ser, meu coração agora está numa confusão doida, afinal, não se deixa de gostar da noite pro dia e pelo que vejo, nem mesmo o tempo é capaz de apagar o que sentia por Ander. As portas do elevador continuam abertas e não só eu, mas Ander também parece não querer sair. Respiro fundo e o olho de soslaio. Tenho a nítida visão de um vislumbre do seu sorriso. Sorrio internamente, porque temos o mesmo sentimento talvez o dele até maior que o meu. E mais uma vez a culpa me assola. Eu sei o quanto seu sentimento por mim é verdadeiro, mas agora, tudo o que tenho que fazer é resolver a confusão que está a minha cabeça e o meu coração. Um fala uma coisa e o outro fala outra. Difícil decidir e não quero de todo modo apressar as coisas. O divórcio, está definitivamente decidido. Não vou voltar atrás. Uma vez li num livro de mafiosos numa história de um chefe de uma máfia que estava decepcionado pela traição vinda de quem ele menos imaginava e com isso, quando ele foi mata-lo, a pessoa suplicou por sua vida mas o mesmo, implacavelmente disse: “A traição nunca deve existir dentro de uma relação seja ela qual for, se você trai até com quem dorme, apunhala qualquer um que está ao seu lado”. A pessoa não era sua esposa, mas era o homem que mais tinha apresso por ser o seu braço direito e estava o apunhalando pelas costas e deixando inocentes soldados sendo incriminados no seu lugar. Mas isso não vem ao caso contar mais sobre a história, e sim o que aquela frase representa. Me impactou de todo o modo. E no fundo, ele tem razão. Não vou deixar de viver por isso que me aconteceu, mas não está nos meus planos continuar com um homem que me traía e que se fez uma vez, fará novamente. “Ding" As portas se fecharam e simultaneamente, apertei o botão do andar com o de abrir a porta. Parecia que havíamos acordado do nosso sonho. Digo sonho, porque foi o que senti ao estar nos seus braços e sentindo o sabor dos seus lábios agora a pouco. E pelo seu olhar, creio que estamos na mesma vibe. Umedecendo os meus lábios, me viro para falar algo, mas parece que Ander lê os meus pensamentos e se apressa. - Vamos sair daqui antes que o síndico resolva nos multar. – Rimos. Assenti e ao me dar passagem, sigo a frente e o mesmo vem logo atrás. Aquilo estava me matando. Seguimos calados até onde estariam as nossas portas já que moramos frente ao outro, e... - Bem, chegamos! – Sorri timidamente. - É... chegamos. – Desviei o olhar sentindo minhas bochechas queimarem. Parece que não sou só eu quem está pisando em ovos. Colocando a chave na fechadura, rodopio destravando-a e quando giro a maçaneta, sinto a sua mão sobre a minha e sua respiração ofega sobre os meus cabelos da testa. Sinto o frio na barriga, as tais borboletas no estômago se mover. Agora entendo quando minhas amigas de infância falavam, você sente quando ama. “Será que até nisso me enganei quanto aos meus sentimentos por Joshua?” – Penso. - Carly. – A sua voz grossa e rouca reverbera aos meus ouvidos me tirando dos meus pensamentos. Algo tão único essa sensação, que nem mesmo Joshua fora capaz de fazer. Não senti o que estou sentindo nesse momento. - Hum... – Murmuro sem conseguir encara-lo. - Eu sei que você deve estar confusa, mas vou tomar esse beijo como uma chance de poder te conquistar e ter você ao meu lado. Eu quero te fazer feliz! Erguendo o meu rosto e o olhando de lado, nossos olhos se encontram. Me perco naquele olhar por alguns segundos e sorrio. - Espero que possa entender que não é fácil para deixar um passado ainda vivo na memória. Mas, estou disposta a seguir em frente e então, ter a felicidade que merecemos. Quero estar inteira para você mas pode demorar. Seus dedos ágeis vão ao meu cabelo colocando uma mexa teimosa para trás da minha orelha. Mordo o lábio involuntariamente e com esse gesto, a sua respiração pesa. Sei que está se controlando, mas enquanto não resolver o que me acontece aqui dentro, não posso fazer isso. Não posso simplesmente usá-lo. De forma lenta, viro-me ficando frente a ele. Coloco minha mão sobre o seu peito e o sinto estremecer. - Vamos com calma. Não quero apressar nada e nem me envolver com você assim com essa confusão aqui dentro (aponto para o coração) e aqui (aponto para minha cabeça). Se não puder esperar, eu... Seus dedos tocam os meus lábios me calando. Seus olhos iluminados me fitam. Sua boca entreabre e então, as palavras me acertam em cheio. - Não há como eu desistir. Não agora. Eu espero a sua cabeça e coração estarem em ordem e prontos para mim. Agora que pelo menos consegui a sua atenção como homem, já esperando todo esse tempo, posso esperar mais um pouco. Só que não me impede de fazer isso. Seu sorriso maroto era o indício do que pretendia fazer. Mesmo imaginando o que seria, ansiava por aquele momento novamente. De repente, seus lábios tocaram o meu num selinho e ao se afastar, vejo o sorriso mais lindo que posso contemplar. Ele se afasta e então, segue para a sua porta abrindo-a e antes de fechar assim que estava a empurrando lentamente, me cumprimentou. - Boa noite amor! Meus olhos o fitaram e após estar ali em pé e sozinha no imenso corredor, ouvir o bater da porta me despertou de um transe que sinceramente não queria despertar e por uma grande obra do destino, meu corpo pedia por mais que aquele toque suave de lábios. E o que uma simples palavra podia também mexer com as minhas estruturas assim. E foi, o que me fez despertar para a perplexidade naquele momento, aquela simples palavra “amor”. Meu coração estava quente, tão aquecido que parecia ter labaredas no lugar daquele calor. Sorri feito uma i****a e segui para dentro do apartamento. Assim que fechei a porta, deslizei o corpo encostado à mesma e ao passar a mão por meus cabelos é que me dei conta de que estou numa grande e deliciosa enrascada... Só que agora eu vou dormir, porque amanhã, ah, amanhã, prevejo que promete! Continua... A quem pensavam que Carly voltaria para Joshua...
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