Prólogo

1050 Words
Melina Saber que a sua vida foi decidida antes mesmo de você poder opinar já é complicado, mas a minha já foi traçada antes mesmo de eu ser gerada dentro da minha mãe. Soube da sua angústia em ter uma menina, mas o destino lhe deu mais um tempo trazendo de presente a ela o meu irmão, Danilo. Mesmo ela tendo mais um tempo para se preparar, sabia que era suficiente e quando nasci, ela sabia que o futuro seria incerto tendo a única certeza que eu seria dada a uma pessoa. Não paro de pensar nesse dia histórico que marcará a minha vida para sempre. As máfias estavam passando por momentos delicados e complicados, traidores foram descobertos obrigando novas alianças surgirem e fortalecerem as antigas onde eu fui incluída em uma delas. Posso até dizer na principal delas. O meu pai, Paolo, Dom da máfia italiana é um homem incrível, amoroso, e apesar de ocupado é sempre presente e nunca vou me esquecer da noite em que ele e a minha mãe vieram conversar comigo sobre o meu futuro. A minha mãe desde sempre se empenhou em me ensinar tudo o que eu precisaria para quando chegar a minha vez, saber o que fazer de forma sábia. Danilo por sua vez teve a sua vida direcionada aos seus treinamentos e viagens a favor da máfia e por mais que eu percebesse que nada era fácil, eu queria poder ao menos ter essa facilidade de sair sozinha pelo mundo. Não que eu seja impedida de sair, mas falo como uma pessoa normal sem ser vigiada a cada passo, e quando Danilo retorna, conversamos bastante onde faço inúmeras perguntas sobre o lugar que foi. Amo o meu irmão! Até onde eu me lembro, Alek fez e faz parte da minha vida. Nos meus aniversários ele sempre esteve presente, me presenteava todas as vezes que vinha e não importava o momento, ele fazia questão de dizer que sempre iria me proteger de tudo e que eu seria sempre dele. As suas palavras sempre foram que ninguém nunca me tiraria dele e guardei bem isso. Aparentemente, pelo que já ouvi da minha mãe, eu ainda tenho sorte por ter um certo tipo de contato com o meu futuro marido e mesmo ele morando bem longe, tínhamos uma comunicação em certos meses. Alek me ligava querendo saber como estava, perguntava sobre a escola e o que eu tinha feito mesmo sabendo de tudo e de certa forma nos dávamos bem. Sei que ele mesmo mantém homens me vigiando em cada passo que dou e sei disso porque o meu pai me alertou sobre eu tomar muito cuidado. Não posso ter certos contatos com homens que não seja da minha família. Apenas ele. Alek é o único fora da minha família que eu tive algum contato mais próximo, e por conta dessa aproximação e cuidado dele, confesso que acabei me apaixonando por mais que ele fosse mais velho que eu e não o visse com tanta facilidade. Como não me apaixonaria? Ele sempre me tratou muito bem, se mostrava se importar comigo, fazia questão de saber tudo sobre mim e um dos melhores presentes que recebi dele, foi um colar. E não é um colar qualquer e sim, um em prata que contém um pingente de coração que ao abrir, há um desenho delicado que conecta as iniciais dos nossos nomes. Sempre usava e quase não tirava do pescoço. Hoje estou com quatorze anos e não sei muito sobre garotos e homens, mas, pelos muitos que já vi, posso dizer que Alek se destaca pela beleza e seriedade e depois dele, confesso que o meu tio, Pietro é o segundo homem mais lindo que já vi. Só não revelo isso ao meu pai, quer dizer, não revelo a mais ninguém, mas meu pai é um homem lindo também. De verdade, e a minha mãe tem um ciúme enorme dele. Não sei se foi ingenuidade minha, mas eu pensei que pelo fato de nos darmos bem, eu e ele nos pertencíamos, pois era o que ele sempre me falava. Nossas famílias se encontravam todos os anos para certas comemorações e recentemente, especificamente semana passada, houve um evento anual da máfia que foi organizada na Rússia e como tradição, toda a família se organizou para ir. Essa seria a minha primeira vez nesses eventos e queria fazer uma surpresa, então, não o avisei. Fiquei com a Lilia a viagem toda e sentia uma ansiedade para ver o Alek. Já fazia meses que não o via e nem recebia as suas ligações, somente algumas mensagens simples e eu só pensava qual seria o motivo disso. Mas pouco depois de ter chegado na Rússia, me desesperei em voltar para casa na mesma hora e não consegui fazer exatamente isso, mas consegui fugir daquele evento e voltei para o hotel onde estávamos hospedados e com muito, mas muito sacrifício, consegui convencer os meus pais de voltar para casa antes do tempo estipulado e fiquei aliviada por não ter o visto mais. Ao chegar em casa no dia seguinte, chorei como nunca tinha chorado antes e depois de dias o ignorando por completo através de mensagens e ligações, tomei uma decisão que me mudou por completo e desde então posso dizer que aquele meu lado ingênuo e meigo morreu*. É claro que Alek não desistiu e até viajou de surpresa para a Itália, mas apenas o ignorei de todas as formas possíveis e até impossíveis. Não usei mais o meu celular e comprei um novo, mudei o meu número pessoal, mas ainda deixei o antigo para ele achar que ainda o uso, porém, não o respondi mais. Nos últimos minutos, o meu pai me informava que ele estava em solo italiano e eu implorava para sair e ficar em algum lugar e evitar de vê-lo. O meu pai no começo não entendia nada e apenas pedia o implorando e assim, ele apenas me ajudava até que tive que conversar com a minha mãe. Ela me entendeu, mas, ao mesmo tempo ela me lembrou que isso não duraria muito tempo, e que por mais que eu possa o evitar agora, chegará o dia em que não poderei e sei disso. Mas enquanto eu estiver escolha, irei usar e abusar das minhas vontades.
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