- Eu sou um Bambino. - Ele falou contra os meus lábios, se afastou e respirou fundo. Olhei ele nos olhos, sentindo o meu sangue correr ferozmente nas veias. Eu senti uma sensação diferente agora, um medo imenso me tomou e eu levantei depressa, a adrenalina fervendo no meu corpo. - Eu queria ser eu mesmo com você. - Ele falou segurando a minha mão. Eu já estava me virando para correr. - Não vá… Por favor Anna.
Parei por um momento, tentando entender o que aquilo significava.
Um Bambino estava ali, trabalhando para a minha família, infiltrado.
E ele tinha me beijado.
O meu primeiro beijo foi com um Bambino.
Olhei para ele de novo, tentando acreditar se aquilo era real ou talvez eu estivesse sonhando.
Eu já sonhei com ele antes.
E isso não era o pior. O pior, é que eu estava loucamente apaixonada por ele. Eu sonhava com ele o tempo todo. Ficava observando ele de guarda pela janela e torcendo para que fosse ele no carro quando eu saísse da aula. Pisquei algumas vezes, pensando o que aquilo realmente significava.
- Eu não quero te fazer m4l. - Ele falou se aproximando, ainda sem soltar a minha mão. - Eu te acho perfeita demais.
- Para uma Camorra? - Eu não estava mais sussurrando.
- Para qualquer pessoa. - Ele falou me puxando contra o peit0 dele e me envolvendo nos braços. - Não me importa o seu sobrenome, assim como não deveria te importar o meu. - Eu sustentei o olhar dele, sem ter forças para me desvencilhar dos braços dele. - Eu vejo como você olha para mim. - Senti o rubor subir pelo meu pescoço. - Eu sei o que significa, porque eu te olho da mesma forma.
- Você não faz ideia do que está falando. - Eu acusei, voltando a falar baixo. A expressão dele era dura, o sorriso que ele me deu antes sumiu completamente.
- O que você sentiu, quando eu finalmente criei coragem para te beijar? - Ele perguntou com uma expressão séria. - Você sentiu o coração ferver, o estômago virar e uma sensação impulsiva de me amar. - Eu queria desesperadamente negar. - Você está apaixonada por mim. - A doçura que ele falou isso ameaçou abalar as minhas barreiras. - Assim como eu estou apaixonado por você.
Ele procurou a minha boca com muita vontade agora e eu não tinha forças para lutar. A boca dele dominou a minha, urgente e firme, e ele tinha um gosto doce irresistível.
Ele estava apaixonado por mim e sabia que eu estava apaixonada por ele.
Enrosquei os braços no pescoço dele e ele me puxou para mais perto, encostando o corpo dele no meu.
Eu nunca estive tão próxima de alguém assim na minha vida e a sensação era libertadora.
Eu me entreguei naquele momento, como se a minha vida dependesse disso.
Ele explorou cada canto da minha boca e eu permiti. Sem tirar a boca da minha, ele me ergueu no ar, sentou no banco e me puxou para o colo dele, me fazendo montar nas pernas dele.
A cada segundo eu sentia o meu destino ser selado. Eu não saberia mais como viver sem sentir ele assim, perto de mim.
O nosso beijo beirava a indecência. Cheio de pecado e provocações. Ele mordeu o meu lábio e um gemid0 me escapou antes dele voltar a explorar a minha boca, afundando os dedos nos meus cabelos e me puxando para mais perto ainda.
O meu corpo pulsava de vontade de sentir mais. Eu queria tudo.
Ali, sendo completamente dominada pelas sensações da boca dele na minha, eu soube o que eu queria.
Eu queria ser amada, assim, por ele, para sempre.
Ele se afastou, encostando a testa na minha e puxando o ar, enquanto eu tentava controlar a minha respiração.
- Eu vou acabar cometendo um pecado. - Ele falou. - Se eu continuar te beijando.
- Já estamos pecando. - Apoiei as mãos no rosto dele, sentindo a barba começando a crescer e acaricie os lábios dele com os dedos. Percebi ele fechando os olhos.
- Eu vou levar você daqui. - Ele prometeu.
- E eu vou. - Falei, sentindo uma coragem imensa dominar o meu corpo. - Para onde você quiser ir.
Ele sorriu e me olhou de novo nos olhos.
- O que você está fazendo comigo? - Ele perguntou e eu sorri. - Não sorria assim…
- Nicolas… - Falei e ele mordeu o lábio de novo. - Você disse uma coisa, antes de me beijar… - Eu precisava entender direito aquilo.
- Eu disse, que estou apaixonado por você. - Ele repetiu e o meu coração batia descompassado. - E nesse momento, tudo o que eu mais queria, era te cortejar e propor casamento aos seus pais. - Eu não podia deixar de sorrir. - Assim que coloquei os olhos em você eu a quis, desde o primeiro segundo.
- Mas…? - Eu perguntei, sabendo exatamente o que ele ia falar.
- Eu sou um Bambino. - Ele falou.
- E eu uma Camorra. - Eu admiti.
- Mesmo assim, isso não me impediu de estar aqui. De sentir você, de beijar você…
- Nem a mim. - Falei, encostando o nariz no dele e fechando os olhos, absorvendo o perfume dele, marcando aquele momento para sempre na minha memória.
- Anna… - Suspirei com o som do meu nome na boca dele. - Eu vou te beijar de novo.
- Por favor… - Eu quase implorei antes de sentir os lábios dele nos meus. Agora com mais calma, mais doçura e paixão. Eu me entreguei novamente ao pecado, ao meu desejo proibido e pela primeira vez na vida inteira eu decidi algo por mim mesma.
Eu ficaria com ele.