Capítulo 1 - Paraisópolis.
Emily Narrando.
— Não fod& Breno, não dá cara — falei irritada.
— Como não dá? Vivia de 4 pra mim Emily e agora diz que não tem mais vontade de ficar comigo?
— Não me dar mais tes@o, entende isso — Me levantei nu@ da cama catando minhas roupas.
— Tá bom então, vaza daqui — falou bravo.
Vesti meu vestidinho colado vermelho, calcei meu salto preto e coloquei o Iphone nos pe1tos.
— Levanta pra ir me levar, Breno — olhei séria pra ele.
— Quem disse que eu vou te levar? Pega o beco.
— Não tem Uber nenhum na rua uma hora dessas, pelo amor de Deus.
— Se vira Emily, deixa o cara com tes@o e depois desiste da fod@, isso é br@xante demais porr@.
—Te fod& Breno — falei estressada saindo de lá pegando o elevador.
Sai do prédio e não vi um táxi sequer na rua, apenas carros e mais carros em alta velocidade.
Boa pra quem vai ir da Vila Andrade até o Morumbi de pé, sem falar que vou ter que pegar atalho e passar por Paraisópolis, favela da gota.
Nunca vou perdoar Breno por isso, sério.
***
— Moço, pelo amor de Deus, eu só quero pegar um caminho mais rápido pra chegar na minha casa, será que é tão difícil assim entender?
Faz 5 minutos que tô tentando convencer um traficant& de Paraisópolis pra me deixar cortar caminho.
— Minha irmã, não tem essa de pegar atalho aqui na favela não vey — falou marrudo.
— Não tem ninguém nessa “bagaça” não? Me deixa passar moço, só quero chegar em casa logo, olha a chuva que tá — coloquei meus cabelos de lado, todo encharcado.
Vi ele pegando um rádio preto e falando com o "chefe".
Fiquei de braços cruzados olhando pra ele até o tal cara chegar.
—Tá perdendo tempo, “namoral” — falou o abusado.
Fiquei calada e quando menos esperei uma BMW passou raspando perto de mim, quase que me atropela.
O gostos@o abriu o vidro do carro olhando pra mim com cara de sarcasmo.
E que gostos@o viu, minha nossa, “Larissinha” piscou agora.
— De qual foi, Jacaré? — perguntou com uma voz grossa, que delicinha de voz.
— A dondoca quer cortar caminho pro Morumbi, pode isso?
— Pode não porr@, tu tá fazendo o que na quebrada mina? — perguntou a mim.
— Eu vim da Vila Andrade moço, o Morumbi é longe demais e quis pegar um atalho por aqui — falei e vi ele neg@r com a cabeça e acender um Marlboro dentro do carro.
— Pois pega o papo que aqui na minha favela tem isso não, de fora só entra pra ir em baile ou fazer as correrias.
— Foi você que construiu tudo isso? Acho que não né, traficant& manda no tr@fico e não na comunidade — desafiei.
— Tu quer tanto ir pra casa, c@ralho? — assenti com a cabeça — Pois entra dentro desse carro — continuou.
Não pensei duas vezes, só o que eu quero é meu AP.
—Tu com esse salto 15 ae — falou olhando pros meus pés — Ia levar um tropicão nos buracos da favela, isso sim.
Eu ri alto, ele seguiu o caminho pelo atalho que eu queria ir.
—Tá vendo? Até tu tá seguindo o atalho que eu queria — falei orgulhosa.
— Não ri alto de novo não pô, pareceu uma foca engasgada.
— Engraçadão você né? — falei de boa colocando uma música nesse carro morgado demais.
Começou a tocar putari@.
— Só tem música ru1m, put@ que p@riu — falei desligando a merd@ do som.
— A porr@ do carro é de quem? Mina abusada do c@ralho — falou bravinho.