Flores e amores? Que conto fantasioso! A única flor que cruzou meu caminho foi aquela de plástico sem vida no centro da mesa de jantar do meu modesto apartamento. E em relação aos amores, bem, isso foi ainda mais desolador. Uma verdadeira desilusão que me fez questionar o sentido dessas palavras.
Agora, finalmente, estou de volta ao meu elemento natural: no meio de uma balada agitada, cercado por jovens animadas e com uma bebida na mão, tudo regado a risadas e brincadeiras entre amigos. Fiquei por longos três anos ceg0, minha ilusão durou muito, mas finalmente acordei e retomei minha essência, estou há um ano solteiro e assim irei continuar. Toda aquela conversa sobre encontrar o amor verdadeiro e abandonar minhas escapadas foi apenas um capricho, algo que não deveria ter me tomado tanto do meu tempo, mas tomou e agora quero recuperar cada minuto perdido.
Fui tol0 o bastante para cair na armadilh@ do meu irmão, Tomás, e sua esposa, Samantha, não foi porque com eles funcionou que comigo daria certo. Eu nasci para ser livre, então chega disso! Não quero mais essa palhaçada de namoro ou um amor para vida inteira, esse não sou eu. Estou recomeçando do zero e não tenho a menor intenção de me entregar a sentimentos amorosos novamente.
Permita-me apresentar: Juliano Tavares, o irmão do renomado advogado Tomás Albuquerque. E é aqui, neste cenário vibrante de luzes brilhantes e batidas frenéticas e bund@s dançantes, que a minha história tem seu início.
(...)
— E aí, vai ficar aí plantado ou vai entrar na dança e pegar alguém? — Laura se aproxima, lançando uma piscadela bem-humorada.
— Escolhe uma vítim@ para mim. — quase grito para ser ouvido acima da música ensurdecedora.
— Como é? — ela franze a testa, entre o divertido e o intrigado.
— Escolhe uma gatinha para eu conquistar. — eu me rendo à sua brincadeira. Ela solta uma risada contagiante.
— Qualquer uma? — pergunta, pega meu copo, dá um grande gole em minha bebida e varre o ambiente com um olhar avaliativo enquanto decide qual das meninas será a "escolhida" da noite. — Tudo bem, seu convencido, que tal aquela ali? — aponta para uma morena deslumbrante, com cabelos longos e ondulados quase tocando sua cintura.
— Bom gosto, chaveirinho. — a chamo pelo apelido que carinhosamente dei a ela, endireito a postura, aproximo-me dela e sussurro com confiança em seu ouvido. — Agora, senta e aprende com o mestre.
Ela solta uma gargalhada e me dá um toque brincalhão no peito.
— Quero só ver o espetáculo, convencido. Espero que leve um fora daqueles, que te faça perder até o rumo de casa. — Lanço um sorriso m@licioso, dou mais um gole na bebida e devolvo o copo a ela antes de me dirigir à minha nova "missão".
— Vai esperando Laurinha.
Com passos determinados, avanço na direção da morena deslumbrante. A confiança é minha aliada, algo que definitivamente não me falta. Os ritmos pulsantes da música ditam meus movimentos enquanto me aproximo dela com um sorriso cativante no rosto. Olho para Laura que está se divertindo com a situação. O jogo está prestes a começar e será divertido.
— Desculpe, mas eu não poderia deixar de notar a beleza estonteante que ilumina de você. — solto uma cantada que, apesar de clichê, é proferida com um toque de autenticidade, e vinda de mim, é praticamente impossível resistir. A morena sorri, aparentemente apreciando a abordagem breg@.
— Devo agradecer a simpatia a quem? — sorrio entendendo que a morena já está na minha.
Me apresento e os minutos fluem em uma troca envolvente de palavras, enquanto solto mais algumas investidas, cada uma arrancando risadas e envolvendo a atmosfera em um clima descontraído. Após mais um tempo decidido não prolongar a espera, percebo que é hora de dar o próximo passo.
A música alcança seu auge, e num gesto audacioso, puxo suavemente a morena para um beijo. Um beijo quente, ous@do e cheio de intenções, que deixaria uma marca memorável em sua memória.
Depois de um momento que pareceu se desenrolar em câmera lenta, nos afastamos lentamente. Um sorriso provoc@nte enfeita seus lábios, e eu me sinto bem, por ter cumprindo minha primeira missão da noite, volto triunfante para junto de Laura.
— Aprendeu alguma coisa observando o mestre? — provoco, exibindo meu sorriso mais autoconfiante. Ela ri da minha falta de modéstia, e eu aproveito para tomar um longo gole da bebida que estava em suas mãos.
— Pegou o número dela, pelo menos? — Laura pergunta, curiosa.
— Pra quê? — retruco com diversão. Ela balança a cabeça e se acomoda em um sofá próximo. — Não quero ninguém me ligando, chaveirinho. Não estou em busca de namoro, estou atrás de diversão. Se ela quiser, a levo para um motel e a noite é nossa, irei fazê-la revirar os olhos a noite toda. Se não quiser, é só partir para outra.
Me acomodo ao lado dela e logo somos servidos com mais um drink.
— Você é um cretin0, Juliano. — ela afirma divertida.
— Tentei ser o oposto uma vez, lembra? — respondo com uma risada, e ela suspira, concordando com a cabeça.
— Vamos dançar! — Laura se levanta, estendendo a mão para mim, e eu deixo que ela me puxe em direção à pista de dança.
— Aproveite e vai escolhendo minha próxima paquera, porque eu já estou escolhendo um para você. — ela gargalha e concorda.
O ritmo envolvente nos absorve, e dançamos juntos, lado a lado, deixando qualquer preocupação de lado enquanto aproveitamos a noite ao máximo.
A noite foi intensa, bebemos muito e após curtir e pegar quem queríamos, eu e Laura fomos embora. Como meu apartamento estava mais próximo da balada, e ela estava muito bêbada – assim como eu –, decidimos ir diretamente para lá. Laura tem um sério problema quando bebe e se embriaga, fica revivendo o passado.
Minha amiga se lembra do ex namorado, do meu amigo Andrew, eles estão separados há três meses e aí começa a decadência, ela choraminga dia e noite e isso a faz ficar depressiv@. E como eu já estive no lugar dela, com o coração lascado, decidi apoiar minha amiga, e não deixar que o seu antigo relacionamento acabe com ela.
Laura é uma boa garota, autentica, divertida e linda, pode seguir com a vida e esquecer o que passou. Andrew também é meu amigo, mas ele já está bem, está conhecendo outra pessoa e eu não vou deixar Laura se afundar na sua tristeza. Não adianta ficar choramingando, vida que segue e eu estou aqui para ajudar Laura a superar esse término, assim como eu superei o meu.
(...)
Na manhã seguinte, fui o primeiro a acordar e aproveitei para preparar um café para nós. Quando Laura se levantou, ela se juntou a mim à mesa.
— Bom dia, chaveirinho! Como você está? — pergunto enquanto ela esfrega o rosto.
— Muita dor de cabeça! Eu bebi muito ontem? — ela pergunta, tentando recordar.
— É, Laurinha, você exagerou um pouquinho, assim como eu. Tive que te carregar no colo e jogar você debaixo do chuveiro, porque você queria dormir com a roupa toda suja de vômito. — Ela faz uma careta. — Foi exatamente essa cara que eu fiz quando você insistiu para que eu te deixasse em paz, mesmo estando em péssimo estado. — Ela olha para o próprio corpo.
— Isso explicaria o motivo de estar vestida com a sua camisa e cueca. — Eu assinto, e ela solta uma risadinha.
— Pois é. — Me levanto e entrego um remédio a ela. — Desculpa, mas eu não tinha outra escolha senão trocar suas roupas. Mas não fique com ideias erradas, eu nem olhei, pode confiar. — Ela me olha agradecida e pega o remédio da minha mão. — Toma isso e depois beba seu café. Vai se sentir melhor.
— Obrigada, você é um amigo e tanto. — Sorrio e me sento novamente.
— Eu sei disso! — Ela ri.
— E extremamente convencido também. — sorrimos.
— Bem, mais uma noitada na balada hoje? — Pergunto animado, mas ela balança a cabeça, fazendo uma careta.
— Não, minha metadinha — ela me chama pelo apelido que me colocou —, hoje eu prefiro ficar em casa, tranquilamente curtindo um filme e atacando um estoque de chocolate. — Ela respira fundo. — Vi uma foto dele hoje, postada ontem, estava com um sorriso enorme. — ela revira os olhos.
Olho para ela e balanço a cabeça negativamente.
— Voltando à estaca zero, não é?
Ela faz uma expressão de chateação e abaixou a cabeça sobre a mesa.
— Por que ele teve que ir embora? Ele dizia que me amava, mas simplesmente partiu sem olhar para trás.
— Ele te ama, Laurinha, mas tinha compromissos. O trabalho dele o levou para longe, e lembre-se que você optou por ficar.
— Não estávamos bem, Juliano. Nosso relacionamento já estava abalado, estávamos apenas seguindo a rotina. Como eu poderia abandonar tudo para seguir com ele, quando sequer tínhamos mais cumplicidade?
Ela esfrega o rosto e bagunça os cabelos, e eu sinto que é hora de intervir. Caminho até ela e me sento na cadeira ao seu lado, fazendo com que ela me encare.
— Olha aqui, chaveirinho, não quero te ver assim — asseguro enquanto ela segura minhas mãos.
— Ele está com outra pessoa, enquanto eu estou aqui, derramando lágrimas por ele. Por que os homens podem ser tão insensíveis? Tão cretin0s. — ela desabafa, com raiva.
— Ei, não generalize, eu não sou um cretin0. — sorrio e ela bate levemente no meu ombro. — Ele gosta de você, Laurinha. — afasto uma mecha de cabelo de sua testa e volto a olhar nos olhos dela. — Mas não deu certo, vocês tentaram e foi você quem tomou a decisão de terminar, se lembra?
— Foi o melhor, não estávamos bem nem quando estávamos próximos, imagine com a distância. Ele m*l me respondia, sempre ocupado. Tentei salvar o relacionamento, mas você sabe, Juliano, vocês são amigos, ele já não era mais o mesmo comigo.
— Ele estava se adaptando à nova situação, Laurinha. Talvez se você tivesse sido um pouco mais paciente...
— Ele estava era comend0 outra mulher. — ela afirma, com raiva me interrompendo.
— Isso não é verdade. — Ela respira profundamente com minha afirmação.
— Não quero brigar contigo. Vocês são amigos, e vocês homens, se protegem.
Olho para ela e balanço a cabeça.
— Também sou seu amigo, Laura. Ele me assegurou que não se envolveu com ninguém enquanto vocês estavam juntos. Conheceu essa garota depois do término de vocês. Ele nunca te tr@iu, Laurinha.
— Não acredito nele, foi rápido demais. — Suspiro.
— Ele não teria razão para mentir, então prefiro acreditar nele. — Me levanto. — Agora, chega de lamúrias. Não deu certo, é hora de seguir em frente.
— Assim como ele está seguindo, não é? — ela pergunta, irritada.
— É, assim como ele. — afirmo.
Ela faz uma careta quase chorosa, nos levantamos e partimos para tentar aproveitar o dia apesar da ressaca.
(...)
Após o almoço, acompanhei Laura até sua casa e depois segui para a casa dos meus pais, onde encontrei meu irmão e sua família.
— E aí, como você está? — Tomás pergunta enquanto me jogo no sofá ao seu lado.
— Com sono. — Ele sorri e neg@ com a cabeça.
— Você precisa diminuir essas saídas noturnas, Juliano.
— Ah, Tomás, nem começa com isso. Foi por sua causa e da Samantha que me f&rrei. Falando nela, cadê minha cunhada e os pimpolhos?
— Aqui estou. — Samantha se aproxima, passa a mão em meu cabelo e se senta na poltrona em frente a mim.
— Nossa, você está acabado. Não dormiu nada essa noite? — Ela pergunta, com um sorriso divertido.
— Nada! Fui para uma balada com Laura e alguns amigos.
— Marquei de tomar um café com ela mais tarde. Ela disse que a noite foi ótima, que se divertiram muito. — Samantha comenta.
— Foi muito boa mesmo, mas hoje ela está m@l. Ela viu uma foto que o Andrew postou e você sabe como é. — Samantha respira fundo, concordando.
— Vou lá conversar com ela.
— Será ótimo, amor. — Tomás concorda.
— Eu chamei ela para uma balada hoje anoite, mas ela não quer ir, então acho que vou fazer um jantar e convidar minha amiga, não é uma boa ideia ela ficar sozinha essa noite, ou ela vai se acabar de tanto chorar. — Samantha e Tomás se olham e sorri de um jeito que eu detesto. — O que foi? — Tomás sorri de um jeito suspeito.
— Nada! — ele responde, divertido. Eu me levanto e aponto para eles.
— Não me olhem assim, sei muito bem o que estão pensando e isso não tem nada a ver, vocês nem começam.
— Não dissemos nada. — Samantha gargalha, se divertindo.
— Não disseram mais estão pensando, eu conheço muito bem vocês dois, engraçadinhos. — faço careta, Samantha ria alto. — Ela é minha amiga e ex-namorada do meu amigo. Então não inventem coisas.
— Não falamos nada, cunhadinho. Você é que está todo agitado.
— Será que o "chaveirinho" já encontrou a chave do coração dele? — Tomás questiona, e eles gargalham. Eu neg0 com a cabeça enquanto observo os dois se divertindo as minhas custas.
— Vai a merd@ Tomás. Eu só não quero que ela se afogue em sua própria tristeza, eu sei o que ela está passando porque já passei por isso graças aos conselhos de vocês dois. — aponto para eles.
— Laura não é a vadi@ da Bruna, elas são completamente diferente e você sabe disso, cunhado. — Samantha afirma.
— Eu sei, disso. Mas não importa, ela é ex do meu amigo e minha amiga também. Não façam suposições louc@s.
— Qual é o problema, Juliano? — ela pergunta, rindo. — O Andrew não está com outra pessoa? O que impede a Laura de seguir em frente também?
— Nada impede, não tem nenhum problema e eu até a incentivo a conhecer outros caras.
— E por que esse "outro cara" não pode ser você? — Samantha questiona, curiosa.
— Porque somos amigos. AMIGOS! Entenderam o significado disso?
— Amizade colorida? — Tomás brinca, divertido.
— Sabe de uma coisa? Eu vou brincar com meus sobrinhos na piscina, é mais lucrativo que ficar aqui ouvindo vocês falarem tanta bab@quice — Falo sério, Samantha se junta a Tomás e eles riem enquanto eu me dirijo ao jardim.
Esses dois nunca mudam. Eles continuam em um mundo de flores e amores, achando que todos têm que se encaixar nisso. Mas nessa merd@ eu não caio mais.