Capítulo 2

1365 Words
Aleksander A vida na máfia não é para qualquer um e o maior fato que comprova isso é, que muitos dos que querem entrar não suportam como os que nascem dentro dela, e outro fato é que depois de estar dentro, só se sai morto*. Eu mesmo, por mais que tenha nascido dentro dela, por muitas vezes quis desistir quando vi a fundo como tudo funciona, e acreditem, não é porque fui treinado desde cedo que suportei todas as situações. Duvidem de quem diz que nunca se abalou por nada, nem que seja por uma vez. Todos tem um marco, pode ser pela primeira surra no treinamento, pelos primeiros dias sem comer ou beber, por usar algum tipo de substância durante os testes psicológicos ou pela primeira vida que foi obrigado a tirar. Já ouvi muitos babacas* afirmarem que nunca ficaram marcados por nada, que de primeira já sabiam o que fazer ou até mesmo não tiveram muita ajuda ou direcionamento. É impossível e afirmo isso por ter visto e participado de milhares de situações. Admitir certas fraquezas para si mesmo não é sinal de que seja fraco, é sinal de autoconhecimento. O meu pai desde cedo foi me mostrando aos poucos para onde eu iria chegar um dia, nada foi de repente e mesmo assim, tive as minhas dificuldades. Com Mikahel não foi diferente e por isso nos ajudamos em todos os processos. Somos o apoio um do outro desde cedo e por mais que sejamos gémeos, não somos muito parecidos e depois saberão o porquê. Lembro perfeitamente a primeira vez que segurei uma arma*, o primeiro tiro e a primeira vez que a vi a bala atravessa o crânio de um homem, um estuprador* para ser exato e até hoje sinto o cheiro do seu sangue sendo espalhado pela sala do galpão. Sabia o que tinha que fazer, mas hesitei por alguns segundos, porém, ao ser lembrado das atrocidades cometidas por ele, afirmo que não me arrependo. A justiça foi feita. Como se é esperado, com muito suor e apoio fui avançado, não somente eu, mas Mikahel também. Com as obrigações, veio os privilégios e prazeres*, todos praticamente dados de bandeja pelos resultados e lealdade a organização. Conheci diversos lugares mesmo que tenham sido a trabalho, bordeis, e como todo jovem em sua descoberta, aproveitei certos privilégios. O meu maior cuidado eram com as drogas*, mas tive uma pequena falha, mas conseguimos esconder esse fato! Desde cedo aprendi que as drogas* são uma das nossas maiores rendas, mas ao mesmo tempo, para se trabalhar com isso é preciso saber vê-la somente como mercadoria. Em diversas festas da organização já vi muitos dos nossos homens mergulhados no vício colocando em riscos o nosso trabalho e eu como o futuro Dom não posso de forma alguma me curvar a isso a esse tipo de fraqueza. Nunca posso colocar a dúvida as minhas capacidades. Mas é claro que a posição de futuro Dom traz outra responsabilidade muito grande, e não duvidem se eu falar se não for a mais importante de todas, e no meu caso, essa responsabilidade veio pouco antes de eu começar a ativa. Melina Bernardi foi apresentada a mim quando bebê e até hoje tenho memórias daquele dia, ou melhor dizendo, daquela noite na mansão dos seus pais na Itália. Linda, delicada e pequena. A perfeição! Não esqueço o que senti naquele momento, porque pela primeira vez na minha vida senti a vontade de proteger algo e de cuidar. Não sei explicar o motivo, talvez tenha sido a inocência de uma criança falando mais alto, ou simplesmente o encantamento por ela, mas o fato é que senti e não escondi a vontade que tive de levá-la conosco. Sempre sorrio ao lembrar. Quando voltei para casa depois de vê-la, era nela que pensava e o que me fez ter controle sobre isso, era saber que um dia, Melina seria minha. Tive que aprender a ter paciência. Quis desde cedo mostrar a ela que era especial, Melina era nova, muito nova para mim, mas queria mostrar de outra forma em como as coisas poderiam ser. Eu não podia de forma alguma tocá-la ou insinuar algo pela sua menor idade, mesmo tendo diversos pensamentos obscuros*. A desejei desde cedo e muito mais do que podia mostrar. Mas como a vida não é da forma como queremos, pelo menos em algumas situações, a distância criou diversos empecilhos e talvez eu mesmo posso ter perdido o controle de algo, mas a sensação de não ter certeza é maior que tudo. Com o tempo tive que despejar esse desejo em algo, esse algo não tinha como ser outra coisa que não fosse em sexo*, eu precisava extravasar até porque seriam anos ainda de espera. Mas sempre estava com a mente montando imagens de como seria quando chegasse o dia. Não me lembro com detalhes, mas por algum motivo Melina tem fugido de mim e só vou descansar quando descobrir. Confesso que no começo parecia até engraçado e pelo fato de não poder obrigá-la a me ver deixei o tempo passar, mas agora nada me impede. Esperei de mais observando somente de longe e pelo que vi, Melina não é mais nada comparado a antes, ela cresceu e não falo somente da sua altura. Soube que ela fez alguns treinamentos, e pelas fotos que vi dela, pude ver em como o seu corpo mudou criando curvas que tem tirado o meu sono. Comecei a vigiá-la mais de perto até saber do seu chalé. O lugar perfeito. Como mencionei antes, tive que aprender a ter paciência e mais uma vez tive que usá-la por bastante tempo, até porque obrigações sempre tenho. Cheguei a Itália ontem sem deixar suspeitas e fui diretamente conhecer o chalé. Ao observar o espaço, notei o motivo de ela gostar daqui e fui embora sabendo que ela iria no dia seguinte, e foi como suspeitei, recebi uma mensagem que dizia que ela já estava a caminho de lá, então, fiz o mesmo. Ao chegar em frente, informei a Paolo da minha presença e entrei na propriedade sem dificuldade alguma e sem esperar ele dizer algo, até eu a ver na janela da frente completamente paralisada acompanhando os meus passos com os olhos. A sua surpresa é indescritível. A minha visão dela na janela é surreal, linda em um vestido curto e branco com os cabelos soltos. Abro a porta retirando o meu blazer e pelo fato de já ter vindo aqui, já sei onde ficam as coisas e penduro o meu blazer sendo ainda observado por ela, então, lentamente, me aproximo dela ficando de frente a gente. A tensão é completamente palpável. -A quanto tempo, Melina. – Quebro o silêncio vendo o seu peito subir e descer rapidamente. Melina está nervosa. -O que faz aqui? – Ela pergunta firme elevando o seu olhar ao meu. -Isso é jeito de me receber? Estou desapontado! – Levo a mão ao meu peito mostrando ressentimento, mas com um pequeno sorriso no canto da boca. -Não respondeu a minha pergunta..., o que faz aqui? – Melina pergunta novamente dando um passo para trás. -Vim lhe ver..., está na hora desse esconde-esconde acabar. – Ela fecha o semblante respirando fundo enquanto dou mais um passo a ela. - Não acha? -Vai embora..., venho para cá pra ficar sozinha. – Ela tenta se afastar, mas a seguro no braço. – Me larga, Alek! – A puxo para perto sentindo o doce perfume dela. -Eu não vou embora..., não agora! – Afirmo deixando claro a vendo um pouco assustada. -Conhece as regras..., você não pode me* tocar. – Ela diz me provocando e inclino a minha cabeça para a sua orelha. -O que eu não posso é te jogar naquela cama e te fuder* como eu quero..., pelo menos não ainda. – Sussurro observando a sua pele arrepiar na mesma hora. -Só vai embora, Alek. – Acabo me irritando um pouco por essa recusa, mas respiro fundo tentando não demonstrar. -Já disse que não vou..., passarei a noite aqui com você. – Afirmo onde ela abre a boca, mas sem conseguir dizer uma palavra sequer. Melina que se acostume, pois as coisas irão mudar!
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