Amizades

1680 Words
Minha noite com os amigos foi incrível, cheia de risadas e diversão. No entanto, essa manhã começou de forma tensa, quando me vi obcecad@ pela foto que Andrew postou. Ele estava lá, rodeado por novos amigos e uma namorada. Olhar aquela imagem me perfurou o peito, fazendo-me reviver os momentos felizes que compartilhamos. Como uma máquina do tempo cru&l, aquelas lembranças voltaram à tona. Por que di@bos essas memórias insistem em martelar minha mente? Ele seguiu em frente, mas aqui estou eu, presa ao passado, ainda ligada a ele, mesmo que ele já esteja ligado a outra pessoa. M@ldição! Por que sou tão tol@? Por que permito que essa d0r me domine? Ele já reescreveu sua história com outra pessoa, e mesmo assim eu continuo aqui. Um suspiro profundo se arrastou pelo meu peito, e eu lutei contra a vontade de me jogar na cama e chorar o dia inteiro. Tinha estado bem ultimamente, retomando minha vida social, saindo com amigos, redescobrindo o sabor das risadas genuínas. Mas, sempre que penso ter superado ele, uma simples foto o trazia de volta. E assim eu me afundo na decadência, como se tudo perdesse o sentido novamente. Nós dois já não íamos bem muito antes de sua decisão de partir. A paixão que um dia nos consumia agora estava morna, o relacionamento desgastado. Mas ainda assim, eu o amava, ou ainda o amo, eu não sei, realmente não sei mais. O que sei é que sinto raiva de mim mesma por isso. Tudo o que eu desejava era odiá-lo com todo meu coração, mas essa parecia ser uma habilidade que eu não possuía. Sim, eu queria odiá-lo, queria poder esquecê-lo, mas, em vez disso, estava aqui, remexendo no passado enquanto ele escrevia um novo futuro sem mim. (...) — Que cara é essa? — Samantha falou assim que eu abri a porta para ela. Respirei fundo e caminhei em direção à sala, enquanto ela fechava a porta e me seguia. — Ressaca, amiga. Isso é a cara de ressaca, a expressão de alguém que bebeu a noite toda. — Antes fosse só isso, né, Laurinha. — Samantha afirmou ao se sentar ao meu lado no sofá. — Isso não é só a ressaca, é a expressão de alguém que está presa no passado. Eu suspirei, e ela segurou minhas mãos, fixando seus olhos nos meus. — Você viu a foto que ele postou, né? — Samantha assentiu com um leve aceno de cabeça. — Ele parece querer me provar o tempo todo que está feliz, que não se lembra mais de mim, e isso está me machucando muito. — desabafei e me deitei em seu colo. Samantha beijou meu rosto e acariciou meu cabelo. — Você sabe que não é bem assim, amiga. — ela argumentou, e eu me sentei novamente, encarando seus olhos. — Se não é assim, me explica como é, amiga, porque é exatamente isso que parece que ele está fazendo. — Ele tem muito carinho por você. — Percebi. Ele sente tanto carinho por mim que estamos separados há três meses, e ele já está todo envolvido com outra. — Eu sei, amiga. — Samantha disse com pesar. — Então me explica, amiga, que tipo de carinho é esse que ele sente por mim? O Andrew fala para vocês que gosta de mim, que não quer me magoar, mas a todo momento ele joga na minha cara o quanto está feliz com sua nova namorada. Ele parece querer me mostrar o tempo todo isso, enquanto eu fico aqui, remoendo o passado, lembrando de como éramos antes de tudo começar a desabar. — Ele gosta de você, vocês ficaram juntos tempo suficiente para que esse afeto fosse para sempre. — Ele gosta tanto de mim que está comend0 outra e expondo ela para todos que querem ver. Que ódi0 de gostar dele, que raiva de mim mesma. — Não fique assim. — Samantha me abraçou enquanto eu abaixava a cabeça e esfregava o rosto. — Ele disse que você não estava mais atendendo as ligações dele. — Pra quê? Eu não tenho nada para falar com ele. — Ele quer conversar com você sobre o que aconteceu. — Agora ele quer conversar? Não quero falar com ele, Andrew não me deve explicações de nada, ele é solteiro assim como eu. Eu só acho que ele poderia ter sido um pouco mais sensível comigo, mas ele não foi. Depois que terminamos, eu nunca postei fotos minhas com outra pessoa, e ele, na primeira oportunidade que teve, foi lá e jogou na minha cara o quanto estava bem. — Eu sei que ele foi muito cretin0 com você fazendo isso, e eu mesma disse isso a ele, mas fala com ele, acho que vai te fazer bem. — A única coisa que vai me fazer bem é continuar como estou, amiga. Eu já fico péssim@ o suficiente quando vejo as fotos dele, imagina ouvir a voz dele me dizendo que está bem. Isso é demais para mim, passa do meu limite. — Entendo você, e estou ao seu lado para o que der e vier. Se você acha que não é o momento, está resolvido. Mas não quero te ver assim tão tristinha, quero que se anime. — Respirei fundo e encarei seus olhos. — Farei isso, amiga. Eu estou tentando, juro para você, e o Juliano está me ajudando muito. — Samantha sorriu. — Por que está me olhando assim? — Questionei enquanto ela continuava rindo e me encarando. — Olhando assim como? — ela perguntou, brincalhona. — Assim, Samantha, com essa cara aí. — comentei. — Ué, amiga, é a única que eu tenho. — ela riu. — Acho que você e o Juliano formam um casal muito top. — Olhei para ela incrédula. — Ficou louc@? Somos amigos, Sam. — Levantei e caminhei até a cozinha, ela veio atrás, peguei um copo de água e bebi, enquanto ela encostava na bancada e continuava me olhando. — Qual o problema de vocês serem amigos? Isso é ainda melhor, um casal precisa ser amigo um do outro. — Nem começa, Sam, isso não tem nada a ver, eu e o Juliano somos amigos, apenas amigos. — Tá bom. — ela disse, e eu a encarei desconfiada. Ela sorriu e serviu um copo de água. — O que foi? Por que está me olhando assim? — perguntou divertida. — Porque tenho a impressão de que não está acreditando em mim? — ela gargalhou. — Eu não disse nada, apenas concordei com você. — Sei! — continuei com meu olhar desconfiado para ela. — Você não começa, ok? Eu e o Juliano somos amigos, ele está me ajudando muito. — Eu não disse nada, mulher, você é que está se justificando até agora. — sorrimos. — Você é custosa, Samantha, te conheço, por isso estou me justificando. — voltamos a nos sentar no sofá. — Cadê meus bebês? — Estão com o Tomás, foram à sorveteria, daqui a pouco estão aqui. — Ótimo, comprei um presentinho para eles. — Mais presente? — ela questionou, e eu sorri, me levantei e fui pegar a lembrancinha que comprei para meus afilhados. — É só uma lembrancinha. — falei ao retornar com dois pacotes nas mãos. — Não precisava, amiga. — eu sorri enquanto entregava os presentes para ela. — É claro que precisava, o Juliano me ajudou a escolher, acho que vai ficar lindo neles. — ela voltou a me olhar com aqueles olhos desconfiados. — O que foi, Samantha? — Eu não disse nada! — ela gargalhou enquanto afirmava. — Nem precisa, basta olhar para sua cara. Você não começa. — sorrimos e continuamos a conversar, agora sobre os filhos de Samantha, que estavam cada vez mais lindos e espertos. Emily tem 4 anos, é uma menina incrível, divertida e muito esperta. Arthur tem 1 aninho, e é um menino meigo, tímido, amoroso e apaixonante. Depois de mais um tempo de conversa, Tomás apareceu com Emily e Arthur. Aí não teve jeito, qualquer sinal de tristeza que eu sentia desapareceu. Brinquei com eles e continuei conversando com Samantha e Tomás durante toda a tarde. Experimentamos as roupinhas que comprei, e eles ficaram lindos nelas. Emily parecia uma princesa com seu vestidinho vermelho, e Arthur estava super elegante em seu terno. Babamos neles, mas é claro que eles não estavam nem aí para as roupas, eles amaram mesmo o brinquedo que eu tinha embrulhado junto; e ali, eles fizeram a festa. (...) — Muito obrigada pelos presentes, amiga, e amanhã eu estou de volta, se você estiver em casa, é claro, porque o Juliano disse que vocês vão jantar juntos, então vai saber o que vai acontecer nesse jantar, não é mesmo? A noite pode ser uma criança. — Tomás sorri discretamente enquanto segura Emily nos braços. Eu neguei com a cabeça enquanto entregava Arthur para Samantha. — Não invente, sua di@ba. — sussurrei, e ela achou graça. — Só iremos jantar, ele me convidou por pura compaixão. Tomás, dê um jeito na sua esposa porque ela está impossível. — Ela está impossível ou você e meu irmão que estão muito lentos. — Samantha sorriu. — Até você? — questionei, incrédula. — Vocês só podem ter perdido o juízo. — Vocês dois têm tudo a ver um com o outro. — Tomás disse, fazendo meu queixo cair. — Ah, não, Tomás, você também não, somos amigos. — ele sorriu. — Depois não diga que não avisamos. — ele afirmou. — Isso é verdade. — Samantha concordou. — Vocês já podem parar com essa conversa. — balancei a cabeça, incrédula. — Caso você esteja em casa amanhã, me liga. — Eu estarei, sua bobinha. — sorrimos. — Então até amanhã, amiga. — Samantha se despediu de mim com um beijo carinhoso no rosto. Me despedi das crianças e de Tomás, e em seguida, eles foram embora. Aproveitei meu bom humor após a visita do meu casal favorito e fui tomar um banho para descansar um pouco antes de Juliano vir me buscar para irmos jantar.
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