Dominada

877 Words
Alguns minutos depois, ouvi o carro sair em disparada em algum lugar. Nenhum dos presentes se movia e o meu braço estava tenso segurando a arma contra a cabeça do Dom. - Eles foram em segurança. - O Davi falou. - Pode soltar o meu pai. - Eu não tinha certeza se queria fazer isso. Refleti um pouco sobre a decisão que eu acabara de tomar. Vim até aqui, cega pela vingança. E isso se perdeu assim que eu soube que a Julie sofreria nas mãos deles. No meio de tudo isso eu me tornei algo mais do que uma ferramenta para a vingança. Se tornou um desafio dominar essa família, que demonstrou uma recusa completa em me aceitar e negociar comigo. E o que estava embaixo de tudo isso? Provar que eu conseguiria, que eles não eram páreo para mim. A verdade, do fundo do meu coração, era essa. Eu queria vencer, e usei a vingança pela Julie, genuína em um primeiro momento, para isso. Observando o ponto que cheguei, percebi o quanto me enganei. Eu deveria ter partido assim que o Ricardo sugeriu isso. Eu não deveria nem ter vindo. - Clara… - O Davi falou, ainda parecendo muito calmo. - Por favor, solte ele e vamos conversar. - Eu não quero conversar. - Olhei ao redor. Seria impossível sair dali. Mesmo que eu usasse o Dom como escudo. Eles iam me matar. - Eu quero conversar. Não precisamos de mais sacrifícios… Além do necessário. - O que vocês querem de mim? - Perguntei, mantendo a arma contra a cabeça do Dom. - É uma pergunta extremamente valida. - O Davi falou, dando um passo na minha direção. - Nesse momento, eu quero conversar, e tornar as coisas o mais tranquilas possível. - EU NÃO TENHO O QUE FALAR PARA VOCÊ. - A fúria rompeu pelas minhas palavras, e eu direcionei inteira para ele. Ele pareceu um aliado no meio daquilo tudo. Eu me deixei enganar pela calma daquele desgraçado. - Perceba que você não está necessariamente em vantagem. Mesmo que mate ele. Assim que o fizer, temos 10 armas apontadas para você. E mesmo que sobreviva, tem mais 100 homens no caminho daqui até a rua. Clara, ouça o bom senso. - Ele deu mais um passo na minha direção. Olhei ao redor. Eu estava encurralada, ele tinha razão. Eu não daria conta de todos. Eu tinha 12 balas no pente, e duas facas. Mesmo que eu pegasse a arma de algum dos homens, eu não ia conseguir. Respirei fundo e olhei para ele de novo. - Vamos conversar, mas ele fica aqui. - Forcei a arma na têmpora dele. - Non voglio ucciderti. (Eu não quero matar você) - O Dom falou e eu não entendi nada. - Em inglês! - Eu falei. - Ele não quer matar você. - Olhei para o Davi, para os homens ao redor, armas apontadas para mim por todos os lados. A Julie estava semiviva no chão. O Davi estava a poucos passos de nós. Eu sabia, que se eles me quisessem morta, eu já estaria morta. Quantos daqueles homens estava com a minha cabeça na mira? Todos. - Eu não quero morrer. Então comece a falar! - Eu pedi, ainda tentando manter o controle da minha voz. O desespero começando a nascer na boca do meu estômago. - Você é a herdeira. Nós somos os herdeiros. Ele quer apenas que você siga os seus passos como tal. - Virei os olhos com aquele discurso de merd4. - Podemos conseguir coisas inimagináveis juntos, tendo você… - Analisei as palavras dele e me dei conta, eu era única… Filha das duas famílias. - Os Bambinos… - Sugeri e ele assentiu. - Vocês querem me usar para chegar até eles… - Era tão óbvio que eu deveria ter previsto isso. Quase ri da minha burrice. - É um jeito de destruí-los de dentro para fora, e tomar a Sicília. - Aquilo era doentio. - Tendo você, podemos reescrever essa história. - Ele falou, dando mais um passo. - Eu quero ir embora! - Eu cuspi as palavras. - Depois que terminar tudo, liberamos você. E você pode seguir a sua vida de onde parou. - A verdade nos olhos dele quase me convenceu. Ele realmente acreditava nisso, mas não era ele que decidia as coisas. Era o bastardo que eu segurava ou o Dominique. Ele não tinha esse poder. - Não é você que decide isso. - Ele respirou fundo e olhou para o pai. - Dom? - Senti o desgraçado se mexer, e percebi que ele lutava contra o instinto, estando tão perto da morte. - Eu, enquanto Dom, te dou a minha palavra que estará livre, assim que eu conseguir o que eu quero. Se seguir com o combinado, o próximo na linha de sucessão não será o Dominique. - Ele suspirou. - Clara, já é hora de acabar com essa brincadeira. - E ele se moveu, rápido demais. Empurrou a arma da própria cabeça e me acertou, no meio do estômago, fazendo o ar fugir dos meus pulmões. 2 segundos depois eu estava cercada, levantei a cabeça para todas as armas apontadas para mim e soube, que eu não tinha chance nenhuma de sair dali viva.
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