Amoras, Uvas e Bruxas.. Não Exatamente Nessa Ordem.

3507 Words
- Senhor Sebastian.. - O que foi? - a minha cara deve estar terrível, porque a Carla deu dois passos para trás. - A Liz me pediu para dar uma força ao senhor.. Sabe, enquanto a nova secretaria não chega. - ela dá mais um passo para trás. - Ela enviou sua agenda e me pediu para confirmar sua presença em duas reuniões. Eu posso voltar outra hora. - Tudo bem. - não pude deixar de sorrir com o cuidado que a Eliza teve de arrumar um apoio pra mim. - Confirme as reuniões, mas desmarque o almoço com a Lorena . - Certo. Ah.. Senhor Sebastian, a editora da Cosmopolitan , Priscila, está na empresa. Ela precisou resolver uma pendência com a dona Milla, mas pediu para deixar o senhor avisado. - Que d***a. - cubro meu rosto com as mãos. - Assim eu fico chateada. - a voz divertida de Priscila me faz olhar pra frente. Priscila tem um perfil sofisticado, a beleza sóbria e elegante de uma jornalista bem-sucedida. Desde os tempos de faculdade tínhamos um caso, algo sem compromisso que rolava quando queríamos. O problema é que, nesse momento, tudo que eu queria era que ela fosse tragada pela terra e lançada em outro continente. - Priscila. - forço um sorriso. -Te esperei ontem. - os passos suaves tilintavam sobre o piso. - Ah..- me adiando ao abraço que eu sabia que Priscila me daria e aperto sua mão com firmeza. - Carla, você conhece a editora da Cosmopolitan ? - Ah..Sim. - ela dá um passo para sair da sala, mas eu não deixo. - O senhor precisa que eu chame a copeira para servir um chá? - o olhar perdido deixava claro a confusão dela. - Não..- seguro o ombro dela. - Só preciso que fique aqui. Eu tenho um problema com uns arquivos. Eu precisava manter a Carla naquela sala, tinha a completa certeza que todas as secretarias sabiam da presença de Priscila e tinha mais certeza ainda que passariam a informação pra frente até que chegasse em uma certa salinha antes que o relógio marcasse onze e quarenta e cinco. Eu não deixaria que a fofoca se espalhasse dessa vez. Até porque, eu não fazia ideia se a Eliza tinha ciência que a voz da ligação de ontem pertencia a Priscila. - Ela pode voltar depois, Sebastian.- Priscila se aproxima e agarra meu braço. - Eu preciso falar com você. - Não..- não muito sutilmente, afasto a mão dela do meu braço. - É que o arquivo é de uma campanha muito importante. Eu preciso muito dele. Carla, vem aqui. - reboco Carla até minha cadeira. - Carla, eu preciso de uns minutos com o Sebastian. - ela põem as mãos na cintura. Seu olhar fervia de uma raiva contida. - Priscila, eu preciso de uns minutos com a Carla. - Isso é algum tipo de piada. Eu não estou achando graça, Sebastian.- ela senta na cadeira posta a frente da minha mesa, deixa sua bolsa sobre a mesa e cruza os braços. - Certo. - suspiro. Essa mulher não sairia sem uma guerra ou explicação. - Carla, pode ir. Faça tudo que eu pedi e volte em cinco minutos para resolvermos a questão dos arquivos. - Sim. - ela sai. - Priscila, eu estou ocupado.- paro atrás da minha cadeira, queria manter um certo espaço entre nós. - Você me deixa plantada em um hotel, rejeita todas as minhas ligações e ainda me trata desse jeito? - Eu sinto muito. Assumimos um grande contrato, eu não pude falar com você. - Estava ocupado desde ontem. É óbvio que você está me evitando. - Sim. - O quê? - ela levanta da cadeira e bate com as mãos na mesa. - Eu queria ser mais educado e dizer que "não ". - observo a raiva crescendo na expressão dela. - Somos amigos. - Somos mais do que amigos. - ela dá a volta na mesa. - Não..- mantenho a cadeira entre nós dois. - Acho que você está confundindo as coisas, e eu não gosto desse tom de cobrança que você está usando. - Sebastian. - ela tenta me tocar, mas eu não permito.- O que houve? - Eu sempre fui claro com você. Não temos um compromisso. - Eu sei disso. - Mas não parece. - respiro fundo. - A minha caixa de mensagens está entupida de mensagens suas. Algumas bem irritadas. Eu nunca admiti cobranças suas ou de qualquer outra. - Eu passei três meses na Espanha..- ela começa a andar de um lado para o outro. - Você disse que estava com saudades! - a voz já exaltada ganha mais uma ou duas notas. - Saudade da diversão. De curtir com você. Nunca disse que queria uma louca gritando no meu trabalho. - o calor no lado direito da minha face veio acompanhado pelo estalo de um t**a forte. - Eu sinto muito. - levo a mão ao rosto para limpar o pequeno corte que um de seus anéis fez no canto do meu lábio. - Acho que isso é um ponto final. - Seu desgraçado! - ela continua na minha frente, os olhos em chamas de ódio. - Eu sei que um dia você vai sofrer tanto ou mais do que eu estou sofrendo agora, Sebastian. - Senhor Sebastian..- Carla bate na porta antes de entrar. - Pode entrar. - tomo meu lugar. - A Priscila já está de saída. - Você vai me pagar por isso, Sebastian. - ela pega sua bolsa e sai. - O senhor está bem? - Estou ótimo. - afrouxo um pouco mais a gravata. - Agradeceria se você e as demais não comentassem sobre o que ouviram com a senhorita Eliza. - Senhor Sebastian. - ela leva uma das mãos à nuca, dando uma leve bagunçada nos fios loiros e curtos. - Eu não sei quais são as suas intenções com a Liz. - Carla. - respiro fundo. Eu não queria explodir com uma secretária, mas o estresse de ter que dar satisfação das minhas ações já estava me tirando do sério.- As minhas intenções não são da sua conta ou da conta das outras secretarias. - me levanto. - Avise a quem interessar.. - me aproximo dela. - Eu vou dar um jeito de demitir todas vocês se apenas uma abrir a boca. - paro ao lado dela. - Fui claro.- dou um passo para voltar ao meu lugar. - Sim, senhor. - ela para na minha frente. - Eu vou avisar as meninas. - os olhos dela estão fixos nos meus. - Mas, se o senhor machucar a Liz.. - seu maxilar trava e ela fica em uma postura de ataque. - Eu não tenho intenção de machucar a sua amiga. - suspiro. - Mas também não quero fofocas. - Okay. - ela parece relaxar. - Fez o quê eu pedi? - Sim. - Ótimo. Pode se retirar. - O senhor não queria ajuda com os arquivos. - Ah.. Não. Eu queria me livrar da visita. - dou um sorriso sem graça. - Está certo.- ela me dá as costas. - Carla. - Sim.. - ela se volta pra mim. - Prometo não machucar a Eliza.- tento transmitir a maior sinceridade possível. - E eu prometo que não vamos castrar o senhor, se o senhor cumprir com a promessa. - ela sorri e sai da sala. >>>>>>> Eu estava cansado e agitado; precisava de ar. Quando o relógio marcou onze e trinta, eu subi até o departamento financeiro decidido a desmarcar com a Eliza e sumir por algumas horas, talvez fazer uma visita a Lorena , mesmo tendo cancelado nosso encontro de hoje, eu sabia que ela não recusaria se eu aparecesse. Eu estava certo da minha decisão até passar pela porta e simplesmente ficar ali observando enquanto ela borrifava água nas orquídeas, acariciando as pétalas das flores e sorrindo como um anjo que nunca viu nada de m*l do mundo. -Oi..- permaneço apoiado no batente da porta. - O-Olá..- ela deixa o borrifado sobre o apoio da janela. - E-está a-adiantado. - os dedos dela se fecham sobre a barra da manga do cardigan. - Eu sei. - entro na salinha e vou até onde ela está. - O-onde vamos? - Eliza fala à voz baixa. - Em um lugar muito especial. - ofereço meu braço para que ela segure. - Hum..- ela passa alguns segundos me olhando. - Não é longe daqui. Vamos andando. - aproximo meus lábios para falar ao ouvido dela. - E quero ter certeza de que a senhorita não vai fugir. - sorrio. - O-obrigada. - ela segura meu braço. - Prometo não fugir. .Eu acho. - ela sorri. - Ótimo. >>> Saímos da empresa e caminhamos pelo centro de Manhattan em um silêncio amigável. Eu não sabia muito bem o que dizer, e ela parecia mais à vontade assim. De certa forma, aquela tranquilidade parecia ser tudo o que precisava no momento. -Aqui.. - paramos à frente do antigo prédio de tijolos vermelho. - "Lá Cucina Italiana " - ela me olha. - Comida italiana. Eu adoro comida italiana..ahh. - Achei que gostaria. Vamos. - O senhor disse que é um lugar especial. - ela fala assim que passamos pela porta. - Sim.. Aqui..- trago seu corpo para junto do meu, deixando-a com as costas próxima ao meu peito.. - Sabe quem é?- aponto para o mural dos clientes que fica na parede logo na entrada do restaurante. - Ah.. Que fofinho..- seus dedos tocam na imagem onde meu pai, Pedro Poulin, e eu apreciamos muito elegantes em nossos trages de domingo. - Ah.. É o senhor. - um sorriso adorável estava em seu rosto quando ela se vira pra mim. - E o meu pai. - Oh.. Um senhor muito elegante também. - fala de forma solene. - Isso quer dizer que eu sou elegante ? - Ah.. - a face dela fica vermelha. - Sabe que sim. - ela revira os olhos. - Obrigado. - sussurro bem ao ouvido dela. - Ah.. - ela dá um passinho, mas a seguro para que não se afaste. - Senhor Sebastian. - ela fica de frente pra mim, o narizinho empinado e os olhos fechados com tanta força que toda a sua face estava rosada. Se existia alguma outra reação possível a não ser rir, eu desconhecia. Uma gargalhada espontânea brotou por meus lábios de forma convulsiva. -Senhorita Eliza. - faço um carinho sutil pela pontinha arrebitada de seu nariz até a maçã corada de seu rosto. - O quê? - os olhos escuros se abriram e focaram nos meus por longos segundos. - Bastian..- a voz animada vinha de um ponto ao meu lado. - Hum..É.- volto meu olhar para senhor de quase 80 anos e cabelos tão brancos quanto uma nevasca. - Senhor Giuseppe. - sorrio ao cumprimentar o proprietário. - Senhorita Eliza.. - a trago mais para perto de mim. - Este é o dono do melhor restaurante italiano dos Estados Unidos. - Eliza Aurora Rodríguez. - ela estende a mão. - Meus amigos me chamam de Liz. - Dolcissima signorina! - ele toca o rosto dela de forma afetuosa. - Venire! Venham comigo. Antônio, vieni qui! - Sì, papà. - o rapaz de cabelos ruivos e não mais que vinte anos surge. - Uma mesa. - Sim.. Podem me acompanhar. Envolvo o braço dela com o meu e seguimos até a mesa que o senhor Giuseppe separava para os clientes mais antigos. Era uma mesa especial, pois tinha vista para um pequeno jardim criado bem próximo ao prédio. -Signorina..- Antônio chama sua atenção, pretendendo puxar a cadeira. - Pode deixar. - toco o ombro do rapaz. - O especial da casa. - Sim, senhor. - ele sai. -Aquelas flores são muito bonitas. - os olhos escuros brilham quando vêem as flores coloridas. - Sim. - puxo a cadeira. - O senhor Giuseppe diz que o jardim foi idealizado por sua bisavó, agora todos na comunidade acolheram o projeto e são responsáveis por mantê-lo. É uma homenagem aos imigrantes que ajudaram a estabelecer a cidade de Nova York. - É adorável..ahh.. - ela toca o vidro da janela. - Venha..- toco sua cintura para que ela sente. - Podemos ir até lá depois do almoço. - Sim.. - ela sorri. Tomamos nossos lugares e o silêncio retornou da mesma maneira reconfortante de mais cedo. Liz estava absorta nas figuras distribuídas em grandes quadros pendurados nas paredes de tijolos vermelho: imagens da Sicília, a terra natal do senhor Giuseppe; algumas fotos da antiga lavoura onde eles cultivavam amoras; e uma bela fotografia dos avós do senhor Giuseppe segurando enxadas. Eram imagens rústicas e belas. - O senhor parece um pouco cansado. - seu olhar está no meu rosto. - Muito trabalho..- toco a mão dela. A pele macia tinha um efeito bom em mim, e não posso negar que fiquei grato quando ela não interrompeu o contato. - Eu sei que é um desafio. - ela aperta de leve meus dedos. - É diferente trabalhar com uma empresa como a Casa Gucci, mas o seu projeto foi o escolhido. Vai dar tudo certo. - a sinceridade em suas palavras me fizeram relaxar. - Como você pode ser assim? - Assim? - ela afasta a mão da minha. - Meiga. - sorrio. - Ah.. Tenciono voltar a pegar sua mão, mas sou interrompido por Antônio. O almoço é servido a perfeição, como sempre. A diferença era que minha companheira apreciou a refeição junto comigo, algo bem diferente das minhas duas outras tentativas de trazer uma mulher aqui. Elas não apreciavam a comida ou mesmo o espaço. Diziam que não era elegante para se trazer uma mulher. -Estava uma delícia.. - ela aperta a mão de Antônio. Seus lábios estavam um pouco rosados pelo suco de amora que ela ainda bebia. - Obrigada, signorina! - ele faz uma pequena reverência a ela. - Pode trazer a conta.- sorrio. - Sim. - Antônio vira pra mim. - Antes, posso tirar uma fotografia para o mural. - Ah.. Eu não quero estragar o seu mural..Aah.- Eliza sacode as mãos rindo. - Não seja boba. - toco o queixo dela. - Pode tirar. - Senhor Sebastian.. - ela encosta o rosto no meu ombro. - Sorria, senhorita Eliza. - ela fica séria. - Sorria ou eu não me responsabilizo. - Ah..- ela fica me olhando. - A senhorita pediu. - puxo ela para mais perto e deixo um beijo estalado em sua bochecha. - Aah.. - um sorriso divertido surge em sua face. É a deixa para que Antônio tire uma fotografia polaroid. -Viu, signorina. - ele traz a foto. - Ficou muito boa. -Ficou mesmo. Pode me dar uma cópia? - Sim.. Ele emite mais uma e a entrega. - Obrigada, senhor Sebastian. - ela segura a foto na mão. - Vou guardar com muito carinho. - ela guarda no bolso do cardigan. - Fico muito feliz por gostar. - ergo a minha taça de vinho e encosto na taça em que ela bebia o suco de amora. - Um brinde. - Sim. - ela sorri. - Aqui, senhor. - Antônio volta com a conta. - Signorina, meu pai pediu para lhe entregar. - ele estende um pequeno embrulho de papel de seda rosado envolto em fita de cetim branca. - Obrigada. - com cuidado ela desfaz o laço. - Oh.. - ela sorri. - Que lindo. - O que é? - chego minha cadeira mais próxima da dela. Sobre o papel de seda está um retângulo de massa dourada e amanteigado, a geleia avermelhada e brilhante escapulia de um pequeno talho feito no topo do doce. - Um tortinha de amora ? - ela olha para Antônio. - Um .. Biscoito, signorina. Amanteigado e com geleia de amora. - Ah..- ela bate palmas. - Eu adoro amoras. - SÌ. Molto bene, signorina. Queste sono speciali, às amoras vêm da plantação da famiglia in Sicilia . - Grazie mille. - Eliza fala em perfeição. - Lei parla italiano, signorina. - o entusiasmo do rapaz era constrangedor. - Eu nunca ganhei um biscoito desse. - ergo uma sobrancelha. - E eu venho aqui há trinta anos. Desde os meus cinco anos. - Quantos anos o senhor tem? - Eliza é quem faz a pergunta, embora os olhos de Antônio também estejam em mim. - Não me olhem como se eu fosse um idoso. - cruzo meus braços à frente do peito. - Quantos anos a senhorita acha que eu tenho? - Hum..- ela morde o lábio e fica me fitando. - Bem..Achei que o senhor fosse quatro ou cinco anos mais velho do que eu. - ela dá de ombros. - Sim. - sorrio. Eu tenho certeza que não sou mais do que seis ou sete anos mais velho do que ela. - Quantos anos a senhorita tem? Vinte oito? - Ah.. Não..- ela fica piscando. - Tenho vinte dois. - Como assim vinte dois? - chego meu corpo mais para a ponta da cadeira. - Vinte dois..- ela tenta disfarçar o riso. - Tipo o 2+2? - No , signor Sebastian. - Antônio interfere na conversa. - 2+2 é 4. - Sim..- agora ela estava rindo. - Seria 20+2.. - Ou 11+11, signorina. - ele ri também. - Seria você perdendo a gorjeta, moleque? - Scusate, signore Sebastian. - ele pega a comanda com meu cartão e sai para fazer o p*******o. - Não se aborreça. - ela toca meu ombro. - Aqui..- ela oferece o biscoito. - Um tratado de paz e amizade. - Não quero. - faço um bico. - Não fique assim. - ela chega a cadeira mais perto da minha. - O senhor é o velhinho mais bonito que eu conheço. - ela fala confiante. - Eu vou ignorar o seu elogio jocoso. - Não é jocoso. - ela segura a minha mão. - Palavra de escoteira. - ela faz uma cruz do lado esquerdo do peito. - A senhorita foi escoteira ou só está jurando para me acalmar? - Ah..Eu fui.. - ela desvia o olhar. - O que foi? - Ah..Nada..- ela continua olhando pra janela. - Senhorita Eliza? - puxo sua cadeira até que ela fique de frente pra mim. Seus olhos estavam úmidos. - Está chorando? - Hum..- ela sacode cabeça. - Meu pai me levava para as escoteiras. - ela ergue os óculos e enxuga os olhos com as costas das mãos. - Ele .. - de algum modo, eu sabia que não seria uma resposta feliz. - Eu os perdi quando tinha sete anos. - suas mãos começaram a abrir e fechar. Acho que ela nem percebia o que fazia. - Eu sinto muito. - seguro suas mãos e levo até meus lábios. - Tranquila. - beijo os dedos delicados. - Obrigada. - De nada. - acaricio o rosto dela. - Signor Sebastian. - Antônio aparece com a conta encerrada. - Mio papà pediu para te entregar. - ele deixa um embrulho como o que havia dado a Eliza. - Boa tarde. - ele sai. - A senhorita gostaria de comer no jardim? - Sim. - ela sorri. A minha ideia era sentar embaixo de uma castanheira que ficava na frente do jardim, o problema é que assim que colocamos o pé do lado de fora do restaurante o tempo se mostrou um pouco revolto. Um vento forte e gotas de chuva que pareciam gelo começaram a cair. -Um péssimo dia para escolher sair a pé! - falo um pouco mais alto em meio a chuva. Tiro o paletó o mais depressa que consigo e cubro a cabeça dela. Não adiantaria muito, mas protegeria seu rosto das gotas geladas. -Aqui..- abraço o seu corpo junto ao meu. - Ah..O senhor deixou cair.. - ela se afasta de mim e vai em direção à foto da Priscila que caiu do meu bolso. - Não é nada.. - seguro a mão dela rezando para que ela não tenha visto o que era. - Pode ser um documento! - ela tenta soltar a minha mão. - Já disse que não é nada, senhorita Eliza! - Mas.. - ela solta a minha mão e vai em direção a foto. - Não é nada. - seguro a cintura dela e puxo em minha direção fazendo seu corpo se chocar com o meu. - Ah.. Se-senhor S-Se-Sebastian. - o corpo dela treme por inteiro. - Não é nada. - encosto minha testa na dela. - Nada. - roço meus lábios nos dela a cada sílaba que eu falava.. - Nada. . - meus dedos seguram com firmeza os cachos escuros, fazendo uma leve pressão para que ela não desvie o olhar do meu. - Tranquila. - Ah..- suas mãos acariciam meu queixo, roçando as unhas curtas na minha barba. - Tudo bem? - eu podia sentir o calor da respiração dela se misturando com a minha. - S-sim. - o rosto dela encontra abrigo na curva do meu pescoço
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