“Obrigado por me fazer viver uma mentira, agora acabou!”
Essas eram as palavras que continha naquele bilhete. Trincando o maxilar, Joshua estava enfurecido. Nunca imaginou que a sua safadeza pudesse resultar na sua esposa se separando dele.
Apertou aquele bilhete com força, amassando o papel. Colocou no bolso da calça, em seguida pegou a aliança e colocou no cordão que tinha dentro de uma parte da mala pendurando no pescoço.
Saiu arrastando a sua mala até o carro, se certificou que a casa estava totalmente fechada e partiu acreditando que a sua esposa tivesse ido para casa.
Pensou em procura-la na rodoviária, mas conhecendo Carly, quando está com raiva o que era raro a tirarem do sério, o ideal é deixar para depois quando a cabeça está mais fria para conversar. Daria tempo durante a viagem para pedir-lhe perdão. Até porque, ele também está com o sangue fervendo, capaz até de matar Aysha com as suas próprias mãos como se somente ela quem fosse a culpada de toda aquela situação.
Durante todo o caminho de volta para casa, pensava no olhar de decepção e nojo de vê-lo com Aysha. Até mesmo ele, começava a se sentir assim. A cabeça de Joshua na verdade, estava numa bagunça só.
Enquanto isso na boate...
“Toc, toc, toc”
Alguém batia na porta em que Aysha estava encolhida naquele chão desde o momento que Joshua acabou com tudo o que estavam fazendo tempos atrás e agora não teria nem mesmo a amizade de Carly a quem magoou profundamente. Agora, ela estava tremendo de frio, com certeza estava com febre.
- Estou entrando.
Assim que adentrou naquela sala e apertou no disjuntor ao lado da porta e a luz se acendeu, foi um choque para aquela que veio ajuda-la.
- Meu Deus, Ashley!
Seu corpo nu com algumas marcas principalmente nos s***s, rosto e glúteos, fora alguns pingos de sangue no chão. O olhar estava horrorizado com o que via.
Abaixando-se e colocando a mão sobre a sua testa, constatou que aquela mulher toda encolhida, tremendo, estava com febre e muito alta.
- Me perdoa minha amiga, me perdoa! – Balbuciava em delírio.
Meneando a cabeça tristemente, não conseguia entender porque a pessoa que há muito não via estava daquele jeito. Como pedido, trouxe uma muda de roupa e colocou sobre o seu corpo uma blusa de moletom e ao ajudar a colocar a calça, viu que na parte detrás havia sangue na calcinha.
Fechou os olhos e suspirou. Sabia bem o que havia acontecido, apesar que foi consensual, não deixa de ser um abuso e quem veio lhe socorrer não sabia desse detalhe.
Retirou da bolsa um antitérmico e analgésico. Correu até o pequeno frigobar pegando uma garrafa de água e ajudando Aysha a toma-lo.
Assim que começou a se sentir um pouco melhor, com uma certa dificuldade abriu os olhos e se deparou com quem há muito tempo não via.
- Julie?!
- Oi prima! O que aconteceu com você?!
Envergonhada, Aysha desviou o olhar. Percebendo o incômodo na prima, Julie achou melhor não perguntar nada. Apenas, a ajudou a se levantar a levando para o carro sem que ninguém a visse sair dali.
Julie, achou melhor levar a prima para a cidade vizinha a Shelburn Falls aonde ela morava há alguns anos.
No carro, Aysha acabou adormecendo depois que passaram pelo hotel pegando as suas coisas.
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...
Na rodoviária, Carly estava petrificada num banco enquanto pessoas iam e vinham. Tudo o que ela mais queria era não ser motivo de pena para ninguém. Estava desolada.
Com a cabeça baixa, chorava copiosamente, até que enxugou as lágrimas erguendo a cabeça. Respirou fundo e num impulso, foi ao guichê onde uma moça que acabava de chegar para o seu turno, se compadeceu por vê-la com o rosto inchado e os olhos vermelhos indicando o quanto havia chorado.
Pediu a passagem para a casa do seu pai e pagou no seu cartão.
A atendente que estava preocupada com Carly sem conhecê-la, a indagou percebendo que ela estava m*l.
- Está tudo bem senhora?
Como se voltasse do seu torpor, Carly olhou para a moça e pelo vidro que as separavam, percebeu que estava digna de pena ao ver o seu reflexo. Sem graça, assentiu.
- Sim, obrigada!
Com um certo pesar, sorriu e Carly com a passagem em mãos, saiu seguindo até a plataforma onde o ônibus estaria lá em minutos.
Não demorou muito e o ônibus já estava ali. Enfrentou a pequena fila e na sua vez já estava um pouco melhor fisicamente, já que o emocional estava destroçada.
Respirou profundamente e ao deitar a sua cabeça no recosto da sua poltrona, se permitiu adormecer para ver se tudo não passava de um pesadelo.
Mas já tinha a sua decisão formada quanto ao seu casamento. Restava agora saber, se ela conseguiria ir adiante.
Ander, sentiu um aperto no peito e pegou o celular para ligar para Carly.
Sentiu-se frustrado quando o celular deu fora de área.
“Droga Carly, porque sinto que não está bem minha linda?!” – Pensou preocupado.
Mas não teve muito tempo para tentar ligar mais algumas vezes ou até mesmo saber se estava bem com Carly ligando para outra pessoa. Seu nome foi logo chamado para atender um paciente que acabava de entrar na emergência.
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Já estava amanhecendo quando o ônibus que Carly estava se aproximava da rodoviária onde o seu pai morava em Springfield.
Sentindo os raios do sol adentando pela fresta da cortina na janela em que estava com a cabeça recostada, Carly despertou.
Com uma leve espreguiçada, seu braço bate na poltrona do lado e ao olhar suspirou aliviada por não ter ninguém ao seu lado e tudo o que ela menos queria, eram mais problemas agora.
Pegando o celular da sua bolsa, ligou para saber que horas eram e se deparou com inúmeras ligações de Aysha, Joshua e duas de Ander.
Ignorou os dois primeiros e resolveu ligar para o seu amigo que não demorou muito e atendeu sonolento.
Sua voz rouca denunciava que acabava de acordar.
- Carly. Você está bem?
Sorrindo involuntariamente por tê-lo acordado, responde desanimada e desconversa.
- Oi Ander, você me ligou?
Continua...