3ª part

1616 Words
Bella... Com todo o detalhamento sobre o que deveria ser feito, não pensei que fosse ter tantas complicações, muito menos que fosse perder dois ótimos companheiros pelo caminho. Mas esse era o peso do trabalho, não poderia me dar ao luxo de me prender ao lamento por suas perdas, precisava manter o foco em garantir a sobrevivência e o recrutamento da jovem Mayla. Quando me disseram que deveria lidar com alguém criado por uma fase mais avançada do projeto de novos agentes, não pensei que fosse ser justamente a agente 47. Conhecia muitos fatos sobre ela, entre eles, o modo como a mesma se rebelou em uma missão e acabou mudando de lado. Eram poucos aqueles que optavam por deixar os comandos do governo e ainda permaneciam vivos. Mas ela era diferente, não só deixou suas tarefas em meio a uma missão, como cuidou pessoalmente de toda a destruição da área de comando que lhe cedia auxílio. Tudo isso para garantir a sobrevivência de quem deveria ser o seu alvo. E o mais interessante em toda essa história, é o fato de que sair da ativa não foi um escolha. Não sei dizer como, mas suas ações vem se tornando cada vez mais conhecidas pelo mundo. Ninguém sabe dizer quem são os seus empregadores, tão pouco sabem dizer quais sãos os seus ganhos ao eliminar pessoas que pouco valor possuem na sociedade. No entanto, desta vez é diferente, essa menina pode valer mais do que o próprio presidente e nem mesmo se dá conta disso. Não sabe o quão valiosa é para algumas pessoas em especial. Estando sozinha e sem muitas cartas para continuar um jogo digno àquela altura, fiz a única coisa que me parecia poder ajudar de alguma forma. Pois depois de presenciar a precisão de sua mira com a execução de Xavier, pude ver que os comentários sobre ela não eram tão exagerados quanto pensei, e também me dei conta de que havia entrado em algo muito maior do que eu. Fazer com que os agentes governamentais nos detivessem na embaixada, não era uma ideia de gênio, mas como dito antes, serviria de alguma ajuda. No mínimo,conseguiria ganhar tempo. E encarando a seriedade de seu semblante ao receber as algemas em meus pulsos, percebi que isso não me daria todo o tempo que pensei em conseguir. Um agente espontâneo é mais perigoso e eficiente, do que aquele que escolhe agir sob ordens restritas. – Não estou acreditando nisso. Passei dois anos agindo da forma que queria, para acabar sendo presa quando estão querendo me m***r — sua reclamação não fazia o menor dos sentidos, e também não ajudava em nada — Esse mundo é muito injusto, o modo como os grandes são favorecidos me deixa inconformada — não fazia ideia de onde ela estava querendo chegar com todos esses comentários, mas o que eu precisava no momento era me livrar do nosso guarda, e enquanto a pirralha insistisse em falar das diferenças de classe social em nosso país junto a suposta tentativa de homicídio, sentia que isso não seria possível. – Você poderia me fazer o favor de ficar em silêncio ao menos por cinco minutos? — não aguentando mais o som de sua voz, acabei sendo obrigada a fazer o pedido, pois ter noção do óbvio não parecia ser um de seus dons — Obrigada, preciso pensar. – Pensar? É sério que precisa pensar justo agora? — as vezes eu me esqueço do quanto pode ser difícil lidar com adolescentes, e só então me coloco no lugar daqueles que foram obrigados a me aturar durante essa minha fase. Estava começando a achar essa garota insuportável — Se deu conta de que deveria ter feito essa m***a antes de nos mandar para a prisão da embaixada? – Poderia nos dar licença por alguns minutos? — me virei para o guarda que nada disse, parecia não se importar com o meu pedido — Prometo ser breve, preciso ter um particular com a minha sobrinha — com a jogada de argumento, ele apenas assentiu passando para o lado de fora da sala e fechando a porta logo atrás de si. Assim eu poderia começar a pensar em um plano para deixar aquele prédio antes de ser surpreendida por alguém que não vai pensar duas vezes antes de puxar o gatilho e deixar duas ou mais balas sob o meu peito. E o primeiro passo seria me livrar daquelas algemas, o que não era muito difícil. – Sobrinha? Agora somos parentes? – Alguém já mencionou o quanto você é irritante para uma simples criança? — buscando deslocar o polegar junto do indicador para passar a mão pelo espaço da algema com facilidade, joguei a questão que não queria calar. – Não sou criança sua i****a, caso não saiba, possuo dezenove anos de idade — aquilo era uma surpresa. Como poderia obter a maioridade e ainda ter a feição de uma adolescente de quinze anos? Isso não fazia muito sentido. – Vamos, é a sua vez — ignorando o seu comentário, falei ao voltar com meus ossos para o lugar assim que estava com ambas as mãos livres das limitações. – O c*****o que vai deslocar os ossos da minha mão — dando passos atrás até não ter mais para onde fugir, disse realmente preocupada. Mas ela estava certa, para fazer algo assim era necessário muito treinamento, e não poderia chamar tanta atenção com seu possível choro quando seu polegar já não estivesse mais em seu devido lugar. Como tal opção se encontrava fora dos meus limites, precisava pensar em uma nova o quanto antes, e a pressão só aumentou ao ouvir o alarme do prédio disparar. Chamar a atenção já não era mais algo para se preocupar, e sabendo muito bem o porque, estava na hora de agir para buscar a saída daquele lugar. As chaves se encontravam com o guarda responsável pela gente, e mesmo que fugir com a criança sob custódia fosse uma ideia tentadora, não seria possível. Dessa forma ela só me atrasaria, e do jeito que é, o faria propositalmente. Então já tinha em mente o que deveria fazer. Fazendo uso das algemas como um apoio extra para meus punhos, bati a porta chamando o responsável pela nossa guarda o esperando do lado oposto. E sendo o esperado, quando o mesmo se colocou do lado de dentro procurando por mim, foi recebido com um forte cruzado em seu maxilar o fazendo perder todo o seu senso de direção. Com isso, fui rápida ao desarmá-lo e tomar para mim as chaves do local junto a das algemas do pé no saco a minha frente. Toda essa situação serviu ao menos para deixá-la sem fala, algo que eu estava agradecendo mentalmente. Tendo a deixado livre, tratei de prender o homem antes de finalmente pegar um caminho que poderia me deixar em boa situação de vantagem. Não poderia perder tempo com novos soldados pelo caminho, e graças a presença da nossa amiga, não teria como isso acontecer, uma vez que todos os agentes disponíveis estavam sendo enviados para a parte do prédio onde ela se encontrava. – Precisava fazer tudo aquilo? — estava demorando. Seria possível que ela ainda não havia entendido que aquilo que estava em jogo era a sua vida? Não importa quem ficará pelo caminho, sua segurança era o ponto chave, e pelo menos ele ainda está vivo. Em situações normais eu teria o matado, mas não dessa vez, não parecia ser algo necessário, e mesmo sem saber, ele acabou sendo de grande ajuda. – Vamos, por aqui deve ter uma saída — ignorando por completo a sua questão, comentei ao tomar direção pelo caminho em que uma dupla de soldados haviam acabado de passar. Sendo um corredor de emergência, era meio óbvio que daria de cara com a rua ao passar por algum porta. Desde o início, a minha missão era algo simples, algo com o qual eu já havia me adaptado há algum tempo. Manter uma garota a salvo a qualquer custo não poderia ultrapassar os meus padrões de eficiência. E se esse fosse o caso, uma regra era clara. Eu poderia morrer, ela não. Por trás dessa menina, havia algo maior do que ela mesma. E até alcançar o local onde alguns pontos começariam a se resolver, teria de me manter calma e aturar todo esse seu jeito irritante, mesmo que isso pudesse custar a minha sanidade. Nada realmente importava, apenas pelo que ela sabia, tudo valia a pena. O comando superior foi bem claro quanto a isso, e não me escolheram apenas por saber que possuía uma equipe capaz de cumprir com a programação. Sabiam que independente do que viesse a acontecer, caberia a mim toda e qualquer ação que desse um fim positivo a missão. Serem parados em meio aos seus planos não parecia ser uma opção viável, e sabendo disso, nada se encontrava a meu favor. Mas ainda sim, não estava preocupada. Afinal, eu não era apenas uma agente de p******o. O meu trabalho ia muito além disso. Não estava liberada a dizer, mas agir completamente no escuro não era algo que se encaixava muito bem em meu currículo de multitarefas. – Onde está? — perguntei a mim mesma quando enfim me encontrava do lado de fora do prédio — Vamos logo m***a, não tenho todo o tempo do mundo — acionando o alarme a todo momento, soltei um longo suspiro assim que encontrei o dono das chaves em minhas mãos — Entra, temos que sair daqui. – Sério que roubou as chaves dele? — não possuía mais paciência para aguentar isso. Era demais pra mim. – Cala a boca e entra logo dentro desse carro...
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