Determinação

392 Words
Clara Quando eu finalmente fiquei sozinha, depois de receber cuidados e atenção tanto do Davi quanto da Gertrudes, eles se retiraram achando que eu tinha dormido de novo. Eu preciso ir embora. Sentei na cama, sentindo cada milímetro do meu corpo doer, e as lágrimas escorriam por todo o meu rosto quando eu finalmente consegui sentar na cama. Se acostume com a dor, controle e aceite a dor. A voz do Beto durante o meu treinamento voltava para a minha cabeça a cada movimento doloroso e impulso de gritar. Fiquei por algum tempo sentada, apenas sentindo os meus pés no chão frio e olhando para o horizonte. As cortinas estavam abertas e o sol estava alto. Deveria ser perto do almoço, em breve a Gertrudes voltaria. Com esse pensamento eu me coloquei de pé e em seguida o mundo girou mais rápido ao meu redor, uma tontura forte demais me atingiu e eu precisei apoiar as mãos na parede. Respirei fundo, esperando a sensação passar, e ela de fato foi diminuindo conforme o meu corpo se acostumava com a gravidade. Quando me senti segura eu me movi, muito devagar, a dor ainda percorrendo o meu corpo, mas era conhecida agora… Essa dor seria minha melhor amiga, um lembrete frequente da urgência de sair dali. No banheiro eu não ousei olhar as possíveis marcas nas minhas costas, isso só me deixaria mais furiosa e anteciparia qualquer plano que eu traçasse. Eu precisava pensar melhor em como faria aquilo. O primeiro passo era contatar o Nicolas, e eu faria isso através da Anna, que já tinha vindo até aqui, em breve ela deveria retornar. Depois esperaríamos pelo dia certo. O dia que me sentisse menor morta e pudesse finalmente me mover com mais agilidade. Eu me manteria calma, sob controle, poderia até demonstrar que estava conformada… - Não! - Falei para mim mesma. Parar de lutar pode levantar suspeitas. Eles esperam que eu lute, e isso vai demonstrar controle. Se eu mudar de comportamento podem aumentar os olhos em mim. E eu preciso justamente do contrário. O Nicolas deve saber quais medidas de segurança estão sendo tomadas para me guardar ali. E assim que eu saísse daqui, com sorte, entraria no primeiro avião para casa, e nunca mais olharia para trás. Foi um erro, imenso e inconsequente, agir como eu agi nessa cidade miserável.
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