capítulo 2

1828 Words
Mu Narrando Meu vulgo é Mu tenho 1,89 de altura, sou moreno, cabelos pretos e olhos pretos. Sou o dono desse morro, herdei do meu pai, que morreu em um confronto. Eu não queria ser o chefe, estudava direito, mas não tive opção, ou assumia o morro, ou seria morto pelos inimigos do meu pai. Minha mãe sumiu no mundo e me deixou com meu pai, tenho uma irmã, mas ela não mora aqui, resolveu passar um tempo na Bahia, mas fazer o que lá eu não sei, diz ela que queria esquecer esse morro. Eu até entendo, nosso pai era tudo para nós, sofremos bastante com sua perda. Estava em meu escritório quando ouço o rádio tocar, então o pego, apertando o botão e falando: — Fala, menor! — Patrão, tá rolando o maior barraco aqui na praça, Suelen, Jonathan e duas meninas da rua estão fazendo a maior confusão. — Conta 5 que já tô chegando! — respondo, desligando e me levantando. Montei na moto, chamando meu parceiro, AL, e seguindo para a praça. Não demoramos a chegar e, assim que desço da moto, tiro a arma da cintura e dou um tiro para cima. — Todo mundo para casa, p***a! A baixaria acabou! Vocês não têm o que fazer não, bando de fofoqueiro do c*****o? A menina Branquinha já tinha levantando, está tão pálida que parece a ponto de desmaiar. — Separa as duas, menor! — A branquinha estava parada, parecia que estava e choque, mas uma coisa não posso negar, ela é linda. ‘Oxe, acorda Mu, tu tem mulher, não pode trair ela’, penso, balançando a cabeça um momento. — Mu eu não fiz nada! Essas duas que vieram para cima de mim — Suelen falou, apontando para as duas meninas. — Eu não te perguntei nada, p***a! Cala o c*****o da boca! E tu? — Apontei para a que estava paralisada. — Pode começar a falar, você foi quem saiu da briga primeiro. — Mu, Jonathan e eu estávamos namorando, passei hoje de manhã pelo beco e o encontrei me traindo com a Suelen. — Jonathan, você poderia crescer e da valor a mulher que você tem, aliás, tinha. Você, Suelen, da próxima vai ficar careca, já te livrei de muita coisa! Vocês duas, vão para casa. As meninas não demoraram a ir embora, Jonathan também logo saiu e a confusão se dispersou. — Quem é aquela branquinha e onde ela mora? — perguntei para AL. — Já vai trair tua fiel é? — ele retrucou. — Só quero saber quem é ela seu cuzão — falei rindo, dando um empurrão em seu braço. Na verdade, eu tenho uma fiel que está comigo há muito tempo, mas acho que a fama subiu à cabeça, ela só quer saber de salão, ostentação nem de casa mais quer cuidar. — Ela mora na 10, filha de dona Marlene, é amiga da Thay, aquela que eu já dei uns amassos. — Tu também, não perde tempo, né? A branquinha estuda? — Se tua fiel souber disso, ela vai dar um surto! Mas, respondendo sua pergunta, ela estuda pela manhã, no colégio da entrada do morro. — A Karen não vai saber de nada e, se eu souber que alguém abriu o bico, fica sem língua! Já matei tanta gente que arrancar a língua de alguém não é nada. Eu amo minha favela, cuido de todos ajudo no que posso, só não gosto que pisem na bola comigo. AL e eu ficamos conversando até tarde e, quando a noite já ia alto, fomos para casa. Assim que cheguei, tomei um banho e dormi pouco depois. A Karen está na casa de uma amiga lá na pista, disse que só voltar amanhã, então nem me preocupo com isso. Kely Narrando Fui para casa depois daquela baixaria, fiquei com tanto medo! Mas não pude deixar de reparar como o Mu é bonito, sua cor, seu corpo... ‘Kely, você não pode pensar nisso.’ Assim que chego em casa, deixo esses pensamentos de lado, tomo um banho e me jogo na cama, dormindo pouco depois. No outro dia, pela manhã, acordo com as mensagens de Thay em meu celular. Pego o aparelho, desbloqueio a tela e abro nossa conversa no w******p. Kely: “Bom dia, minha p*****a!” Thay: “Bom dia, amiga! Tô tão arrependida...” Kely: “De que, amiga?” Thay: “De não ter batido mais naquela p**a da Suelen, kkkkkkkk" Thay: “Não sei para que o Mu foi aparecer.” Kely: “Amiga, ele é um gato viu, eu já tinha visto ele, mas não tão perto assim!” Thay: “Amiga, eu já dei uns beijos no AL, mas ele queria avançar e eu não estava preparada, mas eu gosto dele.” Kely: “Aí, minha vaquinha, não fica assim!” Ficamos conversando um pouco mais e, quando deu a hora, me arrumei e sai de casa seguindo para a ladeira onde encontrei minha amiga. Fomos conversando o caminho inteiro sobre o que havia acontecido na noite anterior, dessa forma, não demoramos a chegar na escola. As aulas seguiram tranquilamente e, quando estávamos seguindo, duas motos pretas pararam na frente da escola. — Amiga, AL e Mu estão bem ali! E agora, será que vamos ficar carecas por brigar? Antes que eu tivesse tempo para responder, as motos estacionaram na nossa frente. — E aí, morena? Como você tá? — AL perguntou, erguendo a viseira do capacete. — Sobe aí que eu te levo para casa! Thay olhou para mim, me encarando como quem pede permissão, afinal, nós sempre voltávamos para casa juntas. — Pode ir, amiga, eu já estou pertinho de casa mesmo! — Tá bom, Kely, mais tarde eu passo na sua casa! — Dito isto, ela montou na moto e, antes de colocar o capacete me mandou beijinhos, saindo logo depois. Mu estava lá, me olhando e, na hora que eu ia saindo, ele segurou meu braço, nada que fosse me machucar só me impedindo de passar mesmo. — Só vai passar aqui se me der seu número — ele falou, me olhando. — Eu não quero problemas, você tem mulher e eu não quero homem comprometido — falei, mas estava morrendo de medo. Todos falam que a mulher dele é muito barraqueira e agressiva, arma confusão por qualquer coisa e gosta de brigar. — Com minha mulher, eu me entendo! Vai me dar o número agora ou quando você cansar de ficar de pé? Porque você só sai daqui se me der o número. — Tá bom, anota aí! — falei, desistindo de insistir e passando meu número para ele. Já estava seguindo meu caminho, tentando passar por Mu, quando meu celular tocou, então atendi, ouvindo a voz dele do outro lado da linha: — Só liguei para ver se você não me deu o número errado. Ele beija meu rosto e, finalmente, me deixa sair dali. Chego em casa, tomo um banho e vou procurar alguma coisa para comer, estou com saudades da minha mãe, mas ela vai demorar para voltar, meu avô está doente. Mas a vizinha todo dia pergunta como eu estou e vem aqui em casa ver as coisas, eu nuca tive medo de dormir sozinha, por isso fico sem problemas. Amo privacidade e por isso não fui para a casa da vizinha, minha mãe me entende, então deixou que eu ficasse em casa sozinha. Fico mexendo no meu celular até que chega uma mensagem do Mu. Minha barriga gelou na hora, mas não de medo. Espero não estar gostando desse homem, isso não pode acontecer, afinal além de casado, ele também é um bandido! Abro a conversa no w******p e olho a mensagem: Mu: “Boa noite, minha branquinha, como você tá?” Kely: “Boa noite, Um! Tô bem, e você? Mu: “Tô bem, só não tô melhor por que tô longe de você.” Kely: “Vou dormir, boa noite!” Encerrei a conversa, nem olhei se ele falou mais alguma coisa! Que homem maluco, quem deu ousadia para ele me chamar de “minha branquinha"? Se a mulher dele pegar essa conversa... Enquanto pensava em mil e uma coisas, acabo pegando no sono, mas não durmo muito, acordo com uma louca invadindo minha casa: — Amiga, tô muito ferrada, eu amo o AL! — Eu acabei de acordar, você invadiu minha casa e vem logo jogando as coisas assim em cima de mim? — Aí, minha vaquinha, ele me levou em casa e ficamos nos beijando, aproveitei que minha mãe não estava em casa e fiquei lá com ele! Depois que ele foi embora, eu fiquei parecendo uma trouxa apaixonada! — ela falou, muito animada, se jogando em minha cama. — Você é minha louquinha mesmo! Eu dei meu número de telefone para o Mu — confessei. Thay ficou me olhando, abismada com minha revelação. Contei tudo a ela, menos a parte que acho que tô gostando dele, se não ela ia ficar com o fogo no r**o e não iria me deixar em paz. — Amiga, e se a mulher dele descobre que ele fez isso? — ela perguntou, preocupada. — Ela que tem que segurar o alecrim dourado dela, eu só dei o número porque ele ia ficar lá no meu pé o tempo todo. Além disso, se ela pegar o celular dele, vai ver que eu não dei ousadia, ele que deu em cima de mim. — Verdade, minha p*****a, se ela vier com baixaria para o seu lado, eu mesma acerto ela, ninguém mexe com minha amiga! — Thay me apoia, sorrindo para mim. — Aí, amiga, você ama uma briguenta! — falo e ela me olha com cara de deboche. — Eu mesma não, a briga que me ama, eu não posso correr dela! — Thay gargalhou. — Você só não é mais maluca porque é uma só! Ficamos conversando por um bom tempo e, quando já estava ficando tarde, minha amiga foi para casa. Quando Thay saiu, fui limpar a cozinha e, depois, subi para meu quarto, tomando um bom banho e me jogando na cama. Ainda bem que amanhã é sábado e não tem aula! Já estou perto de terminar o ensino médio, assim que finalizar meus, vou fazer faculdade de medicina. Pretendo trabalhar aqui no postinho mesmo, vou amar cuidar das pessoas do lugar onde eu nasci. Fico pensando em meu futuro e em como será cuidar das pessoas que me viram crescer, então acabo pegando no sono. Dormi sem sonhar, mas acordei de madrugada com um barulho de copo quebrando. Me levantei e, caminhando na ponta do pé, vou descendo as escadas, sou mulher, mas não medrosa. ‘Provavelmente, esqueci a janela aberta e um gato entrou por ela’, é a primeira coisa que penso, enquanto vou andando pelo corredor. Porém, assim que chego à cozinha, me assusto com o que encontro ali. — O que você tá fazendo aqui?
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