Proibido

1123 Words
Confesso que a abordagem dele não foi das melhores. Ele me assustou, vindo por trás e tapando a minha boca. A minha reação inicial foi gritar, até que vi que era ele na escuridão. - Desculpe. - Ele falou baixinho. - Eu não quis te assustar mas também não queria que descobrissem que estávamos aqui. - O meu coração batia descontrolado, agora mais pela presença dele do que pelo susto. Ele tirou a mão da minha boca e eu assenti. - Posso me sentar com você? - Ele tinha cheiro de rosas. Rosas que acabaram de desabrochar. - Fique à vontade. - Ele sentou imediatamente ao meu lado, mais perto do que eu esperava e senti o calor da perna e do braço dele na minha pele. - Não consegue dormir? - Ele perguntou, ainda sussurrando. - Não. - Eu me limitei a responder. Eu não costumava conversar com as pessoas sobre os meus problemas de nervos. A verdade é que naquela tarde a Perlla tinha me dito que iríamos começar a divulgar que eu estava disponível e eu simplesmente não consegui dormir depois de uma crise de choro. - Isso acontece com frequência. - Ele afirmou e eu olhei para ele confusa e foi quando vi o sorriso dele pela primeira vez. Um sorriso caloroso e que potencializava a beleza dele. - Eu vejo você sempre por aqui tão tarde. - Então ele já tinha me seguido antes? Aquilo era novidade. - Você deveria estar falando comigo? - Perguntei, tentando entender o que ele queria com aquilo. - Se eu tivesse amor a minha vida, não. - Senti um incômodo na boca do estômago. - Mas prefiro falar com você. - Ao invés de não morrer? - Eu não consegui conter o choque na minha voz e ele sorriu mais. - Parece loucura, mas desde que coloquei os meus olhos em você, sempre quis falar com você. - Eu estava surpresa com a admissão dele. Mesmo que eu tivesse tido a mesma vontade. Eu era inalcançável para ele, um soldado da minha família. - Por quê? - Me limitei a perguntar, querendo entender melhor o que motivava ele. Ele pensou por um segundo, olhando intensamente nos meus olhos. Os olhos dele pareciam pedras preciosas, brilhando na escuridão enquanto ele ponderava o que me responder. - Você tem olhos inteligentes, uma beleza enlouquecedora e uma voz doce. - Senti os meus olhos arregalaram de choque. - Desculpe a minha honestidade. - Ele falou apressado. - Obrigada pelo elogio. - Eu sentia a minha pele queimar de vergonha, mas eu não conseguia desviar o olhar dele. Eu estava hipnotizada pelos olhos dele. Observei o desenho do nariz e a boca que formava um coração. O ar pareceu parar ao nosso redor e eu senti um impulso que nunca senti antes. Eu sempre achei ele lindo e educado. Sempre pensei como seria o gosto da boca dele. E a boca dele estava a poucos centímetros de mim. Beijar alguém era completamente proibido. Toques físicos eram limitados e elogios eram controlados. Eu não sabia como seria a sensação do toque de alguém em mim. Mas eu realmente queria descobrir como era o gosto dele. - Qual curso você faz? - Ele perguntou, quebrando o silêncio e eu fiquei completamente grata. Eu estava prestes a beijá-lo. - Veterinária. - Respondi, lembrando que ele me buscava na faculdade as vezes. - Mas devo interromper em breve. - Admiti, sentindo o incomodo daquela frase me dominar. - Por que você vai fazer isso? - Eu respirei fundo e olhei para frente, sentindo a tristeza se aproximar do meu coração. - Em alguns meses um casamento por contrato será combinado. E não sei o quanto você conhece da máfia Camorra, mas os homens de Nápoles não admitem que as mulheres tenham uma profissão. Admitir aquilo em voz alta fez parecer pior do que eu esperava. - Não me entenda m4l, eu não estou reclamando. - Tentei explicar. Ele poderia me delatar ao Tom ou algum dos meus tios. - Pois deveria reclamar sim. - A resposta dele me surpreendeu e percebi que a ele também. Ele pigarreou. - Digo, se é o seu sonho, deveria argumentar por isso. - Eu sorri para o soldado ao meu lado, percebendo que ele não entendia muito bem o quão caro seria argumentar sobre uma coisa dessas. - Eu não devo. - Admiti. - E nem vou. Não é o esperado de uma princesa Camorra. - Suspirei de novo. - E o que é esperado? - Ele perguntou de novo e eu forcei um sorriso para ele. - Que eu seja educada, saiba cuidar bem de uma casa e sirva o meu futuro marido como ele desejar. - Agora foi ele que suspirou. - Isso não é vida. - Ele falou e eu encarei ele, incrédula. - Ninguém merece uma vida assim. Principalmente você. - As palavras dele foram como um bálsamo nas minhas feridas mais profundas. - Obrigada. - Me forcei a dizer. - Poucas pessoas pensam assim. - Não permitir que você faça algo que te faz feliz, deveria ser considerado um crime. - Os olhos dele quase brilharam quando ele falou isso. - Nicolas… - Eu estava emocionada com as palavras dele. Senti os meus olhos arderem. - Você não deveria dizer esse tipo de coisa. - Eu temi por ele. Se alguém ouvisse, ele com certeza seria acusado de conspiração e seria punido por aquilo. - Anna. Posso te pedir uma coisa? - A voz dele era uma música doce que me envolvia. O meu corpo estava tenso e o meu coração seguia acelerado. Naquele momento eu entendi, que talvez não tivesse nada que ele me pedisse que eu recusaria. - Sim, pode pedir. - Falei bem baixinho. - Poderia, por favor, falar o meu nome de novo? - A expressão dele era encantadora e aquele pedido não fazia sentido. - Por favor… - Ele repetiu e eu sorri, sentindo o meu rosto aquecer de novo. - Claro que sim, Nicolas. - Falei quase pausadamente e ele mordeu o lábio bem devagar, me fazendo prender a respiração. - Anna. - Ele falou, se aproximando. - Eu gostaria de pedir…- Eu senti o meu corpo ir para frente. - O que gostaria de pedir, Nicolas? - Falei sem conseguir sentir mais o ar entrar nos meus pulmões. Ele não pediu, ele agiu. Os lábios dele encostaram nos meus e eu senti o meu corpo derreter conforme ele passou a língua ali. Senti a mão dele no meu pescoço e inclinei mais o corpo, deixando o instinto me guiar. Abri um pouco mais os lábios e ele explorou a minha boca, buscando a minha língua e eu me derreti um pouco mais.
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