Porto Seguro

1153 Words
Ângela Os primeiros dias foram estranhos, ele realmente cuidou de mim, das minhas feridas, me medicava e me alimentava nas horas certas, sempre conversando comigo com cuidado e explicando com calma o que precisava ser feito. Quando eu melhorei um pouco ele foi trabalhar, eu ficava trancada e com medo, chorava, colocava uma cadeira contra a porta e me encolhia dentro do quarto, não saia, então ele chegava e me via parada no mesmo lugar que estava pela manhã. Passou a vim na hora do almoço e voltar mais cedo a noite, caso contrário eu não comia, nem tomava os remédios, simplesmente não conseguia. Tinha medo dele também, mas não era tanto. Eu dormia na cama dele, ele no sofá na sala, muitas vezes acordava com ele no quarto me consolando após um pesadelo. É bom, eu me vi dependendo disso, dos momentos em que ele está na casa. Ainda estou usando a tipoia, fazer as tarefas de casa custa, mas eu faço, quero ajudar de alguma forma, então faço tudo, limpo, cozinho, lavo nossas roupas. Ele reclama toda vez, mas elogia minha comida e come tudo que vê pela frente. Não vou mais conseguir viver sem isso, não quero, mas estou ficando bem, e ele disse que eu podia ir quando estivesse boa o suficiente. Só de pensar nisso as lágrimas vinham a seus olhos, a tristeza tomava conta de mim. Finalizo o almoço, deixo tudo no lugar, nada ali é dele, somente as roupas, pelo que me falou, vive mudando, não fica muito tempo, saber disso foi o pior pra mim. O telefone toca o dia inteiro, mulheres deixam recado, uma diz ser a mãe, a outra só diz ser Bonnie, ele sequer olha quando chega, não me atrevo a atender. Olho para o relógio e meu coração já começa a acelerar, limpo minha mão boa em meu short, que ele comprou, tudo que tenho ele me deu. Jason, se tornou meu porto seguro em poucos dias. Ele não me nota, não me olha, não sei, é estranho, eu o admiro muito, acho-o inteligente, totalmente diferente de mim, claro que não ia me notar, ele é um homem mais velho, bonito e educado. Claro que não vai me notar. Nunca. Tudo bem, isso não pode acontecer mesmo, eu não sou nada, não sou ninguém, não sou real, sou uma farsa. Se ele souber quem sou, o que fiz, tudo. Fungo, choro, sou fraca, não mereço a consideração de Jason. Melhor eu ir embora agora, sumir, ele não vai se importar, ele nem vai notar. Entre lágrimas eu começo a abrir a porta para ir embora, ele sempre deixa dinheiro, mas eu nunca toquei, não faz sentido, não tem porque. Meu choro já está descontrolado e alto, não consigo abrir a droga da porta, quando consigo travo. — O que houve? — Jason olha para dentro do apartamento, ainda na porta, procurando algo ou alguém. Segura meu ombro e me olha. — Está com dor? Se machucou? — Eu... — Soluço. — Eu vou... — Então ele me abraça, é a melhor coisa que aconteceu na minha vida inteira, eu me agarro nele, apertando, não quero que me solte nunca. Ele vai acariciando meu cabelo lentamente, me fazendo soluçar mais alto, parece que nunca vou parar, a dor dentro de mim é maior que qualquer machucado em meu corpo. — Pode chorar, tudo bem. — Meu corpo inteiro treme, me sinto fraca, ele me segura em seus braços fortes, fecha a porta e senta comigo no sofá, aninhando meu corpo no dele. Eu sei, posso confiar nele, de verdade, eu posso sentir, algo dentro de mim me diz que é a única pessoa em que posso confiar. Afasto meu rosto de seu peito e o encaro, para dizer tudo, mas meus olhos ficam vidrados nos dele, passa a mão no meu rosto para secar minhas lágrimas e eu estremeço com o contato. — Não vou te machucar, não tenha medo de mim. — É só o que faltava para que eu me perdesse por completo. Antes que pense em qualquer coisa eu o beijo, o toque é mínimo, meu corpo inteiro arrepia, como se eu tivesse levando um choque, um gemido baixo escapa de meus lábios, ele aperta minha cintura com uma mão e segura meu rosto com a outra, aprofundando o beijo. A língua dele entra em minha boca, seu hálito é fresco, com um toque de menta e café, não consigo não gemer, nunca beijei ninguém assim, nunca senti o que sinto agora. O frio na barriga o arrepio na pele, o sangue fervendo. Ele desfaz o contato, não gostou, tenho certeza, não se afetou do mesmo modo, encara meus lábios, meus olhos, então me agarra, de um jeito selvagem, devorando minha boca, desliza meu corpo de encontro ao sofá e se posiciona sobre mim, continuando a me beija, sua mão toca meus s***s e eu me sinto vibrar, delirar, querendo mais, gemendo alto. Deus, isso não pode ser errado, o toque das mãos dele é diferente, eu gosto, eu quero sentir seu toque em cada parte de mim. — Ângela, me diga pra para, antes que eu faça numa loucura. — Pede beijando meu pescoço, deixando a região formigando, bom, muito bom. — Por favor... Eu quero. — Sorri, estou perdida. Desejando que alguém me toque pela primeira vez. Ele arranca meu short e calcinha, está apressado, não demora a me penetrar, eu seguro ele com meu braço bom, agarrando sua camisa ao sentir ele ir entrando com tudo, não dói, eu esperava a dor, mas não dói, é muito bom, estou muito excitada, como nunca fiquei, quando ele começa a se movimentar eu perco meus sentidos, me libero, tendo o primeiro orgasmo da minha vida. É tão bom e intenso que eu quero sentir mais. Continua me penetrando e beijando meus lábios, queixo e pescoço, não parece o mesmo, parece outro homem, outra pessoa, seus olhos, tem um brilho muito selvagem, descontrolado. É isso, assim como eu, ele perdeu o controle, está dominado pelo desejo. Eu sempre tive medo e repulsa, mas com ele, sinto que é tudo que preciso. Geme, me aperta, me beijar, morde meus lábios, fala coisas sem sentido em meu ouvido, não sei, acho que estou tão perdida que não consigo raciocinar direito, eu só quero mais e mais. O corpo dele começa a tremer, me aperta com mais força, até que para, me beija sem parar, se afasta e me olha, seu olhar mudou mais uma vez. — Nós não devíamos, não é certo. — Sai de cima de mim, ajeita a roupa, apanho a minha, totalmente sem jeito, me sentindo péssima. — Eu não devia. — Passa a mão entre o cabelo. Corro para o quarto e me tranco lá dentro, desabo em lágrimas, eu fui um erro, devia saber, não sou nada, não sou nada pra ninguém, principalmente alguém como ele.  
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